Leopoldo Costa
REBANHO E PRODUTIVIDADE
Analisando as estatísticas de um período relativamente longo de quase meio século, podemos constatar a evolução da suinocultura brasileira, não só na quantidade de animais, como na sua produtividade, revelada pelo índice de abate sobre o rebanho. Não pudemos calcular o índice de desfrute, por falta de dados sobre as matrizes existentes na maioria destes anos.
Ano
|
Rebanho em cabeças
|
Abate
| ||
Mundo
|
Brasil
|
Brasil
Cabeças
|
Abate/rebanho
| |
1961
|
406.180.402
|
25.579.900
|
8.007.000
|
31,3%
|
1965
|
496.424.477
|
27.665.800
|
8.769.000
|
31,7%
|
1970
|
547.231.124
|
30.846.000
|
11.229.000
|
36,4%
|
1975
|
685.650.395
|
37.640.291
|
11.343.000
|
30,1%
|
1980
|
797.777.438
|
34.331.236
|
14.100.000
|
41,1%
|
1985
|
793.467.785
|
32.247.687
|
11.570.000
|
35,9%
|
1990
|
855.962.572
|
33.623.186
|
12.500.000
|
37,2%
|
1995
|
899.253.461
|
36.062.103
|
23.000.000
|
63,8%
|
2000
|
899.062.025
|
31.562.111
|
35.665.200
|
113,0%
|
2005
|
907.783.318
|
34.063.934
|
30.420.000
|
89,3%
|
2009
|
941.776.122
|
38.045.454
|
30.876.000
|
81,2%
|
Fontes: Dados primários FAO e IBGE processados pelo autor
|
Existem divergências principalmente nos abates entre 1985 e 2009 que alterariam sobremaneira a taxa de abate sobre o rebanho. Uma grande parte dos abates são efetuados clandestinamente, sem registro nas estatísticas. Os dados de abate mostrados acima são da FAO. Considerando as estimativas de anuários especializados, Almanaque Abril, USDA e associações de produtores, a taxa de abate sobre o rebanho parece mais coerente. Com uma média destes dados as taxas nestes anos ficaria o seguinte:
Rebanho
|
Abate
|
Abate/rebanho
| |
1985
|
32.247.687
|
17.100.000
|
53,0%
|
1990
|
33.623.186
|
19.200.000
|
57,1%
|
1995
|
36.062.103
|
20.500.000
|
56,8%
|
2000
|
31.562.111
|
21.000.000
|
66,5%
|
2005
|
34.063.934
|
23.100.000
|
67,8%
|
2009
|
38.045.454
|
28.100.000
|
73,9%
|
De qualquer modo, neste período a taxa de abate sobre o rebanho suíno evoluiu significativamente, saindo de 31,3% em 1961 para 73,9% ou 81,2% em 2009. Isto grosseiramente pode indicar que a idade média do animal abatido diminuiu de 38,3 meses em 1961, para 14,7 meses em 2009. Porém está ainda bem distante dos índices dos países criadores mais eficientes do mundo. Em Portugal, por exemplo, a idade média estimada pela taxa foi de 4,7 meses. O Rio Grande do Sul tem a melhor taxa do Brasil (145,2%), seguido por Santa Catarina com 101.2% e Paraná com 97.7%. Os estados do Norte e Nordeste têm taxas baixíssimas. O Brasil como um todo, está com as taxas comparáveis as do Quênia (83,7%), Bolívia (85,1%) e República do Congo (80,9%).
Ranking de Taxas de Abate sobre o Rebanho em 2009
|
||
1
|
Geórgia
|
279,9%
|
2
|
Portugal
|
252,3%
|
3
|
Casaquistão
|
237,5%
|
4
|
República Dominicana
|
225,9%
|
5
|
Nova Zelândia
|
213,6%
|
6
|
Alemanha
|
209,5%
|
7
|
Grécia
|
199,4%
|
8
|
Austrália
|
196,5%
|
9
|
Reino Unido
|
196,3%
|
10
|
Paraguai
|
195,0%
|
11
|
Suécia
|
194,3%
|
12
|
Islândia
|
193,6%
|
13
|
Cuba
|
189,3%
|
14
|
Chile
|
188,8%
|
15
|
Áustria
|
182,7%
|
16
|
Noruega
|
181,4%
|
17
|
Filipinas
|
177,6%
|
18
|
República Checa
|
177,4%
|
19
|
Bélgica
|
176,6%
|
20
|
Luxemburgo
|
174,4%
|
21
|
Suiça
|
174,1%
|
22
|
Moldávia
|
173,9%
|
23
|
Japão
|
171,4%
|
24
|
Finlândia
|
169,8%
|
25
|
Estados Unidos
|
169,4%
|
Dados
da FAO processados pelo autor
|
Fora destes 25 listados devemos destacar a França com taxa de 168,2%, a Rússia com taxa de 161,1%, a Dinamarca com taxa de 156,3%, o Vietnam com taxa de 152,0% e a China com taxa de 144,3%. A China abateu 650 milhões de cabeças em 2009 e tinha um rebanho de 450 milhões de cabeças.
IMPORTÃNCIA DO BRASIL NO MERCADO MUNDIAL.
O Brasil possuindo em torno de 4.500.000 matrizes tem o terceiro maior rebanho mundial de suínos. Exportando uma média de 600 mil toneladas de carne suína por ano, divide com a Alemanha, a liderança de maior exportador, com 28% (cada um) do total do comércio mundial do produto. O consumo anual per capita no Brasil ainda é baixo, aproximadamente de 13 quilos (na média dos últimos cinco anos), enquanto na Alemanha, o consumo per capita é em torno de 55 quilos por ano.
Pela última estatística da FAO o rebanho mundial de suínos era em 2009 de 941.776.122 cabeças. Quase a metade dele estava concentrado na China, que tinha tanto animais quanto a soma dos outros 50 países do ‘ranking’ de maiores criadores.
Os 10 maiores rebanhos nacionais eram os seguintes:
Países
|
Rebanho em cabeças
|
% do Total Mundial
|
China
|
450.880.000
|
47,9
|
Estados Unidos
|
67.148.000
|
7,1
|
Brasil
|
38.045.454
|
4,0
|
Vietnam
|
27.627.700
|
2,9
|
Alemanha
|
26.885.500
|
2,8
|
Espanha
|
28.289.600
|
2,8
|
Rússia
|
16.161.900
|
1,7
|
México
|
15.200.000
|
1,6
|
França
|
14.810.000
|
1,6
|
Fonte: FAO (estatísticas 2009)
|
REBANHOS ESTADUAIS DO BRASIL
No Brasil, com o terceiro maior rebanho do mundo, os cinco maiores estados criadores concentravam dois terços do rebanho nacional:
Estados
|
Rebanho em cabeças
|
% do Total Nacional
|
Santa Catarina
|
7.988.663
|
21,0
|
Rio Grande Sul
|
5.344.318
|
14,4
|
Paraná
|
5.105.005
|
13,4
|
Minas Gerais
|
4.639.825
|
12,2
|
Goiás
|
1.929.062
|
5,1
|
Fonte: IBGE Censo Agropecuário 2009
|
O estado de Santa Catarina tinha tantos animais quanto a soma dos rebanhos da Hungria, Argentina e Portugal. O Rio Grande do Sul tinha tantos quanto a soma dos rebanhos do Chile e Guatemala. O Paraná o equivalente a três vezes o rebanho da África do Sul. Minas Gerais tinha a mesma quantidade de suínos do Reino Unido, e Goiás tanto quanto a Colômbia.
OS REBANHOS MUNICIPAIS
O ranking municipal dos 9 maiores rebanhos (que representam 10% do rebanho total do Brasil) era o seguinte:
Municípios
|
Rebanho em cabeças
|
% do Total do seu estado
|
Uberlândia (MG)
|
668.236
|
14,4
|
Rio Verde (GO)
|
660.000
|
34,2
|
Toledo (PR)
|
495.606
|
9,7
|
Seara (SC)
|
421.159
|
5,3
|
Concórdia (SC)
|
417.338
|
5,2
|
Xavantina (SC)
|
318.330
|
4,0
|
Braço do Norte (SC)
|
277.500
|
3,5
|
Tapurá (MT)
|
264.800
|
14,2
|
Videira (SC)
|
249.752
|
3,1
|
Fonte: IBGE Censo Agropecuário 2009
|
Uberlândia, com o maior rebanho municipal do Brasil, possuía mais animais do que a soma dos rebanhos estaduais de Pernambuco e Rondônia. Rio Verde, com quase um terço dos suínos existentes no estado de Goiás, tinha o equivalente à metade do rebanho do estado do Maranhão. O município de Toledo tinha mais suínos do que o estado de Pernambuco. Seara e Concórdia, cada município, tinha o rebanho municipal equivalente a três vezes o rebanho de Alagoas. Xavantina, tinha o dobro do rebanho do estado do Rio de Janeiro. O rebanho do município de Braço do Norte era maior do que o do estado do Espírito Santo. Tapurá tinha o rebanho do tamanho do de Tocantins. O município de Videira tinha o rebanho igual a soma dos rebanhos dos estados de Paraíba e Sergipe.
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