Leopoldo Costa
O Uruguai foi descoberto no final do ano de 1515, por Juan Diaz de Solis (1470-1516), o primeiro europeu que navegou pelo rio da Prata. Desembarcou um pouco além de 100 quilômetros a leste da atual cidade de Montevidéu, sendo capturado e morto pelos índios Charruas, no dia 20 de janeiro de 1516.
Quando do descobrimento, os índios Charruas povoaram o território, bem como os Chanás, Iaros e Guencas, todos do grupo Guarani. Viviam do cultivo rudimentar da terra, da caça e da pesca. Sua cultura era primitiva.
Em 1519, a expedição de Fernão de Magalhães (1480-1521), navegador português a serviço da Espanha, adentrou pelo rio da Prata, procurando uma passagem para as Índias.
Sebastião Caboto em 1527, ergueu um forte na foz do rio San Salvador, que depois foi abandonado. Próximo as ruínas deste forte, Juan Ortiz de Zárate (1521-1576) fundou, em 30 de maio de 1574, a cidade de San Salvador, que mais tarde trocou o nome para Dolores.
Depois que se estabeleceram em Buenos Aires e Assunción, os espanhóis enviaram várias expedições para combater os aguerridos índios Charruas e tentar tomar posse definitiva da região. Foram rechaçados.
Mais tarde os missionários jesuítas e franciscanos conseguiram a confiança dos índios e pacificá-los. Em 1624 fundaram a cidade de Santo Domingo de Soriano e assim principiou a colonização da região.
O gado foi introduzido no ano de 1611 pelo governador do Paraguai, Hernando Arias de Saavedra (1561-1634), conhecido como Hernandárias A região ficou conhecida como 'Vaqueria del Mar'.
Alguns anos antes, em 1603, existe registros que os navios espanhóis desembarcaram algumas cabeças de bovinos e eqüinos na região. As excelentes pastagens e o clima temperado dos pampas permitiram a reprodução abundante do gado o que veio a atrair a cobiça dos comerciantes de couros brasileiros e argentinos, que eram chamados de 'faeneros'. Com o tempo a miscigenação destes 'faeneros' com os indígenas já acostumados com a dieta à base de carne e a arte de cavalgar, deu origem ao 'gaúcho'.
Na busca do gado e seguindo o curso dos rios que desembocavam no rio da Prata, os portugueses avançaram pela então conhecida Banda Oriental do Uruguai vindo a alcançar as margens do grande rio onde Manuel Lobo, para tomar posse da região em nome de Portugal, fundou o povoado de Colônia do Sacramento em 1680. Esta região foi palco de grande disputa entre Portugal e Espanha.
Em 1724, a Espanha ordenou ao governador de Buenos Aires, Bruno Mauricio de Zabala (1682-1736), que cruzasse o rio da Prata e fundasse um forte na baia de Montevidéu, como marco do seu domínio. Em 24 de dezembro a base militar foi criada o que veio a ser mais tarde a cidade de Montevidéu. Em 1828 ela foi transformada na capital do país.
Em 1776 a Banda Oriental do Uruguai tornou-se parte do vice-reinado do Rio da Prata. Pelo Tratado de São Ildefonso de 1777, a Coroa portuguesa reconheceu a soberania espanhola.
Em 1800, como aconteceu com Buenos Aires, Montevidéu foi ocupada pelos ingleses. Foram expulsos pelas tropas uruguaias em 9 de setembro de 1807.
O primeiro ‘saladero’ foi estabelecido em 1780 pelo espanhol Manuel Melián em Soriano, ás margens do rio San Salvador.
Em 1785, o catalão Juan Ros realizou a primeira exportação de charque para o Brasil, Cuba e outras ilhas do Caribe.
Em 1788, Francisco de Medina construiu um 'saladero’ na margem direita do córrego Rosário nas proximidades da Colônia do Sacramento.
A ‘saladeria’ era uma atividade que requeria pouco investimento e por isso de fácil instalação.
Em 1794 Manuel José de Labarden importou da Espanha 10 carneiros e 20 ovelhas da raça Merino para a sua estância.
Em 1810 José Artigas (1764-1850) liderando os pequenos fazendeiros apoiou a chamada ‘Revolução de Maio’ que não concordava com os privilégios das classes dominantes de Montevidéu, privilegiadas pelos acordos comerciais com a Espanha. Em 1811, comandando um pequeno exército conseguiu vencer as tropas espanholas em Las Piedras no dia 18 de maio. Artigas conseguiu manter o Uruguai dominado até que em 20 de junho de 1814 fosse finalmente decidido a retirada dos espanhóis de Montevidéu.
Em 1816 o território do Uruguai foi invadido pelos portugueses com o apoio das elites de Buenos Aires e de Montevidéu que ficaram alarmados com as idéias ‘socialistas’ de Artigas. Forçado pelos portugueses, Artigas fugiu para o Paraguai, onde morreu em 1850.
Em 18 de julho de 1821, foi proclamada a anexação da Banda Oriental do Uruguai ao Brasil, com o nome de província Cisplatina e com esta condição permaneceu até 1825, quando Juan Antonio Lavalleja (1784-1853), com um grupo de 33 patriotas uruguaios refugiados em Buenos Aires, invadiu o país. Com a ajuda da população, sitiou Montevidéu, proclamando a independência em 25 de agosto de 1825 e sua anexação ao governo de Buenos Aires. Houve reação do Brasil.
Os abnegados ‘Treinta y Tres’ organizaram um exército de 2.000 soldados e com o apoio da Argentina venceram as tropas brasileiras em Itazaigó em 20 de fevereiro de 1827.
Finalmente em 3 de outubro de 1828, intermediado pelo diplomata inglês Lord John Ponsomby (1772-1855), foi assinado em Montevidéu um tratado de paz em que Brasil e Argentina renunciavam as suas pretensões sobre o Uruguai.
Em 18 de julho de 1830 foi promulgada a primeira Constituição da República Oriental do Uruguai.
Começaram as importações de gado puro da Europa para melhorar o rebanho. Em 1859 chegaram ao Uruguai os primeiros bovinos Shorthorns.
Em 1840 Samuel Lafone instalou um grande ‘saladero’ em La Teja, Montevidéu que em 1852 chegou a abater 1.200 cabeças de bois por dia.
Em 1859 existiam na região de Montevidéu sete ‘saladeros’ e em 1870 já totalizavam 21, empregando cerca de 6.000 pessoas.
Imigrantes chegaram de várias origens principalmente da Espanha e Itália. Em 1860 os eles representavam 48% da população e em 1868 alcançaram quase 70%. Em 1879, a população total do país era de 438.000 pessoas estando 25%, concentrada em Montevidéu.
No Uruguai, o primeiro frigorífico foi instalado em 1902 com o nome de ‘La Uruguaya’ que em 1911 foi vendido para os argentinos do ‘Sansiseña’.
Em 1928 foi criado pelo governo o ‘Frigorífico Nacional’ que adquiriu a fábrica do ‘Sansiseña’ e começou a funcionar em meados de 1929. Este frigorífico trabalhou até o final da década de 1970 e teve garantido pelo governo o monopólio do abastecimento de carne para a capital uruguaia.
A primeira empresa estrangeira a instalar-se no Uruguai foi a Swift dos Estados Unidos que em 1911 inaugurou o ‘Frigorífico Montevideo’, a Armour, também norte americana, veio logo após em 1915 adquirindo o ‘Frigorífico Artigas’. Depois veio a Anglo. O Frigorífico Anglo estava localizado em Fray Bentos, as margens do rio Uruguai. Foi adquirido em 1924 pelo Grupo Vestey da ‘Liebig Extract of Meat Company’. Durante o pico de produção a empresa tinha 5.000 trabalhadores incluindo muitos imigrantes. Encerrou as suas atividades em 1979, depois que os maiores importadores (Estados Unidos e Reino Unido) diminuiram as suas compras da América do Sul..
A maioria dos frigoríficos estrangeiros deixou o Uruguai na década de 1950 em razão de uma política xenofóbica formalizada em 1956 em denúncias de sonegação de impostos e de subsídios feitas pela assembleia de deputados.
Depois, da saída das multinacionais surgiram os frigoríficos nacionais como o ‘EFCSA’ (Estabeleciminentos Frigoríficos del Cerro S.A) que assumiu as fabricas da Swift em Montevidéu e da Armour em Artigas. Esta empresa depois, de incorporar as atividades do ‘Frigorífico Castro’ (que estava paralisado) passou a chamar-se ‘Victoria’. Encerrou as suas atividades na década de 1960 voltando mais tarde sob outra administração.
Foram criados novos frigoríficos com o objetivo de incrementar as exportações. Surgiram o ‘Frigorífico Carrasco’ (Frimacar), o ‘Castillos’, o ‘San Carlos’, o ‘Cruz del Sur’, o ‘Comargen’, o ‘Sudamericano’ e outros. Em 1968 existiam 39 frigoríficos no Uruguai.
Em 1937 o rebanho uruguaio era de 8,3 milhões de bovinos e 17,9 milhões de ovinos. Como a população humana do país era de 2,1 milhões de habitantes, havia 3,9 cabeças de bovinos e 8,5 cabeças de ovino por habitante. Em 1938 foram exportadas 113.000 toneladas de carne bovina, 59.000 toneladas de lã bruta, 30.000 toneladas de couros e peles e 8.000 toneladas de sebo. Estes quatro itens representaram 79% do valor total das exportações do país.
O rebanho bovino desde a década de 1940 esteve variando entre 9 milhões e 10 milhões de cabeças. A partir de 1995 começou a recuperação atingindo 11.956.000 cabeças em 2005. Os rebanhos de caprinos, equinos e suínos são poucos representativos e chegam somados a pouco mais de um milhão de cabeças. O rebanho de ovinos que ficou numa média de 20 milhões de cabeças no último meio século atingiu o recorde em 1991 quando alcançou 25.034.000 cabeças.
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