Leopoldo Costa
A intoxicação alimentar é uma enfermidade gastrointestinal aguda , provocada pelo consumo de alimentos que contenham algum dos elementos dos três grupos principais de agentes nocivos:
1. Toxinas naturais (presentes em algumas plantas e animais)
2. Toxinas químicas
3. Microrganismos (principalmente bactérias) e suas
secreções tóxicas, presentes em carnes, peixes, frutos do mar e alimentos
processados.
A maioria dos casos de intoxicação alimentar aguda é causada
por bactérias como a Salmonella, Shigella, Escherichia coli e Staphylococcus
e seus produtos tóxicos, que podem causar principalmente o botulismo e a
salmonelose.
Entre as toxinas químicas contaminantes de alimentos estão
os metais pesados, usados ilegalmente em agrotóxicos e fertilizantes. Existe
também a ocorrência de envenenamento por metais pesados, como por antimônio,
estanho, cobre e cádmio, durante o processamento de alimentos ácidos em
recipientes inadequados. Alguns aditivos alimentares e conservantes, embora
geralmente inócuos em pequenas doses e em curto prazo, podem ter efeito tóxico cumulativo
quando ingeridos exageradamente ou durante um longo período.
Além das bactérias e metais pesados existem outros tipos de
intoxicação.
1. Por substâncias de origem vegetal (incluindo cogumelos)
2. Por frutos do mar
3. Por peixes
Intoxicação por
Substâncias de Origem Vegetal
Os envenenamentos por substâncias de origem vegetal são
aqueles provocados pela ingestão voluntária ou involuntária de alguns itens de
origem vegetal como certas espécies de ruibarbo, cicuta, timbó, castanhas,
nozes, sementes de leguminosas e cogumelos. Trataremos separadamente sobre o
envenenamento por cogumelos
Intoxicação por
Frutos do Mar
É consequência do consumo de alguns tipos de mexilhões e
amêijoas. O veneno é proveniente do plâncton usado como alimento pelos moluscos
durante certo tempo do ano. Os sintomas de envenenamento aparecem cerca de 10
minutos após a ingestão destas espécies, inicialmente ocorrendo formigamento e
dormência nos lábios e dores nas extremidades dos dedos. Depois a garganta fica
seca, a pessoa sente vertigens, desequilíbrio e falta de coordenação motora. Em
casos graves ocorre a paralisia respiratória, que se não for atendido
rapidamente leva a pessoa a óbito. Se o indivíduo sobreviver as primeiras 12
horas, as chances de recuperação são boas.
É provocado pela ingestão de algumas espécies de peixes de
rio e do mar.
No Caribe ocorre o envenenamento conhecido como ciguatera, que é causado pelo consumo de robalo e pargo que vivem na região. Como estes
peixes em outras partes do mundo são consumidos sem nenhum problema, procura-se
estudar as razões desta toxicidade que ainda não foram determinadas.
Depois da ingestão destes peixes caribenhos, os sintomas de
envenenamento podem aparecer imediatamente ou até depois de 24 horas. Estes sintomas
podem ser náuseas, vômitos, diarreia, fraqueza, dormência em partes do corpo e
dor muscular. Cerca de 10% das vítimas de envenenamento são acometidas de
paralisia respiratória e morrem.
No Extremo Oriente acontece o envenenamento pela ingestão de
alguns peixes do gênero Tetraodon (família dos baiacus).
Estes peixes possuem uma poderosa toxina termoestável (que mesmo depois do
peixe cozido ou frito ainda permanece) que afeta o sistema nervoso central,
causando inicialmente tontura e formigamento nos lábios e língua seguido por
falta de coordenação, convulsões e paralisia respiratória. Mais de 60 por cento
dos casos são fatais.
A escombrotoxina é um veneno que aparece em algumas espécies
de peixes em início de decomposição, da família do atum e da cavala. Algumas
bactérias contaminam a histidina, que é um aminoácido constituinte normal da
proteína do peixe, produzindo a toxina, substância que se ingerida é
responsável pelos sintomas: náuseas, vômitos, dor de cabeça, dificuldade em
engolir, sede exagerada e coceira. Os sintomas geralmente desaparecem depois de
12 horas e os casos fatais não são muitos.
Outras variedades de peixes que podem causar envenenamento
em humanos são a moreia e algumas espécies de tubarões.
Intoxicação por Cogumelos
É provocada pela ingestão de algumas espécies de cogumelos,
principalmente o conhecido entre nós por 'casinha de sapo'.
Existem entre 70 a 80 espécies de cogumelos venenosos e grande parte deles
contêm alcaloides tóxicos, como a muscarina, a agaricina e a falina.
Entre os mais venenosos estão a Amanita muscaria e A.
phalloides
A ingestão de A.
muscaria que contém muscarina e outros alcaloides tóxicos é logo seguida de
náuseas, vômitos, diarreia, salivação excessiva, sudorese, lacrimejamento,
respiração lenta e difícil, pupilas dilatadas, confusão mental e
excitabilidade.
A espécie A.
phalloides é muito mais mortal dos que contêm muscarina, pois contém peptídeos
estáveis ao calor, faloidina e dois tipos de amanitinas, que destroem células
de todo o organismo. Até 12 horas após a ingestão dos cogumelos, ocorre dor
abdominal violenta, vômito e diarreia com sangue, provocando rápida perda de
líquido e sede intensa. Depois aparecem os sintomas de envolvimento grave do
fígado, rins, e do sistema nervoso central. Estes efeitos incluem diminuição de
urina e queda do açúcar no sangue. Esta situação pode levar ao coma, o qual, em
mais de 50 por cento dos incidentes, resulta em morte.
Algumas das vítimas de envenenamento grave por amanitina
podem ser tratadas com sucesso, com uma combinação de ácido tióctico, glicose,
e penicilina ou filtrando o sangue num filtro de carvão vegetal.
Nunca se deve ingerir cogumelo, sem a devida identificação da
espécie por técnico capacitado.
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