Leopoldo Costa
Cerca de dois mil anos antes de Cristo, viveu no território peruano importantes culturas, como a de Chavín e de Maranõn na serra e os Paracas na costa. Os achados arqueológicos de Pisco, além de elaborados tecidos, demonstram uma técnica bastante evoluída em medicina. Crânios trepanados e alguns aparelhos usados em cirurgia foram encontrados.
Supõe-se, que no século III a.C. os Collas (ou Aimarás) desenvolveram a cultura de Tiahuanaco, nos altiplanos próximos ao lago Titicaca (hoje na Bolívia). Estes povos deixaram um rico acervo artístico de cerâmica, pintura, arquitetura e artesanato em ouro, prata, cobre e bronze. As técnicas de construção de estradas e o uso de ervas e outros produtos de origem vegetal e mineral, demonstram o nível de desenvolvimento que alcançaram. A cultura dos Tiahuanaco predominou até o século X da nossa era.
No século XII foi estabelecido o império dos Incas com sede em Cuzco. Tahuantinsuyo era como os Incas denominavam o território que ocupavam. Compreendia cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados e os seus limites extremos eram ao norte o município atual de San Juan del Pasto, na Colômbia e ao sul o rio Maule no Chile. Era costume entre os Incas antes de dominar um povo solicitarem a sua incorporação pacífica. Não tinha como negociar, os que não aceitavam eram desterrados em massa para outra região já dominada e fiel a liderança Inca.
Tupac Yupanqui (1471-1493) e o seu exército começou a conquista da região para os Incas, o que foi completada por Huayana Capac (1450-1527) quando esse se amancebou com a princesa Paccha, filha do último soberano Cara do reino de Quito, nascendo dessa união Atahualpa (1502-1533).
Huayana Capac já tinha outro filho com a sua esposa legítima que se chamava Huáscar (1503-1532) e antes de falecer dividiu os seus domínios entre os dois filhos. A Atahualpa coube o reino de Quito e a Huáscar os demais.
Houve desentendimentos e uma guerra entre os dois meio-irmãos. Atahualpa venceu Huáscar que ficou prisioneiro dele até ser executado em 1533. Esta guerra civil onde houve muitos mortos e feridos, desorganizou o sistema de defesa dos Incas, o que facilitou a conquista pelos espanhóis.
Pascual de Andagoya (1495-1548), explorador espanhol, foi o primeiro europeu a descobrir a costa norte do Peru em 1522.
Em janeiro de 1531 saiu do Panamá a terceira expedição de Francisco Pizarro (1471-1541) que tinha como sócio Diego de Almagro (1475-1538), com 180 homens e 62 cavalos e conquistaram o império inca. Além dos cavalos trouxeram também algumas cabeças de bovinos.
Em 1531 providenciaram mais 223 cavalos, também vindos do Panamá. Em 1532 fundaram Piura e subiram a cordilheira dos Andes, chegando a Cajamarca onde enfrentaram o exército dos incas comandados por Atahualpa (1502-1533). Com vantagem do uso dos cavalos, desconhecidos pelos Incas, aprisionaram Atahualpa e solicitaram um vultoso resgate em ouro. Depois de pago o resgate não cumpriram a promessa de libertá-lo executando-o em 29 de agosto de 1533.
Prosseguindo na sua incursão, Pizarro e seus comandados fundaram Jauja e retornando a costa, fundaram em 18 de janeiro de 1535 a Ciudad de los Reyes, junto ao rio Rimac, que hoje é a cidade de Lima. Em 26 de janeiro de 1538 fundaram a cidade de Tarma.
Pizarro e o sócio Almagro se desentenderam sobre a posse de Cuzco e em abril de 1538 aconteceu uma batalha entre os aliados de ambos, onde os aliados de Almagro foram derrotados, sendo ele executado em julho de 1538.
No mesmo ano de 1538, em comemoração pela derrota dos partidários de Almagro, foi realizada em Lima a primeira corrida de touros, bem no estilo da Metrópole . Este fato é polêmico, pois existem historiadores que afirmam que a primeira corrida de touros foi realizada em 29 de março de 1540, em comemoração à benção dos Santos Óleos, o que está documentado nos registros paroquiais da diocese.
Os partidários de Almagro revidaram e Francisco Pizarro foi apunhalado e morto numa emboscada em julho de 1541. O filho de Diego Almagro, também chamado Diego (1520-1542) foi proclamado capitão geral do Peru, sendo derrotado e executado em Cuzco em setembro de 1542 por Cristobal Vaca de Castro (1492-1566), ouvidor da Audiencia de Valladolid, enviado pela Coroa espanhola para restabelecer a ordem interna.
Logo depois da conquista os espanhóis estabeleceram um sistema chamado 'encomienda', pelo qual obrigavam a população local a trabalhar em seu favor, tributando-os, e em troca forneciam-lhes proteção e catequização. A propriedade de toda a terra pertencia ao rei da Espanha, que a arrendava aos colonos. Como governador do Peru, Pizarro usou o sistema de 'encomienda' para conseguir poderes ilimitados sobre os nativos, formando a base social da colônia. A população indígena do Peru era agora obrigada a criar gado, galinhas e trabalhar na plantação e colheita das culturas agrícolas trazidas do velho mundo. Qualquer resistência era severamente punida.
O vice-reino estava dividido em Audiencias, governadas por um Presidente. Compreendia originalmente as seguintes:
• Real Audiencia de Panamá.
• Real Audiencia de Lima.
• Real Audiencia de Santa Fé de Bogotá.
• Real Audiencia de La Plata de los Charcas.
• Real Audiencia de Quito.
• Real Audiencia de Chile.
• Real Audiencia de Buenos Aires.
• Real Audiencia de Cuzco.
Em 1544, Blasco Nuñez Vela (1495-1546), o primeiro vice rei do Peru, foi encarregado pelo governo espanhol para destituir o poder dos descendentes dos colonizadores que mantiam o domínio da colônia. Começou por abolir as suas autoridades sobre os indígenas.
Houve muitas intrigas e acusações que terminaram em execuções sumárias. O próprio vice rei foi assassinado por partidários de Pizarro em 1546, sendo substituído por Pedro de La Gasca (1485-1567) que conseguiu restaurar a ordem, capturando e executando Gonzalo Pizarro (1502-1548), meio-irmão de Francisco, o mais aguerrido deles.
Vice-reis do Peru:
• 1542–1546 Blasco Núñez Vela.
• 1544–1548 Gonzalo Pizarro (governador do Peru, em oposição ao vice-rei).
• 1546–1550 Pedro de La Gasca.
• 1550–1552 Antonio de Mendoza.
• 1552–1555 Melchor Bravo de Saravia.
• 1555–1561 Andrés Hurtado de Mendoza.
• 1561–1564 Diego López de Zúñiga.
• 1564– Juan de Saavedra.
• 1564–1569 Lope García de Castro.
• 1569–1581 Francisco de Toledo.
• 1581–1583 Martín Enríquez de Almanza.
• 1584– Cristóbal Ramírez de Cartagena.
• 1584–1589 Fernando Torres de Portugal y Mesía.
• 1589–1596 García Hurtado de Mendoza.
• 1596–1604 Luis de Velasco.
• 1604–1606 Gaspar de Zúñiga.
• 1607 – Diego Núñez de Avendaño.
• 1607–1615 Juan de Mendoza y Luna.
• 1615–1621 Francisco de Borja y Aragón.
• 1621–1622 Juan Jiménez de Montalvo.
• 1622–1629 Diego Fernández de Córdoba.
• 1629–1639 Luis Jerónimo de Cabrera, conde de Chinchón.
• 1639–1648 Pedro Álvarez de Toledo y Leiva.
• 1648–1655 García Sarmiento de Sotomayor.
• 1655–1661 Luis Enríquez de Guzmán.
• 1661–1666 Diego de Benavides y de la Cueva.
• 1666–1667 Bernardo de Iturriaza.
• 1667–1672 Pedro Antonio Fernández de Castro.
• 1672–1674 Bernardo de Iturriaza.
• 1674–1678 Baltasar de la Cueva Enríquez.
• 1678–1681 Melchor Liñán y Cisneros.
• 1681–1689 Melchor de Navarra y Rocafull.
• 1689–1705 Melchor Portocarrero.
• 1705–1707 Miguel Núñez de Sanabria.
• 1707–1710 Manuel de Oms y de Santa Pau.
• 1710– Miguel Núñez de Sanabria.
• 1710–1716 Diego Ladrón de Guevara, bispo de Quito.
• 1716 – Mateo de la Mata Ponce de León.
• 1716 – Diego Morcillo Rubio de Auñón.
• 1716–1720 Carmine Nicolao Caracciolo.
• 1720–1724 Diego Morcillo Rubio de Auñó.
• 1724–1736 José de Armendáriz.
• 1736–1745 José Antonio de Mendoza.
• 1745–1761 José Manso de Velasco.
• 1761–1776 Manuel de Amat y Juniet.
• 1776–1780 Manuel de Guirior.
• 1780–1784 Agustín de Jáuregui.
• 1784–1790 Teodoro de Croix.
• 1790–1796 Francisco Gil de Taboada.
• 1796–1801 Ambrosio O'Higgins.
• 1801– Manuel Arredondo y Pelegrín.
• 1801–1806 Gabriel de Avilés.
• 1806–1816 José Fernando de Abascal y Sousa.
• 1816–1821 Joaquín de la Pezuela.
• 1821–1824 José de la Serna e Hinojosa.
• 1824–1826 Pío de Tristán.
Uma vez estabelecido o vice-reino do Peru, as incomensuráveis quantidades de ouro e prata retirados dos Andes enriqueceram os invasores, fazendo do Peru a principal fonte de riqueza espanhola em toda a América do Sul.
Em 12 de maio de 1551, por intermédio de uma Célula Real, foi estabelecida a Universidade de San Marco de Lima, a mais antiga do hemisfério sul.
Em 1570 já havia 23 fazendas de criação de gado no Peru. No mesmo ano, Juan Torres de Vera y Aragon (1535-1610), levou várias cabeças de gado destas fazendas para a Argentina, distribuindo-as pelas recém-fundadas povoações daquele país.
Os sentimentos nativistas contra o domínio espanhol apareceram desde os finais do século XVII, motivados pelo restritivo monopólio comercial, privilégio de classes, exploração dos indígenas e excesso de tributos (derrama e mita).
Em 4 de novembro de 1780, o chefe de Tungasuca José Gabriel Condorcanqui (1741-1781), o Tupac Amaru II, proclamou a independência, que foi repelida pelas tropas realistas. Todos os lideres foram aprisionados e executados na presença de Condorcanqui, que além de ser executado foi esquartejado no dia 18 de maio de 1781.
Para apaziguar os ânimos a Espanha revogou o tributo da derrama e a mita .
Ocorreram na primeira e segunda década do século XVIII uma série de tentativas fracassadas de conseguir a independência peruana:
• José Gabriel Aguilar y Narvarte (1773-1805) em 1805.
• Mateo (m. 1816) e Remigio Silva Aranda (1783-1854) em 1809.
• Francisco Antonio de Zela (1786-1821) em 1811.
• Juan José Crespo y Castillo (1747-1812) em 1812.
• Irmãos Angulo, José Gabriel Bejar (m.1815) e outros em 1813.
• Mateo Garcia Pumacahua (1740-1815) em 1814.
Depois de conseguir a independência da Argentina (1816) e do Chile (1818), José de San Martin (1778-1850) desembarcou com as suas tropas no dia 7 de setembro de 1820 em Paracas e no dia 9 de julho de 1821 entrou em Lima, proclamando do dia 28 de julho de 1821 a independência do Peru. Havia resistência das tropas espanholas na Serra e Simon Bolivar (1783-1830), que foi chamado pelo Congresso para combatê-las. Ganhou as batalhas de Junín em 6 de agosto de 1824 e a de Ayacucho em 9 de dezembro de 1824. Na capitulação de Ayacucho, Antonio José Sucre (1795-1830) forçou a Espanha a reconhecer a independência do Peru.
O Peru possui algumas raças de bovinos desenvolvidas na região a partir dos primitivos animais trazidos pelos colonizadores. No altiplano, nas altitudes de até 4.000 metros, sobrevivem os Chuscos, Serranos e os Criolos da Serra. Estes animais têm normalmente toda a pelagem preta ou parcialmente preta.
A evolução do rebanho bovino do Peru que era de 3,9 milhões de cabeças em 1960 está ascendente e hoje deve estar em 5,5 milhões de cabeças, um crescimento médio de 2% do ano.
O rebanho caprino que em 1960 era maior do que o rebanho de bovinos está em decadência e hoje não deve passar de 2 milhões de cabeças.
O rebanho de equinos sempre ficou abaixo de um milhão de cabeças.
O rebanho de ovinos permanece estabilizado nos últimos 50 anos em torno de 15 milhões de cabeças, já o rebanho de suínos está em crescimento: passou de 1,8 milhão de cabeças em 1960 para mais de 3 milhões de cabeças nos dias de hoje. O rebanho de camelídeos também esta estável e nos últimos 50 anos ficou entre quatro e cinco milhões de cabeças.
Lista de Presidentes do Peru
• 1821-1822: José de San Martín
• 1822-1823: José de La Mar
• 1823 : Manuel Salazar y Baquíjano
• 1823 : José de la Riva Agüero
• 1823 : Antonio José de Sucre
• 1823-1824: José Bernardo de Tagle
• 1824-1826: Simón Bolívar Palacios
• 1826-1827: Andrés de Santa Cruz y Calahumana
• 1827-1829: José de La Mar
• 1829-1833: Agustín Gamarra
• 1834: Pedro Pablo Bermúdez
• 1834-1835: Luis José de Orbegoso
• 1835-1836: Felipe Santiago Salaverry
• 1837 : Andrés de Santa Cruz y Calahumana
• 1838-1841: Agustín Gamarra
• 1842 : Juan Crisóstomo Torrico
• 1842-1843: Francisco Vidal
• 1843 : Domingo Elías
• 1843-1844: Domingo Nieto
• 1844 : Justo Figuerola
• 1844 : Manuel Ignacio de Vivanco
• 1845-1851: Ramón Castilla
• 1851-1855: José Rufino Echenique
• 1855-1862: Ramón Castilla
• 1862-1863: Miguel de San Román
• 1863-1865: Juan Antonio Pezet
• 1865-1868: Mariano Ignacio Prado
• 1868 : Pedro Diez Canseco
• 1868-1872: José Balta
• 1872 : Mariano Herencia Zevallos
• 1872-1876: Manuel Pardo
• 1876-1879: Mariano Ignacio Prado
• 1879 : Luis La Puerta
• 1879-1881: Nicolás de Piérola
• 1881 : Francisco García Calderón
• 1881-1883: Lizardo Montero
• 1883-1886: Miguel Iglesias
• 1886 : Antonio Arenas
• 1886-1890: Andrés Avelino Cáceres
• 1890-1894: Remigio Morales Bermúdez
• 1894 : Justiniano Borgoño
• 1894-1895: Andrés Avelino Cáceres
• 1895-1899: Nicolás de Piérola
• 1899-1903: Eduardo López de Romaña
• 1903-1904: Manuel Candamo
• 1904 : Serapio Calderón
• 1904-1908: José Pardo y Barreda
• 1908-1912: Augusto B. Leguía y Salcedo
• 1912-1914: Guillermo Bilingurst
• 1914-1915: Oscar R. Benavides
• 1915-1919: José Pardo y Barreda
• 1919-1930: Augusto B. Leguía y Salcedo
• 1930-1931: Luis Miguel Sánchez Cerro
• 1931 : David Samanez Ocampo
• 1931-1933: Luis Miguel Sánchez Cerro
• 1933-1939: Oscar R. Benavides
• 1939-1945: Manuel Prado Ugarteche
• 1945-1948: José Luis Bustamante y Rivero
• 1948-1956: Manuel A. Odria
• 1956-1962: Manuel Prado Ugarteche
• 1962-1963: Ricardo Pérez Godoy
• 1963 : Nicolás Lindley
• 1963-1968: Fernando Belaúnde Terry
• 1968-1975: Juan Velasco Alvarado
• 1975-1980: Francisco Morales Bermúdez Cerruti
• 1980-1985: Fernando Belaúnde Terry
• 1985-1990: Alan García Pérez
• 1990-2000: Alberto Kenya Fujimori Fujimori
• 2000-2001: Valentín Paniagua Corazao
• 2001-2006: Alejandro Toledo Manrique
• 2006- : Alan García Pérez
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