A fruta, cuja origem genuinamente brasileira pode ser reconhecida por lei, se firma como poderoso antioxidante.
Já aconteceu. Em 2003, uma empresa japonesa patenteou o açaí, e o governo brasileiro só conseguiu cancelar o registro quatro anos depois. Autoridades brasileiras do Itamaraty já entraram na Justiça contra a exploração da fruta por empresas americanas, alemães e inglesas. Não faltam motivos para afastar o olho grande do açaí. Em estudos publicados em revistas científicas internacionais no último ano, ele saiu consagrado como um poderoso antioxidante, capaz de ajudar a m exer nas taxas de colesterol, além de ser fonte de proteínas, vitamina E, ferro, cálcio, fósforo e potássio.
O segredo da pequena fruta se chama antocianina, pigmento antioxidante que dá a cor vermelha arroxeada aos alimentos. Apesar de estar presente também em cerejas, morango, ameixa, uva vermelha etc., no açaí a quantidade é bem maior. Para se ter uma ideia, um litro de açaí tem 33 vezes mais antocianina do que a mesma quantidade de vinho tinto, como compara a nutricionista Gabriela Maia. — Uma dessas pesquisas, da publicação americana “Journal of Agricultural and Food Chemistry”, mostra que o organismo consegue aproveitar melhor as moléculas antioxidantes do açaí — explica Gabriela.
Além disso, ele é formado por mais de 50% de gordura monoinsaturada, a “gordura do bem” para o coração e a manutenção dos níveis de colesterol. Para completar, pode dar uma força na dieta, já que é rico em fibras e ajuda no funcionamento do intestino.
Mas nada de sair empolgado e devorar uma dessas tigelas de açaí servidas em lojas de sucos pela cidade. A fruta, que já é calórica (cem gramas têm 247 calorias), vira uma bomba, com quase mil calorias, quando é misturada a xarope de guaraná, banana, granola e mel, como se costuma fazer nesses estabelecimentos. A dica para disfarçar o gosto mais amargo da fruta, e tirar proveito dos benefícios sem pesar na balança, é bater apenas com banana ou morango.
— Costumo dizer que é igual a comida japonesa — diz Gabriela. — No início, a gente estranha um pouco o gosto, até se acostumar e adorar. Recomendo consumir no lanche da tarde. Ele promove muita saciedade, funciona bem nesse horário.
Como estraga muito rápido, por aqui é mais fácil encontrar a fruta congelada em polpa. As opções nas prateleiras dos supermercados e lojas naturais crescem em número e gênero, com sucos, versões em pó e um recém-lançado crispy, uma espécie de cereal que pode ser adicionado a iogurtes e saladas, da Frootiva.
Além de levar a frutinha para o prato, também dá para apostar em seu poder dentro de potes de cosméticos. Por ser rica em nutrientes, a pele pode ser revitalizada e hidratada com produtos à base de açaí. A dermatologista Bianca Wiedemann lembra ainda que os antioxidantes são grandes aliados no combate ao processo de envelhecimento, já que atuam contra os radicais livres, envolvidos na destruição das células do organismo.
— As peles mais ressecadas e maduras são as que mais se beneficiam dele — indica a médica. — Gosto, em particular, das máscaras faciais, que devem ser aplicadas no rosto limpo uma a duas vezes na semana, à noite. Além de máscaras, há sabonetes, loções hidratantes, esfoliantes, óleos e até batons recheados com o ingrediente.
A Clinique, por exemplo, lançou a linha Lip Smoothie, investindo na semente de açaí para não deixar os lábios rachados. Já na coleção de batons da Nars, é o óleo da fruta que enriquece a fórmula. O mais novo produto a chegar na praça é uma máscara para o rosto que associa extrato de açaí com cafeína e acerola.
Marcas de xampus e condicionadores também passaram a incluir a fruta na fórmula de produtos que deixam os fios mais macios e hidratados, como a linha Garnier Fructis. Há ainda óleo reparador para espalhar nas madeixas depois do banho, da Lola Cosmetics. — O açaí pode deixar o cabelo mais estruturado, reduzindo aquele efeito frizz de fios espetados — diz Bianca.
Texto de Isabela Caban, publicado na "Revista O Globo", inserida no jornal "O Globo" de 19 de agosto de 2012, com o título de "Açai Guardiã". Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
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