8.16.2012

UM CARDÁPIO DE CONDUTA PARA O PIANTELLA


Havia um botequim de Brasília chamado Tarantella, frequentado por oposicionistas como Ulysses Guimarães. Mudou o mapa do poder, ele cresceu e passou a chamar-se Piantella. Tem piano, jirau, galeria de frequentadores ilustres e é um point da elite da cidade. Seu dono, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, é advogado de celebridades como José Sarney e Carolina Dieckmann.
Desde o início do julgamento do mensalão, o Piantella tornou-se um centro de eventos constrangedores, com um advogado de mensaleiro pedindo ao pianista que tocasse o tema de “Godfather” e Demóstenes Torres cantando “Deixe-me tentar de novo”.
Houve um restaurante em Washington chamado Signatures. Com sua galeria de autógrafos, entre eles um do czar Nicolau II, foi o point da era republicana. Seu dono, Jack Abramoff, um grande lobista, acabou pegando 34 meses de cadeia e o estabelecimento fechou em 2006.
Guimarães Rosa dizia que nas casas do Beco do Sem Ceroula “gente séria entra mas não passa”. Se a freguesia do Piantella não respeitar um cardápio de boa conduta, virará um lugar por onde gente séria passa mas não entra.

Texto de Elio Gaspari publicado na sua coluna do jornal "O Globo" de 12 de agosto de 2012. Editado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

No comments:

Post a Comment

Thanks for your comments...