8.02.2017

BARRETOS EM 1950

 

ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS IBGE

HISTÓRICO 

Segundo a tradição, dois afamados desbravadores do sertão da zona Oeste de São Paulo, o alferes João José de Carvalho e seu cunhado, tenente Antônio Francisco Diniz Junqueira, ambos mineiros, vindos de Caldas e Aiuruoca, respectivamente, iniciaram o povoamento da vastíssima região banhada pela parte baixa do Rio Pardo, a jusante da confluência do Mogi-Guaçu, região essa outrora conhecida por "Sertão de São Bento de Araraquara" e que hoje faz parte das Comarcas de Barretos, Olímpia e Orlândia.

O alferes João José de Carvalho, logo após a proclamação da Independência do Brasil, tomou posse da fazenda Palmeiras, latifúndio de mais de 1 200 quilômetros quadrados, dos quais 700, aproximadamente, constituem a maior e melhor porção do atual município de Colina, um dos componentes da Comarca de Barretos. Na mesma época, o tenente Francisco Antônio Diniz Junqueira tomava posse, não só de muitas léguas quadradas de terras de matas às margens direita e esquerda do Rio Pardo, como também da fazenda Pitangueiras, situada em ambas as margens do ribeirão que passa junto ao "Frigorífico Anglo".

Com esses dois desbravadores do sertão paulista vieram, também de Minas Gerais, como capatazes, Francisco José Barreto e um irmão, aos quais permitiram, talvez, como recompensas aos seus serviços, tomar posse das terras ao longo e à margem esquerda do ribeirão Pitangueiras, "da beira da mata para cima", terras essas que denominaram "FORTALEZA".

Em 1845, passaram os irmãos Barreto a habitar essa posse de terras, estabelecendo morada em casa que construíram no local onde é hoje o quarteirão limitado pelas Ruas 16 e 18 e pelas Avenidas 13 e 15. Nessa casa, faleceu Francisco José Barreto em 1848 e sua mulher, Ana Rosa, em 1852.

Ficaram dêsse casal oito filhos, os quais, com o auxílio do vizinho Simão Antônio Marques, aposseante da fazenda limítrofe - "Monte Alegre", - construíram, no ano de 1856, nas imediações do terreno atualmente ocupado pelo Grêmio Literário e Recreativo de Barretos, sob a invocação do Divino Espírito Santo, a primeira capela, coberta de sapé, do então nascente Arraial dos Barretos.

A Paróquia do Divino Espírito Santo de Barretos foi criada, ao que parece, conjuntamente com o distrito de paz, por Lei n. 42, da Assembleia Provincial, de 16 de abril de1874, confirmada e era canonicamente, por provisão de D.Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo de São Paulo, em 2 de julho de 1877, vinte e um anos, portanto, depois da construção da primeira capela e quinze anos depois da primeira missa rezada pelo Padre Manoel Euzebio, em 1862.

A origem do nome da cidade de Barretos se liga aos seus fundadores, os irmãos Barreto, um dos quais tem perpetuado o seu nome na praça principal. Foram seus primeiros povoadores, Francisco José Barreto, posseiro da fazenda Fortaleza; alferes João José de Carvalho, fazenda Palmeiras; tenente Francisco Antônio Diniz Junqueira, fazenda Pitangueiras; Rodrigo Corrêa de Moraes, fazenda Rio Velho; Irmãos Marques, fazenda Monte Alegre; Manoel Serafim Barcelos, fazenda Macaúbas e Vicente Mesquita, fazenda da Prata.

Em 10 de março de 1885, pela Lei n. 22, foi criado o município de Barretos, cujo perímetro, então, circundava os terrenos que constituem os atuais municípios de Barretos, Olímpia, Colina, Cajobi e parte do de Monte Azul Paulista, numa extensão aproximada de 14.000 quilômetros quadrados. A Lei n. 1 571, de 7 de dezembro de 1917, desmembrou-lhe Olímpia a que passou a pertencer o distrito de Cajobi, hoje município do mesmo nome, e as povoações de Icém, Guaraci, Paulo de Faria e Riolândia, todos, atualmente, emancipados politicamente. Depois, pela Lei n. 2 906, de 24 de dezembro de 1925, Colina foi desmembrada de Barretos, passando, por sua vez, a constituir município. Ficou Barretos reduzido a pequena parte da sua primitiva superfície, possuindo, atualmente, 2 292 quilômetros quadrados.

O município é atualmente integrado pelos distritos: Barretos- criado pela Lei n. 42, de 16 de abril de 1874; Ibitu (Ex-Itambé) - criado pela Lei n. 1141, de 16 de novembro de 1908 e ratificado pelo Decreto-lei n. 14 334, de 30 de novembro de 1944; Alberto Moreira - criado pelo Decreto-lei n. 14 334, de 30 de novembro de 1944, em virtude do Decreto Federal 1 202, de 8 de abril de 1939 e Colômbia - criado juntamente com Alberto Moreira.

Pelo Decreto Estadual n. 9 775, de 30 de novembro de 1938, que fixou o quadro da divisão territorial administrativo-judiciária do Estado de São Paulo, o distrito de Barretos foi subdividido em duas zonas que se denominam Barretos e Fortaleza.

LOCALIZAÇÃO 

A sede municipal está localizada a 20° 34' latitude Sul e 48° 34' longitude W. Gr. , distando da Capital, em linha reta, 386 km.

ALTITUDE

A altitude, na sede municipal, é de 552 metros.

CLIMA 

Tropical, com inverno seco. A média das máximas é de 25,3°C, a das mínimas de 12,2°C e a média compensada 13,1°C. A precipitação de chuvas, em um ano, foi da altura total de 1 095,4 mm.

ÁREA - 2 295 km²

POPULAÇÃO 

Pelo Recenseamento de 1950 há 50.249 habitantes (25.510 homens e 24.739 mulheres), dos quais 52% na zona rural. A estimativa do D.E.E., em (1°-VII-54), indicava um total de habitantes de 53.412 (25.195 na cidade e 28.217 na zona rural).

AGLOMERAÇÕES URBANAS 

Quatro aglomerações urbanas: Barretos, com 33.185 habitantes (16.317 homens e 16.868 mulheres); Alberto Moreira, com 3.265 (1.751 homens e 1.514 mulheres); Colômbia, com 6.104 (3.326 homens e 2.778 mulheres) e Ibitu, com 7.695 habitantes (4.116 homens e 3.579 mulheres). (Dados do Recenseamento de 1950).

ATIVIDADES ECONÔMICAS

As atividades fundamentais à economia do município são: a agricultura, a indústria e a pecuária. Barretos é considerado o maior entreposto pecuarista do Estado de São Paulo. O número de propriedades agropecuárias é de 867.

As fábricas mais importantes são: S.A. Frigorífico Anglo, Frigorífico Bandeirante, Matadouro Industrial Minerva, Pastifício São Paulo, Curtume Santa Rita, Fábrica de Móveis "A Construtora", Fábrica de Móveis "A Mobiliadora", Destilaria Gori, Cerâmica Marajó e Cerâmica Peral. Nas indústrias locais há 1.498 operários. O principal centro consumidor dos produtos agrícolas e gado bovino do município é a capital do estado de São Paulo.

Há no município 261 estabelecimentos comerciais, assim distribuídos, de acordo com o ramo de atividade: Gêneros alimentícios - 161; Louças e Ferragens - 29; Fazendas e Armarinhos - 71.

O Município conta com uma área de 6 010 ha de matas, sendo 3.150 ha de matas naturais, 320 ha de reflorestadas e 2.540 ha de capoeirões.

MEIOS DE TRANSPORTE 

É servido por estradas de rodagem, pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro e por linhas regulares aéreas e táxi-aéreo, o que possibilita a comunicação com diversas cidades.

Cidades vizinhas -
1) Guaíra, por rodovia (45 km). 2) Morro Agudo, por rodovia ( 61 km) ou por ferrovia, pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro (109 km) até Pontal e mais 41 km pela Estrada de Ferro Mojiana. 3) Colina, por rodovia (20 km) ou ferrovia, pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro (24 km). 4) Olímpia, por rodovia, via lbitu (48 km), ou ferrovia, pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro (55 km) até Bebedouro e mais 71 km pela Estrada de Ferro São Paulo-Goiás. 5) Guaraci, por rodovia, via Ibitu (49 km). 6) Frutal, MG, por rodovia (91 km).

Capital Estadual -
São Paulo - por rodovia - via Ribeirão Preto e Campinas (519 km), ou por ferrovia, pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro em tráfego mútuo com a Estrada de Ferro Santos- Jundiaí (514 km), ou por via aérea (399 km).

Outros municípios - 
Por rodovia- Araraquara (142 km); Ribeirão Preto (113 km); Cáceres, MT (1.385 km); Corumbá, MT (1.705 km); Cuiabá, MT (1 015 km); Poconé, MT (1.275 km); Guiratinga, MT (995 km); Caiapônia, GO (700 km); Goiânia, GO (450 km); Jataí, GO (463 km); Rio Verde, (385 km); Araguari, MG (215 km); Ituiutaba, MG (195 km); Uberlândia, MG (180 km).

O campo de pouso municipal, utilizado para transportes aéreos, possui uma pista de 1.160 x 600 metros e dista 2 km da sede municipal; há, ainda, um campo de pouso particular, com uma pista de 800 x 70 metros e dista 3 km da sede municipal.

O número de veículos em tráfego, diariamente, é de 32 trens, 940 automóveis e caminhões, e estão registrados na Prefeitura Municipal 419 automóveis e 384 caminhões.

COMÉRCIO E BANCOS 

Mantém transação comercial com os municípios de São Paulo, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Bebedouro, Olímpia, Guaíra, Colina, Guaraci e Paulo de Faria, todos estes em São Paulo, Uberaba e Frutal, no Estado de Minas Gerais.

O Município exporta grande quantidade de gado bovino para a Capital do Estado de São Paulo e o comércio local importa, de diferentes centros, gêneros alimentícios, tecidos, calçados, medicamentos, bebidas, combustíveis, maquinaria, louças, cigarros, aparelhos elétricos, materiais para construção, frutas e legumes. O número de estabelecimentos atacadistas era de 25, de varejistas 552 e industriais 64.

Sete agências bancárias (filiais) servem o município: Banco do Brasil S. A., Banco do Estado de São Paulo S. A., Banco Brasil de São Paulo S. A., Banco da Bahia S. A., Banco de Crédito Real Minas Gerais S. A., Banco Hipotecário Agrícola do Estado de Minas Gerais S.A., Banco Nacional do Comércio e Produção S.A., Caixa Econômica Estadual.

ASPECTOS URBANOS

O Município conta com os seguintes melhoramentos urbanos: luz elétrica, com iluminação pública e domiciliar e o número de ligações elétricas de 5.690; rede de esgoto; cinquenta ruas são calçadas, o que representa uma porcentagem de 30,6% sendo 22 ruas calçadas a paralelepípedos e 32 pavimentadas a asfalto. 4.150 domicílios são servidos pelo serviço de tratamento e distribuição de água potável encanada. Além do calçamento a paralelepípedos e asfalto dos logradouros públicos, as ruas são arborizadas e as praças ajardinadas e arborizadas.

Há uma agência do Departamento dos Correios e Telégrafos (D.C.T.) e a população em geral é beneficiada pelas entregas postais a domicílio e pelos serviços do telégrafo nacional e telégrafo da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. 1.348 aparelhos telefônicos estão instalados (serviço urbano e interurbano) e o transporte urbano é feito pela linha de ônibus de Barretos ao Bairro Frigorífico. Há 1O hotéis, 9 pensões, 3 cinemas e a diária, em hotel de nível médio, é de Cr$ 130,00 (cento e trinta cruzeiros).

ASSISTÊNCIA MÉDICO-SANITÁRIA 

O Município é servido pelos seguintes serviços assistenciais: Hospital e Maternidade Santa Inês, com 10 leitos; Asilo Dr. Mariano Dias, com 20 leitos; Casa de Saúde e Maternidade de Barretos, com 13 leitos; Santa Casa de Misericórdia de Barretos, com 187 leitos; Albergue Noturno "Paulo de Tarso", com 24 leitos; Asilo para a Velhice Desamparada, 10 leitos; Lar da Criança, 20 leitos; Educandário SS. Coração, 89 leitos e Asilo São Vicente de Paulo, com 90 leitos. Há 18 farmácias, 38 médicos, 34 dentistas e 20 farmacêuticos.

ALFABETIZAÇÃO

Pelo Recenseamento de 1950, dos 50.249 habitantes, 42.485 são pessoas de 5 anos e mais e destes 24.799 sabem ler e escrever, o que representa uma porcentagem de 49% de alfabetizados.

ENSINO

Primário Fundamental Comum - O Município conta com 61 unidades de ensino primário fundamental comum, mas os principais estabelecimentos são o Grupo Escolar "Dr. Antônio Olímpio", Grupo Escolar "Prof. Fausto Lex", Grupo Escolar "Cel. Almeida Pinto e Grupo Escolar do Frigorífico .

Ensino Médio - Ginásio, Colégio e Escola Normal Estadual "Mário Vieira Marcondes"; Ginásio e Escola Técnica de Comércio "Francisco Barreto" e Ginásio e Escola Normal "Maria Auxiliadora".

OUTROS ASPECTOS CULTURAIS

São editados três jornais noticiosos: "A Semana", "Correio de Barretos" e "A Cidade de Barretos".

Existe uma radioemissora - Rádio Barretos - PRJ8, com 1 530 quilociclos, onda de 196 m e 250 w na antena; faz parte das Emissoras Coligadas S.A.

Há três bibliotecas: Biblioteca "Afonso de E. Taunay", - particular, geral, com 6 040 volumes; Biblioteca Professor "Fausto Lex"- particular, geral, 2.272 volumes; Biblioteca da União da Mocidade Presbiteriana de Barretos, particular, geral, 1.009 volumes. Duas tipografias e uma livraria .

EFEMÉRIDES E FESTAS POPULARES

As principais efemérides comemoradas são o "Dia do Soldado", 25 de agôsto, festa máxima do município, pois coincide com a data da fundação da cidade. Comemoram-se, ainda, com desfiles, passeatas escolares, os feriados nacionais. As principais festas populares são o Carnaval, Natal, Ano Bom, 1° de Maio, Sábado de Aleluia e Festas Juninas.

VULTOS ILUSTRES

Aloísio Jorge de Andrade Franco - Teatrólogo .Recebeu a estatueta denominada "O Saci". Dr. Francisco de Assis Bezerra de Menezes- Compositor. Premiado com a estatueta simbolizando "O Guarani". Vicente de Lima. O maior flautista do Brasil, depois de Patápio. Dr. Uriel Franco da Rocha - Médico-Veterinário- Processos de inseminação artificial. Dr. Ary Lex - Autor de livros didáticos sobre Biologia.

OUTROS ASPECTOS DO MUNICÍPIO

Na sede municipal há três cooperativas de consumo, uma de produção, dois sindicatos de empregados e um de empregadores. O número de vereadores é de 17.

Texto do Histórico por Tácito Borghi, redação final de Sebastião de Figueiredo Torres, publicado em "Enciclopédia dos Municípios Brasileiros", volume XXXVIII, planejada e orientada por Jurandyr Pires Ferreira, IBGE, Rio de Janeiro, 1957, excertos pp. 119-122.

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