Leopoldo Costa
No século X a.C. os Fenícios já tinham estado na costa do território português que era habitado pelos Iberos, procedentes do norte da África.
Os Iberos apreciavam a carne de cavalo. O cavalo, criado em liberdade, era caçado nas matas do interior da península Ibérica e abatido para consumo imediato ou capturado para viver em cativeiro, engordado e ser abatido quando fosse necessário. Um pouco mais tarde, desenvolveram a técnica da doma e o cavalo foi usado como montaria, sendo muitos destes animais já amestrados, exportados para outras regiões da Europa.
As ovelhas eram criadas nas mesetas do Sul e no vale do rio Ebro, com o objetivo primordial de fornecer lã. O boi era criado para uso no trato da terra e não era hábito o consumo de sua carne.
No século VI a.C. chegaram os Celtas, procedentes da Gália, que espalharam suas tribos pela margem do rio Tejo, e miscigenando com os Iberos,formaram os Celtiberos, que se dividiram em vários grupos, entre os quais os Lusitanos que se estabeleceram entre os rios Douro e Guadiana região que ficou conhecida como Lusitânia.
No século I a.C. a região foi conquistada pelos Romanos, comandados por Júlio César e Augusto. Na conquista houve forte resistência dos Lusitanos liderados por Viriato (?-139 a.C), o primeiro grande herói português. Os Romanos terminaram vencendo e mantiveram o seu domínio até o século V, quando a região foi invadida pelos Suevos de origem germânica. Os Suevos chegaram à península Ibérica em 409, fundando um reino com capital em Bracara Augusta (Braga) que englobava a parte norte da Lusitânia, até o rio Tejo.
Foi neste período que apareceu a denominação ‘Portus Cale’ (que deu o nome aao território lusitano) para um entreposto de cobrança de tributos estabelecido na foz do rio Douro, onde hoje localiza-se a cidade do Porto.
Segundo José Miranda do Vale, existem poucas informações sobre a pecuária nos primeiros tempos da história de Portugal.
Durante o domínio dos Romanos, principalmente nas regiões litorâneas, havia um importante fluxo comercial com Roma, que recebia minérios e animais, dentre os quais as famosas éguas do Ribatejo.
Em 414, os Visigodos invadiram a região sobre o comando de Ataulfo e já convertidos ao Catolicismo, restabeleceram o mesmo formato da colonização romana.
Uma das providências dos invasores foi confiscar dois terços das terras, deixando apenas um terço para os proprietários originais.
Pouco depois, Justiniano (483-565), imperador do Oriente, expulsaria os Visigodos e restauraria o domínio romano.
As tribos Visigóticas espalharam-se para regiões mais distantes, onde havia disponibilidade de pastagens, iniciando a criação de gado e o cultivo de cereais.
Em 711, chegaram os Mouros, que atravessando o estreito de Gibraltar alcançaram terras da Espanha. Da Espanha entraram em Portugal.
Os habitantes de Portugal, principalmente os Visigodos estabelecidos ao norte, com ajuda dos Francos, tentaram a todo o custo defenderem-se da invasão dos Mouros, porém foram derrotados e todo o território português foi anexado ao império dos Mouros.
Os Mouros não apreciavam a carne de boi, porque ela era sempre dura, sendo proveniente de animais velhos, que puxaram por longos anos os arados e os carros. A carne de ovino era a preferida.
Quando abatiam um animal separavam a gordura da cauda e em volta dos rins para fazer frituras e também para dar sabor a outras iguarias.
Durante a ocupação Moura existiam quatro classes sociais:
• A nobreza, que era de origem árabe ou berbere, sendo formada pelas famílias importantes e chefes militares que viviam no campo e eram proprietários da maioria das propriedades agrícolas. Quando houve a invasão, todos os habitantes da terra que resistiram tiveram suas propriedades confiscadas e depois distribuída para os vencedores muçulmanos.
• A burguesia, que vivia nas aldeias e cidades e se ocupavam do comércio e da indústria. Era composta de recém convertidos a religião muçulmana e de não muçulmanos.
• A plebe era composta pelos servos que cultivavam os campos que pertenciam a nobreza.
• Os escravos.
A reconquista foi lenta, gradual e progressiva, originando a formação de pequenos reinos nos territórios conquistados que iam ganhando maior território assim que os Mouros eram repelidos. O primeiro reino foi o de Astúrias na Espanha, fundado por Afonso III (848-910), que quando faleceu dividiu-o para seus filhos. Surgiu então os reinos de Leão e Castela. Quando em 1065, faleceu Fernando, o rei de Leão e Castela, foi criado um novo reino, o de Galícia no extremo noroeste da península, onde foram estabelecidos o condado Portucalense e o condado de Coimbra (Conimbrense).
No Condado Portucalense, as populações Visigóticas continuaram a criação de gado, como também o desenvolvimento das culturas de cereais e leguminosas. O condado localizava-se entre os rios Douro e Tejo e o de Coimbra entre o Douro e o rio Mondego.
Em 1093 o condado Portucalense e o norte da Galícia foram doados para Henrique de Borgonha (1066-1112), genro de Afonso VI (1039-1109)continuando, porém a ser tributário do reino de Leão.
Henrique de Borgonha lutou bastante para deixar o condado independente, porém, não teve sucesso. Quando morreu em 1112 foi sucedido por sua mulher Teresa (1080-1150), até que o filho herdeiro Afonso Henriques (1109-1185) completasse a maioridade.
Pouco depois, de assumir o trono Teresa rebelou-se, deixou de ser regente e declarou-se rainha, tendo forte oposição dos nobres galegos. A pedido deles, as forças do reino de Leão interviram e derrotaram as tropas leais a Teresa na batalha de São Mamede em 1128, restabelendo o condado. Ela terminou sendo exilada.
Mais tarde Afonso Henriques assumiu o poder e continuou lutando contra os espanhóis e os Mouros. Em 1139, derrotou os Mouros na batalha de Ourique e declarou o condado independente do reino de Leão e Castela, transformando-o no reino de Portugal. Adotou o título de Afonso I.
Em 1143, com a interferência do papa Inocêncio III (1160-1216), a independência foi reconhecida pelos espanhóis que assinaram o Tratado de Zamora. Durante o seu reinado, Afonso I reconquistou Lisboa em 1147 e todas as terras do sul do reino, que ainda eram ocupadas pelos Mouros.
No seu reinado, Julião Paes, o 'Mestre Julião', nomeado chanceler do reino, foi encarregado de reestabelecer a paz nas regiões conquistadas e também de incentivar a pecuária, o que fez com a doação de reprodutores e matrizes para os agricultores. Quando Afonso Henriques faleceu em 1185 o domínio dos Mouros se restringia apenas a Algarves e pequena parte do Alentejo.
Mohammed El-Idrisi (1110-1166), escritor árabe escrevendo sobre Portugal no século XII, comentou sobre a fertilidade das terras da região de Coimbra e a abundância de gado, tanto grosso como miúdo que existia ali. Nas terras confrontantes com o reino de Leão também era a próspera a criação de gado, assim como as de Santarém.
Sancho I (1154-1211), o sucessor de Afonso I, reinou de 1185 a 1211. Com o auxílio dos Cruzados em 1189, conquista dos Mouros Alvor, Silves e Albufeira, atingindo a costa meridional de Algarves. Mestre Julião que continuou como chanceler, continuou a dedicar seu empenho à promoção da agricultura nas terras conquistadas. Graças a esta política, Portugal conseguiu melhorar a produção de cereais e não sofreu a grande fome que em 1202 assolou a França e a Europa central.
Sancho I era um importante criador de gado. No seu testamento deixou para o hospital de Santarém todo o gado que ele possuía na região, um rebanho composto de bovinos, ovinos, equinos e suínos. Os cavalos e éguas que possuía em Soure e os suínos de Coimbra deixou para o mosteiro de Santarém.
Afonso II (1185-1223), rei de 1211 a 1223, fez parte das tropas portuguesas, auxiliando os exércitos de Castela e Aragão, na batalha de Navas de Tolosa em 1212, que expulsou os Mouros de Alcacer do Sal e em outro evento em 1217 quando os expulsou do Alentejo. Pelo seu testamento pode ser constatado que era um grande criador de muares e de bovinos.
Sancho II (1209-1248, rei de 1223 a 1248, reconquistou Elvas (1226 a 1230), Aljustrel (1235), Mértola (1238) e em 1238, toda a região sudeste de Algarve, Tavira, Cacela e Aiamonte.
A reconquista total foi conseguida com o auxilio dos Cruzados em 1249 por Afonso III (?1210-1279), que reinou entre 1248 e 1279. Logo que assumiu o trono procurou fomentar a agricultura, o comércio e a navegação. Seu objetivo era tornar Portugal autossuficiente de alimentos. Em 1254, convocou as cortes para uma assembleia em Leiria e pela primeira vez havia representantes das classes populares.
Seu sucessor foi Dinis (1261-1325) que reinou de 1279 a 1325, que resolveu com o reino de Castela, alguns problemas de fronteira, consolidou a unificação administrativa e procurou impedir o poder territorial da igreja.
A agricultura e a pecuária, no seu governo, ganhou grande impulso:
* Dividiu as terras agriculturáveis que ficaram abandonadas durante os conflitos com os Mouros, para famílias que quisessem cultivá-las.
* Promoveu a drenagem dos terrenos pantanosos, transformando-os em terrenos cultiváveis. As lavouras eram separadas por faixas de pastagens onde o gado era criado.
Com a sua política agrícola, no período, houve sobras de lã, couros, vinho, mel e cera de abelha, que foram exportados para Inglaterra, França e Espanha.
O pão era a base da alimentação na Idade Média, não apenas em Portugal, mas em todo o continente europeu. Ainda não era conhecida a batata, o tomate e a abóbora.
O vinho era artigo dos mais importantes na lista dos mantimentos. Cada homem consumia cerca de dois litros por dia. Até as crianças tomavam vinho diluido ecom água.
Entre as famílias abastadas, a carne era o prato principal da refeição. Na maioria das vezes a de carneiro, que depois do longo domínio muçulmano era a mais consumida em toda a península Ibérica. Quem tinha mais condições podia dispor da carne bovina e melhor ainda da carne de vitelo. Também consumiam carne de caprinos, de coelhos e de suíno. As carnes de cabritos, coelhos e frangos eram cozidas com toucinho e cobertas ainda no panela,com molhos suculentos e bem temperados, antes de serem levados à mesa.
O bodo, a distribuição gratuita de comida aos pobres,era costume na ocasião de algumas celebrações religiosas, muitas vezes para o pagamento de promessas. O povo português sempre foi muito religioso e caridoso.
O porco, que chegou a Portugal com os Celtas, sempre foi de grande importância na cozinha portuguesa, fornecendo os lombos, os pernis (que eram preparados assados, defumados ou curados como presunto cozido e como presunto cru), as tripas e as carnes para os embutidos (enchidos), o bucho para a dobradinha e o sangue para o chouriço. A banha extraída pela fritura do toucinho era usada na cozinha do dia a dia e só substituída pelo azeite de oliva nos dias de abstinência. Toda sexta feira era dia de abstinência de carnes e só era servido o peixe. Na Semana Santa tinha mais dias de abstinência.
As camadas mais pobres da população consumiam bastante peixe que era mais barato, até mesmo o bacalhau e a sardinha que eram vendidos salgados.
Afonso IV (1290-1357), rei de 1325 a 1357), procurou seguir e melhorar a política agrícola do seu antecessor. Implantou a centralização de poder, que desgostou a igreja e a nobreza. Na administração municipal, aumentou o número dos ‘juizes de fora’, que eram nomeados pelo rei, em detrimento aos ‘juízes da terra’, que eleitos pelos habitantes.
Pedro I (1320-1367), rei de 1357 a 1367, aliou-se com o rei Pedro I de Castela (1334-1369) na luta contra Henrique de Trastâmara (1333-1379) e participou de uma aliança com Castela, Navarra e Granada contra Pedro IV de Aragão (1319-1387). A partir de 1363, adotou a posição de neutralidade nos conflitos espanhóis, celebrando tratados de paz com Castela e Aragão.
Fernando (1345-1383), rei de 1367 a 1383, editou a ‘Lei das Sesmarias’.
A segunda metade do século XIV foi um período de depressão econômica. A Peste Negra causou uma falta inicial de mão de obra nas aldeias e cidades, locais onde a mortandade foi mais intensa, que por sua vez, provocou o aumento dos salários das atividades artesanais.
Estes fatores desencadearam o êxodo das populações rurais atraídas por esta oportunidade. O êxodo rural levou à diminuição da produção agrícola, falta de gado para tiro e ao despovoamento de todo o país. A lei das Sesmarias procurava fixar os camponeses às terras e diminuir o despovoamento pelo êxodo para as cidades e vilas.
As medidas da lei eram enérgicas:
• obrigava os proprietários a cultivar as terras mediante pena de expropriação.
• obrigava ao trabalho na agricultura a todos os que fossem filhos ou netos de lavradores e a todos os que não possuíssem bens avaliados até quinhentas libras.
• evitava a carestia geral fixando os salários rurais.
• obrigava os lavradores a terem o gado necessário para a lavoura e fixando o preço do mesmo gado.
• proibia a criação de gado que não fosse para trabalhos de lavoura.
• fixava preços de arrendamentos.
• aumentava o número de trabalhadores na lavoura obrigando os mendigos, ociosos e vadios que tivessem condições de trabalhar a serem empregados compulsoriamente nesta atividade.
Nesta época, só existiam em Portugal escravos Mouros aprisionados nas batalhas, todos os outros habitantes eram homens livres.
Existiam funcionários da Corte (os almotacés) encarregados de fiscalizar a qualidade, o peso e o preço das mercadorias vendidas, principalmente da carne. Infelizmente muitos eram corruptos e o sistema servia apenas para complicar a comercialização.
Depois da morte de Fernando, assumiu a regência a rainha Leonor (morreu em 1445), que ordena a aclamação de Beatriz e João I (1357-1433), mestre da dinastia de Avis, como reis. Durante o seu governo as viagens exploradoras são frequentes e o infante Henrique funda a escola de navegação de Sagres. Um ano depois de sua morte, em 1434, Gil Eanes ultrapassou o cabo Bojador na costa africana.
Com a dinastia de Avis, formou-se em Portugal uma nova aristocracia de origem burguesa, composta daqueles que colaboraram com o governo.
Em 16 de janeiro de 1406, no reinado de João I, foi editada a primeira lei portuguesa relacionada com a criação de gado. A lei determinava quais os tipos de gado que poderiam andar no reguengo de Oeiras.
Duarte (1391-1438), foi rei de 1433 a 1438 e um dos seus mais importantes atos foi a promulgação da ‘Lei Mental’, em 8 de abril de 1434. Por esta lei as doações feitas pela Coroa só podiam ser transmitidas para os herdeiros primogênitos do sexo masculino, dando assim coesão à instituição dos morgadios. A lei vigorou até 1822.
No testamento de Duarte, a regência seria confiada na menoridade do príncipe herdeiro (Afonso), à rainha Leonor de Aragão (1402-1449), que era apoiada pelo partido da aristocracia. As forças populares das cidades de Porto e Coimbra impuseram que a regência fosse exercida pelo infante Pedro (1392-1449), que durou de 1439 a 1448.
Com apenas 14 anos Afonso V (1432-1481) assumiu a coroa, sendo rei de 1446 a 1481. Foi ele quem ordenou a compilação das Ordenações Afonsinas.
As Ordenações Afonsinas, publicadas em 1446, constituí uma coletânea de leis e outras fontes jurídicas, que codifica toda a legislação em vigor até aquela data. Com a publicação das Ordenações Afonsinas, as leis tornaram-se uniformes para todo o país impedindo, desta forma, os abusos praticados pela nobreza no que dizia respeito à sua interpretação, permitindo ao rei amplificar a sua política centralizadora.
Neste código de leis, com o propósito de proteger os arrendadores e os proprietários agrícolas, consta a proibição aos cavaleiros fidalgos e outros nobres de se apoderem de aves e bestas de sela ou de carga. Esta proibição não incluía os componentes das comitivas do rei.
João II (1455-1495), reinou de 1481 a 1495. No mesmo ano de sua posse, Diogo de Azambuja (1432-1518), comandando uma expedição faz o reconhecimento de Mina e do golfo de Guiné na costa africana, dando início ao tráfico de escravos e a exploração de ouro e marfim, que ajudaram a financiar as outras expedições que visavam atingir as Índias. Diogo Cão faz a descoberta e o reconhecimento de Catarina à serra Parda, durante o período de 1482 a 1486, explorando a foz do rio Zaire. Vasco da Gama (?1468-1524) descobriu o cabo da Boa Esperança no extremo sul da África, penetrando pela primeira vez no Oceano Índico.
Apoiado pela burguesia mercantil João II reagiu contra a supremacia da dos nobres, retomando alguns bens da Coroa doados a nobreza pelos monarcas anteriores, como os de Fernando,terceiro duque de Bragança, que foi executado e teve os bens confiscados em 1483 e de Diogo, duque de Viseu, que em 1484 também teve o mesmo destino. Por testamento, por não ter herdeiros legítimos, nomeou seu sucessor Manuel I, seu primo e cunhado, o duque de Beja.
Manuel I (1469-1521) que reinou de 1495 a 1521, incentivou as viagens de expansão marítima. Foi no seu reinado que Vasco da Gama (?1468-1524) descobriu o caminho marítimo para as Índias e Pedro Alvares Cabral (1467-1520) descobriu o Brasil, antes de seguir sua viagem para as Índias.
Iniciou-se o predomínio de Portugal no comércio de especiarias e foi estabelecido um vice-reino na Indias que teve como primeiro governante Francisco de Almeida (?1450-1510) que assumiu em 1505 e foi substituído em 1508 por Afonso de Albuquerque (1462-1515).
Na Europa daquele tempo, quando chegava o outono era necessário que fosse abatido todo o gado pronto, pois a falta de forragem no inverno iria fazer esses animais perderem peso e até morrerem. A sobra de carne era salgada e guardada em barricas de madeira para o consumo futuro. A conservação nunca era perfeita e as carnes tinham um sabor horrível. As especiarias, principalmente a pimenta e o açafrão eram usadas para torná-las palatáveis.
Em 1494, ele assinou o Tratado de Tordesilhas que dividia as terras a serem descobertas entre Portugal e Espanha.
Foi promulgado em 1521 as Ordenações Manuelinas, uma nova codificação para substituir as Ordenações Afonsinas. Em 1514 faz-se a primeira edição completa dos cinco livros das Ordenações Manuelinas. A versão definitiva foi publicada em 1521. Para evitar confusões, a carta régia de 1521 impôs que todos os possuidores de exemplares das ordenações de 1514 os destruissem no prazo de três meses, ao mesmo tempo que determinou aos concelhos a aquisição de nova edição.
Manuel I permitiu que o gado espanhol pudesse pastar em terras portuguesas, porém com a obrigação de indenizar em dobro ao proprietário das terras, os estragos que porventura ocorresse, mas ainda não permitia a comercialização de gado entre espanhóis e portugueses.
Para evitar o ataque de animais selvagens, como lobos ao rebanho, principalmente de ovinos, o governo instituiu um prêmio a quem apresentasse a autoridade local uma cabeça de lobo decepada.
No período das Grandes Navegações, ninguém queria trabalhar na agricultura. Todos os habitantes sonhavam em obter riqueza rápida com os metais preciosos, escravos e especiarias que podiam obter das terras descobertas. A agricultura portuguesa entrou num período de decadência. A população humilde e idosa sofreu bastante, por que a grande parte dos víveres era importada e de difícil acesso para esta população.
João III (1502-1557), reinou de 1521 a 1557. Distinguiu-se pelo seu apoio a cultura. Foi no seu reinado que aconteceu a época de ouro do Renascimento português.
Em 1536. Damião de Góis (1502-1574) foi convocado de Flandres para organizar o arquivo régio.
Em 1537, a universidade de Coimbra foi modernizada com a contratação de professores estrangeiros e a adaptação dos currículos. Em 1529, para ficar com as Molucas e manter o comércio de especiarias, o rei João III, pagou a Espanha uma indenização de 350.000 ducados de ouro. Para escoar as especiarias reorganizou os empórios portugueses em Flandres, sendo o de Bruges transferido para Antuérpia e estabeleceu contatos comerciais com Alemanha, Polônia e os países do Báltico.
As riquezas das especiarias só passavam por Portugal e iam embora para estes mercados. A agricultura e a pecuária continuavam em decadência e ainda grande quantidade de cereais, carne e peixe tinham que ser importados para o consumo doméstico e das expedições marítimas.
Quando o rei viajava para o interior do país era acompanhado por um séquito de mais de mil pessoas, que com as requisições de animais e alimentos, prejudicava os proprietários de fazendas que ficavam na sua rota. Muitos perdiam a única vaca e a junta de bois que possuíam.
Em 1540 foi instalada a Companhia de Jesus, que teve grande influência na colonização das novas conquistas portuguesas. Em 1558 os jesuítas fundaram a universidade de Évora.
Em 1547, o rei João III, conseguiu do papa autorização para a criação do Tribunal de Inquisição em Lisboa, espelhado no modelo espanhol.
A perseguição aos judeus (cristão novos) e a suspeita de heresias instaurou um clima de repressão cultural, que atingiu a elite intelectual portuguesa. A Inquisição ficou tão poderosa que o inquisidor geral, o cardeal infante Henrique (1512-1580) subiu ao trono em 1578.
O sucessor de João III foi seu neto Sebastião (1554-1578), que na minoridade até 1562, teve a regência de sua avó Catarina de Áustria (1507-1578).
Catarina reuniu as cortes em 1562 que decidiram uma série de medidas que provocou muitas queixas dos agricultores:
• Que deveria ser fiscalizado o regime de pastagens para não permitir que os bovinos de um concelho fossem pastar em outro.
• Que fosse fixado a taxa de aluguel de pastagens e os que arrendassem as pastagens da municipalidade só pudessem arrendar de novo depois de três anos.
• Para evitar a saída de gado para a Espanha,todos os rebanhos que viviam na faixa de 19 léguas da fronteira eram sujeitos a registro e uma marcação especial à fogo.
Sebastião foi declarado maior e assumiu o trono com 14 anos.
Em 1573, para fomentar a criação de ovinos da serra da Estrela, ele promulgou um regulamento que forçava a utilização de lã nacional nas tecelagens, porem a concorrência inglesa e flamenga com preços bem menores, tornou a providência inóqua.
Morreu com 24 anos na batalha de Alcacer-Quibir, no Marrocos, não deixando herdeiros o que provocou uma crise sucessória.
Assumiu o trono o inquisidor geral, o cardeal infante Henrique (1512-1580) que reinou de 1578 a 1580. Depois do seu falecimento o trono foi ocupado por Antonio I, (1531-1595) o prior de Crato, que governou um pouco mais de um mês, sendo interrompido pela invasão do exército do duque de Alba, Fernando Alvarez de Toledo y Pimentel (1507-1582), que colocou no trono o rei espanhol Filipe II (1527-1598), o Filipe I de Portugal, unindo as duas coroas.
Já sob a mesma coroa da Espanha, as cortes reuniram em Tomar, no ano de 1581 e várias decisões relativas a agricultura e a vida dos agricultores foram tomadas. Uma delas foi uma lei protegendo os pastores e o gado, durante a época da transumância. Permitia o uso de armas, como o dardo e o cutelo, para a sua defesa. Outra não permitia a passagem na fronteira de gado de Portugal para a Espanha.
Filipe que governou de 1581 a 1598, resolveu estender a Portugal a mesma proteção que os ovinos tinham na Espanha, o que fazia a prosperidade dos criadores.
Durante o domínio espanhol Portugal tinha uma administração particular, era governado por um conselho.
Além de Felipe I, neste período de sessenta anos governaram as duas coroas mais dois reis.
Filipe III (1578-1621), reinou de 1598 a 1621. Dissolveu o conselho que governava Portugal e nomeou Cristovão de Moura como vice-rei, provocando o descontentamento da aristocracia portuguesa.
Filipe IV (1605-1665), reinou de 1621 a 1640. Teve muitos problemas. Em 1623, Ormuz caiu em poder dos Persas auxiliados pelos ingleses.
Em 1624, os holandeses (inimigos da Espanha) conquistaram a Bahia,tentando também conquistar Macau e Mina, cujos habitantes heroicamente repeliram os holandeses. A Bahia foi reconquistada em 1625 por uma esquadra enviada pelo ministro conde de Olivares (1587-1645).
A França fez uma aliança com os protestantes da Alemanha, da Dinamarca e da Holanda, e um dos planos dos aliados era o enfraquecimento da Espanha provocanado repetidos assaltos às suas colônias pelas esquadras holandesas.
O conde de Olivares, para financiar a defesa espanhola iniciou uma política de impingir novos e pesados impostos aos reinos subalternos, especialmente a Portugal, onde o povo se revolucionou.
Os governadores do reino, o Conde de Basto e Afonso Furtado de Mendonça protestaram contra os tributos ponderando que o povo poderia reagir, mas os protestos não foram ouvidos. Olivares conseguiu dos cristãos novos um milhão e meio de cruzados a troco de um indulto. Em 1631 a duquesa de Mântua (1589-1656) foi nomeada vice-rainha de Portugal.
O conde de Olivares tentou sufocar a revolta de 1640, enviando um exército, que conseguiu apenas a prisão de Duarte de Bragança, irmão de João IV.
Em 1º de Dezembro de 1640, um grupo invadiu o Palácio da Ribeira, residência da duquesa de Mântua e a prendeu, sendo então consumada a restauração do Reino, acabando-se o poder dos Filipes em Portugal.
Assumiu o trono João IV (1604-1656) da dinastia de Bragança, que reinou até 1656. Houve problemas com o reconhecimento da Santa Sé, mas ele tinha um amplo apoio popular. A guerra da restauração foi em grande parte, financiada pelos cristãos-novos.
No primeiro ano do seu reinado promulgou uma lei concedendo permissão para que os pastores das serras de Beja e de Alentejo, pudessem usar espingardas para se defenderem dos lobos, como também todos aqueles que conduziam gado para os açougues das cidades.
Numa reunião das cortes em Lisboa em 1641, foi criado o Tribunal da Junta dos Três Estados, encarregado da coleta de impostos. Em 1643 foi criado o Conselho Ultramarino que cuidava dos assuntos coloniais.
Em 1643, autorizou os agricultores de trigo e de vinhedos a abater qualquer espécie de gado que adentrasse as suas plantações.
Na metrópole houve um acordo com a Holanda, para evitar as hostilidades, mas nas colônias, principalmente no Brasil, continuava o domínio dos holandeses em Pernambuco, que só foram expulsos militarmente em 1654.
Afonso VI (1643- 1683) que reinou de 1656 a 1667. Afonso não estava destinado a reinar nem foi preparado para tal, em virtude do herdeiro da coroa ser o seu irmão mais velho, o príncipe Teodósio (1634-1653).
Afonso com 3 ou 4 anos de idade, sofreu uma 'febre maligna' que lhe paralizou o lado direito do corpo e repercutiu na sua vida política, familiar e até seu desempenho sexual Com a morte do irmão Teodósio em 13 de Maio de 1653 e a 17 de Novembro do mesmo ano da sua irmã Joana (1636-1653)a segunda herdeira, o problemático Afonso foi guindado ao trono de Portugal. No seu reinado Portugal venceu a Espanha em várias batalhas da Guerra da Restauração que duraram dez anos.
Pedro II (1648-1706).Regente de 1667 a 1683, chegou ao poder por golpe de Estado em 27 de janeiro de 1668 quando depôs o irmão Afonso VI. Foi coroado rei por morte deste em 12 de setembro de 1683. Governou de fato de 1667 a 1706. Implacável com o irmão, além de encarcerá-lo em Sintra, deflagrou processo de anulação do casamento dele com Maria Francisca Isabel de Sabóia, alegando que este não tinha consumado por que o rei era impotente sexual, obtendo de Roma a dissolução, casou-se com Maria Francisca.
Em 1710, para proteger os criadores de ovinos, decretou que todo o fardamento das tropas portuguesas fosse confeccionado exclusivamente com lã produzida no país. Mais tarde promulgou o Regimento da Fábrica de Tecidos.
Devido a forte concorrência dos ingleses, foi proibido a todos os sapateiros o uso de couro importado. Em outro decreto algum tempo depois, proibiu a exportação de couros verdes e obrigava os abatedouros a vender o couro produzido exclusivamente para os curtumes das fábricas de solas. Os preços eram revistos anualmente.As fábricas de solas não tinham capacidade para absorver todos os couros produzidos e Pedro II teve que voltar a trás a autorizar a exportação.
João V (1689-1750), reinou de 1707 a 1750. Iniciou o reinado, quando a Espanha estava-se em plena guerra da sucessão, que para Portugal significava o perigo da união dos reinos de Espanha e França, a grande potência continental. Os franco-espanhóis obtiveram uma grande vitória em Almansa, em 24 de Abril de 1707.
Em relação ao Brasil, João V não conseguiu impedir o enorme afluxo de emigrantes, pois se havia descoberto ouro nas Minas Gerais. Portugal mais uma vez teve falta de braços para a agricultura.
Ordenou a ampliação na colonia brasileira dos quadros administrativos, militares e técnicos, tudo com o objetivo de evitar o descaminho dos quintos, o imposto sobre o ouro. Também fomentou a cultura da cana-de- açúcar.
Portugal desfalcado de população e de produção, entrou numa crise econômica, piorada pelo alto custo da administração das colonias, principalmente do império do Oriente. A este estado de coisas procurou o rei responder com o fomento industrial, mas outros problemas surgiram, de caráter social: insubordinação de nobres, quebras de disciplina dos mosteiros e conventos, conflitos de trabalho e intensificação do preconceito aos judeus.
José I (1714-1777) que reinou de 1750 a 1777 é lembrado por ter sido o primeiro soberano absolutista português. O reinado foi marcado pela administração do seu primeiro ministro, o marquês de Pombal (1699-1782), que reorganizou as leis, a economia e a sociedade portuguesa. Em 1755, um terremoto de grandes proporções, seguido de um maremoto e de um incêndio que durou vários dias, destruiu Lisboa, deixando 12.000 mortos. A catástrofe ajudou a aumentar o poder do marquês de Pombal. Ele conseguiu reconstruir a cidade aumentando impostos sobre as colônias.
A Companhia de Jesus foi declarada ilegal e os jesuítas expulsos de Portugal e das colônias em 1757.
José I sofreu uma tentativa de assassinato em 3 de setembro de 1758. O marquês de Távora, o duque de Aveiro e seus parentes foram acusados pela tentativa, sendo os nobres executados e seus parentes colocados na prisão.
No reinado de José I foram criadas a Real Junta do Comércio, o Erário Régio, a Real Mesa Censória e o exército foi reorganizado.
Em 1765, houve falta de carne na capital e quando havia os preços eram extorcivos. Foi publicado uma norma obrigando, sob pesadas multas, os açougueiros a não deixar faltar carne (bovina,ovina e suína) aos preços tabelados para atender a população. Também ficaram obrigados a desossar as reses que os criadores levassem, mediante o pagamento de uma taxa de serviço.
João VI (1767-1826), que como regente e rei governou de 1792 a 1826.
Em 1801 promulgou uma lei concedendo permissão para que em caso de guerra, o gado dos fazendeiros pudessem usar as pastagens pertencentes as municipalidades.
No ano seguinte, no dia 25 de fevereiro, promulgou uma lei punindo o monopólio da criação de gado.
No seu reinado, em 1807, as tropas de Napoleão Bonaparte (1769-1821) invadiram Portugal. A corte, sob proteção da marinha inglesa, foi transferida para o Brasil, gerando grande comoção em Lisboa.
Em 1808 ele aportou no Rio de Janeiro, que foi transformada em capital do reino e o Brasil declarado reino.
Enquanto a corte permanecia no Brasil, Portugal era governado por uma junta de regência, porem de fato o poder era exercido pelo general inglês William Carr Beresford (1768-1854). Contra esta situação em 1820, sublevou a guarnição da cidade do Porto, formando-se no mesmo dia a Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, que pretendia governar em nome de João VI, livrando o país dos ingleses e convocar das cortes para elaborar uma nova constituição.
Em 1821 iniciou-se a reunião das cortes que tomou medidas bastante radicais:
• Extinguiu a Inquisição.
• Declarou como bens da nação todos os bens da coroa.
• Preparou a lei sobre liberdade de imprensa.
• Iniciou a preparação do código civil.
• Iniciou a reforma judicial.
A regulamentação da lei foi concluída em 1822 e João VI, que já tinha voltado a Portugal em 1821, em outubro de 1822 jurou obediência a ela.
A importação de porcos foi proibida por um decreto de 24 de maio de 1821, justificando que tinha como objetivo poupar divisas.
João VI morreu em 1826 sem indicar um sucessor e o governo foi exercido por um conselho de regência presidido pela infanta Isabel Maria (1801-1876), até a posse de Pedro IV (1798-1834), o Pedro I, que tinha declarado a independência do Brasil e governou de 1826 a 1828.
Os partidários de Miguel I argumentavam que Pedro I do Brasil perdera o direito à coroa portuguesa e, por isso, a designar um seu sucessor (no caso, sua filha, Maria da Glória) desde o momento em que erguera armas contra Portugal, declarara a independência do Brasil e se tornara Imperador desse novo país. Com efeito, de acordo com as Leis Fundamentais do Reino, um príncipe-herdeiro que levantasse armas contra Portugal ou ascendesse ao trono de um estado estrangeiro, perderia o direito ao trono português.
Pedro IV abdicou em favor de sua filha Maria da Glória (Maria II) (1819-1853), outorgou uma nova Constituição e ofereceu a mão de sua filha a Miguel I, como também nomeou-lhe regente do reino em nome da rainha que só tinha 7 anos.
Miguel usurpou a trono, convocou as cortes que o declararam rei de Portugal. Houve uma série de revoltas em Porto e em Lagos, terminando com a deflagração da Guerra Civil Portuguesa (1831-1834).
Miguel I (1802-1826), reinou de 1828 a 1834. Período tumultuado pelas revoltas e pela guerra civil. Miguel capitulou em 26 de maio de 1834, assumindo o trono Maria II, a filha de Pedro IV.
Algumas fontes sugerem que Miguel I seria fruto das alegadas ligações adúlteras de sua mãe, Carlota Joaquina (1775-1830). Ele teria sido concebido no tempo durante o qual João VI e Carlota Joaquina terão vivido em guerrilha conjugal, permanente conspiração e só se encontravam em raras ocasiões oficiais. Ela vivia separada do rei, no palácio Ramalhão, perto de Sintra.
Em 29 de março de 1830 uma lei criou a primeira escola de medicina veterinária de Portugal.
Maria II reinou de 1834 a 1853, sendo sucedida pelo seu filho Pedro V.
No reinado de Maria II foi publicado um decreto ordenando que fosse efetuada exposições de animais de criação em todos os distritos com prêmios entre 5$000 e 60$000. No ano seguinte já houve a primeira exposição de gado no distrito de Portalegre, quando concorreram 23 expositores com 25 equinos, 9 muares e 131 suínos.
Pedro V (1837-1861), reinou de 1853 a 1861. Em 1854 foi publicada nova regulamentação das exposições de gado, estabelecidas no reinado de sua mãe, desta feita sobre as exposições anuais a serem realizadas nas capitais de distrito.
Em 1855, realizou uma reforma educacional juntando o ensino agrícola, criado em 1852 como Instituto Agrícola, com a escola de medicina veterinária.
No seu governo, Portugal foi flagelado por duas epidemias, uma de cólera, que grassou de 1853 a 1856, e outra de febre amarela, em 1856/57.
Morreu com apenas 24 anos, em 11 de Novembro de 1861 de febre tifóide. Não tendo filhos, foi sucedido pelo irmão, o infante Luís, que morava na França.
Luis I (1838-1889) , reinou de 1861 a 1889. Em 1864 foi realizada uma importante exposição agrícoa em Lisboa, onde foram expostos alguns cavalos da coudelaria real.
Em 1865 realizaram em Braga um concurso de bois gordos. Também houve exposição de bois das raças Mirandesa e Barrosã.
Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral de consumo, que a opinião pública recebeu mal, deu-se o motim a que se chamou a Janeirinha (em finais de 1867).
Em 1883 foi realizada em Lisboa uma exposição de gado no recém construído parque da Real Tapada da Ajuda. Concorreram bovinos de todas as raças portuguesas, assim como também, das raças Ayrshire, Normanda e Durham. Os ovinos foram representados por exemplares da raça Southdown criados no Alentejo, os caprinos e suínos por indivíduos das raças nacionais
Em 1884, foi efetuada a Conferência de Berlim, resultando daí o chamado 'Mapa Cor-de-Rosa', que definia a partilha de África entre as grandes potências coloniais: Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra e Portugal. Morreu subitamente em Cascais, a 19 de Outubro de 1889. Sucedeu-lhe o seu filho Carlos, sob o nome de Carlos I.
Carlos I (1863-1908) que reinou de 1889 a 1908. Logo no início do seu governo, recebeu o ultimato britânico de 1890, que intimava a Portugal a desocupar os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique, caso contrário seria declarada a guerra entre os dois países. Não houve guerra, mas assim se perderam importantes áreas portuguesas na África.
A propaganda republicana aproveitou o momento para responsabilizar a coroa pelos acontecimentos. Estourou no Porto uma revolta republicana a 31 de Janeiro de 1891 que foi sufocada imediatamente. Depois de uma grave crise política o rei decidiu chamar para o governo a João Ferreira Franco Castelo Branco (1855-1929). João Franco, que afrontado pelos constantes ataques da Câmara dos Deputados, solicitou ao rei que dissolvesse o parlamento no que foi atendido.
Com isto a oposição lançou uma forte campanha antigoverno, alegando que o país estava numa 'ditadura'.
Uma tentativa de golpe de estado em 28 de Janeiro de 1908. Foi abortado e os líderes presos. João Franco preparou um decreto prevendo o exílio para os revoltosos republicanos.
A 1 de Fevereiro de 1908, a família real regressava a Lisboa, depois de uma temporada no Palácio de Vila Viçosa. Quando viajava uma carruagem aberta rumo ao Palácio das Necessidades, disparos vindos da multidão atingiram Carlos I que morreu imediatamente, assim como o herdeiro Luís Filipe que foi ferido mortalmente. Foi aclamado rei seu filho Manuel II (1889-1932), que iniciou o reinado em 1908. Não conseguiu reconciliar a monarquia com o povo e os republicanos aumentaram a sua participação no Parlamento.
A 4 de Outubro de 1910, começou uma revolução e no dia seguinte, 5 de Outubro deu-se a proclamação da república em Lisboa. O Palácio das Necessidades, residência oficial do rei, foi bombardeado. No dia seguinte, consumada a vitória republicana, Manuel II decidiu-se a embarcar com destino ao Porto. A 20 de agosto de 1911 a assembleia constituinte votou uma nova constituição.
Em 1912, uma portaria do governo estendeu a participação em feiras e concursos de bovinos para ovinos caprinos e suínos.
Em 1913 foi criado o posto zootécnico de Malhadas que tinha por objetivo o melhoramento da raça bovina Mirandesa. Em 1914 foi criado o posto de Gouveia para melhoramento da criação de ovinos e caprinos, como também o posto de Vizeu, para melhoramento da raça bovina Arouquesa e o de Lisboa para melhoramento da raça bovina Turina, a aclimatação da raça Holandesa, manter um núcleo de reprodutores suínos da raça Yorkshire e conservar o rebanho de ovinos Merino.
Uma lei de 1914 e outra de 1916 permitiam que os criadores de gado formassem sindicatos para defender a classe.
Depois de 8 mandatos presidenciais durante um período de instabilidade política, um golpe de estado derrubou o último presidente Bernardino Machado (1851-1944) em 1926, A ditadura militar colocou no poder Antonio de Oliveira Salazar (1889-1970) como ministro das finanças, que realizou um bom trabalho de saneamento das finanças públicas.
Em 1930 foi realizado em Lisboa um concurso de gado bovino da raça Turina.
Em 1932, como presidente do conselho de ministros Salazar assumiu o poder totalitário. Uma constituição foi imposta em 19 de março de 1933, que dentre outras coisas, criando um partido único.
A recusa de atender as reivindicações das colônias estimulou os movimentos guerrilheiros de libertação que provocou várias crises no governo. Em 1968, Salazar sofreu um derrame cerebral e foi substituído por Marcelo Caetano (1906-1980) que deu os primeiros passos para a redemocratização.
As disputas das colônias pela liberdade provocaram a crise econômica que culminou com o descontentamento das forças armadas que terminou em 25 de abril de 1974 com a Revolução dos Cravos, que derrubou o governo e estabeleceu a total redemocratização do país.
A criação de gado é pouco desenvolvida em Portugal. Apenas 10% da área agriculturável é ocupada por pastagens e somente algumas regiões do norte apresentam condições favoráveis para a pecuária intensiva. A pecuária é difundida em todo o país, mas tem especial importância na Beira Alta e no Alentejo.
Portugal possui mais de uma dezena de raças autóctones de bovinos, dentre as quais destaca-se: Alentejana, Brava ou Ribatejana, Transtagana, Turina, Maronesa, Barrosã, Cachena, Gravonesa, Mirandesa, Jarmelista ou Jarmeleira e Ramo Grande nos Açores. E outras mestiças como Arouquesa, Vianêsa ou Vermelha, Marela, Maronesa, Carmuleira, Marinhão, Minhota e Charnequeira. Tinha a raça Minhota que foi extinta.
A grande maioria das raças autóctones teve origem em animais do norte da África, da França e da própria península Ibérica.
Evolução do Rebanho Bovino em Portugal
Ano Cabeças
1870 520.000
1920 741.000
1934 779.000
1940 832.000
Nos últimos 50 anos o rebanho de gado bovino cresceu 30%, um crescimento estável com pequenos tropeços. O gado caprino atingiu o maior rebanho em 1990 com 857.000 cabeças, a partir daí começou a decair uma média de 15% ao ano até atingir 547.000 cabeças. O rebanho de gado suíno deu um salto entre 1976 e 1980, atingindo o recorde de 3.500.000 cabeças nesse último ano. A partir daí começou a decair em cada quinquênio até atingir 2.348.000 cabeças. O rebanho ovino em 1980 atingiu o recorde de 4.560.000 cabeças e decaiu para 3.541.000 cabeças. A queda foi violenta entre 1983 e 1984 quando de 4.800.000 cabeças caiu para 3.300.000 cabeças, uma perda de quase um terço.
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