Foram os colonizadores portugueses e espanhóis que trouxeram para o Brasil os primeiros suínos da Península Ibérica, cujos descendentes ainda sobrevivem, mas sem maior importância, por todo o interior do Brasil, em algumas propriedades ou criados em fundos de quintais. Pertenciam essas raças aos três troncos originais de todas as raças conhecidas de suínos:
1. Tronco Céltico - porco grande, descendente do javali europeu.
2. Tronco Asiático- porco pequeno, de orelhas curtas e com aptidão para engorda, descendente do indiano.
3. Tronco Ibérico - que nada mais é do que a mistura dos dois primeiros.
Do tronco céltico temos: o Canastrão, do ibérico, o Canastra e o Nilo-Canastra, e o do asiático, o Tatu e o Caruncho. Todas são raças pouco exigentes, mal conformadas, criadas apenas com o objetivo de produzir toucinho. Perderam o interesse econômico devido aos sucedâneos mais saudáveis para a banha.
Nos últimos anos a suinocultura brasileira vem crescendo e aumentando a qualidade dos seus animais. As raças autóctones foram substituídas pelas raças precoces e com maior aptidão para a produção de carne magra.
No período de 1985 a 2000 a produção de carne suína cresceu 151%, enquanto o rebanho no mesmo período foi reduzido de 32,2 milhões de cabeças para 31,6 milhões de cabeças.
As exportações brasileiras também cresceram com a abertura de novos mercados, como a Rússia, que a partir de 2000 passou a ser a maior compradora da carne suína brasileira, batendo Hong Kong e a Argentina, que sempre lideravam.
Na média no período de 1995 a 2001 as exportações para Hong Kong representaram 35,5% do total e para a Argentina com 25,9%. Deve-se observar que as exportações para a Rússia começaram de fato em 2000. No ano de 2001 estas exportações representaram 59% do total exportado pelo Brasil de carne resfriada ou congelada.
De carne processada as maiores exportações foram para a Argentina com uma média que representou 61.3% do total.
PRINCIPAIS RAÇAS BRASILEIRAS
As raças brasileiras de suínos não são bem definidas, existe muita confusão nos seus nomes, na maioria adotados apenas regionalmente. Destacamos os principais:
CANASTRÃO
Raça do tipo céltico descendente da raça Bizarra de Portugal e era muito criada no leste de Minas Gerais (Zona da Mata) e no estado do Rio de Janeiro. É difícil hoje encontrar animais puros, pois houve miscigenação com outras raças.
Apresenta corpo grande, cabeça grossa, orelhas grandes, papada e membros compridos e fortes. A pelagem pode ser preta ou vermelha e o couro grosso e pregueado com cerdas duras e ralas. Muito tardio, fica pronto para abate apenas no segundo ano. As fêmeas são prolíficas e boas mães.
CANASTRA
Raça do tipo ibérico e derivada das raças Alentejana e Transtagana.
Já foi muito difundida no Brasil Central com diversas denominações, sendo uma delas Meia-Perna.
De porte médio, tem a cabeça pequena, focinho curto, bochechas largas e pendentes, às vezes com brincos, orelhas médias e horizontais, membros curtos de ossatura fina.
A raça foi mencionada por Saint-Hilaire (1779-1853) como a mais comum na região de Formiga em Minas Gerais. Dizendo que o Canastra é um animal preto, orelhas eretas que pesava quando cevado, mais de 8 arrobas (120 kg) .
NILO
Também conhecido como Nilo-Canastra. Pouco se sabe sobre a sua origem. São animais de cor preta do tipo médio, tendo como característica a ausência de pelos, pesando de 100 a 150 quilos. Apresenta ossatura fina, com mistura reduzida e grande rendimento de toucinho.
Pela sua rusticidade são criados em mangueiras, soltos, com alguma ração suplementar. A fêmea pode ter até 8 leitões por ninhada. São excelentes produtores de toucinho, produzindo de 65% a 70% de banha.
PIAU
A palavra ‘Piau’ de origem tupi-guarani significa ‘malhado’ ou ‘pintado’. Os trabalhos de seleção da raça começaram em 1939, pelo prof. A. Teixeira Viana, tentando recuperar a pureza da raça e estabelecer um padrão.
É uma raça de animais de pelagem cor-de-areia com manchas preta e marrom, orelhas de tamanho médio e focinho semi-retilíneo.
A carcaça apresenta grande deposição de toucinho com mais de 4 cm de espessura. Um tipo mais antigo é o Caruncho Piau um pouco maior que o Carunchinho e menor que o Piau. Possui uma variedade vermelha o Sorocaba, de tamanho médio e aptidão intermediária, melhorada por cruzamento com Duroc.
TATU
É uma raça proveniente da Índia ou da Indochina e são de pequeno porte que alcançam no máximo 90 quilos. São também conhecidos como Macau, Caruncho, Canastrinho, Perna-Curta e no norte e nordeste do Brasil como Baé. Foram trazidos das colônias portuguesas da Ásia pelos colonizadores portugueses. São geralmente pelados e se têm pelos são ralos e finos de cor preta. Rústicos e pouco exigentes são criados no interior para a produção doméstica de carne e toucinho. A porca produz no máximo 8 crias por ninhada.
PEREIRA
PIRAPETINGA
Foram desenvolvidos na Zona da Mata em Minas Gerais, na bacia do rio Pirapetinga, de onde ganhou o nome. É considerado do tipo asiático. Alguns zootecnistas o consideram uma variação da raça Tatu e parecido com o Nilo.
Difere do Nilo, sobretudo por caracteres da cabeça as quais vão dando lugar as de outras raças mais produtivas. São animais de tamanho médio, de corpo comprido e estreito, com pouca musculatura e ossatura, sem pelos ou com cerdas ralas.
(Texto de Leopoldo Costa)
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Prestem muita atenção ao que está escrito acima. Na busca da produtividade, o sabor foi sendo esquecido. Os porcos de antigamente, e quando digo isto, estou me referindo aos porcos da década de 80 para trás, eram alimentados em sua maioria, com milho, mandioca, abóbora e aquilo que chamavamos de "lavagem", que nada mais é, que o resto de alimentos processados ou não que eram dados a estes animais, e que viviam em chiqueiros.
ReplyDeleteÉramos felizes e não sabíamos as transformações que a carne destes animais atravessariam e o quanto o sabor da mesma seria esquecido de vez.
Quem teve a oportunidade de comer, comeu, quem não teve, se um dia descobrir um porquinho alimentado a moda antiga, não perca. Pague qualquer valor que te pedirem, vai valer a pena.
Caro amigo,parabens pelo comentario graças a esta situaçao estou criando porcos nilo soltos a pasto comendo goiabas mangas cocos macaubas e milho estao lindos qualquer coisa e so entrar em contato,alexandre.pucci@hotmail.com,abrazzz
ReplyDeleteAnonymous do comentário anterior: Estou pesquisando sobre racas de porco brasileiras, justamente por que estou atrás de sabor, que as raças (e alimentação) chamadas de comercial ou industrial não possuem. Estou avaliando beneficiar carne destas raças segundo principios de salga/cura e defumação conheciods na Europa.
ReplyDeleteQue raca(s) vc cria, e onde? Estou na paraiba e procuro quem me possa fornecer porco saidio e com sabor!
Ralph /
No Piauí tem um projeto do Zootecnista Marcos Jacob com recuperação da raça Nilo (Baé, Macau) e da raça Piau. Aqui no Sul temos o projeto Porco Moura (@projetoporcomoura) e sei de projetos com Piau na Bahia, MG e MT, e projeto com o porco Monteiro no MS.
Deletegostaria de participar desse projeto de recuperação!!! tenho um sítio no DF, aqui não encontra. como faça para adquirir matrizes da baé, carunchinho,piau?
DeleteCaro Leopoldo e demais interessados nesse assunto. Matemos na UFPR em Curitiba projeto de conservação e estímulo á criação comercial e de subsistência, em sistemas extensivos e semi-extensivos, de porcos da raça Moura, para consumo próprio e fabricação de produtos especiais. Vejam nosso projeto no facebook: @projetoporcomoura e vamos nos apoiar para recuperar nossos patrimônios culturais e culinários
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