ABONDANCE
A raça Abondance é proveniente de Chabrais no Haute-Savoie, sendo criada pelos monges da abadia de Saint-Maurice d’Agaune desde o século XII. Era originalmente conhecida como Chablaisienne. O leite das vacas da raça é bastante rico em gordura e proteína e preferido para a produção de queijos como o Abondance, Reblochon, Tome des Bauges e Beaufort. Cada vaca produz uma média de 5.700 kg de leite por período de lactação.
Os animais são da cor marrom dourada, tendo a cor branca na cabeça (menos ao redor dos olhos), na barriga, nas extremidades das patas e no rabo. Pesam as fêmeas entre 580 e 680 kig e têm 1,30 m de altura. Deve haver em torno de 150 mil animais na França. Nas antigas colônias francesas da África Ocidental existe uma raça local formado da Abondance com N’Dama.
BLONDE D’ AQUITAINE.
Não é possível estabelecer exatamente como surgiu a raça Blonde d’Aquitaine. O que se tem certeza pelos registros é da existência, desde o século VI, de algumas raças nos vales dos Pirineus entre a França e a Espanha, como a Quercy, a Garonnais e a Rubra.
Nos fins do século XVII ocorreu uma peste na região que dizimou a maioria dos animais, sendo necessária a recomposição dos rebanhos. Para isto, foram usados para os cruzamentos alguns exemplares remanescentes da raça Rubra e importados o Limousin e o Salers.
No início do século XIX, em 1820, foram escolhidos alguns espécimes, das variedades Agenais, Marmandais, Quercy da região de Garonne e de outros tipos de gado da montanha, para selecionar e padronizar a legítima raça Garonnais.
Para melhorar a precocidade e as características funcionais mais alguns cruzamentos foram efetuados até a segunda metade do século XIX. Com este objetivo foram importados touros da raça Shorthorn da Grã Bretanha para o acasalamento.
No final do século XIX, a raça se dividiu em duas variedades, ressurgiu a variedade Quercy com forte predominância genética de Limousin, ao lado da própria Garonnais.
Os primeiros animais chegaram ao Brasil em 1974 no estado do Rio Grande do Sul. Nos Estados Unidos em 1972 e na Argentina os primeiros animais chegaram em 1975 para a província de Buenos Aires.
CHAROLÊS.
O Charolês é descendente do Bos frontosus. Quando nas suas incursões pela Gália, no primeiro século depois de Cristo, o imperador romano Júlio César (?100-44 a.C.) mencionou no seu livro que registrou as suas aventuras ‘De Bello Gallico’, a existência de bovinos brancos que pastavam nas pradarias entre os vales do rio Loire e do rio Saône. Eram exemplares da Charolês.
Antonio Maltese em 1569 registrou que na região do condado de Charolais havia grande quantidade de bois brancos puxando arados e charruas.
Logo após a Revolução Francesa, em 1773, o criador de gado Claude Mathieu da cidade de Charolles, capital da província de Charolais,adquiriu uma fazenda em Nevers, na província de Nivernais, transferindo-se para lá com a família e todo o seu rebanho de gado branco. A criação desenvolveu-se e os seus vizinhos também começaram a criar o gado Charolês.
Em 1840 o conde Charles de Bouille começou a controlar os cruzamentos do gado Charolês na sua fazenda próxima de Nevers, a capital de Nivernais, chegando estabelecer em 1964 um livro de registro genealógico. Em 1882 outros criadores de Nivernais também estabeleceram um livro de registro genealógico que em 1919 foram agrupados no primeiro livro nacional. A região tornou-se tão importante para a criação da raça que Nivernais chegou a ser usado como nome alternativo para a raça.
Na década de 1920, o mexicano de ascendência francesa Jean Pugiber importou algumas cabeças para a sua fazenda no México, que prosperou e em 1934 enviou as primeiras cabeças para os Estados Unidos. Os fazendeiros norte americanos ficaram interessados na qualidade da raça que logo foi espalhada para diversos estados e no começo da década de 1950 já tinham organizado a primeira associação dos criadores e iniciaram os cruzamentos com o Brahman, dando origem a raça Charbray.
No Brasil.
O Imperador em 1885 autorizou a importação de dois touros Charolês da França. Foi uma sugestão do veterinário francês Claude Marie Rebourgeon, da Escola de Veterinária de Alfort e discípulo de Louis Pasteur, contratado para implantar a Escola de Veterinária e Agronomia na cidade de Pelotas (RS). Chegando a Pelotas os dois touros foram confiados a dois criadores locais, Heliodoro de Azevedo Souza e Mâncio de Oliveira que os usaram na cobertura de suas vacas Crioulas.
Em 1901, Anibal José de Souza, brasileiro radicado no Uruguai que criava gado Charolês, enviou para seu sobrinho João de Souza Mascarenhas de Bagé (RS) quatro novilhas e um tourinho. João repassou estes animais para seu irmão Cypriano de Souza Mascarenhas, que tinha um estância em Júlio de Castilhos (RS) e fazia cruzamentos de fêmeas Crioulas com touros Hereford e Durham. Cypriano usou o touro Charolês e o resultado foi bem melhor. Gostando da experiência em 1904 importou do tio mais dez touros e em 1906 mais cinquenta.
Em 1911, como o seu tio não tinha mais animais para vender, importou da França dois touros, repetindo a mesma compra em 1913 e 1918. Em 1927 importou também da França duas novilhas.
Em 1922 o governo federal recebeu doação de um lote de vinte animais que tinha sido enviados pela França para participar da Exposição comemorativa do centenário da Independência que os enviou para a ‘Central de Criação de São Carlos’, no estado de São Paulo. Estes animais foram usados para desenvolver a raça Canchim. Em 1931 alguns animais foram enviados para a Estação Zootécnica de Tupanciretã (RS).
A partir da década de 1920 diversos estancieiros do Rio Grande do Sul fizeram importações de animais puros diretamente da França, entre os quais pode-se destacar Izidro Kurtz, Joaquim de Lima, Carlos Gomes de Abreu e Pacífico de Assis Berni.
Em 1958 foi criada a Associação Brasileira de Criadores de Charolês,que conta com mais de 250.000 registros
Na Argentina e no Uruguai os primeiros animais chegaram na década de 1910 e em 1927 foi criado o livro de registro argentino da raça.Nas décadas de 1930 a 1950 a sua criação nestes países foi reduzida devido à exigência dos frigoríficos exportadores, de animais com mais cobertura de gordura, a preferência dos consumidores europeus. A partir de 1960 a criação do Charolês foi reestabelecida nos dois países.
LIMOUSIN.
A raça Limousin surgiu na região de Marche e Limousin. Nas cavernas de Lascaux, próximo a Limoges, estão representados nas pinturas rupestres datadas de 9.000 anos antes de Cristo, figuras de bovinos bem parecidos com as antigas raças vermelhas da Aquitânia, onde a antiga província de Limousin era localizada. Arqueólogos estimam que foi iniciada no Período Pleistocênio (2,6 milhões a 12.000 anos atrás). Raymond Dubois afirma que a raça tem ligação com o antigo gado de Garonne desde o século V, assim como com a raça cinza da Gasconha trazida para a França pelos invasores Visigodos no final do século IV.
Em 1770 o comandante geral de polícia de Paris, Antoine de Sartine escreveu sobre a disponibilidade de gado em Limousin para abastecer os matadouros de Paris. Em 1791 Jacques Joseph Saint-Martin de Limoges registrou a importância deste gado para o abstecimento das grandes cidades como Paris, Lyon e Toulouse.
Os animais por serem rústicos, dóceis e atarracados eram usados pelos habitantes da região para tracionar os arados e as carroças.
Entre 1854 e 1896, por seleção natural, Charles de Leobary e Royer empreenderam o melhoramento da raça, adaptando-a para a produção de carne. A partir daí, o gado Limousin tornou-se conhecido como o ‘gado dos açougueiros’.
A raça quase foi extinta na década de 1950 em razão da introdução de sangue das raças inglesas, principalmente Durham, e a miscigenação com as raças Garonne, Quercy e Blonde dos Pirineus e a criação da raça Blonde de Aquitaine. Em meados da década de 1960 foi reabilitada.
O livro de registro dos assentamentos genealógicos da raça foi iniciado em 1886 e em 1890 já tinha 600.000 registros.Em 1923 o livro foi reorganizado.
A raça foi introduzida nos Estados Unidos em 1964 e na Argentina em 1966.
No Brasil.
Sobre o Limousin, conta-se que foi Henri Gorceix engenheiro francês de Limoges, convidado pelo imperador Pedro II para organizar e dirigir a escola de mineração em Ouro Preto inaugurada em 12 de outubro de 1876, foi quem trouxe os primeiros animais da raça para o Brasil. No ano de 1872 importou um touro e uma vaca da França. Em 1886 Gorceix conseguiu importar mais alguns animais. Em 1916 foram importadas por outros fazendeiros mineiros mais quatro cabeças.
No final da década de 1920 outras importações foram usadas para cruzar com o Caracu.
Em 1927 foi criado o livro de registro genealógico da raça no Brasil que hoje está sob a responsabilidade da Associação Nacional dos Criadores Collares sediada em Pelotas (RS)
NORMANDO
A raça se desenvolveu a partir das primeiras cabeças de gado levados para a Normandia pelos conquistadores Viking entre os séculos IX e X. Durante muito tempo esta raça foi selecionada naturalmente e desenvolveu a dupla aptidão para carne e leite.Durante a Segunda Grande Guerra a raça quase foi totalmente dizimada pois a Normandia foi um dos principais palcos da guerra.
O livro de registro genealógico e a associação de criadores da raça foi estabelecida em 1883. O livro de registro foi reorganizado em 1926.
Os animais são de grande porte, rústicos, fecundos e longevos. Proporcionam boa produção de carne magra e de leite com alto teor de gordura, preferido na produção de diversos queijos.Sua pelagem pode ser vermelha ou ruiva, castanha escuro ou parda e branca.
Em 1885 foram importados os primeiros animais da raça para os Estados Unidos.
Na Argentina a raça foi introduzida em 1917.
No cruzamento com as raças zebuínas o gado Normando pode produzir mestiços rústicos de rápido crescimento, pesados e produtores de carne de qualidade.
No Brasil existem alguns rebanhos no Rio Grande do Sul e aparentemente a raça não se adaptou bem. O livro de registro genealógico da raça está sob a responsabilidade da Associação Nacional dos Criadores Collares sediada em Pelotas (RS)
SALERS.
Existem pinturas nas cavernas da comarca de Salers na região de Auvergne na França, mostrando algumas figuras do antigo gado existente na região. Essas pinturas datam de 7.000 anos atrás.
Trata-se de um gado rústico, diferente de todos os demais que habitavam a Europa, tendo alguma semelhança com o gado avermelhado do Egito. Especula-se que a sua origem possa ser essa.
Em 1840, a raça foi mencionada num registro, como a principal fornecedora de leite ideal para a produção do queijo Cantal, um dos 5 mais famosos queijos da região de Auvergne.
O melhoramento da raça deve-se aos esforços de Tysandior d’Escours, que em meados do século XIX, empreendeu vários cruzamentos com o objetivo de melhoria genética.
O livro de registro genealógico francês foi iniciado no ano de 1908.
As primeiras importações dos Estados Unidos aconteceram em 1975, quando chegaram um touro e quatro novilhas e no Canadá em 1973.
No Brasil em 1986, Danilo Agostini e Paulo Jardim, de Camaquã RS, abriram o o livro genealógico desta raça registrando um touro importado da França. Posteriormente, o criador José Carlos Dornelles, de Alegrete, (RS), registrou duas fêmeas produtos de transplante de embrião, nascidas em julho de 1992.
O livro de registro genealógico está sob a responsabilidade da Associação Nacional dos Criadores Collares sediada em Pelotas (RS)
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