A mistura de feijão e macarrão vira uma sopa que lembra os dias frios da infância. Simples, a torta de salsicha remete às festinhas de aniversário. Sentiu falta dos sabores da casa da mamãe? Aprenda com especialistas a revivê-los na sua cozinha.
Sardinha, salsicha, macarrão, feijão e mortadela. Além de deliciosos, esses ingredientes têm presença garantida nas despensas domésticas. Viram o componente principal de pratos deliciosos, mas parece que, fora uma receita aqui, outra ali servida em restaurantes e lanchonetes, eles só são consumidos quando a mãe, a avó ou aquela tia boa de fogão encaram as panelas. Para os momentos de experts da cozinha ensinam, em receitas simples, como dar um sabor especial à saudade.
Se o tempo esfriou e ainda tem sobra do feijão do almoço, vale preparar uma sopa. Embora não vá ficar com o gostinho daquela feita pelas mamães – parece que só elas conseguem fazer comidas com tal sabor –, com paciência e boa vontade, o resultado pode ser, sim, bem reconfortante. De acordo com Lurdinha Charbel, mãe e cozinheira de mão cheia, o segredo é não exagerar nas medidas e temperar. “Basta refogar bastante o caldo do feijão e não exagerar na quantidade de água, se não fica muito ralo”, explica. Em casa, Lurdinha frita cubinhos de bacon, amassa o alho fresco na hora e o refoga na gordura. Bate o feijão preto no liquidificador e deixa ferver. Só então coloca o macarrão. “Eu gosto daquele cortadinho com o furinho no meio, chama-se ave-maria, mas pode colocar qual quiser, só não pode ser em muita quantidade”, ressalta. Quanto mais macarrão na sopa, maiores são chances de ela ficar empapada, pois a massa libera amido e engrossa o caldo. Depois de cozido, a dona de casa aconselha colocar um pouco de água para a sopa não ficar muito grossa e temperá-la com salsa, cebolinha, uma cebola bem picadinha e sal. “Não tem erro,vai ficar bom. É só ir acrescentando os ingredientes aos poucos”, garante.
Macarrão com sardinha
Para aqueles dias preguiçosos, o macarrão com sardinha é ideal. Simples e muito saborosa, a receita portuguesa está presente em todas as casas em que o peixe é bem-vindo e também nas merendas escolares, por ser rica em vitaminas. No restaurante Moreno’s, o gerente da casa, Walter da Cruz, explica que ela está entre as mais simples. “Não tem segredo nem mistério. Se quiser fazer gostoso, é só fazer com boa vontade”, garante. O molho, segundo ele, é preparado com sardinha em lata (com maior concentração de ômega 3), tomates maduros, cebola e alho. “Coloco também manjericão, que dá um toque mais saboroso”, diz. Ele conta que deixa esse molho cozinhar bastante para que fique bem cremoso. Depois de pronto, o mistura à massa já cozida e decora com tomate cereja. À moda portuguesa, o macarrão precisa ser cozido em uma água aromatizada com erva-doce. O molho, nesse caso, é preparado com sardinhas em lata e frescas, e enriquecido com azeitona, coentro e salsa.
Lanche
O pão também pode ser base para a pizza. Nesse caso, o de forma é umedecido com leite, acomodado em uma forma e prensado com um rolo. O molho de tomate precisa ser mais grosso. Caso contrário, o pão desmancha. No recheio, não exagere. Além do queijo muçarela, vale o atum, a sardinha, a carne moída, o presunto, a calabresa e o que mais a despensa tiver. Depois de 15 minutos assando no forno, estará pronto um lanche delicioso e com gosto de infância.
A filha de Lurdinha, Valéria Charbel, também nasceu com o dom da cozinha. Proprietária do O cafezinho, uma lanchonete com produtos basicamente caseiros, ela serve pão com ovo, misto quente, rocambole de leite condensado e, entre tantas delícias, a torta de liquidificador, tão comum nas antigas festinhas de aniversário. O recheio era variado, mas o predileto da garotada era o de salsicha. Há quem coloque queijo na massa e até ervas para que ela fique colorida. A do O cafezinho, no entanto, é bem tradicional. “Misturo trigo, ovos, leite, margarina, óleo, fermento e sal, e bato tudo no liquidificador”, conta Valéria. Versátil, a base pode receber qualquer recheio, desde que seja mais molhadinho para que ela não fique seca. Refogando a cebola, o tomate e o alho, Valéria adiciona frango desfiado ou salsicha cortadinha em rodelas. Por último, coloca creme de leite, que deixa o molho mais cremoso. Depois, intercala, em uma forma, massa e recheio.
Outra delícia dificilmente encontrada fora de casa é o bolinho de chuva. O doce, muitas vezes remetida à casa da vovó, é preparada com ovos, margarina, açúcar, leite, trigo e fermento. Os ingredientes, misturados, dão origem a uma massa macia que, depois de ir à frigideira, leva açúcar, canela e creme de baunilha.
Texto de Rebeca Ramos publicado no "Jornal do Commércio", edição de final de semana (9 a 11 de novembro de 2012). Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
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