3.23.2011

HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DE GADO EM RONDÔNIA

Leopoldo Costa

Rondônia, antigo território do Guaporé, passou a ser território brasileiro quando em 1750 foi assinado o Tratado de Madrid, que anulou o Tratado de Tordesilhas de 1494.

O primeiro explorador que alcançou o vale o rio Guaporé foi o espanhol Ñuflo de Chavez (1518-1568), entre os anos de 1541 e 1542, em companhia de Alvar Nuñez Cabeza de Vaca (1490-1557), que seguiam a caminho do Paraguai. Foi ele quem descobriu as nascentes do rio Paraguai e também mais tarde, em 1561 veio a fundar a cidade de Santa Cruz de La Sierra na Bolívia. 

Na segunda metade do século XVII, o bandeirante Antonio Raposo Tavares (1598-1658) percorreu a região, numa expedição que saiu de São Paulo em 1648 e terminou a viagem em Belém do Pará.

No início do século XVIII a região foi visitada por missionários jesuítas tentando evangelizar os índios.

Com a descoberta das minas de ouro de Cuiabá os bandeirantes paulistas aumentaram as suas explorações no vale do rio Guaporé em busca de mais ouro.

Em 1748 a Coroa portuguesa determinou ao governador e capitão general da capitania do Mato Grosso, que tinha a responsabilidade pela área, Antonio Rolim de Moura Tavares (1709-1782) que mantivesse, a qualquer custo, a ocupação da margem esquerda do rio Guaporé.

Em 1753 fez instalar um pequeno posto de vigilância na povoação fundada pelos espanhóis e denominada Santa Rosa Velha, na margem direita do rio Guaporé. Houve reação do governador de Santa Cruz de La Sierra que pleiteava a propriedade da região, apesar de que pelo Tratado de Madrid de 1750 seria uma área pertencente ao Brasil. O governador Rolim de Moura reagiu e transformou em 1759 o pequeno posto em um forte, denominando-o Presídio de Nossa Senhora da Conceição.
As frequentes investidas dos espanhóis deixaram o forte em ruínas. Em 1769 o forte foi reconstruído pelo governador Luis Pinto de Souza Coutinho (1735-1804) e ganhou o nome de Forte de Bragança.

Foram estabelecidas varias fazendas de criação de gado para dar suporte a esta ocupação.

Em 1722 Francisco de Melo Palheta (1670-?) partindo de Belém do Pará percorreu o rio Mamoré, o rio Madeira e o rio Guaporé terminando a sua viagem em Santa Cruz de La Sierra.

A região perdeu importância econômica até que no final do século XIX começou a extração da seiva das seringueiras para a produção da borracha o que atraiu muitos imigrantes do Nordeste.

Houve também a intervenção tímida de alguns criadores de gado que estabeleceram fazendas com a intenção de suprir de carne as recém criadas aldeias de seringueiros.

Em 1903 começou a ser construída a estrada de ferro Madeira-Mamoré ligando Santo Antonio do Madeira a Vila Bela, na confluência dos rios Beni e Mamoré. A  construção da ferrovia era uma das cláusulas do Tratado de Petrópolis (1903), pelo qual o Brasil anexou o Acre. A estrada tinha por objetivo escoar a produção da borracha boliviana. Também pelo Tratado de Petrópolis o Brasil se obrigou a construir um porto e em 1903 foi iniciada a sua construção. O local originalmente escolhido era muito insalubre  e decidiu-se transferir a população para um antigo porto militar e por isso o local ficou conhecido como Porto Velho. O povoamento da cidade começou em 1907, a partir do acampamento construído para abrigar os empregados da empresa responsável pela construção da estrada de ferro. Continuou progredindo e em 2 de outubro de 1914 a povoação foi elevada a vila, desmembrando-se do município amazonense de Humaitá a quem pertencia. Em 1919 foi elevada a categoria de cidade.

Em 1943 pelo decreto-lei nº 5812 de 13 de setembro foi criado o território Federal de Guaporé com áreas desmembradas do Amazonas e Mato Grosso e a cidade de Porto Velho foi escolhida como capital.

O nome foi mudado em 1956 para Rondônia em homenagem a Cândido Mariano Rondon (1865-1958) o desbravador da região. Rondon era engenheiro militar e inicialmente foi responsável pela implantação das linhas telegráficas interligando os estados da região amazônica. Em 1910 organizou o ‘Serviço de Proteção aos Índios’, que teve o reconhecimento internacional do Congresso das Raças realizado em Londres em 1913. A partir de 1927 passou a ser o responsável pela demarcação das fronteiras da Amazônia.

 Rondônia passou a ter importância agrícola e pecuária muito recentemente, depois, da chegada dos colonizadores do Rio Grande do Sul e do Paraná que adquiriram terras para  estabelecer a criação de gado e plantio de cereais e leguminosas. A economia era baseada na extração de cassiterita.

Vilhena, hoje uma das importantes cidades do estado, e Ji-Paraná, a segunda maior cidade do estado, tornaram-se municípios apenas em 1977. Todas são polos importantes de criação de gado.

O rebanho em 1957 e 1964 era a seguinte:



1950
1957
1964
1957/1964
Bovinos
4.000
9.000
5.000
-44%
Equinos
-
1.000
1.000
-
Suinos
7.000
14.000
27.000
93%
Ovinos
1.000
2.000
3.000
50%
Caprinos
-
2.000
2.000
-


Em 1964 foram abatidos em estabelecimentos controlados pelo governo:

Bovinos
10.000 cabeças
Suinos
2.000 cabeças






O IBGE no último Censo Agropecuário constatou que no dia 31/12/2008 havia no estado de Rondônia 11.176.000 cabeças de bovinos. Os cinco maiores rebanhos, que representavam 21% do total estavam nos seguintes municípios:
·       Porto Velho                       608.000 cabeças
·       Jaru                                  492.000 cabeças
·       Ji-Paraná                           425.000 cabeças
·       Ariquemes                         423.000 cabeças
·       Cacoal                               398.000 cabeças

O gado bovino em Rondônia está bem distribuído em todos os 52 municípios.  45 deles têm mais de 100.000 cabeças e o município que tem menor rebanho é Primavera de Rondônia com 68.000 cabeças.
Rondônia tinha o oitavo maior rebanho do Brasil, com apenas 9.300 cabeças a menos do que o rebanho do estado de São Paulo, o sétimo. 

Foi o estado brasileiro que mais cresceu o rebanho bovino nos últimos 20 anos, Entre 1990 e 1995 o rebanho cresceu na média de 25% ao ano e entre 1995 e 2000 na média de 12% ao ano. Na década de 2000 o rebanho cresceu uma média de 7,5% ao ano.

Tinha apenas 5.000 cabeças em 1964, 14.000 cabeças em 1968 e 15.000 em 1988. Já em 1990 passou para um rebanho de 1.719.000, que foi crescendo para 2.774.000 em 1992, 3.469.000 em 1994, 3.937.000 em 1996, 5.450.000 em 2000, atingindo 11,176.000 em 2008.

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