Leopoldo Costa
Antes dos Incas o Equador era habitado pelos Chibchas, Chimaques, Yungas, Quitos, Paltas, Zargas e Caras. Eram índios agricultores e pescadores e formavam cerca de cinqüenta reinos. O reino de Quito, o mais importante, foi conquistado pelos Caras que estenderam seus domínios para o sul e o norte.
Tupac Yupanqui (1471-1493) e o seu exército começou a conquista da região para os Incas, o que foi completada por Huayana Capac (1450-1527) quando esse se amancebou com a princesa Paccha, filha do último soberano Cara do reino de Quito, nascendo dessa união Atahualpa (1502-1533).
Huayana Capac já tinha outro filho com a sua esposa legítima que se chamava Huáscar (1503-1532) e antes de falecer dividiu os seus domínios entre os dois filhos. A Atahualpa coube o reino de Quito e a Huáscar os demais.
Houve desentendimentos e uma guerra entre os dois meio-irmãos. Atahualpa venceu Huáscar que ficou prisioneiro dele até ser executado em 1533. Esta guerra civil onde houve muitos mortos e feridos, desorganizou o sistema de defesa dos incas, o que facilitou a conquista pelos espanhóis.
Francisco Pizarro (1471-1541) encarregou a Sebastián de Belalcazar (1480-1551) a conquista de Quito.
Depois da resistência dos enfraquecidos Incas, sob o comando de Ruminhahui (m.1535) ele conseguiu conquistar este reino. Encontrou a capital em ruínas: a cidade de Quito foi propositalmente incendiada e destruida pelos próprios moradores, sob a orientação de Ruminhahui.
No dia 6 de dezembro de 1534, Sebastián de Belalcazar (1480-1551) acompanhado por Diego de Almagro (1495-1548) e de sua expedição, fundou a cidade de San Francisco de Quito, no mesmo local onde fora queimada e destruída a cidade dos Incas.
Em 25 de junho de 1535, Belalcazar fundou Guaiaquil, que mais tarde, em represália, foi duas vezes destruída pelos Incas remanescentes. A fundação definitiva foi só realizada por Francisco Orellana (1490-1546) em 1537, desta feita, à margem direita do rio Guayas.
Desentendo-se com Sebastián de Belalcazar (1480-1551) em 1539, Francisco Pizarro (1471-1541) substitui-o pelo seu irmão Gonzalo Pizarro (1502-1548) nomeando-lhe comandante de Quito. Como comandante, se entusiasmou com as lendas contadas pelos habitantes locais sobre o fantástico El Dorado.
Organizou em 1539 uma expedição com 350 homens que atravessou os Andes e chegou ao rio Coça, onde ordenou a construção de um bergantim encarregando Francisco Orellana (1490-1546) com uma tripulação de 50 homens para seguir rio abaixo em busca de suprimentos, que estava pouco. Orellana partiu no dia 2 de fevereiro de 1542, porém levado pela forte correnteza (ou intencionalmente) não conseguiu retornar, adentrou pelo rio Napo e veio a descobriu o rio Amazonas, percorrendo-o até a sua foz.
Em 1563 foi estabelecida a real Audiencia de Quito, dependente do vice reinado do Peru, que permaneceu assim até o ano de 1739, quando passou a ser dependente do vice reinado de Nova Granada.
Em 28 de setembro de 1606, Cristóbal de Troya y Pinque (1580-?) fundou a cidade de San Miguel de Ibarra, homenageando com o nome o governador da real Audiencia de Quito, Miguel de Ibarra (?).
Em meados do século XVIII os fidalgos que vieram da Espanha eram proprietários da maior parte das terras agriculturáveis do Equador. Para os aborígenes restava apenas a inóspita serra.
Apenas para se ter uma ideia deste quadro, a província de Cotopaxi, uma das mais férteis era dominada pelo marquês de Maenza e descendentes que tinham 20 propriedades, pelo marquês de Miraflores e descendentes que tinham 12 propriedades, pelo marquês de San José e Selva Alegre que tinha 19 propriedades, pelo conde de Selva Florida e descendentes que tinham 4 propriedades, pelo marquês de Solanda e descendentes que tinham 8 fazendas e pelo marquês de Villa Rocha e descendentes que tinham duas grandes propriedades. Só numa fazenda do marquês de Maenza havia 41.000 ovelhas.
Em 10 de agosto de 1809 foi proclamada a independência do Equador por Juan Pio Montúfar, marquês de Selva Alegre (1758-1818) e os seus aliados, instalando uma junta de governo com ele próprio na presidência. Por falta de apoio militar os espanhóis restabeleceram a força o seu domínio sobre a região.
Em 9 de outubro de 1820 os equatorianos retornaram a luta pela independência, contando desta vez, com o apoio de Simon Bolívar (1783-1830) que já tinha lutado e conseguido a independência da Venezuela e de Nova Granada (Colômbia).
Bolivar juntou suas tropas com a dos equatorianos e marchou para o sul para expulsar os espanhóis de Quito. Um de seus comandantes, Antonio José de Sucre (1795-1830) venceu em 24 de maio de 1822 a batalha de Pichincha e declarou a independência do Equador.
Nos planos de Simon Bolívar (1783-1830), o Equador deveria fazer parte com a Venezuela e Nova Granada (Colômbia) de uma única república a ‘Gran Colômbia’, o que aconteceu inicialmente. Porém, em 1829 a Venezuela separou-se e a 13 de maio de 1835 foi a vez do Equador, restando apenas a Nova Granada.
O primeiro presidente do Equador foi o venezuelano Juan José Flores (1800-1864). Na sua administração ocorreu uma guerra de limites com Nova Granada.
O gado foi introduzido em 1534, do Peru, por Alonso Hernandez, um participante da expedição de Sebastián de Belalcazar (1480-1551). Foram menos de uma dezena de bois e vacas que vieram com eles com o objetivo de fornecer carne e leite durante a viagem e nos primeiros dias na terra conquistada. Vieram muitos cavalos, pois a expedição era toda de cavaleiros.
No tempo dos Incas o uso de lã já era essencial devido ao clima rígido da cordilheira. A lã era obtida dos camelideos (lhama e alpaca). Com o fim do seu império esses animais se dispersaram e foram em grande parte abatidos para obter carne.
Com a chegada das ovelhas trazida pelos conquistadores os descendentes dos indígenas ficaram impressionados com a mansidão e o rendimento de lã que produziam e logo as adotaram, para fazer companhia com as lhamas e alpacas.
A tauromaquia, a paixão dos ibéricos, principalmente espanhóis, foi transferida para o Equador que praticam a tourada desde os primeiros dias de conquista. Em 1960, foi inaugurado em Quito a ‘Plaza de Toros Monumental de Quito’ com capacidade para 14.000 pessoas. Fora ela existe mais de duas dezenas de boas ‘plazas’ em todo o território, sendo as mais famosas as de Ambato e Riobamba.
Em 1977 foi fundada uma associação de criadores de touros de arena e atualmente devem existir no país cerca de 30 criadores credenciados.
A população do Equador em 1960 era de 4.298.449 habitantes, sendo 51% índios e 26% mestiços. Mais da metade da população ativa trabalhava na agricultura. Nesse ano, além das bananas que só para exportação foram enviados 35 milhões de cachos, destacaram os seguintes itens produzidos:
Toneladas
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Cacau
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327.000
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Café
|
39.000
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Arroz
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186.000
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Trigo
|
47.000
|
Cevada
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92.000
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Cebola
|
85.000
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Feijão
|
24.000
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Lentilha
|
8.000
|
Carne
|
33.000
|
As exportações do ano de 1960 totalizaram 150 milhões de dólares sendo representada pelo seguinte:
Participação
| |
Bananas
|
46%
|
Café
|
18%
|
Cacau
|
23%
|
Outros produtos
|
13%
|
Total
|
100%
|
O rebanho nesse ano tinha o seguinte quadro:
Cabeças
| |
Bovinos
|
1.452.000
|
Suínos
|
1.400.000
|
Eqüinos
|
226.000
|
Ovinos
|
1.681.000
|
Caprinos
|
325.000
|
Asininos
|
140.000
|
Os maiores compradores foram os Estados Unidos com 60%, a Alemanha com 11%, a Colômbia com 5% e a Bélgica/Luxemburgo com 5%. As importações totalizaram 103 milhões de dólares. No ano de 1965 o Equador tinha uma população de 5.238.000 habitantes e o seguinte rebanho:
O país empregava 53% da população ativa na agricultura. Em 1965 foi produzido o seguinte:
Produção tons.
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Ranking Mundial
| |
Algodão
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7.000
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Arroz
|
168.500
| |
Café
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50.100
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Bananas
|
3.300.000
|
2º lugar
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Centeio
|
2.000
| |
Feijão
|
20.000
| |
Milho
|
129.000
| |
Mandioca
|
190.000
| |
Batatas
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325.000
|
As exportações do ano de 1965 totalizaram US$ 157.800.000,00 sendo representada pela seguinte pauta:
Participação
| |
Bananas
|
65%
|
Café
|
14%
|
Cacau
|
10%
|
Arroz
|
7%
|
Outros produtos
|
4%
|
Total
|
100%
|
Os maiores compradores foram os Estados Unidos com 65%, a Alemanha com 12% e a Bélgica/Luxemburgo com 5%. As importações totalizaram US$ 148.500.000,00 sendo na sua maioria veículos, máquinas e equipamentos e produtos alimentícios elaborados. Metade proveniente dos Estados Unidos.
Em 1970, a população atingiu 6.100.000 habitantes. 37% do produto interno bruto eram originários do setor agrícola. As exportações foram de 210 milhões de dólares e a pauta ficou na mesma ordem de importância de 1965. As exportações totalizaram 209 milhões de dólares.
Em 1975, as exportações totalizaram 883 milhões de dólares e as importações 943 milhões de dólares. Os principais itens exportados, além dos tradicionais como banana, café, cacau, incluíram-se o açúcar e o petróleo. 20% do produto interno bruto provinha da agricultura.
Na década de 1980 começaram a chegar ao Equador animais de primeira linha das raças européias e zebuínos. A criação de gado foi impulsionada.
Em 1985 as exportações totalizaram 2,58 bilhões de dólares e as importações 1,46 bilhão de dólares. Os principais itens exportados passaram a ser: em primeiro lugar o petróleo, ficando a banana, o café e o cacau para o terceiro, quarto e quinto lugar respectivamente. Caiu a proporção de mão de obra empregada nas atividades agropecuárias e 13% do produto interno bruto provinha da agricultura.
Em 1990, a pecuária contribuía com 30% do produto interno bruto do setor agrícola, ou 5% do total. A criação de bovinos era a mais importante e nesse ano num rebanho de 4.359.000 de cabeças, foram abatidas 677.800 reses para produzir 103.100 toneladas de carne.
Em 1995, o país tinha 11.700.000 habitantes, sendo 42% residente na zona rural. O rebanho bovino era de 4.996.000 cabeças, o ovino de 1.700.000 cabeças e o suíno de 2.500.000 cabeças. Foram abatidas 779.376 cabeças de bovinos para produzir 147.600 toneladas de carne. As maiores produções agrícolas eram de cana de açúcar: 7.100.000 toneladas e de banana: 4.700.000 toneladas, essa útima direcionada quase na sua totalidade para exportação.
A agricultura representava 12% do produto interno bruto. As exportações totalizaram 3,7 milhões de dólares e as importações 3,3 milhões de dólares. O item maior da pauta de exportação era o petróleo, seguindo por peixes e produtos do mar, bananas, café e cacau.
Em 2000 o rebanho bovino do Equador era de 5.5 milhões de bovinos estando quase a metade concentrada na região de Callejon Interandino, especializada na produção de leite, sendo a maioria do rebanho composto de animais da raça Holstein. 40% do rebanho estavam localizados na região do litoral com predominância de zebuínos para a produção de carne. Foram abatidas 420.400 cabeças de bovinos pelas estatísticas oficiais, o que deve ser agregado mais 10% pelos abates clandestinos.
A produção de carne bovina foi de 76.934 toneladas. Diminuiu 18% nos últimos cinco anos. A abertura da exportação de bovinos vivos para o Peru a preços convidativos diminuiu a oferta de gado para abate nos frigoríficos. Contava com 130 matadouros frigoríficos, na sua maioria de propriedade dos municipios, sendo 59 na região serrana, 49 na região costeira e 22 na região amazônica e ilhas Galápagos.
Os suínos não têm uma criação desenvolvida. O rebanho de 3.3 milhões de cabeças estava concentrado 51 % na região serrana, 31% na região costeira e 18% na região amazônica. Cerca de 80% dos suínos são criados domesticamente, com qualidade deficiente. São na maior parte animais da raça crioula e a sua carne consumida nas próprias vilas e comunidades. Os 20% restantes são suínos de melhor qualidade, produzido em granjas e na sua maioria destinado a produção de embutidos e cortes especiais.
Os ovinos eram criados nos altiplanos andinos, com produção pequena. Existia um rebanho de 2.2 milhões de cabeças concentradas quase na sua totalidade nas províncias de Callejon Interandino. Apresentavam baixo rendimento de lã e de carne, mas era um importante meio de sobrevivência das comunidades indígenas.
Em 2002 foram abatidas 138.330 cabeças e produzido 2.002 toneladas de carne.
O consumo de carne no Equador é muito baixo. Em 2002 representou apenas 6 kg de carne bovina, 2 kg de carne suína e 1 kg de carne ovina por habitante/ano. O consumo de carne de aves superou a soma das três: foi consumido a média de 14 kg por habitante/ano.
O comércio internacional de carnes é insignificante em termos estatísticos. Em 2000 foram importadas 2.374 toneladas de produtos suínos, principalmente dos Estados Unidos e Chile, a sua maioria destinado ao consumo dos restaurantes e hotéis de luxo.
A produção leiteira do Equador é concentrada na região serrana que responde por 75% do total. Em 1990 foram produzidos 1.534 milhões de litros e em 1995 cerca de 1.950 milhões de litros. Três quartos da produção são destinadas ao consumo in natura e um quarto para o processamento industrial.
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