5.10.2012

BATATA-DOCE, A DELICIOSA BATATA SERTANEJA


O doce mais doce é feito com um tubérculo rústico e resistente, cultivado do Norte ao Sul do país.
A natureza fornece ao homem o alimento necessário à sua sobrevivência. No solo do sertão nordestino, onde as chuvas são raras e minguadas, brota da terra uma planta rude, rasteira, que cresce sem exigir cuidados especiais e é altamente resistente à seca e ao calor comuns na região. A popular batata-doce é fonte de energia, vitaminas e minerais para os sertanejos, que habitualmente a comem cozida na primeira refeição do dia. Hortaliça das mais consumidas não só pelos nordestinos, mas por brasileiros de todo o país, é originária dos Andes peruanos e Sul do México, embora alguns afirmem que também pode ser considerada nativa das terras tropicais brasileiras.


Muito apreciada pelos índios tupis-guaranis, que a denominavam jatica ("fruto enterrado, fincado") bem antes da chegada dos colonizadores portugueses, é tratada em algumas regiões brasileiras como batata-da-terra ou batata-da-ilha. Consumida desde a pré-história, a planta rasteira que lhe dá origem, que remontam a 10 mil anos ainda podem ser vistos em cavernas peruanas. Por lá, a camote, como é conhecida, é acompanhamento corriqueiro de chicharrones, ceviches e da tradicional pachamanca, ensopado de carnes e batatas feito sob pedras vulcânicas incandescentes.

No México, é mais apreciada sob a forma de doce de camote, pasta de batata-doce cozida em calda de açúcar e modelada no formato desejado. Redundância culinária, a adição de açúcar branco ou mascavo, melado de cana ou mel ao seu natural gosto adocicado resulta numa incrível harmonia de sabores. Provavelmente vem daí a fama de "doce mais doce" à qual se refere tradicional trava-línguas infantil. Espalhada pelos colonizadores espanhóis e portugueses pelos quatro cantos do mundo, adquiriu os contornos culinários regionais por onde passou e fincou suas raízes, resultando em novos preparos e modos de consumo. Patata americana na Itália, sweet potato na Inglaterra ou patate douce em terras francesas, ela hoje é iguaria usada em diferenciadas preparações gastronômicas servidas em nobres restaurantes.

A coloração, a doçura e o tamanho dos tubérculos variam de acordo com o tipo cultivado. Apesar de existirem mais de duas mil variedades disponíveis pelo mundo afora, no Brasil as mais produzidas são a roxa, a rosada, a branca, a princesa e a coquinho. Uma mesma variedade pode ter a pele e a polpa de cores diferentes, mas uma coisa é certa: essa doce matéria-prima é rica em vitamina C e betacaroteno(substância antiviral, anticancerígena e antioxidante), que é transformado pelo organismo em vitamina A.

A safra,dessa batata de tantas qualidades está começando, o que significa que ela está chegando fresquinha aos mercados e feiras. A hora é boa para ousar e testar novas e deliciosas receitas. Cozida, assada ou frita, a batata-doce substitui a inglesa em qualquer preparo tradicional. Cortada em finíssimas lâminas, frita e salpicada com um bom curry em pó,torna-se um excelente petisco gourmet. Envolvida em molho branco e gratinada com um queijo fino, tipo manchego,pode ser servida como prato principal.

Por Patrícia Crespo, publicado no caderno "Degusta" do jornal "Estado de Minas" do dia 6 de maio de 2012 com o título de "Batata Sertaneja". Digitado, ilustrado e adaptado para ser postado por Leopoldo Costa.

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