10.28.2011

WESSEL, NOVO CONCEITO EM CARNES


Leopoldo Costa.

Em 1830 Márton Wessel e família, abriu seu primeiro açougue na cidade de Tata na Hungria. Tata, no norte do país, próxima a fronteira com a Eslováquia, apesar de ser uma pequena cidade (hoje tem aprox. 25.000 habitantes) era e continua sendo  um importante entroncamento das estradas que  ligam Viena a Budapeste. Durante um século, ainda na Hungria, a família se dedicou ao ramo de açougues e usava a disponibidade de carne que não vendia, na fabricação de salsichas e linguiças típicas, que eram bastante populares. O  filho de Márton, László Wessel  durante a Segunda Grande Guerra foi confinado a um campo de concentração e por ser um hábil açougueiro foi poupado de morte pelas autoridades alemãs. Terminada a guerra continuaram de forma mais reduzida a atividade do comércio de carnes. Em 1956 a Hungria foi invadida pela então União Soviética,  László fugiu com a família para a França e conseguiu com a ajuda de amigos, embarcar no navio Provence com destino a Santos. László não falava nada em português e foi admitido como desossador num frigorífico. Pouco depois em 1958, decepcionado com a maneira de cortar carne no Brasil e da falta de profissionalismo dos açougueiros da capital paulista, conseguiu um empréstimo  e instalou um açougue  diferenciado no bairro do Bexiga, onde já existiam outros dez. László era mestre-açougueiro diplomado na Hungria e trouxe conceitos que revoluciariam a arte de preparo de carnes no Brasil. Mesmo em meio a tanta concorrência, o açougue foi um sucesso, tanto que em menos de um ano os Wessel  pagaram o empréstimo e já estavam em boas condições financeiras. O diferencial dos seus produtos era a qualidade. Lançou  novos cortes conhecidos na Europa,  buscando a clientela dos imigrantes na sua maioria altos executivos alemães que chegavam para trabalhar na Volkswagen e Rhodia, recém-instaladas no Brasil.
Depois, já com uma clientela cativa, teve oprtunidade de apresentar aos brasileiros outros novos cortes, que viriam revolucionar a culinária brasileira, como a picanha. "Eu não gosto de falar isso, mas o Belarmino Iglesias, dono do Rubayat (um dos melhores restaurantes especializados em carne de São Paulo), sempre diz que a primeira vez que ele viu picanha no Brasil foi na Wessel", falou István, o filho de László e herdeiro da tradição familiar, que a partir de 1967 passou a dirigir a empresa. "É um corte muito comum na Europa, mas não para churrasco. Lá eles a fazem cozida, que também fica muito boa", acrescentou, numa entrevista publicada na revista 'Isto É- Dinheiro Rural'. Além da picanha, os Wessel lançaram o carpaccio e o steak tartare. Steak tartare é uma receita clássica, russa,  com carne crua que pode ser servida como aperitivo, entrada ou como prato principal. O prato vem do tempo em que os tártaros comiam carne crua. Na receita do Wessel a carne (filé) é picada na ponta da faca e não moída, o que preserva a textura da carne.
Com o sucesso no Bexiga, em 1974 abriu uma loja na avenida Faria Lima, para atender a clintela rica dos Jardins. A idéia era criar um açougue chique, sem açougueiros, que vendesse a carne já embalada e pronta para o consumo, coisa inimaginável na época. A loja emplacou.
Na época a Wessel já era uma grife da carne, mas ainda pouco explorada. O aproveitamento do apelo da marca aconteceu quando István conheceu o publicitário Júlio Ribeiro, que passou a lhe mostrar a importância de fortalecer sua marca. Seguindo os conselhos do publicitário, István fez com que a empresa familiar crescesse tanto em vendas, quanto em valor de mercado.
A empresa não tem frigorifico próprio e nem fazendas de criação de gado, adquire a matéria prima de grandes frigorificos brasileiros, onde mantem funcionários para auditar a qualidade dos produtos.
Em parceria com a cadeia de supermercados Pão de Açucar e de outras importantes redes, tem hoje quase uma centena de 'corners' nas lojas localizadas em pontos estratégicos da região metropolitana de São Paulo.
Outro grande sucesso da Wessel são seus hambúrgueres,  de picanha, de fraldinha ou de sobrecoxa de frango, fabricados apenas  com a carne que lhe dá o nome e sua gordura. Sem gordura o hambúrguer se torna seco, duro e sem sabor. Os temperos presentes nos hambúrgueres industriais mascaram o  sabor não adequado da carne empregada e da sua gordura e é por esta razão que são utilizados.
Atualmente a empresa é dirigida por Daniel Wessel, filho de István, a quinta geração da família.

Veja também: Bassi, criador do 'steak do açougueiro'

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