3.29.2012

INTOXICAÇÃO ALIMENTAR


Leopoldo Costa





A intoxicação alimentar é  uma enfermidade gastrointestinal  aguda , provocada pelo consumo de alimentos que contenham algum dos elementos dos três grupos principais de agentes nocivos:
1. Toxinas naturais (presentes em algumas plantas e animais)
2. Toxinas químicas 
3. Microrganismos (principalmente bactérias) e suas secreções tóxicas, presentes em carnes, peixes, frutos do mar e alimentos processados.

A maioria dos casos de intoxicação alimentar aguda é causada por bactérias como a Salmonella, Shigella, Escherichia coli e Staphylococcus e seus produtos tóxicos, que podem causar principalmente o botulismo e a salmonelose.

Entre as toxinas químicas contaminantes de alimentos estão os metais pesados, ​usados ilegalmente​ em agrotóxicos e fertilizantes. Existe também a ocorrência de envenenamento por metais pesados, como por antimônio, estanho, cobre e cádmio, durante o processamento de alimentos ácidos em recipientes inadequados. Alguns aditivos alimentares e conservantes, embora geralmente inócuos em pequenas doses e em curto prazo, podem ter efeito tóxico cumulativo quando ingeridos exageradamente ou durante um longo período.

Além das bactérias e metais pesados existem outros tipos de intoxicação.
1. Por substâncias de origem vegetal (incluindo cogumelos)
2. Por frutos do mar
3. Por peixes

Intoxicação por Substâncias de Origem Vegetal

Os envenenamentos por substâncias de origem vegetal são aqueles provocados pela ingestão voluntária ou involuntária de alguns itens de origem vegetal como certas espécies de ruibarbo, cicuta, timbó, castanhas, nozes, sementes de leguminosas e cogumelos. Trataremos separadamente sobre o envenenamento por cogumelos

Intoxicação por Frutos do Mar

É consequência do consumo de alguns tipos de mexilhões e amêijoas. O veneno é proveniente do plâncton usado como alimento pelos moluscos durante certo tempo do ano. Os sintomas de envenenamento aparecem cerca de 10 minutos após a ingestão destas espécies, inicialmente ocorrendo formigamento e dormência nos lábios e dores nas extremidades dos dedos. Depois a garganta fica seca, a pessoa sente vertigens, desequilíbrio e falta de coordenação motora. Em casos graves ocorre a paralisia respiratória, que se não for atendido rapidamente leva a pessoa a óbito. Se o indivíduo sobreviver as primeiras 12 horas, as chances de recuperação são boas.

Intoxicação por Peixes

É provocado pela ingestão de algumas espécies de peixes de rio e do mar.
No Caribe ocorre o envenenamento conhecido como ciguatera, que é causado pelo consumo de robalo e pargo que vivem na região. Como estes peixes em outras partes do mundo são consumidos sem nenhum problema, procura-se estudar as razões desta toxicidade que ainda não foram determinadas.

Depois da ingestão destes peixes caribenhos, os sintomas de envenenamento podem aparecer imediatamente ou até depois de 24 horas. Estes sintomas podem ser náuseas, vômitos, diarreia, fraqueza, dormência em partes do corpo e dor muscular. Cerca de 10% das vítimas de envenenamento são acometidas de paralisia respiratória e morrem.

No Extremo Oriente acontece o envenenamento pela ingestão de alguns peixes do gênero Tetraodon (família dos baiacus). Estes peixes possuem uma poderosa toxina termoestável (que mesmo depois do peixe cozido ou frito ainda permanece) que afeta o sistema nervoso central, causando inicialmente tontura e formigamento nos lábios e língua seguido por falta de coordenação, convulsões e paralisia respiratória. Mais de 60 por cento dos casos são fatais.
A escombrotoxina é um veneno que aparece em algumas espécies de peixes em início de decomposição, da família do atum e da cavala. Algumas bactérias contaminam a histidina, que é um aminoácido constituinte normal da proteína do peixe, produzindo a toxina, substância que se ingerida é responsável pelos sintomas: náuseas, vômitos, dor de cabeça, dificuldade em engolir, sede exagerada e coceira. Os sintomas geralmente desaparecem depois de 12 horas e os casos fatais não são muitos.
Outras variedades de peixes que podem causar envenenamento em humanos são a moreia e algumas espécies de tubarões.

Intoxicação por Cogumelos

É provocada pela ingestão de algumas espécies de cogumelos, principalmente o conhecido entre nós por 'casinha de sapo'. Existem entre 70 a 80 espécies de cogumelos venenosos e grande parte deles contêm alcaloides tóxicos, como a muscarina, a agaricina e a falina.
Entre os mais venenosos estão a Amanita muscaria e A. phalloides
A ingestão de A. muscaria que contém muscarina e outros alcaloides tóxicos é logo seguida de náuseas, vômitos, diarreia, salivação excessiva, sudorese, lacrimejamento, respiração lenta e difícil, pupilas dilatadas, confusão mental e excitabilidade.

A espécie A. phalloides é muito mais mortal dos que contêm muscarina, pois contém peptídeos estáveis ​ao calor, faloidina e dois tipos de amanitinas, que destroem células de todo o organismo. Até 12 horas após a ingestão dos cogumelos, ocorre dor abdominal violenta, vômito e diarreia com sangue, provocando rápida perda de líquido e sede intensa. Depois aparecem os sintomas de envolvimento grave do fígado, rins, e do sistema nervoso central. Estes efeitos incluem diminuição de urina e queda do açúcar no sangue. Esta situação pode levar ao coma, o qual, em mais de 50 por cento dos incidentes, resulta em morte.

Algumas das vítimas de envenenamento grave por amanitina podem ser tratadas com sucesso, com uma combinação de ácido tióctico, glicose, e penicilina ou filtrando o sangue num filtro de carvão vegetal.

 A espécie Gyromitra esculenta possui uma toxina que não resiste ao cozimento, mas algumas pessoas mesmo assim, sentem o seu efeito. Sabe-se que ela é fonte de monometilhidrazina, substância que afeta o sistema nervoso central e pode provocar icterícia hemolítica.

Nunca se deve ingerir cogumelo, sem a devida identificação da espécie por técnico capacitado.

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