4.22.2011

HISTÓRIA DA PIMENTA

Leopoldo Costa

Depois do sal,  a pimenta é o condimento mais utilizado, sendo encontrado em quase todos os cantos do mundo. A denominação dos diversos tipos de pimenta varia muito em cada lugar onde é cultivada e a mesma planta pode receber vários nomes.

No Brasil, damos genericamente o nome de pimenta a todas as plantas e frutos picantes da espécie  Capsicum, como também da espécie Piper e Pimenta

As pimentas vermelhas  podem ter surgido a 7.000 anos a.C na região do México central. Os Astecas já utilizavam as pimentas em sua alimentação. O primeiro europeu a conhecer a pimenta foi Cristóvão Colombo em 1493, na sua segunda viagem a América . Colombo erroneamente a chamou  "pimiento", palavra espanhola que significa pimenta preta ou do reino (Piper nigrum), porém  a pimenta que conheceu e levou para a Espanha eram frutos do gênero Capsicum,  que não está relacionado ao gênero Piper. .A palavra Capsicum vem do grego  "kapto" que significa " morder " (uma referência à sua ardência ou calor).

A Pimenta do Reino

A pimenta-preta (Piper nigrum), conhecida no Brasil, como pimenta do reino, é uma das mais  espécies  mais antigas. Os seus grãos, secos e moídos, são utilizados na culinária de muitos países. Tem um sabor forte, levemente picante, proveniente do composto químico chamado piperina. Por essa razão foi utilizada na Idade Média para disfarçar o sabor das carnes em via de decomposição.

O comércio da pimenta era bastante ativo no subcontinente indiano e adjacências, sendo trazida por mercadores para o Ocidente, onde era distribuída por Genoveses e Venezianos. Naquela época o seu valor chegava a ser tão alto que foi utilizada como moeda. Um quintal de grãos de pimenta (60 kg) chegou a valer 52 gramas de ouro.
Conta-se que o lider Visigodo Alarico I (375-410), quando conquistou Roma em 410, exigiu de resgaste de ouro, prata e pimenta. A busca por essa especiaria, utilizada e valorizada desde tempos imemoriais, foi uma das principais causas da expansão do império português no Oriente.
Os ingleses criaram em 1600 uma companhia, a ‘British East India Company’ com o objetivo de comercializar da Índia e da China, algodão, seda, anil, chá e ópio. Também fazia concorrência com a holandesa 'Dutch East India Company' no mercado de especiarias, principalmente pimenta.
Para tentar o monopólio do produto, em 1786 a ‘British East India Company’ ocupou Penang (hoje Pinang na Malásia) tornando-a um dos maiores entrepostos de pimenta do reino do Oriente.

Os Estados Unidos também entraram no mercado de pimenta do reino. Em 1797 Jonathan Carnes chegou a Massachusetts procedente da região hoje conhecida como Indonésia, com um grande carregamento de pimenta. Ele tinha negociado a compra diretamente com os produtores, sem nenhuma interferência dos negociantes holandeses. Esta compra  foi muito lucrativa e incentivou outros carregamentos, transformando a cidade de Salem, em Massachusetts, num importante centro de comércio de pimenta e outras especiarias.

Quando Charles (n.1948), herdeiro do trono e filho da rainha Elizabeth II (n.1926) da Grã Bretanha assumiu o título de duque da Cornualha, recebeu como dote como manda a tradição medieval, um feixe de lenha, um arco de flecha, um casal de cães Galgo e meio quilo de pimenta do reino.

Principais espécies de pimentas.

Do gênero Piper:

Piper nigrum: pimenta-preta, também pimenta-redonda ou pimenta-do-reino
Piper guineense: pimenta-de-são-tomé
Piper longum: pimenta-longa

Do gênero Capsicum

Capsicum annuum: pimento em Portugal ou pimentão no Brasil e jalapenha
Capsicum baccatum: pimenta-dedo-de-moça, pimenta-cumari, chifre-de-veado e cambuci.
Capsicum frutescens: pimenta malagueta, pimenta-caiena e pimenta-de-tabasco.
Capsicum chinense: adjuma (Suriname), naucho (Peru), aji-dulce (Venezuela) e habanero (Cuba e México).
Capsicum pubescens: pimenta rocoto (usado pelo Quíchuas).

Do gênero Pimenta:

Pimenta dioica : pimenta-da-jamaica

De outros gêneros:

Naga Jolokia - provável híbrido de C. chinense e C. frutescens originária da Índia.
Pimenta-de-macaco - Xylopia aromatica
Pimenta-de-sichuan - Zanthoxylum piperitum
Pimenta-da-guiné - Aframomum melegueta

As pimentas contêm mais vitamina A que qualquer outra planta e são excelentes fontes de vitamina C e B, como  também quantidade significante de magnésio, ferro e aminoácidos. Mas as pessoas não consomem pimenta pelas suas vitaminas ou minerais e sim por ser aromática e picante.

Em recentes estudos, cientistas ingleses e japoneses  concluíram que incluindo uma pequena quantidade de pimenta às refeições,  o organismo queima 25 % a mais de calorias por dia. As pimentas aumentam a taxa metabólica do organismo e este  efeito térmico faz com que aproximadamente 6  gramas de pimenta queimem cerca de 45 calorias.
O que confere o sabor e a ardência às pimentas são compostos químicos encontrados em maior quantidade na parte externa dos frutos, muito pouco internamente e nada nas sementes, sendo principalmente a piperina e a capsaicina.
Outra descoberta recente é que a capsaicina tem efeito anticancerígeno. As propriedades terapêuticas da pimenta é conhecida desde a Antiguidade. Hipócrates (460-377 a.C) já prescrevia a pimenta  para combater doenças estomacais.

As pimentas vermelhas são superiores em sabor às verdes. Toda pimenta muda de cor no processo de sua maturação, indo do verde para outra matiz, principalmente o amarelo e o vermelho.

Nomes em diversas linguas que significa genericamente pimenta:

Japonês Togarashi
Árabe Fulful ahmar
Burmês Nga yut thee
Chinês Chao tian jiao
Croata Paprika ljuta
Dinamarquês Spansk peber
Holandês                       Spaanse peper
Inglês                           Red pepper
Polonês Papryka
Finlandês                       Chilipippuri
Francês Poivre
Romeno Ardei Iute
Russo Perec
Esloveno Sladka paprika
Espanhol Pimenta de Cayena,
Alemão Pfeffer, Chili Pfeffer
Swahili Piri piri
Sueco Chilipeppar
Grego Piperies
Tamil Mulagu
Hebraico Adom
Tailandês Pisi hui
Húngaro Paprika
Turco Biber
Indonésio Cabai
Italiano Peperone,  Pimento

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