10.27.2012

MULHERES DEVEM USAR BEM OS ATRIBUTOS FÍSICOS.

Feminismo e patriarcalismo reduzem valor da beleza entre elas, diz livro.

Queimar sutiã é coisa do passado. Em defesa da igualdade dos sexos, a socióloga inglesa Catherine Hakim conclama as mulheres a usarem, na vida cotidiana e no mercado de trabalho, alguns de seus melhores atributos físicos — seja ele um rosto angelical, uma bela silhueta ou um tailleur bem cortado. A afirmação,que pode deixar muitas feministas de cabelo em pé, é a tese central do livro “Capital Erótico” (Best Business), lançado no Brasil neste ano.
Na obra, Catherine, de 64 anos, argumenta que o capital erótico é um ativo com valor econômico mensurável e tão legítimo quanto o conhecimento (capital humano) ou uma rede de contatos bem construída (capital social). Pela definição da autora, o capital erótico reúne características que vão além da beleza, como “sex appeal”, competência para se vestir, boa  forma, dinamismo, carisma e sexualidade. O caráter multifacetado do atributo faz com que ele seja acessível não apenas aos sortudos agraciados coma beleza no nascimento, mas a todos, homens ou mulheres — mediante trabalho duro, tempo e esforço.

VANTAGEM FEMININA

Apesar disso, as mulheres carregam,naturalmente,um nível maior de capital erótico do que os homens, sustenta a autora. Isso acontece por algumas razões. Uma delas é a maior valorização, ao longo da história, do corpo e da sensualidade feminina nas artes, na mídia e na publicidade. Além disso, elas se dedicam mais para ficar belas — como a bilionária indústria de cosméticos, de moda e de tratamentos estéticos não nos deixa negar.
Outra explicação para a vantagem competitiva das mulheres nesse quesito é a existência de um suposto deficit sexual masculino. Segundo Catherine, os homens passam a maior parte de sua vida sexualmente frustrados, já que seu desejo sexual cresce de maneira estável ao longo da vida, enquanto o das mulheres decai rapidamente depois dos 30 anos. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado sexual potencializa o valor do atributo erótico das mulheres.





OPORTUNIDADES

A indústria do entretenimento expõe de forma irrefutável o valor econômico do capital erótico. Afinal, foi o “sex appeal” do ator George Clooney — e não seu talento como ator — que contou na sua escolha como garoto-propaganda de uma marca de cafés. Mas o adicional por beleza também tem sido explorado no mercado de trabalho de uma forma geral.
A argumentação da autora, entretanto, tenta mostrar que a recompensa por esse adicional erótico é menor entre as mulheres — que, paradoxalmente, mais detêm capital erótico — do que entre os homens. Os culpados por essa diferença, na visão de Catherine, são o feminismo radical e a cultura patriarcal nas sociedades ocidentais, que “insistem que o trabalho das mulheres deve sempre ser fornecido gratuitamente, feito por ‘amor’ e nunca por dinheiro”. As ideias da socióloga podem chocar pela crueza e aparente simplicidade, mas se fundamentam em centenas de estudos, coletados ao longo de mais de vinte anos de pesquisa na London School of Economics. E, embora não desvendem por completo o mistério sobre as diferenças entre homens e mulheres, ao menos contribuem com um novo — e curioso — olhar sobre o tema.

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POTENCIAL ERÓTICO

Para autora, atributos devem ser usados como um capital

EXEMPLOS DE QUEM USA BEM O CAPITAL ERÓTICO

OS SEIS ELEMENTOS DO CAPITAL ERÓTICO

1. Beleza
2. “Sex appeal”
3. Dinamismo
4. Habilidades sociais
5. Sexualidade
6. Boa apresentação pessoal

Christine Lagarde

Em acréscimo ao domínio de sua função profissional, a presidente do FMI é magra, atraente, charmosa e apresenta-se de forma impecável.

Demi Moore

Atriz é exemplo de mulher mais velha e bem-sucedida que escolhe amantes e maridos mais jovens, invertendo o papel tradicional nos casamentos.

Elin Nordegren

Modelo sueca casou-se com jogador de golfe Tiger Woods. Para autora, é legítimo às mulheres explorar seu capital erótico em prol da mobilidade social.

Texto de Marianna Aragão publicado na "Folha de S. Paulo" de 15 de setembro de 2012, com o título de "Autora conclama mulheres a usar bem os atributos físicos". Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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