Dietas que cortam um único tipo de comida funcionam,mas precisam de prazos.
Verão é sinônimo de sol,mar,praia, piscina.Mas, para alguns e algumas, infelizmente também é sinônimo de biquíni e sunga — e dos pneuzinhos acumulados ao longo do ano. Bate um desespero, e homens e mulheres saem em busca do regime milagroso.
Na pressa para emagrecer,ganham espaço as famosas dietas restritivas, temor dos nutricionistas e esperança de solução para os gordinhos. São aqueles cardápios que cortam inteiramente um grupo alimentar — carboidratos,lactose,glúten — e, por eliminar fontes pesadas de calorias, permitem um emagrecimento rápido e, dizem, sem muito sofrimento.
Os alertas a elas são vários, já que, sem os cuidados devidos,podem deixar o corpo sem vitaminas e minerais importantes.Mas isso não quer dizer que estejam proibidas.
“Uma dieta mais radical no início mostra resultados rapidamente e pode dar a motivação que o paciente precisa para mudar seus hábitos”,diz Izabella Colauto,endocrinologista do hospital Beneficência Portuguesa.
Pierre Dukan que o diga. A dieta sem carboidratos do médico francês, detalhada no livro “Eu Não Consigo Emagrecer”(ed. BestSeller,308 págs.), é um sucesso. O livro foi relançado em versão estendida neste ano no Brasil e há semanas não sai do topo dos mais vendidos nas principais livrarias do país.
Apontada como responsável pela esbelteza da princesa Kate Middletone de parisienses descoladas,a“dieta de Dukan”é uma versão mais equilibrada da antecessora“dieta de Atkins”,pioneira na retirada dos carboidratos da mesa e já consolidada como salvadora da pátria de estrelas de Hollywood,como Jennifer Aniston e Jennifer Lopez.
A diferença é que, enquanto a fórmula do americano Roger Atkins corta carboidratos e favorece as gorduras (ovos com bacon no café, por exemplo), a dieta de Dukan propõe uma divisão mais balanceada: uma primeira etapa só com proteínas (carnes magras, basicamente) e,aos poucos, a reintrodução de carboidratos saudáveis, com massa integral, além de hortaliças, leguminosas e frutas.
“Dentre as dietas que cortam grupos alimentares, essa talvez seja a mais balanceada”,diz a nutricionista Fernanda Maniero.
O carboidrato,por figurar entre os alimentos mais pesados, é só o mais famoso dos nutrientes excluídos nos regimes restritivos.Mas, desde que o dr.Atkins começou a desenvolver sua metodologia, ainda nos anos 1960, muitas dietas restritivas se proliferaram mundo afora.
É o caso da dieta sem glúten, uma proteína adquirida a partir de grãos como trigo, cevada e centeio. É compulsória para pessoas como a atriz Isis Valverde,que, celíaca (disfunção que não realiza a digestão do nutriente), mantém as curvas com base na dieta.
Mas a vida sem glúten vem também ganhando muitos adeptos voluntários — caso da atriz Juliana Paes, que, dois anos depois de ter dado à luz, garante se sentir mais em forma do que antes de engravidar.
O trunfo dessa dieta está em cortar os cereais e a farinha de trigo e, de carona, “inimigos” como pães,bolos, biscoitos,cerveja e vários carboidratos simples,que, se não gastos com exercício, viram gordura.
Também restringe drasticamente a presença de alimentos industrializados, como salgadinhos e pizzas prontas, e derruba o consumo de sal. Resultado:menos retenção de líquido, menos inchaço e,no geral,mais bem estar e boa forma física.
Sem lactose
A mesma lógica se volta contra outros grupos alimentares. Mais recente ícone da moda primavera-verão,a dieta sem lactose não é diferente. Tiram se os laticínios e, com eles, uma lista enorme de alimentos gordurosos: leite integral, queijos amarelos, chantilly, bolachas e bolos recheados, quitutes de padaria e por aí vai.
A ênfase, aqui, também é nos produtos“ in natura”e preparados em casa, como um grelhado com salada bem colorida. Também ganham maiores porções as oleaginosas (como nozes e castanhas) e as comidas e bebidas de soja, que substituem o leite, além demais frutas e verduras.
Com cuidado
Apesar do emagrecimento rápido e das beldades desfilando e propagando suas dietas por aí,os cardápios restritivos, desde Atkins, sempre foram muito controversos e vêm junto com uma série de alertas dos nutricionistas.
“O ideal é que dietas muito limitadoras sejam feitas por no máximo um mês”, recomenda a endocrinologista Cristina de Oliveira.“E,durante o processo, deve-se ficar atento a possíveis sintomas”, completa a profissional, citando sinais de fraqueza como dor de cabeça e cansaço.
No caso do corte da lactose, por exemplo,a ausência da maior fonte de cálcio pode ser preocupante a longo prazo — para se ter uma ideia,a quantidade diária indicada para adultos é de 1.200 mg de cálcio. Um copo de leite possui 250 mg, e 100 gramas de espinafre,um dos vegetais mais ricos no mineral, têm apenas 80 mg dele.
Após um determinado período, as lições aprendidas podem ser absorvidas e utilizadas em uma rotina alimentar constante e mais balanceada. Mais frutas e saladas,menos laticínios gordurosos, menos carboidratos calóricos — mas não necessariamente a ausência completa deles.
A DIETA IDEAL
Sugestão de cardápio balanceado e com um pouco de tudo
CAFÉ DA MANHÃ
* Leite desnatado com cereal integral
* 1 fatia de mamão picada
LANCHE DA MANHÃ
* 1 fruta
ALMOÇO
* Salada de folhas + cenoura + tomate
* Peixe grelhado com quiabo refogado + arroz integral + pouco feijão
* 2 rodelas de abacaxi
LANCHE DA TARDE
* 1 iogurte light ou 0% gordura
JANTAR
* Salada de folhas + pepino + abobrinha + cenoura + tomate
* Macarrão integral com molho fresco de tomate e carne vermelha moída magra
* 1 copo de suco de melancia
(Fonte: Fernanda Maniero, nutricionista)
Texto de Cynthia Costa publicado na revista "São Paulo" de 2 a 8 de dezembro de 2012 e inserido na "Folha de S. Paulo" de 2 de dezembro de 2012. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
Obrigada. Boa matéria, como sempre. Vou seguir a sugestão. Um abraço!
ReplyDelete