9.15.2018

GUERRA DOS PIRES CONTRA OS CAMARGOS

São Paulo colonial
Texto de Leopoldo Costa

O conflito entre as famílias dos Pires e dos Camargos aconteceu na capital paulista entre as décadas de 1640 e 1660. Tem muita semelhança com as lutas municipais ocorridas na Idade Média (século XVI) em Verona entre os Montecchios e os Capuletos, que deu origem a peça de Shakespeare "Romeu e Julieta".

Em 1640 numa verdadeira batalha causadora de muitas mortes e ferimentos ocorrida nas ruas de São Paulo, entre as duas facções cujos chefes eram João Pires e Pedro Taques de um lado e do outro Fernão de Camargo, conhecido como Tigre. Haviam-se empenhado em duelo singular, acudidos pelos seus sequazes. No ano seguinte era Taques assassinado à facada na Praça da Sé.

Por volta de 1641, quando Alberto Pires matou Leonor Camargo, sua mulher, e Antônio Pedroso de Barros, seu cunhado. Há versões que afirmam que Pires teria atingido sua mulher por acaso, e, sem saber como justificar sua morte, matou também o cunhado, acusando os mortos de adultério. Existe outra versão, que Antônio Pedroso de Barros foi morto pelos seus índios rebelados.

As famílias Camargo e Barros decidiram por vingança. Alberto Pires foi assassinado meses depois.

Mais tarde registrou-se ainda outro conflito. Os Pires, liderados por Fernão Dias Pais, se opuseram então a que o irmão de Fernão de Camargo, José Ortiz de Camargo, tomasse posse na ouvidoria de São Paulo. Houve posteriormente o acordo negociado pelos Pires, de 12 de maio de 1653, pelo qual os jesuítas voltaram a seu colégio mediante promessa formal de não acoitar índios fugidos nem publicarem o breve papal de Urbano VIII sobre a liberdade do gentio.

As duas facções continuaram sua luta até o acordo de 9 de fevereiro de 1654, pelo qual Ortiz tomou posse da Ouvidoria, mas não cumpriu o que prometeu, e perdeu ainda o apoio do Governo-Geral com a saída do conde de Castelo Melhor, substituído por magistrado muito ligado aos Pires.

Reacendeu-se a luta. A igreja tentou promover mais uma tentativa de pacificação, da qual resultou a ida à Bahia de representantes de ambos os partidos para se entenderem com o novo governador-geral, o conde de Atouguia. Da missão surgiu uma portaria em 25 de janeiro de 1660, concedendo anistia geral que possibilitou um acordo de paz, colocando um final no conflito.
 


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