Todos os móveis da década de 1950 do hotel e do restaurante, os fogões, as louças e os cristais foram leiloados, como também, os livros de registros de hóspedes, de valor histórico, com as assinaturas de Nat King Cole, Roberto Carlos, Vinicius de Moraes, Nelson Mandela, Di Cavalcanti, Ray Connif e Luciano Pavarotti, entre outros.
O italiano de Bergamo, Fabrizio Guzzoni, filho de um hoteleiro, passou a infância na Suiça, onde seu pai dirigia o hotel Meurice em Lausanne. Depois voltou para sua terra natal, onde a família abriu um hotel. Era casado com a brasileira Antonieta Mendes, nascida em Campinas (SP), que conheceu durante estadia da família dela no hotel dos Guzzoni. Fugindo da recessão econômica que rondava a Europa no período pós-guerra, a familia decidiu vir para o Brasil. Fabrizio, com 33 anos, e Antonieta já tinham dois filhos. Chegaram ao Brasil em fevereiro de 1953. Numa sala alugada, na rua Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo.inaugurou o primeiro restaurante Ca'd'Oro no dia 14 de julho de 1953, Já saiu da Itália com esta intenção, pois trouxe de Bergamo dois chefs de cozinha, Alberto Micheletti e Emilio Locatelli, que ficaram bastante tempo no restaurante. Também queria continuar a tradição hoteleira da família, pois, tinha feito um estágio no hotel Savoy de Londres para se aperfeiçoar.
Três anos depois, estabeleceu um hotel com 50 apartamentos, na rua Basílio da Gama, próximo à praça da República. O restaurante passou a funcionar anexo ao hotel. Em 1962 adquiriu o terreno da rua Augusta e começou a construir aos poucos o hotel de luxo, investindo os lucros do hotel que mantinha na rua Basílio da Gama (fechado em 1980) e algumas economias da família.
Com o término das obras o hotel e o restaurante foram reinaugurados em 15 de julho de 1965 no novo endereço, com grande pompa.
O restaurante Ca'd'Oro era especializado na cozinha tradicional do norte da Itália, que sofreu influências da cozinha francesa. Primava pela austeridade e elegância até exagerada em alguns momentos. Para frequentar o restaurante era exigido o uso de paletó. Personalidades como Pablo Neruda, Jorge Amado, Luciano Pavarotti e o rei Juan Carlos da Espanha, já frequentaram o restaurante.
Um dos pratos que fizeram sucesso foi o cozido 'bollito misto'(carne de vitela, músculo bovino, lingua curada, frango, carne seca, embutidos italianos, legumes, verduras e molho), que era servido às quartas feiras e domingo.Também era oferecido o 'ossobuco com risoto a milanesa', 'risoto de açafrão' e o 'bacalhau a livornense com polenta'. Ático de Souza, que foi maitre do restaurante durante 37 anos, numa entrevista, contou que um cliente que almoçava habitualmente no restaurante, certo dia dizendo que queria comer algo diferente, solicitou a ele que queria pastéis com arroz, feijão e salada. Com alguma resistência do chef italiano, foi atendido e o prato passou a fazer parte do cardápio de sexta feira com bastante sucesso. Giancarlo Bolla, hoje conhecido restaurateur, foi também garçom e maitre do restaurante e testemunhou a reabilitação da 'caipirinha' como drink que Fabrizio protagonizou na década de 1970. Tida como 'bebida de pobre' tornou-se o coqueluche dos turistas e granfinos que frequentavam o restaurante. Era preparada com a melhor cachaça de Salinas, limão taiti , gelo moído e servida em copo 'old fashioned', custando o mesmo preço da dose de uísque envelhecido 18 anos.
Fabrizio faleceu em 2005 com 85 anos e foi sucedido pelo seu filho Aurélio que era assistido pelo neto homônimo (Fabrizio), sobrinho de Aurélio. A promessa da família é no novo empreendimento, respeitar a tradição, bom atendimento e a qualidade que deu fama ao hotel e ao restaurante.
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Prezado Sr. Leopoldo,
ReplyDeleteEm nome da família Guzzoni, eu gostaria de agradecer por esse texto, tão detalhado e generoso. Entretanto, faço questão de enfatizar que nenhum dos 4 "Livros de Ouro" foi a leilão (sem contar 2 Livros de Ouro dos hotéis da família na Itália, com assinaturas de Ernest Hemingway, Bill Evans, entre muitos outros). Todos os seis livros estão carinhosamente armazenados, e jamais iriam a leilão, pois são registros que 'não têm preço'. Além de preservarmos tais preciosidades de valor histórico, como bem disse o Sr., também preservamos nosso extenso e reconhecido acervo de obras de arte.
Cordialmente,
Aurelio Abreu Guzzoni