4.01.2012

OS ANOS DOURADOS DO CAPITALISMO


• O Crescimento Econômico dos Países Centrais no período 1947-1973.
• O Crescimento Econômico dos Países Periféricos no período 1947-1973.
• O Processo de Generalização do Estado de Bem-Estar Social nos Países Centrais.
• A Crise dos Anos Dourados: causas e conseqüências.



A economia mundial, após a Segunda Grande Guerra, alcançou taxa recordes de crescimento. Nesse período, o PIB mundial cresceu 4,9% ao ano. No entanto, embora espantoso, esse crescimento só foi notado em um período de tempo bem posterior aos gloriosos. As profundas mudanças institucionais, realizadas especialmente no que respeita ao papel do Estado, que passou a intervir maciçamente na economia, exerceram um poderoso efeito estimulante sobre o ritmo de crescimento econômico.
O período de 1949-1973 ficou conhecido como os “anos dourados” do capitalismo, um período de exceção da História do Capitalismo, pois se visualizou todos os benefícios que este modelo pode apresentar em detrimento da suavização de seus problemas estruturais. O ciclo virtuoso dos anos dourados se estruturou a partir da sinergia entre os aumentos de produtividade, dos salários reais e da geração de empregos. Mattos (1998) define os anos dourados como a associação de fatores como:

1) fatores técnico-produtivos

• oligopolização dos mercados,
• ganhos de escala,
• investimentos frente à demanda,
• preços rígidos à baixa,
• rentabilidade e produtividade crescente nos setores líderes, e
• vendas em ascensão.

2) fatores políticos - salários reais crescentes, definidos no âmbito das negociações coletivas entre capital e trabalho;

3) fatores sociais - Estado transferindo renda para os excluídos do mercado de trabalho organizado e investido na área social;

4) fatores institucionais - moeda-crédito internacional estável e abundante.
Gerou um ciclo virtuoso de crescimento durante mais de vinte anos, com maior intensidade ainda nos países que estavam fazendo o ‘cathing up’.

AS FASES DOS ANOS DOURADOS:

Immanuel Wallerstein no seu artigo: “Mundialização ou a Era de Transição? Uma visão de longo prazo da trajetória do sistema-mundo”, explica as fases:
• Fase A (1945-1973)
• Fase B (1973-1980) do ciclo do Kondratieff.

Fase A (1945-1973)

Wallerstein analisa a fase A do ciclo de Kondratieff como sendo correspondente ao que os autores da escola francesa denominam de “os 30 anos gloriosos”, igualando com a fase de apogeu e hegemonia mundial dos Estados Unidos após o firmamento da nova ordem mundial pós-1945, que ocasionou da boa situação dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, pois este país foi a única potência industrial que terminou a guerra de maneira praticamente intacta, ao analisar potencial e território.
Os Estados Unidos, através da formação de instituições e acordos internacionais, resolveram um de seus principais problemas para a consolidação de sua hegemonia: a concretização da ordem mundial estável. Outra dificuldade a ser solucionada diz respeito à formação de uma demanda que assegurasse o escoamento da crescente produção dos Estados Unidos. A deliberação para esta dificuldade foi conquistada com o plano Marshall (1947) para a Europa Ocidental, assim como uma ajuda equivalente para o Japão (Plano Colombo) após a Guerra da Coréia (1950-53).

No bojo da Guerra Fria (1945-91), os Estados Unidos se aproveitam para aproximar seus vínculos econômicos a partir de alianças militares. Mesmo com o expressivo número de países que, de nenhuma forma, foram beneficiados com as políticas estadunidenses, como os países de Terceiro Mundo (que se reúnem na Conferência de Bandung – 1955), os Estados Unidos, de maneira geral, não tiveram grandes entraves para a concretização de sua hegemonia nessa fase A.

Essa denominação “Anos Dourados” pode ser justificada como os grandes crescimentos econômicos industriais que aconteceram de repente naquela época. Na URSS a taxa de crescimento foi veloz e as economias da Europa Ocidental também foi muito ágil. Essa velocidade foi mais rápida nos países atrasados do que nos já industrializados.

A Alemanha Oriental teve um crescimento mais devagar que a Alemanha Federal não comunista. No Bloco Oriental o PIB per capita cresceu mais rápido que os grandes países industriais capitalistas. Ainda assim, em 1960 o capitalismo avançava mais que o comunismo. Havia uma reestruturação do capitalismo e avanço na globalização e internacionalização da economia sendo isso uma contrapartida do século anterior que era cheio de depressões e crises. No intento de imitar os EUA vários países aumentaram o desenvolvimento econômico.

O crescimento da economia em diversos países fez com que mudasse os hábitos de consumo da população e desenvolvesse ainda mais a tecnologia. Exemplos disso podemos ver que na Era do Ouro, as pessoas já podiam viajar com mais facilidade, por ter mais recursos financeiros e a preferência era ir às praias. “Antes da guerra, não mais de 150 mil norte-americanos viajaram para a América Central ou o Caribe em um ano, mas entre 1950 e 1970 esse número cresceu de 300 mil para 7 milhões. (US Historical Statistics, vol.I, p. 403)”

A tecnologia também mudou os costumes da população, pois com os Anos Dourados também chegou a geladeira, o freezer, a lavadora de roupas automática, a televisão, discos de vinil, relógios digitais, calculadoras de bolso a bateria, telefone e equipamentos de foto e vídeo. O plástico também começou a ser produzido no período entre guerras. Radares e motores a jato foram construídos no mesmo período e o rádio ficou mais portátil, ele diminuiu o tamanho e também era pilha. Barcos e navios foram reformados e os computadores laptops surgiram logo depois.

As máquinas armamentistas também foram inovadas, a cada poucos meses de uso elas eram trocadas para que os EUA tivessem os armamentos mais poderosos. As indústrias farmacêuticas também criavam novas drogas para o consumo humano.

Os países desenvolvidos naquela época tinham mais de 1.000 engenheiros e cientistas para cada 1 milhão de habitantes. Enquanto no Brasil, no Paquistão, Quênia e Nigéria juntos dava apenas 500 desses profissionais. Os materiais tradicionais como, por exemplo, madeira, metal, fibras e cerâmica foram deixados de lado durante esse período, pois os consumidores só queriam as novidades tecnológicas transformando a vida de todas as pessoas que viveram nessa época em uma nova geração.

As riquezas eram divididas desiguais, mesmo em países que passavam por um grande crescimento nos Anos Dourados. Além da riqueza a comida também era distribuída desigualmente, pois houve uma superprodução em larga escala, mas havia pessoas passando fome do outro lado do mundo. A crescente urbanização e a era do automóvel também foi mundial.

Houve a ampliação do papel do Estado e o chamado pacto de “divisão” da produtividade e também o avanço tecnológico provocado pelas guerras. Nos países com menor desenvolvimento, os Anos Dourados levaram à fome, por causa do grande índice de natalidade. Um exemplo disso é a África, assim, o mundo se familiarizou com a fome endêmica. Países do Extremo Oriente e da América Latina não produziram tanto alimento e passaram a importar dos desenvolvidos em troca de produtos agrícolas mais baratos.



Fase B (1973 até 1980)

Na fase B, Wallerstein começa sinalizando um relevante evento que foi o aumento do preço do petróleo pela Organização dos Países Exportadores do Petróleo (Opep, criada em 1960), onde os principais países exportadores de petróleo formaram um cartel, aumentando, de forma abrupta, o preço do petróleo. Este evento poderia ser analisado como de grande efeito para que países em desenvolvimento pudessem fazer frente aos países desenvolvidos, entretanto, considerando que tal ação só ocorreu após a aprovação de dois grandes aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio: Arábia Saudita e Irã.

Pode-se analisar este evento como positivo para os países desenvolvidos. No final da década de 1960, entretanto, começaram a surgir os primeiros indícios de desaceleração do crescimento econômico, até então sustentado nas políticas macroeconômicas keynesianas e no chamado estado de bem-estar social. Em agosto de 1971, o presidente dos EUA Richard Nixon finaliza a conversibilidade do dólar em ouro. Destarte, o dólar desaparece do cenário econômico como agente do sistema monetário internacional. E esta medida de Nixon demonstrou o poder do dólar, pois este se manteve como moeda-referência internacional.

A concorrência com a produção japonesa e alemã vem apresentando entraves na economia dos EUA. Para Mattos (1998): “O déficit da balança comercial dos EUA é uma demonstração de desgaste da economia americana e mais um impulsionador da perda de credibilidade da moeda americana como referência de valor das reservas de diversos países” (p. 59). O desmantelamento do modelo fordista mina a continuidade dos anos dourados.

Mattos (1998) diz que: “Muitos acordos coletivos deixaram de ser renovados e os salários, diante da nova realidade, deixaram de ser vistos como fonte de demanda global e passaram a ser encarado como custo pelas empresas. Esta reversão da expectativa e as mudanças de mentalidade, geradas pela nova conjuntura, representaram a falência da perspectiva ‘keynesiana’ que predominou durante os ‘anos dourados’” (p. 60).

No final dos anos 60, as medidas de Bretton Woods perdiam valor paulatinamente. Este período de agitação recebeu o nome de “Dilema de Triffin”, que de acordo com Mattos (1998): “A expansão da liquidez internacional estaria limitada pela perda de confiança dos agentes econômicos na conversibilidade do dólar em ouro, dada a crescente desproporção entre as reservas em dólar dos paises e os estoques americanos em ouro” (p. 57).

No plano internacional, o “Dilema de Triffin" realçou, a incapacidade dos EUA simultaneamente assegurarem o aprovisionamento mundial de dinheiro líquido e a manutenção da confiança no dólar como moeda de reserva. Após o aumento do preço do barril de petróleo, tem-se como efeito cascata que a elevação dos preços de quase todos os produtos, e ainda, resultou na diminuição da produção, se destacando como um fato positivo para o entrave causado pela superprodução.

Os países que necessitavam exportar matéria-prima para a conquista de renda enfrentaram severos obstáculos econômicos, sobrecarregados pelo encarecimento das importações. O elevado preço do barril do petróleo favoreceu os países produtores, e também os conglomerados petrolíferos. A partir do superávit de capital, os países produtores de petróleo ampliaram suas despesas, principalmente com a importação de produtos vindos dos países desenvolvidos. E ainda, parte deste capital foi depositado em bancos, com destaque para os estadunidenses e alemães, que passaram a dispor de capital excedente, oprimindo os países que estavam sofrendo com a crise para que estes contraíssem capital em elevadas cifras, com juros. Com isso, o Japão e a Europa começam a se destacar globalmente, diminuindo a hegemonia dos Estados Unidos, que procurou, através de uma série de medidas manter sua hegemonia em patamares sublimes, porém, não conseguiu grande eficácia.

Publicado na Internet (autoria não anotada) sob a forma de Power Point Presentation (PPP). Digitlizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa

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