Um dos lotes de zebuínos importados na década de 1960 |
Mais tarde, da África vieram em 1826, dezenas de animais da região do Nilo e entre 1810 e 1890 do Senegal, do Congo e da Nigéria. Do Madagascar também vieram animais em 1891. Infelizmente não foram deixados registros sobre a identificação das raças dessas importações.
Em 1868, um navio inglês descarregou um casal de zebuínos em Salvador e o puseram à venda. Não se sabe quem adquiriu e o que aconteceu com ele.
Em 1870, o 1º barão de Duas Barras, João Antonio de Morais (m. 1883) importou um touro Guzerá para a sua fazenda de Cantagalo, na província do Rio de Janeiro.
No início, os zebuínos eram animais exóticos e adquiridos dos zoológicos europeus.
Em 1874, o barão do Paraná, Henrique Hermeto Carneiro Leão (1847-1916) importou um touro e uma vaca da raça Ongole (Nelore) do jardim zoológico de Londres. Fez outra aquisição da mesma raça do mesmo local em 1877.
No ano de 1878, Manoel Ubelhart Lemgruber comprou um lote de zebuínos Nelore da ‘Casa Hagenbeck’ de Stellingen, Alemanha, que levou para a sua fazenda de Sapucaia (RJ), onde sobre controle cientifico iniciou o aperfeiçoamento da raça. Na década de 1940, Geraldo Soares de Paula de Curvelo (MG) adquiriu alguns animais de Lembruber e continuou o seu trabalho de aperfeiçoamento.
Também a família Lutterbach fez algumas aquisições desta mesma casa fornecedora.
Outras empresas foram envolvidas na importação de gado da Índia, como a ‘Friburgo & Filhos’, sediada no Rio de Janeiro, pertencente à família Clemente Pinto, dos barões de Nova Friburgo, importantes fazendeiros de café e proprietária do palácio do Catete. A ‘Crashley & Co’. de capital inglês, também se envolvia no agenciamento de importações de zebuínos.
Porém, um das empresas mais atuante foi a ‘Hopkins, Causer & Hopkins’ de Birmingham, Inglaterra, que tinha filiais no Rio de Janeiro, São Paulo e Juiz de Fora (MG), que efetuou muitas importações entre 1908 e 1910, a maior quantidade para o governo de Minas Gerais. Importante também foi a ‘Casa Arens’, sediada no Rio de Janeiro e com filial em São Paulo.
Nas décadas de 1910 e 1920, começaram as importações diretamente da Índia. Estas importações foram realizadas através das casas especializadas em animais do Rio de Janeiro e por famílias de origem alemã do interior do Rio de Janeiro, principalmente do município de Cantagalo. Os primeiros animais eram da raça Ongole, que ficou entre nós conhecida como Nelore. A razão do nome é que os brasileiros compravam os melhores animais da raça Ongole e usavam a província de Nelore como local de embarque dos animais para o Brasil.
A partir destes primeiros animais foram povoados os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.
Nas primeiras décadas do século XX, embora tenha aumentando o numero de criadores, os planteis ainda eram pequenos e seus proprietários, não tão prósperos, faltava fundos até para substituir os reprodutores que envelhecessem. Queriam melhorar, porém, não tinham incentivos do governo e nem oportunidades comerciais.
Pelas estimativas, da Índia podem ter vindo 6.000 cabeças de bovinos das raças Kankrej (Guzerá), Ongole (Nelore), Gir, Sindhi, Kangayan, Mysore, Malvi, Hissar, Tharparkar, Krishna Valley, Mehwaty, Deangi e Deoni. Apenas as quatro primeiras raças prosperaram e produziram descendentes, Das outras, os rebanhos existentes eram pequenos ou desapareceram.
Em 1920 o governo federal decidiu suspender temporariamente a importação de gado Zebu de origem indiana, até que ficasse completamente comprovada a inexistência de epizootias no gado importado, o que era comum no país de origem. Só em 1962 foi oficialmente sustada essa proibição, porém todos os animais importados deviam permanecer em quarentena de 8 meses na ilha de Fernando de Noronha, chamados na época de ‘lazaretos’ para ficar sendo monitorado, nos mesmos moldes do sistema adotado pelos Estados Unidos.
Naquela época, havia no Brasil uma notada resistência em aceitar o gado zebuíno. Um relatório do Ministério da Agricultura reconhecia que o gado zebuíno em geral, fornecia mais carne do que o de outras raças, porém a carne não era tão ‘boa’. O governo brasileiro solicitou então, informações oficiais ao governo dos Estados Unidos sobre a qualidade do gado Zebu, que também estava sendo importado pelo país. Em resposta, numa carta datada de 14 de fevereiro de 1920, o chefe do setor de Zootecnia dos Estados Unidos, informava que o gado zebuíno teve um grande desenvolvimento nos últimos tres anos, principalmente na região do Texas. Observou que o gado era muito mais resistente á seca do que o gado europeu.
O médico e filósofo positivista Luís Pereira Barreto (1840-1923) em diversos artigos publicados no jornal ‘O Estado de S. Paulo’ entre os anos de 1917 e 1921, desancava a raça. Dizia que o Zebu era ‘selvagem, impossível de domesticar’, que ‘a carne tem catinga’ e ainda que ‘os europeus só a comeram durante a guerra porque tinham fome ’ Os fazendeiros mineiros eram chamados de ‘boiadeiros e não criadores’, ‘levianos’ e ‘velhacos’, ‘verdadeiros passadores de notas fiscais.’ Muitos cientistas e políticos aderiram a causa, defendendo a raça Caracu como a ideal para o Brasil.
Os criadores de Zebu mineiros não ficaram preocupados com a veemência dos artigos do médico. Um velho fazendeiro do Triângulo Mineiro, o ‘coronel’ Horácio Lemos disse:
‘nessa região deveria ser erguido um monumento a Pereira Barreto porque sua campanha impediu que os campos paulistas se enchessem do gado Zebu, trazendo riqueza ao Triângulo, que passou a abastecer os frigoríficos paulistas.’Novamente em 2007, dessa vez foram os irlandeses que incomodados com a posição brasileira no mercado mundial de carne, decidiram levantar uma polêmica. Membros da ‘Associação dos Fazendeiros Irlandeses’ alegaram que a ‘carne bovina’ produzida no Brasil e exportada para a Europa não seria a ‘autêntica carne bovina, mas um produto híbrido, resultado de um cruzamento de boi com búfalo’. Os produtores e governo brasileiros demonstraram a falácia dos irlandeses.
A carne do Zebu é a mais adequada para a produção de um tradicional produto italiano, a ‘bresaola’ que é preparada de carne bovina seca bem magra, curada no sal por 10 dias e curtida no sol e vento por quatro semanas. É um produto típico da região da Valtellina, no norte da Itália. A carne do Zebu brasileiro é a mais adequada para fazer ‘bresaola’. As carnes do gado europeu são gordas demais e ‘marmorizadas’ e não agradam aos exigentes consumidores.
Em 1939, foi importada uma dezena de animais da raça Africânder dos Estados Unidos, sendo que os animais eram provenientes da África do Sul.
Na década de 1990, foi iniciada a importação de animais da raça Brahman dos Estados Unidos, o que é uma raça bem parecida com o Tabapuã. Até 1994 a raça Brahman esteve legalmente impedida de entrar no Brasil. A liberação veio num esforço conjunto de Rubico Carvalho, de Barretos, Manoel Garcia Cid, de Londrina e as duas maiores entidades encarregadas de promover as raças zebuínas no mundo, a ABCZ e a ABBA, na época presidida respectivamente por Rômulo Kardec de Camargo e John Jeffcoat. Os primeiros animais chegaram por via aérea no dia 17 de março de 1994. Eram nove animais para a ‘Fazenda Brumado’ de Barretos de propriedade de Rubico Carvalho e outros para Manoel Garcia Cid, Carlos Eduardo Quartim Barbosa, John Jeffcoat e duas empresas agropecuárias. No dia 5 de maio de 1995 foi feita a segunda importação. Vieram 18 animais para a ‘Fazenda Brumado’. No dia 13 de maio de 1996 foram importados mais 16 animais para a mesma fazenda, que hoje é um dos maiores fornecedores de reprodutores da raça.
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