O período pré-parto em vacas normalmente dura dois meses, assumindo-se intervalo de partos de 12 meses e duração da lactação de 10 meses ou 305 dias. Recomenda-se secar a vaca 60 dias antes do parto, para que a glândula mamária se recupere para a próxima lactação. Além disso, na época da secagem recomenda-se a terapia da vaca seca, objetivando evitar a ocorrência de mastite na próxima lactação.
Durante os últimos 60 dias de gestação, os nutrientes são utilizados principalmente para o crescimento do feto e placenta, numa taxa de cerca de 500 g/dia. Então, restam em torno de 500 g/dia para o ganho de peso da vaca (acúmulo de reservas corporais), se considerarmos 1,0 kg/vaca/dia de ganho de peso vivo.
Sabe-se que para mudar a condição corporal (escore) em uma unidade são necessários, no caso de vacas Holandesas (de grande porte), em torno de 50 kg de ganho. Portanto, se a vaca estiver magra no início do período pré-parto, fica difícil recuperá-la em tão pouco tempo. Desta forma, é recomendável que a alimentação pré-parto para as vacas magras seja iniciada durante o último terço da lactação. As vacas magras devem ser agrupadas em um lote especial, para recuperá-las mais rapidamente, antes da secagem.
Para as vacas em boas condições corporais no início do período pré-parto, a alimentação deverá ser para manutenção da condição corporal fornecendo uma dieta bem balanceada em energia, proteína e minerais visando atender o crescimento do feto e placenta, com ganho não superior a 500 g diárias.
A dieta das vacas secas deveria conter de 12 a 14% de proteína bruta na matéria seca. Dietas com menos de 12% de proteína bruta tendem a provocar redução no consumo voluntário, o que é prejudicial para as vacas magras, as quais precisam atingir maiores taxas de ganho para recuperar a condição corporal. O teor de energia da dieta vai variar em função da condição corporal das vacas. Vacas magras precisam de mais energia, ao passo que para as vacas gordas ou aquelas em boa condição corporal, a necessidade de energia é menor.
É bom salientar que não se conseguem ganhos de peso elevados sem a utilização de ração concentrada na dieta. Como exemplo, considere que o volumoso seja silagem de milho que tem normalmente em torno de 7% de proteína bruta (PB) na base da matéria seca, e que deverá representar 60% da matéria seca da dieta (60% x 0,07 = 4,2% de PB). Para que a proteína bruta da dieta seja balanceada para 14%, então o concentrado deverá ter 25% de proteína bruta na matéria seca, contribuindo com 10% de PB (40% x 0,25) e a silagem de milho com 4,2% (60% X 0,07).
Os padrões nutricionais sugeridos pelo NRC americano (edição1989 do Nutrient Requirements of Dairy Cattle) sugerem para vacas secas gestantes, uma dieta com 12% de PB, 56% de nutrientes digestíveis totais (NDT), com cerca de 35% de fibra em detergente neutro (FDN), com um consumo diário esperado de matéria seca de 2% do peso vivo da vaca.
O estado nutricional da vaca ao parto e a dieta fornecida pós-parto irão determinar o consumo voluntário, a magnitude de mobilização de reservas corporais (perda de peso) e os problemas metabólicos e reprodutivos que podem ocorrer no início da lactação. Vacas que parem mais gordas tendem a consumir menos alimento, precisando assim mobilizar mais reservas corporais. Dessa forma, ficam mais sujeitas a problemas metabólicos, com prejuízos na produção de leite e no período de serviço. Animais que recebem dieta muito rica em energia pré-parto ou recebem reforço alimentar nesse período são mais susceptíveis a febre do leite, cetose, partos distócicos, metrites, retenção de placenta, deslocamento de abomaso e problemas reprodutivos. A ocorrência de um desses distúrbios provoca uma redução ainda maior no consumo de alimentos, predispondo os animais aos outros problemas mencionados.
Uma vez que uma dieta de boa qualidade esteja disponível, à vontade, para vacas em início de lactação, a condição corporal ao parto entre 2 e 4 (escores variando de 1 para vacas muito magras até 5 para aquelas muito gordas) não afeta a produção de leite.
O criador deverá evitar vacas muito gordas no rebanho, pois, além de anti-econômico, essas, com freqüência, apresentam problemas ao parto e no período inicial da lactação. Esses animais também se mostram mais propensos a apresentar distúrbios metabólicos, como a acetonemia e deslocamento de abomaso. Também sabe-se que estas vacas tendem a consumir menos alimento, com conseqüências diretas sobre a produção de leite. Sempre que possível, durante o período pré-parto, deve-se evitar dietas muito ricas em cálcio, para reduzir a incidência de febre do leite.
A manipulação do balanço iônico da dieta oferecida antes do parto pode reduzir distúrbios como edemas de úbere, febre do leite e problemas reprodutivos pós-parto. Dietas aniônicas pré-parto e catiônicas pós-parto têm mostrado efeitos benéficos, incluindo redução dos problemas causados por estresse por calor. Para se evitar problemas ao parto e no período inicial da lactação, deve-se tomar os seguintes cuidados, no período final da gestação:
- evitar que as vacas ganhem peso em excesso.
- introduzir o concentrado a ser oferecido pós-parto, em pequena quantidade (0,5% do peso vivo da vaca), duas semanas antes da data prevista do parto.
- analisar os alimentos oferecidos nessa fase para sódio, potássio, cloro e sódio, além do cálcio, fósforo e magnésio, para adequá-los às exigências, nessa fase.
- substituir os alimentos com teores de potássio elevado se a diferença cátion-ânion (DCA) for superior a +200 mEq/kg (DCA=435 x %Na + 256 x %K - 282 x %Cl - 624 x %S).
- remover as fontes de cátions (bicarbonato de sódio e sal comum, principalmente) .
- adicionar sulfato de cálcio até atingir 0,45% de enxofre ou 1,2 a 1,6% de cálcio
- adicionar então cloreto de amônia para reduzir a DCA para -100 mEq/kg
- manter a ingestão de fósforo entre 30 a 60 g/dia
Cuidados especiais com vacas que apresentem urina com pH acima de 8, uma a duas semanas antes do parto (com esses cuidados, o pH da urina deverá cair para 6 a 7,3)
A dieta das vacas deve conter volumoso de boa qualidade e estar adequadamente balanceada para permitir maximizar o consumo de matéria seca, o mais rapidamente possível depois do parto.
Autoria de Fermino Deresz e Leovegildo Lopes de Matos
FONTE: Revista Alimentação Animal – Número 18 - Abr/Jun/2000 - editado por Leopoldo Costa para ser postado.
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