12.13.2012

BRASIL FAZ CAMPANHA INTERNACIONAL PARA PROVAR QUE NÃO TEM "VACA LOUCA"


Governo recorre a comunicado da Organização Mundial de Saúde Animal para contestar as possíveis restrições à venda de carne bovina.


O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Ênio Marques, viaja na próxima semana para Genebra, na Suíça, onde se reunirá com diplomatas brasileiros que atuam na Organização Mundial de Comércio (OMC), para repassar informações sobre a constatação da presença do agente patogênico da doença da vaca louca num animal que morreu no Paraná.

O governo brasileiro se baseia no comunicado da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para contestar as possíveis restrições e embargos às importações brasileiras de carne bovina. Após receber relatório sobre a ocorrência, a OIE manteve o status do Brasil de "risco insignificante" para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), o nome científico da enfermidade.

Ênio Marques ficará em Genebra nos dias 19 e 20 de dezembro. Na sexta-feira, ele participa de reunião na OIE, para discutir a criação de um fundo global de cooperação na área de saúde animal. Ele afirmou que o governo brasileiro está pronto para dar explicações aos países importadores sobre o "caso que é único", pois a vaca era apenas portadora da EEB e morreu de forma súbita, sem apresentar os sintomas da doença, que degenera os animais.

Japão. Marques explicou que a restrição anunciada pelo governo japonês partiu dos órgãos ligados à área de saúde e não à agropecuária. Ele afirmou que o adido brasileiro em Tóquio está dialogando com as autoridades japonesas, que pediram o preenchimento de um questionário para ser analisado por um comitê de especialistas antes de qualquer decisão sobre a retirada do embargo.

Em relação à Rússia, Marques afirmou que o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, que está em Moscou para acompanhar a comitiva da presidente Dilma Rousseff, se reuniria ontem com o diretor do serviço de defesa agropecuária russo (Rosselkhoznadzor), Sergey Dankvert.

A reunião já estava agendada para discutir os acertos finais para a retirada do embargo russo às carnes do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, imposto em junho do ano passado.

Marques afirmou que o Ministério da Agricultura, na última sexta-feira, enviou para os principais compradores da carne brasileira, entre os quais a Rússia, um relatório com o histórico detalhado do caso, que só veio à tona na semana passada. Segundo ele, o secretário Célio Porto aproveitou para conversar sobre o assunto e os russos afirmaram que estão analisando os relatórios. Marques afirmou que ainda não recebeu uma posição do secretário Porto sobre a retirada do embargo aos Estados brasileiros.

Em relação às notícias sobre o embargo às importações por parte do Irã, Marques disse que o governo brasileiro não recebeu nenhum comunicado oficial. O Irã é o sétimo principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, respondendo por 5,8% dos embarques. Na Venezuela, o setor privado pediu ao governo que suspenda a importação de carne bovina e de gado vivo do Brasil. A Venezuela é o quinto maior mercado das exportações brasileiras de carne bovina.

O caso. Essa nova polêmica que envolve a doença da vaca louca teve início com a confirmação na semana passada da presença do agente causador da enfermidade em uma matriz bovina, que há dois anos teve morte súbita numa fazenda em Sertanópolis, no Paraná. Segundo as autoridades da defesa agropecuária, o animal era penas um portador da proteína que causa a doença.

Texto de Venilson Ferreira publicado em "O Estado de S.Paulo" de 13 de dezembro de 2012. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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