3.23.2011

O BOVINO IDEAL


O conceito de "bovino ideal" é bastante difícil, mas pode ser definido como sendo aquele animal que atenda, eficientemente, aos diferentes componentes da cadeia de produção de carne bovina.
A dificuldade da definição aparece no sentido de que os interesses dos diversos segmentos da cadeia produtiva não são unânimes. Ganhar peso eficientemente, apresentar elevado peso ao abate e alto rendimento de carcaça são características que interessam mais de perto ao pecuarista. Carcaças bem acabadas e altos rendimentos de cortes e subprodutos são de interesse da indústria. Quanto ao consumidor, além do desejo intrínseco de sanidade, existe procura por aparência e maciez.

Ao longo das últimas duas décadas, o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte da Embrapa tem se estruturado para atender a essas demandas da forma mais eficiente possível. Nesse sentido, recentemente, montou um Laboratório de Carcaças dotado de equipamentos modernos, como aparelho de ultra-sonografia que, entre outras medidas, possibilita a quantificação da gordura entremeada na carne sem qualquer dano ao animal.
O laboratório possibilita a realização de diversas avaliações, conforme as necessidades de pesquisa das várias áreas de atuação do Centro, como o abate seriado (técnica na qual animais são abatidos em diferentes idades, permitindo o acompanhamento do desenvolvimento dos órgãos e tecidos); a coleta de informações de difícil obtenção em frigoríficos convencionais (como o peso do trato gastrointestinal, sangue, pesquisa de parasitas em vísceras, etc.) e realização de cortes experimentais. Além disso, como rotina do laboratório serão realizadas avaliações quantitativas (pesagens, medições e rendimentos) e qualitativas (musculosidade, acabamento, cor, textura e marmoreio).

Avaliando a maciez da carne


Atendendo a uma crescente demanda por carne de qualidade, a Embrapa Gado de Corte vem desenvolvendo pesquisas sobre a maciez, já que este é considerado o quesito mais importante da qualidade da carne.
Uma das primeiras linhas de pesquisa a serem desenvolvidas diz respeito à identificação de touros que produzam filhos com carne macia. Apesar de sofrer influência de inúmeros fatores sejam inerentes ao animal, como raça e idade, ou de outros fatores extrínsecos, como processos de abate, resfriamento e cozimento, a maciez possui de média a alta herdabilidade, ou seja, passa de pai para filho.
Este é um trabalho longo e tem na metodologia sua maior dificuldade, já que são necessários vários filhos para se ter uma resposta precisa. Uma vez identificados alguns touros com essa característica, partir-se-á para a aplicação de tecnologias modernas como testes enzimáticos e marcadores moleculares, de forma que, em alguns anos, se possa conduzir seleção também para maciez de carne.

O objetivo da pecuária deverá ser atender às diferentes demandas dos consumidores, ou seja, atender aos que preferirem carne magra ou carne gorda, carne proveniente de animais criados exclusivamente a pasto, ou confinados, etc. A pecuária do futuro deverá ser direcionada e especializada a determinados públicos, os quais definirão o padrão do bovino a ser abatido, com aplicação de mais ou menos tecnologias.
Em síntese, haverá um bovino ideal para cada tipo de consumidor que, obviamente, pagará preços diferenciados.

Por Gelson Feijó, adaptado para ser postado por Leopoldo Costa

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