10.28.2011

INSTALAÇÃO DE ENGENHOS DE AÇÚCAR


Leopoldo Costa

Antes em 1516, o rei D. Manuel I, procurava incentivar o cultivo da cana de açucar no Brasil para aumentar a oferta na Europa. Mandou procurar no Reino, alguma pessoa que se interessasse na fabricação de açúcar de cana, oferecendo em troca um bom ordenado e muitas regalias. Em 1526, já estava operando em Pernambuco, o primeiro engenho no Brasil.  Era o engenho de Pero Capico ou Carpico. Há registros em Lisboa de cobrança de impostos de uma remessa de açúcar com data deste ano. Com Martim Afonso de Souza, iniciou-se o cultivo regular da cana-de-açúcar no Brasil permitindo a instalação de alguns engenhos. Pêro e Luiz de Góes construíram em 1532 um engenho em Santos no local mais tarde denominado Nossa Senhora das Neves. Outro foi construído em 1533, nas proximidades do Morro de São Bento pelo imigrante italiano Antônio Adorno. O próprio Martim Afonso construiu um engenho, em sociedade com dois holandeses, João van Hielst e Erasmo Shetz. Foram os comerciantes flamengos os financiadores deste engenho. No final do século XVI, havia na região de São Vicente seis engenhos. A instalação de engenhos progrediu e para facilitar a vida dos brasileiros, a Coroa limitou as cotas de açúcar procedentes da  Ilha da Madeira e estimulou a produção dos engenhos brasileiros, instalados ao redor da vila de São Vicente
O donatário Vasco Fernandes Coutinho, providenciou a instalação de quatro engenhos no Espírito Santo em 1540. Destes engenhos, saiu o primeiro carregamento de açúcar oficialmente exportado para o Reino, em 26 de setembro de 1545, pelo navio de Brás Teles. Já em 1570, a Coroa isentou de impostos por 10 anos, quem instalasse engenhos de açúcar no Brasil.
Os primeiros engenhos eram simples. Consistiam de dois cilindros de madeira horizontais, movidos a água, quando havia queda e volume suficientes, e na maioria das vezes, por tração de bois. A primeira inovação tecnológica foi introduzida em 1608, que eram três cilindros muito justos, sendo o do meio o que fazia girar os outros dois, movidos também por água ou tração animal. Os colonizadores holandeses introduziram moendas de metal e tachos de ferro fundidos, substituindo os de cobre então usados.
Os bois eram de grande importância para o funcionamento dos engenhos de açúcar, pois, estes eram abastecidos com a cana transportada em carros de bois desde os locais da colheita.  Depois, os bois eram usados para fazer rodar as moendas e por fim eram também nos carros de bois que o açucar chegava até os portos para ser embarcado nos navios.
'Havia os 'engenhos trapiches,' movidos a tração animal e os 'engenhos reais', movimentados por força hidráulica. Os engenhos reais eram bem mais produtivos do que os trapiches, embora, em épocas de pouca chuva, se mostrassem menos eficientes. Cada trapiche requeria sessenta bois, distribuídos em turmas de doze bois, que faziam revezamento, trabalhando de 15 a 16 horas por dia'[1].
Duilio Ramos relata que já em 1584, os engenhos se pareciam com uma vila. Havia alem do edifício onde moia a cana, os depósitos de cana, a casa das caldeiras, a casa de purgar, o palanque para o mestre do açúcar, a fábrica de caixas de madeira, a estrebaria, o curral, as casas dos operários graduados, a senzala e a capela.[2]
O principal problema dos engenhos brasileiros era a escassez de mão de obra.
Stuart Schwartz, um estudioso norte-americano da história dos engenhos coloniais brasileiros, escreveu que o custo de um engenho de açúcar no período áureo, era formado em 50% como o investimento em terras para a cultura de cana de açúcar e a criação de animais para uso do engenho,20% como investimentos em edificações (Casa grande, fábrica, senzala, depósitos, capela etc.), outros 20% como aquisição de escravos para ao trabalho e finalmente 10% na aquisição de animais de tração.
Os engenhos eram classificados em três formas:
- De acordo com a localização geográfica;
- Conforme o tipo de propriedade;
- De acordo com a força motriz.

Se fossem localizados no litoral ou nas margens dos rios chamavam-se de "Beira-mar". Estes eram, em geral, os maiores e mais rentáveis. Os que eram localizados no interior, chamavam-se "da Mata ou Terra adentro", eram menores e e menos rentáveis devido o alto custo para transportar o açúcar até os portos.

Quanto à propriedade, eram classificados como "Régios", os que eram construídos com financiamento da Coroa e os "Corporativos"  que eram os que pertenciam às ordens religiosas (jesuítas, carmelitas  e beneditinos) que produziam açúcar da mesma forma que todos os outros proprietários, empregando mão de obra escrava indígena e africana e comercializando no mercado, como os demais.

Antonil, na sua obra “Grandeza e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas” (1711), relata que na área dos engenhos, ou seja, na cidade de Salvador e nas outras do Recôncavo Baiano, apenas os mais abastados tinham o privilégio de consumir carne fresca. Os negros, que eram bastante numerosos, alimentavam de miúdos bovinos, tripas e do sangue das reses abatidas.

Também incluiu uma interessante estatística sobre os engenhos e a produção de açúcar na sua época:

Tabela 12



Produção de Açúcar em caixas


Para Exportação à Portugal


Número de  Engenhos
Branco Macho
Mascavo Macho
Branco
Batido
Mascavo
Batido
Consumo Interno
Bahia
146
8.000
3.000
1.800
1.200
500
Pernambuco
246
7.000
2.600
1.400
1.100
200
Rio de Janeiro
136
5.600
2.500
1.200
800
120
Total Geral
528
20.600
8.100
4.400
3.100
820



[1] Antonio Mendes Jr. et alii, na obra "Brasil História",
[2] Ramos, Duilio- in "História da Civilização Brasileira"

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