8.23.2012

A FRUTA DO CONDE


A biodiversidade do planeta pode ser comprovada pela variedade de frutas que brotam da terra.As espécimes são tantas que muitas vezes causam confusão entre os consumidores. É o caso da família das anonáceas. As espécimes são muito semelhantes entre si,mas cóm diferenças distintas, ainda que bem sutis. Nesse grupo, as mais conhecidas sao as graviolas, as atemoias,as cherimoias,os araticuns,os beribás e as doces,macias e suculentas pinhas.
Frutos oriundos das regiões quentes e úmidas da América Central, algumas espécimes são nativas também em solos tropicais brasileiros. Os índios habitantes das Antilhas denominavam genericamente todas as espécies como anon. Os colonizadores espanhois designaram-as então, de anone ou anona,gerando o nome da família botânica das cobiçadas anonáceas.
A espécie Anonna squamosa, uma referência á sua aparência externa, que se assemelha a escamas, é uma fruta conhecida por vários nomes no Brasil. O apelido pinha foi dado pelos portugueses devido à semelhança com o fruto dos pinheiros. Mas dependendo da região é chamada também de ata, que é também seu nome em espanhol, ou pinha-ata, pinha-da-baía, anona, coração-de-boi, cabeça-de-negro e claro fruta-do-conde.
Em meados do século XVII, o governador geral do Brasil dom Diogo Luís de Oliveira, nobremente titulado como conde de Miranda, trouxe a fruta na bagagem ao desembarcar na Bahia com toda a sua família. Conde e condessa eram grandes apreciadores das pinhas e plantaram várias mudas da planta no quintal de sua residência.
Foi-se o conde mas ficou a fruta que caiu no gosto popular, tanto que no século XIX, Dom João VI trouxe ao Rio de Janeiro, um agrônomo francês especialmente encarregado de fazer plantação dessa anona em terras cariocas.
A empreitada dos nobres deu resultado. Hoje, as pinhas estão por toda parte, feiras, supermercados e nos mais movimentados sinais de transito, muito mais populares que as espécies nativas do país. É fruta doce de se comer ao natural, lentamente, sem pressa.
A polpa dos gomos, macia, granulada e perfumada, é uma deliciosa massa branca que dissolve na boca e revela as sementes, compridas, pretas e brilhantes. Manuais de etiqueta à mesa ensinam como degustar discreta ta e educadanente a pinha: divida a fruta ao meio com a faca de sobremesa. Pegue os gomos com uma colherzinha de chá. Os caroços devem ser depositados nessa colher, deixando-os na borda do prato.
Para cuspir os carocos na colher deve-se elevar ligeiramente a outra mão até a frente da boca. Apesar de ser fruta do nobre conde, não é iguaria para ser servida em rituais de pompas e circunstâncias. Portanto não se acanhe, coma do jeito que lhe der mais prazer.
Na hora de comprar, prefira as que tenham coloração verde-clara e rejeite ás escuras,rachadas, ou demasiadamente moles. Na culinária, a pinha também pode deixar sua marca registrada em sucos, sorvetes, doces, ou até em purês para acompanhar carnes ou peixes. Para tanto, use uma peneira, a fim de separar as sementes da polpa. a partir daí, o que conta é a criatividade. Em botecos renomados do Rio de Janeiro, faz sucesso a caipirinha de fruta do conde. No Nordeste, é comum o pudim e. a mousse.

Texto de autoria de Patricia Crespo, publicado no caderno "Degusta" do jornal "Estado de Minas" do dia 19 de agosto de 2012, com o título de "Graças ao conde!". Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

1 comment:

  1. Bom saber, porque é chamada "fruta do conde", essa deliciosa fruta que, aqui no Ceará é conhecida por "ata". Por que será? Talvez porque, quando está muito madura ela ach'ata...

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