7.20.2017

RESUMO HISTÓRICO DE BARRETOS (De "Barretos de Outrora")



Barretos festejará a 25 de agosto deste ano o centenário, não do início do seu povoamento, mas do título da doação feita por membros da família do já então finado Francisco José Barreto, e por Simão Antônio Marques, seus filhos e outros parentes, de terras das fazendas Fortaleza e Monte Alegre, para patrimônio da capela ao Divino Espírito Santo, o tosco templozinho que levantaram dois anos depois no lugar onde se ergue boje o prédio da Associação Rural do Vale do Rio Grande. Barretos em verdade começara a povoar-se por volta de 1831, com a edificação de algumas choças cobertas de capim do brejo ou sapé em torno da sede de Chico Barreto, apossante da Fortaleza, nas imediações do local onde está o Asilo dr. Mariano Dias.

Por Lei nº 42, de 16 de abril de 1874. é a dita capela elevada a freguesia, sob a jurisdição de Jaboticabal, a antiga povoação da Ponta do Rio Pardo, que por sua vez alcançara essa categoria em 1857. passando a vila dez anos depois. Na nova Paróquia de Espirito Santo de Barretos, instituída canonicamente por d. Lino em 2 de julho de 1877, registra-se o primeiro casamento religioso a 11 e o primeiro óbito a 15 do mesmo mês e ano, mas só a 19 de março de 1878 é nomeado o primeiro Vigário, padre Henrique Sassi, que antecipadamente vinha assinando tais assentamentos. Antes dele vinham às vezes ao lugarejo, para atender a batizados e núpcias das gentes barretenses outros sacerdotes. — o padre Marinho, de Frutal, o padre Euzébio, de S. Simão e outros. Sucedem ao padre Sassi na direção da Paróquia os padres Valente (até 1909), Ceccere, José Martins, Manoel da Costa Gomes, Vicente Oura, Carlos Otaviano Dias. Vicente Francisco de Jesus, os padres dos SS. Corações, os Estigmatinos, além de outros.

Em 1885 criada a vila de Espirito Santo de Barretos, instalada em 1890, com divisas já estabelecidas desde 1876. O decreto nº 17 desse mesmo ano de 1890, dá ao termo dois ofícios de justiça e a lei municipal de 8 de janeiro de 1897 delibera, 'quae sera tamen' conferir-lhe as altas honras de cidade. A lei nº 1021, de 1906, encurta-lhe o nome para Barretos.

Em 1892 uma parte considerável do imenso território do município é restituído ao de Jaboticabal, com a criação do distrito de Bebedouro, e também este, depois de elevado a vila e comarca, lhe arrebata uma nesga, a, fazenda da Onça, incorporada àp município bebedourense pela Lei nº 740, de 1900, para atender aos desejos de Ezequías Lemos de Toledo.

A criação do município de Olímpia, logo elevado a comarca, tira a Barretos mais de metade do seu território, e finalmente se desmembram Colina e Jaborandi, de modo : que à centenária Barretos restam apenas 2329 quilômetros quadrados, 0,94% da área total do Estado, que é de 247.222 quilômetros quadrados.

À população barretense em 1945 vai para 44.015 almas, se contadas direito, representando isso 0,55 % dos habitantes do Estado, estimados em 8.051.658.

Barretos está situada a Lat. S. 20° 33’ 24” Long 48° 33'57" W Gr., ou 20° 10' e 20° 45' Long. a Este do meridiano do Rio de Janeiro, com o rumo NNO em relação à Capital da qual dista 356 quilômetros em linha reta.  535 quilômetros por estrada de rodagem.

Em 1887 entra em Barretos o primeiro trole, trazendo o major José Machado de Barros e sua família. Em 1º de agosto de 1902 Jacob Witzel Filho inaugura sua linha desses veículos entre Barretos e Bebedouro, aonde havia nesse ano chegado a estrada de ferro Paulista. Esta é que no dia 29 de dezembro do ano anterior entrara em sua estação a primeira locomotiva deo trem de lastro.

Em 1900 surge 'O Sertanejo', primeiro órgão da imprensa local, vindo em 1906 o 'Correio de Barretos' em sua primeira fase e depois muitas outras folhas, notadamente o primeiro 'Diário', de vida curta;  em 1917, 'O Jornal', 'Tribuna' etc.; fundando-se em 1925 'A Semana', o periódico local de maior duração. Em 1947, o segundo 'Diário'.

Em janeiro de 1905 atravessa o rio Grande o primeiro barco a vapor no porto até então denominado do João Gonçalves, devido a ter sido aberto e organizado por esse benemérito pioneiro e desbravador. Depois o seu nome é substituído pelo de Antônio Prado, apesar de protesto do cel. Vicente Macedo.

Em 1908 criam-se vários distritos de paz, e a banda de música Orfelina Barretense que aos domingos toca no coreto do Jardim o seu repertório; em 1910 funda-se o Grêmio Literário e Recreativo; Antônio Witzel continua instalando telefones, enquanto J. J. Martinelli segue enriquecendo com as enchentes diárias do seu cinema sempre interrompido por desarranjos na maquinaria.

Em 1911 inauguram-se a luz elétrica, o de água e um posto zootécnico de efêmera história. Lutam desde anos atrás os partidos políticos arara, picapau e queijeiro. Há muitos bailes, serenatas, jogo, bebedeiras, crimes. Pagani Fioravanti vai construindo o prédio para o primeiro Grupo Escolar, e a Companhia Frigorifica e Pastoril, o seu matadouro.

Em 1912, inauguração pelo Witzei do teatro Aurora, logo ocupado durante muitos dias pela companhia de operetas Camerata, de cujo corpo de artistas ficam entre os barretenses Césare Gravina, depois famoso cômico em Hollywood, e sua esposa d. Ema. Inaugura-se o primeiro Grupo e as crianças cantam várias vezes durante o dia, alegrando os ouvintes. Barretos em outubro vê em suas ruas o primeiro automóvel, trazendo de Batatais o sr. Gabriel Jorge Franco para assistir a um casamento.

Em 1913 inaugura-se o Matadouro Frigorifico, depois transferido sucessivamente à Brazilian Meat e outras empresas e finalmente à Frigorifico Anglo. Em 1914. surge a União dos Empregados do Comércio. Trocam-se por números os nomes das ruas, durante a administração do Prefeito João Machado de Barros, sucessor de Silvestre de Lima, Antônio Olimpío, Pedro Paulo, Joaquim Dias etc., e antecessor de Xavier de Almeida, Felix Ribeiro, Riolando de Almeida Prado, René Ferreira Pena, Jerônimo S. Barcelos, Anibal da Gama Salgado, Carmelo Guagliano, Heli Nogueira, José Jacinto, Fábio J. Franco, João Lopes, Raul dos Santos, Mário Vieira Marcondes e outros. Desde o ano de 1916, Barretos ouve conferências literárias, de Ciro Costa, Martins Fontes, Coelho Neto, Artur Mendes, dr. J Ozorio de Souza, e outros; em 1917, já se cuida da fundação de uma Santa Casa, o que é efetivado quatro anos depois; o Tiro de Guerra 512 enche os ares todas as noites com sonoras clarinadas e rufos de tambores; em 1919 há um hipódromo e vem a Caixa Econômica anexa à Coletoria Estadual.

Em 1922, grandes festas em comemoração ao centenário da Independência; veem em 1924 ministros protestantes, começam sua propaganda e cultos, vinte anos depois dos espíritas, que já nos começos do século estavam em intimidades com o Espaço.

Em 1925, Filó agita a cidade e a região, num levante contra o Delegado e toda à ordem estabelecida. Em 1926, um ciclone destrói grande parte da povoação de Itambé, antes Passatempo, hoje Ibitu e que decerto amanhã terá outro nome e depois outro; em 1928, luta acesa de “vermelhos" e "amarelos”, desordens, assassínios, trapaças eleitorais. Em 1929, grandes agitações políticas em todo o país, culminando com a vitória da revolução de 1930.

Em 1931, atraído pelos fundadores da S.E.B., chega de Agudos o dr. Antônio Augusto Reis Neves e íniciam-se as aulas do seu Ginásio Municipal, no prédio da benemérita Sociedade Italiana, em que se destaca pelo seu valor o distinto moço; cav. Cario Masi, agente consular, com a colaboração de José Galati, João Gai, e outros elementos da ativa colonia.

Em 1932, o movimento constitucionalista, com muita repercussão em Barretos, onde se organizam batalhões voluntários, enviados a várias frentes.

Em 1933, 1934, e até hoje, as consequências dessa luta, em refregas partidárias que çontinuaram e continuarão.

Texto de Osório Rocha publicado em "Barretos de Outrora", Edição do Autor, São Paulo, 1954, pp.7-10. Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa. 


Sobre o autor.




Osório Falleiros da Rocha nasceu na cidade de Patrocínio do Sapucaí (atual Patrocínio Paulista), em 17 de março de 1885.Trabalhou como dentista prático em Patrocínio, em algumas fazendas, e seguiu para Barretos, onde deixou a profissão ao ser nomeado sub-oficial do Cartório de Registro Geral de Hipotecas e Anexos. Em 1914, obteve a provisão de advogado e exerceu essa profissão até 1918. Foi escrivão da Coletoria Estadual, enquanto se preparava para entrar na Faculdade de Direito, o que conseguiu em 1923, diplomando-se em 1928. Foi chefe da redação da primeira fase do Diário de Barretos em 1917. Teve papel atuante na revolução de 32. Casado com Genoveva Franco da Rocha, teve os filhos Paulo, Uriel, Maria de Lourdes, Maria Luiza, Maria Rute e Maria Tereza. Escreveu “Barretos de Outrora” em 1954, para o centenário de Barretos. Orador, poeta, pintor, compositor. Em suas composições literárias, usava o pseudônimo "Caá-Ubi". Exerceu a advocacia em Barretos e São Paulo. Morreu em 16 de abril de 1976.

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