Antes em 1516, o rei D. Manuel
I, procurava incentivar o cultivo da cana de açucar no Brasil para aumentar a
oferta na Europa. Mandou procurar no Reino, alguma pessoa que se interessasse
na fabricação de açúcar de cana, oferecendo em troca um bom ordenado e muitas
regalias. Em 1526, já estava operando em
Pernambuco, o primeiro engenho no Brasil.
Era o engenho de Pero Capico ou Carpico. Há registros em Lisboa de
cobrança de impostos de uma remessa de açúcar com data deste ano. Com Martim Afonso de Souza,
iniciou-se o cultivo regular da cana-de-açúcar no Brasil permitindo a
instalação de alguns engenhos. Pêro e Luiz de Góes construíram em 1532 um
engenho em Santos no local mais tarde denominado Nossa Senhora das Neves. Outro
foi construído em 1533, nas proximidades do Morro de São Bento pelo imigrante
italiano Antônio Adorno. O próprio Martim Afonso construiu um engenho, em
sociedade com dois holandeses, João van Hielst e Erasmo Shetz. Foram os
comerciantes flamengos os financiadores deste engenho. No final do século XVI,
havia na região de São Vicente seis engenhos. A instalação de engenhos
progrediu e para facilitar a vida dos brasileiros, a Coroa limitou as cotas de
açúcar procedentes da Ilha da Madeira e
estimulou a produção dos engenhos brasileiros, instalados ao redor da vila de
São Vicente
O donatário Vasco Fernandes
Coutinho, providenciou a instalação de quatro engenhos no Espírito Santo em
1540. Destes engenhos, saiu o primeiro carregamento de açúcar oficialmente
exportado para o Reino, em 26 de setembro de 1545, pelo navio de Brás Teles. Já em 1570, a Coroa isentou de
impostos por 10 anos, quem instalasse engenhos de açúcar no Brasil.
Os primeiros engenhos eram simples.
Consistiam de dois cilindros de madeira horizontais, movidos a água, quando
havia queda e volume suficientes, e na maioria das vezes, por tração de bois. A
primeira inovação tecnológica foi introduzida em 1608, que eram três cilindros
muito justos, sendo o do meio o que fazia girar os outros dois, movidos também
por água ou tração animal. Os colonizadores holandeses introduziram moendas de
metal e tachos de ferro fundidos, substituindo os de cobre então usados.
Os bois eram de grande
importância para o funcionamento dos engenhos de açúcar, pois, estes eram
abastecidos com a cana transportada em carros de bois desde os locais da
colheita. Depois, os bois eram usados
para fazer rodar as moendas e por fim eram também nos carros de bois que o
açucar chegava até os portos para ser embarcado nos navios.
'Havia os 'engenhos trapiches,' movidos a tração animal e os 'engenhos
reais', movimentados por força hidráulica. Os engenhos reais eram bem mais
produtivos do que os trapiches, embora, em épocas de pouca chuva, se mostrassem
menos eficientes. Cada trapiche requeria sessenta bois, distribuídos em turmas
de doze bois, que faziam revezamento, trabalhando de 15 a 16 horas por dia'[1].
Duilio Ramos relata que já em
1584, os engenhos se pareciam com uma vila. Havia alem do edifício onde moia a
cana, os depósitos de cana, a casa das caldeiras, a casa de purgar, o palanque
para o mestre do açúcar, a fábrica de caixas de madeira, a estrebaria, o
curral, as casas dos operários graduados, a senzala e a capela.[2]
O principal problema dos
engenhos brasileiros era a escassez de mão de obra.
Stuart Schwartz, um estudioso
norte-americano da história dos engenhos coloniais brasileiros, escreveu que o
custo de um engenho de açúcar no período áureo, era formado em 50% como o investimento
em terras para a cultura de cana de açúcar e a criação de animais para uso do
engenho,20% como investimentos em edificações (Casa grande, fábrica, senzala,
depósitos, capela etc.), outros 20% como aquisição de escravos para ao trabalho
e finalmente 10% na aquisição de animais de tração.
Os engenhos eram classificados
em três formas:
- De acordo com a localização geográfica;
- Conforme o tipo de propriedade;
- De acordo com a força motriz.
Se fossem localizados no
litoral ou nas margens dos rios chamavam-se de "Beira-mar". Estes
eram, em geral, os maiores e mais rentáveis. Os que eram localizados no
interior, chamavam-se "da Mata ou Terra adentro", eram menores e e
menos rentáveis devido o alto custo para transportar o açúcar até os portos.
Quanto à propriedade, eram
classificados como "Régios", os que eram construídos com
financiamento da Coroa e os "Corporativos" que eram os que pertenciam às ordens
religiosas (jesuítas, carmelitas e
beneditinos) que produziam açúcar da mesma forma que todos os outros
proprietários, empregando mão de obra escrava indígena e africana e
comercializando no mercado, como os demais.
Antonil, na sua obra “Grandeza e Opulência do Brasil por suas
Drogas e Minas” (1711), relata que na área dos engenhos, ou seja, na cidade
de Salvador e nas outras do Recôncavo Baiano, apenas os mais abastados tinham o
privilégio de consumir carne fresca. Os negros, que eram bastante numerosos,
alimentavam de miúdos bovinos, tripas e do sangue das reses abatidas.
Também incluiu uma
interessante estatística sobre os engenhos e a produção de açúcar na sua época:
Tabela 12
Produção
de Açúcar em caixas
|
||||||
Para
Exportação à Portugal
|
||||||
Número
de Engenhos
|
Branco
Macho
|
Mascavo
Macho
|
Branco
Batido
|
Mascavo
Batido
|
Consumo
Interno
|
|
Bahia
|
146
|
8.000
|
3.000
|
1.800
|
1.200
|
500
|
Pernambuco
|
246
|
7.000
|
2.600
|
1.400
|
1.100
|
200
|
Rio de Janeiro
|
136
|
5.600
|
2.500
|
1.200
|
800
|
120
|
Total Geral
|
528
|
20.600
|
8.100
|
4.400
|
3.100
|
820
|
[1]
Antonio Mendes Jr. et alii, na obra
"Brasil História",
[2]
Ramos, Duilio- in "História da
Civilização Brasileira"
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