Leopoldo Costa
Foi uma pandemia que grassou, principalmente no continente europeu e Oriente Médio, em meados do século XIV (de 1347 a 1350), provocando a morte de aproximadamente 34 milhões de pessoas. Neste período atingiu os principais portos da Europa e as maiores cidades das rotas terrestres que cruzavam os diversos países.
No Oriente Médio, a peste em 1347, assolou Constantinopla, Bagdá, Alexandria (Egito) e outros portos. Em 1348 atingiu Gaza, Jerusalém, Damasco e diversos portos da Síria. Em 1348/1349 chegou a Meca, Antioquia e Bagdá (houve recidiva mais tarde). Em 1351 chegou ao Iêmen e no Cairo.
Retornou várias vezes, até o século XVII, como na Itália em 1629-1651, em Londres em 1665-1666 e em Viena em 1679. Mesmo no século XVIII, um surto ocorreu em Marselha entre 1720-1722.
Sabe-se que os surtos foram de peste bubônica, causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida por pulgas que conviviam com o rato preto (Rattus rattus). Esta peste é comum nos ratos pretos que viviam na Ásia central.
Na Ásia Central, principalmente na China, a guerra entre os chineses e os mongóis (1205-1353) devastou as lavouras de cereais e dizimou o gado. Provocou a falta de alimentos que debilitou a população minando as suas resistências imunológicas.
Para piorar, houve a chamada ‘Pequena Era Glacial’ que começou no final do século XIII e durou até meados do século XIV destruindo todas as culturas. A fome foi generalizada e os ratos atacavam as habitações, buscando alguma coisa para comer, roendo até os calcanhares das pessoas que de fraqueza ficavam prostradas nos leitos.
A peste apareceu inicialmente na província chinesa de Hubei no ano de 1334, propagando rapidamente para as províncias vizinhas. Novo surto reapareceu em 1353-1354.
Os comerciantes e as expedições dos exércitos mongóis pela ‘Rota da Seda’ levaram os ratos e as suas pulgas para o Oriente Médio e Europa.
Na Europa Central e do Norte entre os anos de 1315 e 1322 ocorreu a ‘Grande Fome’ com graves consequências, sendo provocada pela falta de plantio de cereais e de forragem para o gado. Mais uma vez a má nutrição deixou a população vulnerável a doenças. O tifo foi uma das febres oportunistas que devastou a população de Flandres e da Burgúndia.
Em 1318, o gado bovino e ovino, também debilitado foi atacado por um surto de antraz que conseguiu dizimar boa parte dos animais dos camponeses, que perderam mais uma fonte de sustento. O resultado foi quase um século com cíclicas ondas de fome, pois a população não tinha condições de adquirir alimentos. Essa foi a Europa que a Peste Negra encontrou.
Em outubro de 1347, uma frota de comerciantes genoveses partindo de Caffa aportou em Messina e durante o percurso foi observado que alguns tripulantes morreram de febre e outros chegaram a Messina muito doentes. Os navios estavam infestados de ratos pretos com as suas pulgas. No próprio porto onde estavam ancorados, barcos de vários lugares foram contaminados pelos ratos que fugiram dos navios genoveses, buscando alimentos e ficaram nos navios espalhando a contaminação para diversos portos. Logo depois atingiu a França, Espanha, Portugal, Grã Bretanha, Alemanha, Escandinávia e Rússia.
A falta de higiene e de hábitos de limpeza da população daquele tempo foi o ambiente em que a Peste Negra prosperou.
Existem relatos anteriores ao surto da peste, sobre a quantidade de ratos que existiam nas cidades.
A conhecida história infantil reescrita pelos Irmãos Grimm do flautista de Hamelin (Alemanha). Em 1284, a cidade de Hamelin estava sofrendo com uma infestação de ratos. Um dia, chega à cidade um homem que reivindica ser um "caçador de ratos" dizendo ter a solução para o problema. Prometeram-lhe um bom pagamento em troca dos ratos - uma moeda pela cabeça de cada um. O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, afogando-os no Rio Weser.
As moradias nessa época não tinham instalações sanitárias e eram usados vasos especiais para recolher os dejetos que eram lançados nas ruas para servirem de alimento dos porcos que viviam soltos.

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