O deus do trovão acordou e, como de costume, tateou a cama para procurar por seu martelo, Mjolnir, que tinha sempre a seu lado enquanto dormia. Apenas para encontrar o vazio: a arma não estava em lugar nenhum. Furioso, aos gritos, começou a procurar por todo o lugar, mas nada feito. Sem solução, foi pedir ajuda a Loki.
Dia sim, dia não, o trapaceiro Loki variava entre pregar peças e ser legitimamente fiel aos outros deuses. Naquele dia, era a segunda situação.
Pediu penas mágicas à deusa do amor Freya para se transformar em falcão. E viajou para Jotunheim, a terra dos gigantes. Como Mjolnir era a arma mais importante dos deuses e os gigantes eram seus maiores in imigos, era seu palpite que o ladrão devia ser um deles.
Não deu outra: o rei Thrym adm itiu ter se esgueirado de m adrugada e tomado o martelo de Thor, que agora estava enterrado 8 milhas sob o solo. Ele só o devolveria em troca da mão de Freya.
Quando Loki deu as notícias, Thor mais uma vez começou a quebrar tudo em Asgard, mas para nada. Nem ele poderia desafiar os poderosos gigantes sem sua arma. Heimdall, o guardião da ponte do arco-íris, propôs então uma solução: eles entregariam “Freya” ao gigante. Mas quem iria no lugar seria Thor. Vestido de noiva.
O mais machão dos deuses protestou, mas era isso ou ver Asgard cair na mãos dos gigantes. E os deuses começaram a fazer um vestido de casamento fabuloso, digno da deusa da beleza. Loki se propôs a acompa- nhá-lo como dama de honra.
E assim as duas belas donzelas foram para Jotunheim, numa carruagem puxada por bodes, a barba de Thor oculta por um véu. O gigante ficou felicíssimo e as recebeu com um jantar. Thor, sendo Thor, comeu um boi inteiro. “Nunca vi uma mulher com tal apetite!”, estranhou o gigante. Ao que Loki respondeu que a noiva não havia comido a semana inteira, de ansiedade. Ele tentou tirar então o véu, recebendo um olhar fulminante, digno do deus do trovão. “Nunca vi uma mulher com um olhar tão apavorante", exclamou Thrym , ao que Loki rebateu dizendo que, de tanta paixão, ela não havia dormido por uma semana.
O gigante então baixou a guarda e pediu o martelo, como parte da cerim ônia. Deixou-o no colo de sua “noiva” para receber as bênçãos do sacerdote. Thor imediatamente rasgou o véu e se pôs em ação. O rei dos gigantes teve sua cabeça partida, depois foi a vez dos convidados. Voltando para Asgard, Thor jogou fora o vestido, pôs de volta suas roupas - e que ninguém jam ais mencionasse essa história para ele!
Texto publicado em "Aventuras na História",São Paulo, julho de 2017, excerto p.18. Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
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