2.24.2011

FAZENDA DESCALVADOS

(Texto de Leopoldo Costa)

A ‘Fazenda Descalvados’ situada em Cáceres no Mato Grosso, às margens do rio Paraguai, foi o principal pilar da indústria do charque e de carne industrializada no Brasil Central, que viveu seu período áureo durante a Primeira Guerra Mundial, em decorrência da escassez de carne na Europa.

Tudo começou em 1874, quando a fazenda era de propriedade do major João Carlos Pereira Leite, genro dos proprietários da ‘Fazenda Jacobina’, que no século XIX era a maior fazenda da província de Mato Grosso e tinha na segunda metade do século, cerca de 600 mil cabeças de gado e uma área de 350 léguas quadradas.

Em 1881, o uruguaio de origem catalã Jaime Cibils Buxareo arrematou, em leilão, o espólio do major João Carlos Pereira Leite, adquirindo também a charqueada, de propriedade do argentino Rafael Del Sar, que ali funcionava e onde instalou uma fábrica de extrato de carne, dando início ao período áureo da ‘Descalvados’.

A localização da ‘Fazenda Descalvados’ facilitava o transporte fluvial dos produtos e a exportação para a Europa.

No auge da produção abatia 20 mil cabeças de boi por ano. Em 1904, o gado local diminuiu e foi preciso adquirir gado das fazendas mais distantes para não reduzir o ritmo de produção. Essas dificuldades desestimulou o empresário levando-o a começar a investir no extrativismo mineral e na borracha. A crise no mercado desses produtos, iniciada em 1905 alterou seus planos e, em 1911, a ‘Descalvados’ foi vendida para o conglomerado financeiro dirigido pelo norte americano Percival Farquhar, que fundou a ‘The Brazil Land, Cattle and Packing Company’.

Em 1919, a 'The Brazil Land Cattle and Packing Company', adquiriu uma área de 800 mil hectares de terras na margem direita do rio Paraná, no município de Brasilândia. Dedicou-se inicialmente a criação de cavalos depois, passou a importar gado bovino do tipo Hereford e Shorthorn da Europa e mais tarde pelo gado Zebu, da Índia.

A ‘The Brazil Land, Cattle and Packing Company’ manteve em Cáceres a produção de extrato de carne, caldo em conserva e o aproveitamento de ossos, couros e chifres na Descalvados. Paralelamente, começou a funcionar uma fábrica de sabão.

De acordo com o ‘Album Graphico de Matto Grosso’, a ‘Descalvados’ tinha na época um rebanho de 100 mil cabeças de gado, enquanto o resto do município de Cáceres contava com apenas 40 mil.

No governo de Vargas, as terras pertencentes à ‘Descalvados’, cerca de 1 milhão de hectares, foram encampadas pelo governo brasileiro.

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