3.16.2011

A HISTÓRIA DA RAÇA SAHIWAL

Leopoldo Costa


Os autores indianos não consideram a raça Sahiwal como primitiva. Concordam que foi formada mediante cruzamentos sem controle de Gir com o gado do Afeganistão, do qual ganhou a cor da pelagem.

O nome da raça foi tomado do distrito de Sahiwal no Punjab.


A raça é originária da região semi-desertica de Punjab, no Paquistão, ao longo da atual fronteira com a Índia. 


É interessante observar que o nome do país, 'Pakistan' em inglês, teve origem em 1933, na Universidade de Cambridge na Inglaterra e foi formada pela letra P de Punjab, A de Afeghan, K de Kashmir, I de Islam, S de Sindh e Tan, designativo de uma nação, como ocorre em vários países da região, como Turquestão, Beluquistão, Afeganistão etc.


Os animais eram mantidos em grandes manadas monitorados por vaqueiros profissionais que eram chamados de 'junglies'. Com o advento da irrigação artificial as terras foram cultivadas e eles passaram a ser criados em rebanhos menores pelos fazendeiros da região para fornecer leite e tracionar equipamentos agrícolas e carroças.
Por seleção natural de muitos séculos os animais desenvolveram uma boa aptidão leiteira e hoje é considerada uma das melhores raças zebuinas leiteiras.

As vacas em regime de pasto fornecem em média 2300 quilos de leite por periodo de lactação, depois de amamentar a cria.

Outra qualidade da raça é a tolerância ao calor e por isso é exportado para regiões quentes da Ásia, África, Antilhas e Austrália.


Na Austrália os primeiros animais chegaram na década de 1950, através de Nova Guiné e foram selecionados com o duplo propósito de produzir leite e carne. A raça foi importante na formação de duas raças leiteiras australianas a do Zebu Leiteiro Australiano e do Holandês (Friesan) Sahiwal Australiano.


Para a formação do Zebu Leiteiro Australiano também foi usado sangue do Sindi Vermelho sobre vacas Jersey e mais tarde sobre vacas Guernsey e Holstein. As descendentes em regime de pasto produzem 2.700 litros por período de lactação.


Na formação da raça Holandesa-Sahiwal Australiana o Sahiwal foi cruzado com vacas Holstein-Frísia (Holandesas). As descendentes produzem cerca de 3.000 litros de leite por período de lactação.


Na Jamaica, o Sahiwal participou da formação da raça Jamaica-Hope, cruzando com Jersey.


Em 1915, o governo britânico da Índia, que tinha o domínio do atual Paquistão, reservou uma área de 1.676 hectares para proteger os animais da raça. Entre 1917 e 1920 Allah Dad e Datar Singh estabeleceram fazendas de criação da raça nos distritos de Khanewal e Sahiwal. 

Um plano de melhoria da raça foi lançado  pelo governo em 1938 e revigorado em 1962 depois que o país já estava independente da Índia.


O governo do Paquistão mantem um centro de pesquisa para conservação da raça Sahiwal em Jahangirabad (Khanewal), desde 2003  que foi  transferido para Jhang em 2005. Nele vem se desenvolvendo importantes experiências genéticas.


A pelagem dos animais pode variar de castanho escuro (quase preto)  ao vermelho, sendo esta última a cor predominante, com manchas brancas na barriga e no pescoço. 


No Brasil


A raça no Brasil foi introduzida apenas  na década de 1960 por iniciativa de alguns criadores, que incluiram animais da raça na última importação de zebuínos autorizada por João Goulart (1919-1976). Na ocasião houve resistência das autoridades paquistanesas para autorizar a saída dos animais.

Criadores do estado do Paraná na mesma década, importaram sêmen da raça para fertilizar fêmeas Nelore, procurando melhorar a  sua aptidão leiteira.

Ainda são poucos os animais Sahiwal no rebanho brasileiro.

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