6.26.2024

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ERROS HISTÓRICOS DA BÍBLIA



A Bíblia inteira está repleta de erros históricos, é até difícil citar só alguns como "principais" num espaço tão curto.

Para iniciantes no tema, nunca houve uma enchente global. A população humana no planeta não surgiu a partir de só 2 pessoas, nem nunca foi tão baixa quanto 8 pessoas (o número alegado de sobreviventes no mito do dilúvio de Noé) — análises científicas dos nossos genes mostram que a população humana não poderia ter caído para 1500 indivíduos sem parentesco e ainda ter a diversidade genética que vemos hoje.

Os judeus nunca foram mantidos como escravos no Egito, portanto, nada de Êxodo. Eles nunca estiveram em massa NO Egito, e os egípcios do período dos faraós não tinham escravos, como a Bíblia sugere. Os monumentos dos faraós foram construídos por fazendeiros e trabalhadores similares em épocas de cheia do Rio Nilo. Existe zero evidência de que os judeus tenham estado lá, mas há evidência (de outras tribos históricas da área do Levante, análise linguística, etc.) que corrobora que os judeus nunca deixaram o Levante. Não há evidências de um êxodo de um milhão de pessoas, como relata a Bíblia, de fato, muitos dos lugares citados no relato só foram existir séculos depois daquela época. O relato do Êxodo foi só uma narrativa feita no século oito antes de Cristo para justificar uma guerra por terras com o Egito.

O "reino" judaico de Davi e Salomão não tinha nem de longe o tamanho que a Bíblia diz que tinha — na melhor das hipóteses era só uma área tribal menor, e ainda assim, um pouco instável. Não houve Sodoma e Gomorra — nenhuma outra cultura jamais fez menção dessas supostas cidades grandes e prósperas, e nenhum vestígio delas foi encontrado na região em que supostamente ficavam.

Até os Evangelhos estão cheios de problemas históricos. Mesmo se formos desconsiderar a total falta de evidência de contemporâneos para a existência de Jesus e de qualquer um de seus supostos milagres, ainda ficam outras questões. Os censos NUNCA exigiam que qualquer pessoa fosse à sua cidade natal ou à cidade natal de seus antepassados — isto teria feito a economia do Império Romano entrar em colapso. Os censos romanos só contavam os cabeças de casas paternas EM suas casas — eles eram feitos devido a questões de impostos, por isso eles só queriam saber onde você morava, não de onde você vinha. Além do mais, eles eram feitos por província, não em um lugar só para todo o Império, e geralmente, os publicanos eram contratados para trabalhar neles. Além disso, Mateus declara que Jesus nasceu durante o reinado de Herodes, o Grande, que morreu em 4 a.C. Já Lucas diz que foi durante o tempo do censo de Israel conduzido quando Quirino era governador da Síria — um cargo que ele iria ocupar só em 6 d.C, dez ANOS depois que Herodes, o Grande, morreu. Então, tanto Mateus quanto Lucas se contradizem — o censo literalmente não teria acontecido enquanto Herodes estava vivo, mesmo assim, Mateus e Lucas descrevem-no como tendo acontecido na mesma época. Lucas também diz que César Augusto decretou que "toda a terra se registrasse", o que é uma informação falsa.

Herodes, o Grande, nunca ordenou a execução de crianças pequenas como descrito em Mateus — apesar de haverem muitas crônicas dos abusos cometidos por Herodes, esta pequena pérola aparece DO NADA na Bíblia. Até mesmo Flávio Josefo, que fez um registro extenso das crueldades de Herodes, não disse nada sobre tal acontecimento, o que ele teria feito se tivesse realmente acontecido.

Há muitos erros menores que mostram que os escritores dos Evangelhos (a maioria deles gregos) não entendiam nada da geografia daquela região — como a história dos porcos possuídos em Gadera, que Jesus supostamente teria feito se afogarem no mar da Galileia, apesar de Gadera ficar a quilômetros de distância do mar da Galileia. E isso só falando de Mateus, já que Marcos chama o lugar de "Gerasa", que fica a 30 km de distância. As descrições das movimentações de Jesus em Marcos não fazem sentido geograficamente falando, e às vezes são impossíveis.

Nenhum historiador da época, mesmo os que viviam naquela região, jamais registraram qualquer terremoto violento ou o céu se escurecendo, como se diz que aconteceu durante a morte de Jesus.

É interessante que alguns dos primeiros estudiosos que mencionaram em que os primeiros cristãos acreditavam — como Tácito, Filo, Clúvio Rufo, Quinto, Curtir Rufus, Josefo, o cônsul romano, Públio Petrônio — nunca falaram da crucificação de Jesus. De fato, até mesmo para os primeiros cristãos, a crucificação parece ter sido desconhecida até o segundo século!

Os julgamentos sequer aconteciam como a Bíblia descreve. Hilariamente, um estudioso do século XIX, Rabbi Wise, pesquisou os registros então disponíveis da corte de Pilatos para encontrar um registro do julgamento de Jesus e não achou nada. Pilatos foi retratado pelos Evangelhos como um homem bom, que só com relutância concordou em condenar Jesus — mas a História mostra que ele era cruel e corrupto. Provavelmente isso foi uma tentativa pós-Primeira Revolta Judaica de colocar a culpa nos judeus, contrário à velha tradição judia de culpar Roma por todos os seus males. Os romanos também não tinham o costume de soltar um prisioneiro na Páscoa, e Pilatos era conhecido por ser muito insensível para dar ouvidos a uma multidão (de fato, existem vários relatos onde ele brutalmente subjugou multidões). Sem mencionar que, na narrativa da Paixão, o Sinédrio se reuniu na noite da Páscoa para prender e condenar Jesus — quando, na realidade, a lei judaica proibia o Sinédrio de se reunir durante a Páscoa.

Texto de  Vanderson Martins publicado em Quora.  Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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