A década de 1960, que ficou conhecida como 'Os Anos Rebeldes' foi caracterizada pelo espírito de contestação político-cultural de uma juventude bem informada, inconformada com as injustiças sociais, com um governo despótico e corrupto (o Brasil a partir de 1964 vivia a ditadura militar) e com a família 'quadrada', no próprio linguajar da época. Os jovens rebelados contra este 'status quo' criaram um estilo de vida alternativo, usando roupas ousadas (ditas psicodélicas) e deixando os cabelos crescerem. Ouviam e compunham músicas contestatórias que muitas no Brasil, eram censuradas pelo Governo e pregavam 'Paz e Amor'. As bandas 'The Beatles' e 'Rolling Stones' faziam grande sucesso e simbolizam bem esta época, que culminou com 3 dias de 'paz e música' em Woodstock, em 1969, com consumo desvairado de drogas, principalmente LSD, amor livre, nudismo e tendo como fundo a apresentação de vários estilos de músicas dos maiores ídolos internacionais.
No Brasil, nos animados bailes da década de
1960, várias bandas (na época, algumas vezes, chamadas de Conjuntos) faziam
bastante sucesso interpretando rock instrumental e outros gêneros musicais correlatos, tendo como base as guitarras e um bom baterista. A maioria das canções eram releituras de sucessos internacionais, principalmente dos Estados Unidos, da Inglaterra e da Itália. Elas foram as primeiras que possuíam seus
ônibus ou micro-ônibus, que hoje qualquer cantorzinho sertanejo tem, e viajavam principalmente pelo interior
de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, para realizar apresentações em clubes. Muitas vezes o público parava de dançar no salão para ouvir as excelentes interpretações e aplaudir.
Quatro bandas se destacavam e tinham
a agenda cheia, quase sempre, com compromissos assumidos com um ano de
antecedência: 'The Jordans', 'The Jet Black's', 'The Clevers' e 'Os Incríveis'.
THE JORDANS
A banda 'The Jordans' surgiu em São Paulo, no bairro da Mooca,
em 1956 e o nome foi inspirado na banda dos Estados Unidos, 'The Jordanaires',
que ficou bastante conhecida por aqui, acompanhando Elvis Presley nas suas
canções. Em 1968 passou a gravar com o nome de 'Aladdin Band' e encerrou as
atividades em 1975.
Sua formação consagrada foi a seguinte:
Aladdin (Romeu
Mantovani Sobrinho)
Sinval (Olimpio
Sinval Drago)
Tony (José de
Andrade)
Irupê (Irupê Teixeira
Rodrigues)
Neno (Demerval
Teixeira Rodrigues)
Foguinho (Waldemar
Botelho Junior)
Em 1993, Aladdin, Sival, Tony e Foguinho voltaram ao cenário
musical para alegrar os saudosistas.
Dentre os discos da banda temos os seguintes:
1. LP 'A Vida Sorri Assim' de 1962, em que as canções
'Boudha', 'Bull Dog' e 'Susanne' foram de grande sucesso .
2. LP 'Suspense' de 1963, onde destacaram as canções 'Blue
Star', 'Django', 'Charanga' e 'Peter Gunn'.
3. LP 'Surfin' With The Jordans' de 1964 que fez sucesso com
as faixas 'Surfin' in the U.S. A' e 'Shane'.
4. LP 'Os Alucinantes The Jordans' de 1965, com os
sucessos: 'The House of Rising Sun', 'The James Bond Theme' e 'A Hard Days
Night'.
5. LP 'Studio 17' de 1965 que lançou como sucesso 'Tema de
Lara', 'Granada' e 'Not For Sale'.
6. LP 'Edição Extra' de 1967, um dos discos de maior
vendagem e cheio de sucessos, como 'Sunny', 'Midnight in Moscow', 'See You In
September' e 'Black is Black' entre vários.
THE JET BLACK'S
A banda foi formada no início da década de 1960 em São Paulo
com o nome de 'The Vampires' e em 1962 lançou o primeiro disco um 78 rpm,
interpretando dois sucessos do 'The Shadows': 'Apache' e 'Kontiki’.
O nome 'The Jet Black's foi tirado de uma canção de sucesso gravada pela banda inglesa 'The Shadows' e também pela norte-americana 'The
Ventures'.
Seus três LPs de maior sucesso foram 'Hully Gully' de 1962,
que tinha várias faixas com a dança lançada na época, com o mesmo nome do disco e, 'Twist-The Jet Black's
Again' de 1963, também focado na dança twist que era modismo.
Em 1965, lançou o LP 'The Jet Black's' em que as faixas mais
tocadas foram 'Susie-4' e 'Theme For Young Lovers’. 'Hava Naguila' e 'Rhythm Of The Rain' também foram destaques.
'The Jet Black's'
fazia também acompanhamento musical de alguns dos conhecidos cantores, como
Ronnie Cord em 'Rua Augusta' em 1964, Sérgio Reis, Cely Campello e outros.
Em 1965 acompanhou Roberto Carlos no seu LP anual e também
no LP de Deny e Dino. Participava ativamente do programa de televisão 'Jovem
Guarda' entre 1965 e 1967.
A formação original da banda era:
Gato, na guitarra-solo e órgão.
Jurandi, na bateria.
Orestes, na guitarra-base.
Ernestico, no saxofone.
José Paulo, no contrabaixo.
THE CLEVERS
O nome 'The Clevers' foi inicialmente usado pela banda que
passaria a chamar 'Os Incríveis', depois de um desentendimento entre seus
componentes e Antonio Aguilar, que era o proprietário da marca. A banda era
formada pelo vocalista Mingo, Neno (contrabaixo) Netinho (bateria), Risonho
(guitarra) e Manito (saxofone, teclado, etc.).
Um dos memoráveis sucessos da banda foi a releitura de 'El
Relicário'.
Surgiu o nome 'The New Clevers', originalmente 'Les
Celibateurs' e composto pelos guitarristas paulistanos Reno e Francis, que eram
irmãos, Ringo (teclado e saxofone), Tony (contrabaixo) e Betinho (bateria).
Foi no programa de televisão 'Ritmos para a Juventude',
apresentado por Antonio Aguilar, que o nome 'The New Clevers' foi lançado.
Posteriormente adotaram os nomes 'Os Novos Clevers' e
finalmente 'Os Clevers'. Os fãs da antiga banda 'The Clevers' ('Os Incríveis,
então) hostilizavam o grupo.
Com o passar do tempo a banda 'Os Clevers' libertou-se da
comparação com 'Os Incríveis' e alcançou seu lugar no mercado. Dentre seus
sucessos: 'No Reply’, como também 'Not Second Time', versões de canções do 'The
Beatles'.
Seu mais importante disco foi o LP 'Juventude em Guarda', de
1966, uma coletânea de sucessos anteriores. No ano seguinte fizeram sucesso com
'A Lenda de Xanadu'.
Em 1968 os componentes do grupo musical se desentenderam,
sendo que Ringo, Tony e Betinho formaram nova banda, a 'Vox Deorum', convidando
Celinho para ser guitarrista,
Neste mesmo tempo, os irmãos Reno e Francis buscaram no
mercado novos participantes para relançar 'Os Clevers'. Passaram a integrar a
banda Toninho (guitarrista e tecladista) e os irmãos Marco (baterista) e
Marinho (contrabaixista).
A nova banda 'Os Clevers' fazia boas apresentações nos programas
de televisão da época, com destaque especial para a entrega do troféu Roquete
Pinto na TV Record em 1970, onde interpretou o sucesso 'Aquarius'.
Depois de uma fase de pouco deslumbramento a banda encerrou
as atividades em 1974.
OS INCRÍVEIS
Como vimos antes, a banda inicialmente denominava-se 'The
Clevers' e trocaram para 'Os Incríveis' depois da rusga com Antonio Aguilar,
que era o dono da marca.
A banda era formada pelo vocalista Mingo, Neno (contrabaixo)
Netinho (bateria), Risonho (guitarra) e Manito (saxofone, teclado, etc.).
Em 1964, Rita Pavone, cantora italiana que fazia grande sucesso,
veio ao Brasil para apresentar-se na TV Record e teve como acompanhamento musical
a banda, ainda com o nome de 'The Clevers'. Enamorou-se de Netinho, o
baterista, convidando então o grupo para uma turnê na Itália, que graças ao prestígio de
Rita Pavone, teve grande repercussão. Logo depois, fizeram uma série de
apresentações na Argentina também de sucesso.
Em 1965 adotaram o nome 'Os Incríveis' e gravaram num
compacto simples 'Cavalgada' e 'La Yenda'. Muitos dão como a inspiração do nome
‘Os Incríveis’, os gritos histéricos das fãs argentinas, durante as
apresentações do grupo. No ano seguinte lançaram o primeiro LP 'Os Incríveis'.
Em 1967 foi lançado o LP 'Os Incríveis Neste Mundo Louco',
em 1968 o LP 'Os Incríveis Internacionais', em 1969 o LP 'Os Incríveis',
repetindo, imitando Roberto Carlos, o mesmo nome nos LPs de 1970,1971 e 1972.
Em 1974, Manito e Netinho deixam o grupo, fundando cada um
nova banda 'O Som Nosso de Cada Dia' e 'Casa das Máquinas' respectivamente.
O maior sucesso do grupo foi no período da Jovem Guarda
quando lançaram canções como 'Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles E Os
Rolling Stones' em LP de 1967, 'O Milionário' e 'Eu Te Amo, Meu Brasil'.
Outras canções memoráveis: 'Arco Iris' (Kokorono Niji),
'Czardas', 'Molambo', 'O Homem do Braço de Ouro', 'O Vagabundo', 'Perdi Você',
'Isso é Felicidade', 'Vendedora de Bananas' etc.
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