2.19.2011

A ALIMENTAÇÃO, A CARNE E AS RELIGIÕES

Leopoldo Costa

Nossos antepassados caçadores passaram a buscar nas plantas, produtos para complementar a sua alimentação que era apenas a carne dos animais caçados ou roubados das feras.


Observando o comportamento dos animais e das aves, que comiam frutas passaram também a consumi-las, priorizando aquelas de melhor paladar. Observaram que as frutas tinham sementes, mas não conseguiam entender qual era a função das sementes, embora percebessem que quando caia uma sementinha no chão úmido, crescia uma plantinha que quando desenvolvida produzia uma fruta igual aquela de onde extraiu a sementinha.

Com esta percepção começaram a plantar as sementes para produzir as frutas que preferiram e isso incentivou o sedentarismo, pois, não poderiam abandonar as suas plantações antes de colher os frutos.

Tiveram outra tática, como já estavam extintos os mamutes e outros animais maiores, tinham que contentar com os animais menores. Ao invés de continuar perseguindo os animais para caçá-los, capturavam os filhotes e passaram a criá-los em cativeiro, pois, já tinham recursos para alimentá-los.

Por volta de 10.000 a.C. os humanos já tinham se espalhado para diversos lugares da Terra e com o término da era glacial no hemisfério Norte, aumentou as terras disponíveis para a agricultura.

O Saara, hoje um deserto, era uma planície verdejante com abundância de chuvas, rios caudalosos, lagos e copiosa fauna. A região era fértil e cultivável, local de criação de bois, carneiros e cabras. A fartura de alimentos acelerou o crescimento populacional.

Em 7.000 a.C. os cereais tornou-se o mais importante item na alimentação da humanidade, sendo cultivados em diferentes lugares como a Grécia, o México e o vale do rio Nilo.

Em 4.500 a.C. a agricultura partindo da Grécia se expandiu para a Europa Central e saindo do Egito desenvolveu-se na África subsaariana, principalmente na bacia do rio Níger.

As pessoas foram se organizando em comunidades que dependiam da agricultura e da criação de animais em cativeiro.

Pragas começaram a atacar as plantações e doenças matavam os animais. Começou a faltar alimentos para as comunidades e ocorreram períodos de fome generalizada.

Isto não acontecia com as plantas silvestres e nem com os animais selvagens que eram caçados, e eles não sabiam como explicar e resolver esta situação.

A carência de alimentos, a aglomeração de pessoas num espaço menor e a falta de higiene e destino para os detritos e dejetos, provocaram surtos de doenças que mataram muitas pessoas. Para eles, também estas situações não eram controláveis e nem explicáveis.

Concluíram que estas ocorrências só podia ser a ação de uma força estranha e superior. Definiram como espíritos ou deuses os entes causadores destes infortúnios e passaram a render homenagens a eles para aplacar a sua ira e evitar a repetição destas ocorrências.

Observando a própria imagem refletida na água acreditavam estar vendo o seu ‘espírito’, tornado visível pela magia da água. Vendo o corpo inerte de um morto acreditavam que o ‘espírito’ tinha abandonado aquele corpo. Os sonhos seriam os ‘espíritos’ invadindo o seu sono e a doença seria a invasão por um ‘espírito mau’ e a cura só seria possível se houvesse a expulsão deste espírito.

Tudo fugia do entendimento comum, algumas pessoas mais ilustradas logo se apresentaram como intermediários do relacionamento com os deuses e então surgiram os sacerdotes (magos, oráculos, pajés, druidas, padres, pastores, ministros etc.) que com o seu ofício ganharam prestígio e poder sobre os demais membros da comunidade.

Na evolução, logo foi concebido um deus para cada acontecimento e assim surgiu o politeísmo.
Foi criando um deus da fertilidade, outro deus para proteger os rebanhos, outro deus para evitar doenças, outro para proteger as casas e centenas de outros cada um com uma função especifica.

Estabelecia-se com os deuses um contrato de barganha, oferecendo em sacrifício um ser humano para poupar os outros, um boi para proteger todo o rebanho, um feixe de espigas de trigo para proteger a lavoura e assim por diante. Durante milênios os sacrifícios perduraram.

No terceiro milênio antes de Cristo os Sumérios, habitantes da Mesopotâmia, aboliram os sacrifícios humanos e passaram a usar nas suas oferendas a carne de boi, como também a carne de carneiro.
Para preparar estas oferendas foram treinados funcionários dos templos, chamados de ‘prebendados’. Fazia parte dos ‘prebendados’ alguns açougueiros que tinham por obrigação receber os animais vivos e prepará-los de acordo com o ritual.
Esses açougueiros tinham o privilégio de poder consumir ou comercializar, algumas partes dos animais abatidos para o sacrifício e as miudezas, que não eram usadas nos cultos.

Os livros sagrados das principais religiões incorporam muitos hábitos e costumes dos povos antigos de como abater, como preparar a sua carne e também sobre a qualidade de cada uma dessas carnes. Muitos desses hábitos e costumes terminaram virando preceitos religiosos.

Budismo.

No Budismo, o princípio básico é não maltratar os animais sejam eles grandes ou pequenos. Seria um pecado até beber a água que contivesse larvas, pois seria uma forma de vida. Ensinam aos monges que todos devem respeitar qualquer espécie de animal e amá-los. Esse sentimento é chamado de ‘Metta’. É por isso que os budistas são vegetarianos.

Na cosmologia budista os animais habitam um mundo diferente, separado dos humanos, não por espaço, mas por ‘estado de espírito’. Esse mundo é chamado ‘Tiryagyoni’.

Buda, porém não foi um vegetariano e conta-se a lenda que ele morreu por ter comido carne suína contaminada. E contradizendo o princípio básico, ele também observou nos seus ensinamentos que a carne só poderia ser consumida pelos outros fiéis quando não fosse proveniente de animais reservados para a alimentação dos monges.

No ‘Charak Samhita’ a carne de vaca é indicada como remédio para várias doenças, como também para preparar sopa. O sebo da vaca era recomendado para o tratamento de reumatismo.

Buda condenava o sacrifício de animais. Ele dizia que ‘ashwamedha ’, ‘purusa-medha ’ e ‘vajapeya ’ não produzia resultados.

Naquela época havia sacrifícios com grande número de animais. Está escrito no livro ‘Digha Nikaya’ que quando Buda estava visitando a cidade de Magadha, o brâmane Kutadanta estava preparando um sacrifício com 700 bois, 700 cabritos e 700 carneiros. Buda não concordou e ordenou que todos os animais fossem poupados.

O Budismo foi adotado como religião oficial do Japão no século VI. A proibição do consumo de carne determinou os hábitos dos japoneses durante 10 séculos. Somente no século XVI, com a chegada dos missionários portugueses e de outros europeus ao Japão, é que foi reintroduzido paulatinamente o hábito de comer carne.

Bramanismo.

No Bramanismo, também conhecido como Hinduísmo, são venerados como animais sagrados, a serpente e a vaca. A serpente é consagrada a Vishnu e a vaca a Siva. A imagem de Siva, como divindade principal, está presente em todos os templos e na maioria dos lares. Siva protege a fecundidade da terra e a da Humanidade.

As vacas são consideradas como símbolos de riqueza. Também podem representar a luz e o raio. Aditi é representada como uma vaca e o Deva ou Purusha (o ser supremo) é representado como um touro. Havia cultos orgíacos em sua homenagem.

Os praticantes do Bramanismo não podem comer carne de vaca e nem contrariar os hábitos deste animal. As vacas são animais intocáveis, todavia o consumo da carne de búfalo é permitido.
No ‘Dharmasutras’, Vasishta, Gautama e Apastambha proibiram o consumo de carne bovina. Baudhya-yana por ter abatido uma vaca, se autocondenou em público. Ele era severo com qualquer pessoa que abatesse uma vaca leiteira ou um boi de carro.

Além de ser venerada, a proibição de sacrifícios de vaca nas cerimônias religiosas, ajudou a aumentar a repulsa da população para o consumo de todos os tipos de carne semelhantes à bovina.

A vaca é venerada por que no princípio a maioria dos povos védicos eram camponeses e eles conheciam e conviviam com a vaca, que era dócil e amorosa com as crias, fornecia leite (que era consumido in natura e para o preparo do ‘ghee’) e o esterco importante combustível e insubstituível fertilizante na época.

Assim era considerado um pecado gravíssimo matar uma vaca, participar ou colaborar de qualquer maneira para a sua morte, ou comer a sua carne. Tudo isso está escrito no Vedas em mais de 10 capítulos. Num dos trechos é dito ‘a vaca é minha mãe e o touro é meu senhor’.

Interessante notar que os precursores do Bramanismo, os indo-arianos, por sua vez, não tinham nenhuma restrição com relação ao consumo de carne de vaca. No ‘Mahabharat’a é citado que o rei Rantideva ficou conhecido por distribuir cereais e carne bovina para o povo. Taittiriya disse: ‘Certamente a vaca é um alimento’ e Yajnavalkya relata o seu prazer em comer a carne macia da vaca (‘amsala’).

Mahatma Gandhi explicou sua opinião sobre a proteção da vaca: ‘The cow to me means the entire sub-human world, extending man’s sympathies beyond his own species. Man through the cow is enjoined to realize his identity with all that lives. Why the ancient ‘rishis’ selected the cow for apotheosis is obvious to me. The cow in India was the best comparison; she was the giver of plenty. Not only did she give milk, but she also made agriculture possible. The cow is a poem of pity; one reads pity in the gentle animal. She is the second mother to millions of mankind. Protection of the cow means protection of the whole dumb creation of God. The appeal of the lower order of creation is all the more forceful because it is speechless.’

A criação de bovinos era muito importante para o povo e no Rig Veda, existem diversos hinos referindo a ‘dez mil ou mais bovinos’ que eles criavam. Em outros versos é mencionado que na região de Sarasvati era produzido muito leite e tinha muita fartura de ‘ghee’.

A reencarnação de um homem em um animal era considerado como um castigo de Deus e normalmente envolvia muito sofrimento.

Para algumas castas não era permitido consumir a carne dos animais selvagens que habitavam as matas, das aves carnívoras, dos animais de cinco unhas (elefante e tartaruga) e do camelo.

No Bramanismo, ‘ahimsa’ é a norma que não se pode molestar ninguém. É a primeira obrigação que todos devem cumprir para com Deus e as suas criaturas. Isso significa que os animais devem merecer o mesmo respeito que se deve ter com os humanos.

No Vedas está escrito também que uma pessoa não pode usar o seu corpo e a força que Deus lhe deu para matar outras criaturas de Deus e noutro trecho ensina que uma pessoa que não mata ninguém já pode ser considerada uma das escolhidas para obter a salvação. Por essa razão, hoje, todos os praticantes da religião são vegetarianos.

Para os adeptos do Bramanismo, as mulheres quando menstruadas são proibidas de entrar na cozinha. A cozinha é o lugar mais sagrado da casa. As refeições são feitas solitariamente e deve-se comer em completo silêncio.

Jainismo.

O Jainismo é uma religião criada pelas revelações recebidas por vários ‘tirthankaras ’ no decorrer dos tempos. Eles eram profetas que se comprometeram a salvar a humanidade. Houve 24 ‘tirthankaras’, sendo Vardhamana o último, chamado de Mahavira (‘o grande herói’) e de Jina (‘o vitorioso’. Foi ele quem disse: ‘ Não tem virtude maior do que a não violência e nem integridade de espírito maior do que o respeito pela vida.’

‘Ahimsa’, o mesmo preceito de não molestar nenhum animal dos praticantes do Hinduismo, também é doutrina básica do Jainismo. Os praticantes da religião são leais a esse preceito, praticando a não violência em todos os níveis.
Eles acreditam que todos os animais, plantas, como os seres humanos têm almas e cada uma destas almas, sejam de qualquer espécie, deve ser respeitada e tratada com misericórdia.

A visão que o Jainismo tem do mundo é baseada nessa filosofia e em razão disso são vegetarianos, pois, como têm de se alimentar para continuar vivendo, consideram que as plantas quando consumidas, são as que não sofrem dor.

Taoismo.

O Taoísmo baseado na filosofia de Confúcio (551-479 a.C), durante os séculos III e IV a.C. exerceu grande influência sobre o modo de viver dos chineses. Centrava os seus ensinamentos na perfeita higiene pessoal, na abstinência de comer qualquer tipo de carne e de não consumir bebidas alcoólicas.

Mitraísmo.

O Mitraismo, culto do deus Mitra, era praticado entre os persas. Mitra, o ‘Sol Invencível’ derrotou o ‘Touro da Escuridão’, abatendo-o com o seu punhal de ouro. Conhecido como deus da verdade, da pureza, e da fortuna, protegia as coisas novas e as colheitas, sendo a força responsável pelo equilíbrio universal.

No seu culto frequentado apenas pelos iniciados do sexo masculino eram realizados com regularidade rituais secretos, onde a principal cerimônia era o sacrifício de um touro.

Quando os soldados romanos invadiram a região, a crença foi adotada por alguns legionários graduados, visto que um dos seus pilares era a formação de ‘soldados’ capazes de combater e destruir o mal. O imperador Cômodo, que reinou de 180 a 192, converteu-se ao Mitraísmo e impôs o culto a todo o império.

O Mitraismo competiu com o Cristianismo durante os primeiros dois séculos de nossa era, sendo que vários aspectos de sua mitologia foram no final do século IV, assimilados pelos adeptos do Cristianismo. Um deles é a comemoração do ‘Solstício do Inverno’, no dia 25 de dezembro, que marca o nascimento do ‘Deus da Luz’. Era o dia para se trocar presentes. A comemoração foi incorporada ao Cristianismo como dia de Natal.

Judaísmo.

No Judaísmo o conceito de ‘tsa’ar ba’alei chaim’ é equivalente a ‘ahimsa’ dos indianos, isto é, a obrigação de não molestar animais.

No ‘Código de Leis Judaicas’ está escrito: ‘É proibido de acordo com a lei do Torá, provocar dor em qualquer ser vivo. Pelo contrário, é dever de todos aliviar a dor de qualquer criatura, até mesmo se ela não tem dono ou pertença a um não-judeu’.

No Torá, o livro Levitico prescreve com detalhes o tipo de carne que podia ser consumida e a que não podia. Classifica os animais em duas categorias: os puros e os impuros. A principal característica do animal puro é ter órgãos de locomoção própria, ter o casco fendido e ser ruminante.
Segundo o cap.11 do Levitico, o suíno é proscrito porque ‘apesar de ter o casco fendido, partido em duas unhas, não rumina’.

Acredita-se, porém, que o verdadeiro motivo era o de proteger o povo judeu da contaminação com a triquinose, provocada pela Trichinella spiralis, conhecida popularmente como 'solitária'.

Sobre este ponto, esclarece Jean Soler , que: ‘mas acima de tudo, é a proibição de consumir algumas carnes que caracteriza as leis de Moisés. Na linha de frente dos animais proscritos, a opinião corrente, mesmo no mundo judaico, coloca o porco. Na realidade, a Bíblia só o cita como um animal entre os outros. É somente ao longo dos séculos que ele vai aparecer como um animal amaldiçoado por excelência. O motivo que, em geral, se apresenta para explicar essa proibição é o fato de que a carne de porco mal passada pode transmitir uma doença grave, a triquinose. Ma daí a atribuir às leis alimentares razões de ordem médica... No entanto essa hipótese não se sustenta, pois ela pressupõe que os hebreus fossem dotados de um saber que, na realidade, não tinham (nem mesmo havia médicos entre eles) e que fossem mais perspicazes que os seus vizinhos e contemporâneos, os egípcios,mesopotâmicos, ou gregos, que criavam porcos e, muito frequentemente os sacrificavam. Ora, só se oferecia aos deuses o que se tinha de melhor. Além do mais, se a explicação fundada em razões de higiene era válida para o porco, ela deveria se aplicar aos outros animais proibidos, o camelo por exemplo, que na época, era consumido (e ainda é) pelos árabes nômades, sem que ninguém afirmasse que sua carne poderia ser perigosa. Finalmente, a Bíblia não faz qualquer alusão a considerações de ordem médica. O porco deve ser proscrito ‘porque apesar de ter o casco fendido, partido em duas unhas, não rumina’ (Lev 11,7). A explicação está por aí. Se as proibições alimentares da sociedade hebraica têm uma racionalidade, é lendo atentamente a Bíblia que podemos descobri-la’.

Há outra hipótese de que essa proibição adveio de alguma similaridade entre os suínos e os humanos e o temor judaico em consumir carne humana.

Os peixes para serem considerados puros, deviam ter barbatanas e escamas. A carne bovina pode ser consumida e para isso deveria ser proveniente de um animal que fosse abatido pelo ritual ‘Kosher ’. O sangue deve ser totalmente eliminado. Com este objetivo os animais devem ser degolados pelo ‘schochet ’, sem insensibilização, com uma faca bem afiada (‘chalaf’), seccionando entre a cartilagem cricóide e laringe, cortando a pele, a traquéia, o esôfago, veias jugulares e artérias carótidas, para proporcionar o sangue esvair rapidamente e até a última gota. Para ter certeza que todo o sangue foi eliminado, muitas vezes exigem que a carne seja imersa em água por 30 minutos, seguida por salga a seco com sal grosso e depois ter mais três imersões em água, cada uma durante o período de uma hora, o que por osmose provocaria a expulsão de todo sangue que porventura restasse. Somente os quartos dianteiros, as costelas e a carne de cabeça dos animais podem ser consumidos. O pulmão de todo animal abatido deve ser inflado com ar comprimido para permitir a visualização de qualquer anormalidade.

Nos primeiros tempos, só era permitido o abate de animais velhos que não podiam mais ser aproveitado nas lides da lavoura.

Consumia-se muita carne de cordeiro entre os judeus. O patriarca Moisés exortava o povo para sacrificar um cordeiro na Páscoa. Todo judeu deveria visitar Jerusalém durante o período da Páscoa e comer a carne assada de um cordeiro, acompanhada de quatro taças de vinho. Relatam os cronistas que Jerusalém tornava-se naquela época, um local com forte cheiro de carne assada e com muitos peregrinos dançando e festejando sob o efeito do álcool.

Grande parte dos visitantes assava os seus cordeiros na própria rua. Dos cordeiros abatidos não podia ser consumido o sebo e o tendão da coxa. Não existe uma explicação convincente sobre a proibição.

O próprio Jesus, era cognominado o ‘cordeiro de Deus’ e é relatado na Bíblia, que nas vésperas de sua morte, participou com os apóstolos do ritual da Páscoa judaica como qualquer judeu.

Na Idade Média, os açougues judeus eram estabelecimentos muito respeitáveis. Abastecia as comunidades com carnes de carneiros, novilhos e cabritos com um bom nível de higiene e qualidade, bem melhor do que os seus concorrentes. Existiam açougues judeus em toda a Europa ocidental, sendo que os mais importantes ficavam na Espanha e na Alemanha.
No ano de 1403, os açougues judeus de Valência, foram proibidos de usar os matadouros do governo.

No século XV, o Vaticano emitiu uma norma proibindo os cristãos de adquirirem carne em açougues judeus.

Em Números capítulo 19, está escrito que uma vaca vermelha que nunca usou jugo deveria ser imolada à vista de todos e o sacerdote molhando o dedo no seu sangue faria sete aspersões na porta do Tabernáculo. Depois a vaca era cremada, juntamente com um pedaço de cedro e hissopo. As cinzas deveriam ser recolhidas para ser usadas na purificação de quem tivesse tocado num cadáver. O ritual de purificação para quem tivesse contato com um cadáver durava sete dias.

Para os judeus, é proibido comer os frutos de uma árvore até três anos após o seu plantio.

Cristianismo.

A grande maioria dos homens considera que todos os animais, na escala hierarquia dos seres vivos, ocupam um grau abaixo dele e, portanto estes seriam subordinados a ele que poderia dispô-los em seu benefício. Grande parte dos adeptos do Cristianismo não pensa assim, sejam católicos ou protestantes.

O pastor britânico Andrew Linzey escreveu: ‘Animals are God's creatures, not human property, nor utilities, nor resources, nor commodities, but precious beings in God's sight. (...) Christians whose eyes are fixed on the awfulness of crucifixion are in a special position to understand the awfulness of innocent suffering. The Cross of Christ is God's absolute identification with the weak, the powerless, and the vulnerable, but most of all with unprotected, undefended, innocent suffering.’


O bispo católico de Salisbury na Inglaterra, John Austin Baker ensinou: ‘In the very first chapter of the Bible it is said that in the beginning, when things were as God meant them to be, animals were not created to be food for humans. The animals were to eat grass, foliage and cereals; human beings, fruit and nuts. Only later, when sin was rampant in the world, were animals granted to humankind for food, with the sinister words: ‘The fear of you and the dread of you shall fall upon all wild animals and birds and fish; they are given into your hands.’’


Os cristãos geralmente não têm nenhum preconceito no consumo da carne suína e associam o animal a Santo Antonio, que é por isso, venerado como padroeiro dos criadores de suínos.
Somente os adeptos da igreja dos Adventistas do Sétimo Dia não consomem a carne de porco, seguindo os preceitos do Levitico.


Islamismo.

O Islã também manda respeitar os animais como criaturas de Deus. No Alcorão e na história da civilização islâmica existem muitos exemplos de bondade, misericórdia e compaixão pelos animais.

No Alcorão está escrito que todos os animais da terra e as aves do céu fazem parte da mesma comunidade.

A segunda surata do Alcorão que é chamada de ‘Al Bacara’ que se traduz por ‘A Vaca’, nos versículos 67 a 73 está escrito o seguinte: E de quando Moisés disse ao seu povo: Deus vos ordena sacrificar uma vaca. Disseram: Zombas, acaso, de nós? Respondeu: Guarda-me Deus de contar-me entre os insipientes!
Disseram: Roga ao teu Senhor para que nos indique como ela deve ser. Explicou-lhes: Ele afirma que há de ser uma vaca que não seja nem velha, nem nova, de meia-idade. Fazei, pois, o que vos é ordenado.
Disseram: Roga ao teu Senhor, para que nos indique a cor dela. Tornou a explicar: Ele diz que tem de ser uma vaca de cor amarelo dourada que agrade os observadores.
Disseram: Roga ao teu Senhor para que nos indique como deve ser, uma vez que todo bovino nos parece igual e, se a Deus aprouver, seremos guiados.
Disse-lhes: Ele diz que tem de ser uma vaca mansa, não treinada para labor da terra ou para rega dos campos; sem defeitos, sem manchas. Disseram: Agora falaste a verdade. E a sacrificaram, ainda que pouco faltasse para que não o fizessem.
E de quando assassinastes um ser e disputastes a respeito disso; mas Deus revelou tudo quanto ocultáveis.
Então ordenamos: Golpeai-o (o morto), com um pedaço dela (rês sacrificada). Assim Deus ressuscita os mortos vos manifesta os seus sinais, para que raciocineis.’


A sexta surata tem o nome de ‘Al An’am’ que significa ‘O Gado’, mostrando a relação do livro santo dos muçulmanos com as coisas da pecuária. Dentre outras admoestações está prescrito no versículo 121 a proibição de comer carne sem a invocação do nome de Deus. Mais adiante nos versículos 142 a 144 está escrito: Ele criou para vós animais de carga, o outros, para o abate. Comei, pois, de outro com que Deus vos agraciou e não sigais os passos de Satanás, porque é vosso inimigo declarado.
(Proporcionou-vos também) oito tipos (de reses), em pares: um casal de ovinos e outro de caprinos.
Dize: Vedou-vos Deus os dois machos ou as duas fêmeas, ou o que estas levam em suas entranhas? Indicai-mo, com certeza, se sois sinceros.
Proporcionou-vos, ainda, um casal camelídeo e outro bovino. Dize: Vedou-vos Deus os dois machos ou as duas fêmeas, ou o que estas levam em suas entranhas? Acaso estáveis presentes quando Deus vos prescreveu isto? Haverá alguém mais iníquo de que quem forja mentiras acerca de Deus, para desviar nesciamente os humanos? Deus não encaminha os iníquos’
.

Maomé narrou uma visão na qual uma mulher estava sendo punida depois de sua morte, por que tinha mantido preso um gato, durante a sua vida, sem dar-lhe alimento e água, pois, se o animal estivesse em liberdade ele poderia, por si mesmo, procurar o seu alimento.

No Alcorão os preceitos alimentares têm semelhança com o que está escrito no Levitico e é observado no Judaísmo.

O costume de não consumir carne suína entre os árabes é muito anterior ao advento de Maomé e foi copiado dos costumes judaicos. Esta proibição está claramente mencionado nas suratas 2, 5, 6 e 8 do Alcorão, sendo o mais peremptório o versículo 3 da surata 6 que além do suíno incorpora outras proibições e diz: ‘Estão-vos vedados: a carniça, o sangue, a carne de suíno e tudo o que tenha sido sacrificado com a invocação de outro nome que não seja o de Deus; os animais estrangulados, os vitimados a golpes, os mortos por causa de uma queda, ou chifrados, os abatidos por feras, salvo se conseguirdes sacrificá-los ritualmente; o (animal) que tenha sido sacrificado nos altares. Também vos está vedado fazer adivinhações com setas, porque isso é uma profanação. Hoje, os incrédulos desesperam por fazer-vos renunciar à vossa religião. Não os temais, pois, e temei a Mim! Hoje, completei a religião para vós; tenho-vos agraciado generosamente sem intenção de pecar, se vir compelido a (alimentar-se do vedado), saiba que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo’.

O camelo, mais utilizado no mundo islâmico como animal de trabalho do que em qualquer outro, podia e tinha a sua carne consumida.

O ritual de abate de bovinos é similar ao ritual judaico, sendo denominado ‘Dhabiha’. Este método de abate dos animais consiste em uma rápida, profunda incisão transversal com uma faca bem afiada em volta do pescoço, cortando a traqueia, o esôfago, o nervo vago, a veia jugular e as artérias carótidas de ambos os lados, mas deixando a medula espinhal intacta. Durante o ritual a pessoa autorizada pelo imã deve fazer uma oração consagrando o animal como propriedade de Alá. Cada animal deve ser abatido por vez, não sendo permitido ser observado por outros animais. Diferentemente dos Judeus, todas as partes do animal podem ser consumidas sem nenhuma restrição.

A propósito, o Profeta não era vegetariano, mas não consumia carne de nenhuma forma e os seus alimentos preferidos eram iogurte com manteiga, tâmaras, romãs, uvas e figos.

Uma das normas dos seguidores da religião é a de preferencialmente usar a mão esquerda para comer.

1 comment:

  1. ENTRE NO GOOGLE E DIGITE: LA FACE OCULTA DE LA COMIDA, MAS SÓ SE VOCÊ FOR CORAJOSO !!!

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