10.08.2015

ARGENTINA E BRASIL - RETRATO DE 1938.

Leopoldo Costa



PREÂMBULO

Escolhemos o ano de 1938 para tirar um retrato da Argentina e do Brasil, comparando alguns dados importantes. A escolha da data foi determinada por ser o ano anterior ao início da Segunda Grande Guerra que durou de 3 de setembro de 1939 a  2 de setembro de 1945, com a rendição do Japão após o lançamento de duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki.

A derrota da Alemanha na Primeira Grande Guerra favoreceu  o surgimento do Nazismo em 1933, inicialmente até aceita pelas potências ocidentais como uma maneira de combater a expansão do comunismo da União Soviética .A Alemanha, desrespeitando o Tratado de Versalhes que a proibia de se armar e ter exército, esta começou a produzir armas e a  alistar soldados. Procurou-se  aliar e ajudar financeiramente o fascismo italiano de Mussolini  (surgido em 1919) e a apoiar o golpe de Franco na Espanha.

A situação mundial era tensa. Os Estados Unidos com o "New Deal" de Franklin Roosevelt (eleito em primeiro mandato em 1933)  estabeleceu normas rígidas na economia para tentar sair da crise provocada pela quebra da Bolsa de Nova York. O Brasil estava sob a ditadura de Getúlio Vargas, denominada "Estado Novo".

Hitler decidiu invadir e ocupar a Polônia. A Polônia era suportada militarmente pela França e  Grã Bretanha.  Preparando-se para isto, Hitler assinou com a União Soviética, em sigilo, um pacto de não agressão mútua e um protocolo estabelecendo que após a invasão o país deveria ser dividido entre as duas potências: Uma terça parte para a Alemanha e dois terços para a União Soviética. A invasão ocorreu no dia 1 de setembro de 1939. No dia 3 de setembro a França e a Grã Bretanha declararam guerra à Alemanha começando assim a Segunda Grande Guerra. No dia 17 de setembro as tropas da União Soviética também invadiram a parte oriental da Polônia, ocupando a parte conforme tinham acordado. Em abril de 1940 a Alemanha invadiu a Dinamarca. Em 10 de maio foram invadidas a Bélgica, a Holanda e a França, esta  assinando a rendição em 22 de junho de 1940.

POSICIONAMENTO DO BRASIL NA GUERRA

O governo brasileiro na época sob o ditador Getúlio Vargas proclamava que era neutro, mas dava esperança de apoiar ambos os lados em conflito. Recebia da Alemanha armamentos e dos Aliados, principalmente dos Estados Unidos, promessas de vultosos empréstimos para o estabelecimento da Companhia Siderúrgica Nacional. Teve em setembro de 1940 um navio que trazia armamentos alemães para o Brasil apreendido em Lisboa pela marinha britânica, criando um grave incidente diplomático. O ministro da Guerra general Eurico Gaspar Dutra (que era considerado um germanófilo) propôs a declaração de guerra ao Reino Unido. O impasse foi enfim resolvido diplomaticamente, mas deixou sequelas.

Em 8 de dezembro de 1941 os japoneses atacaram a base militar dos Estados Unidos em Pearl Harbor no Havaí, provocando a declaração de guerra ao Japão. Pelo acordo do Eixo a Alemanha e a Itália defenderiam o Japão. O Brasil declarou sua solidariedade aos Estados Unidos.

Em 14 de fevereiro de 1942 o navio mercante brasileiro "Cabedelo" foi torpedeado por um submarino alemão em águas territoriais brasileiras. No dia 18 de agosto houve uma gigantesca manifestação popular que pedia a declaração de guerra à Alemanha e a Itália, o que foi assinado pelo Getúlio Vargas no dia 31 de agosto. Empresas alemãs e italianas entre as quais as companhias aéreas Condor ( da Lufthansa) e a italiana LATI, foram encampadas pelo governo para cobrir os prejuízos com a destruição do navio "Cabedelo" e das ações de sabotagem e espionagem dos agentes do Eixo, germanófilos e integralistas. Em represália outros 35 navios brasileiros foram torpedeados pelos alemães (todos mercantes e alguns até em águas territoriais dos Estados Unidos) causando muito prejuízo e  quase 1.000 mortes. O governo encampou outras empresas  alemãs, italianas e japonesas. Até os clubes de futebol Palestra Itália de São Paulo e de Belo Horizonte tiveram que trocar os nomes. O de São Paulo adotou o nome de Palmeiras e o de Belo Horizonte adotou o nome de Cruzeiro.

Em janeiro de  1943 Getúlio Vargas encontrou-se com Franklin Roosevelt em Natal onde combinaram  a manutenção da base militar dos norte-americanos na cidade (instalada em novembro de 1942) e o envio de tropas brasileiras para a guerra. No dia 10 de maio de 1944 foi enviado o primeiro batalhão da Força Expedicionária Brasileira para a Itália.

POSICIONAMENTO DA ARGENTINA NA GUERRA

A neutralidade da Argentina na Segunda Guerra Mundial (decreto de 4 de setembro de 1939) foi mantida pelo desejo de continuar abastecendo a Grã Bretanha com carne e outros alimentos que contrapunha a simpatia de muitos argentinos, principalmente da colônia italiana pelo nazifascismo. Num gesto de grande simbologia o ex-presidente Justo compareceu à embaixada do Brasil em Buenos Aires oferendo ele e sua espada para lutar contra o Eixo.

Os britânicos  entenderam o posicionamento da liderança política argentina durante a guerra, ou toleraram pois dependiam de fornecimento da Argentina para alimentar as tropas. Os Estados Unidos promoveram um embate ideológico contra a Argentina, interpretando as decisões do governo argentino como adesão ao nazifascismo. Em 1938, Juan Domingo Perón, futuro ditador era tenente coronel do exército. Era apologista do nazifascismo e tinha grande influência no governo.

Depois do término da guerra foram descobertas provas da intenção dos alemães de invadirem o sul do Brasil através da Argentina para a constituição de um estado alemão. Na década de 1930 existem estatísticas que informam que 1 em cada 4 habitantes de Santa Catarina tinha a língua alemã como língua de uso cotidiano. O Brasil temia esta invasão alemã com o apoio dos argentinos. Documentos secretos do Conselho de Segurança Nacional do Brasil datados de 1938 destacavam que as escassas forças do exército estabelecida na região não teriam condições de impedir um ataque argentino.

Em abril de 1945 a Argentina declarou guerra a Alemanha, quando o conflito já estava terminando. Foi uma declaração proforma, com o intuito de permitir a entrada do país  na recém criada ONU (Organização das Nações Unidas). Houve desaprovação de sua entrada pelos Estados Unidos e outros países aliados A admissão na ONU só foi permitida  em agosto de 1945 com o apoio nas nações latino americanas.



BRASIL E ARGENTINA EM 1938

A Alemanha ( a maior potência militar da Europa), liderada por Adolf Hitler e a Itália liderada por Benito Mussolini, depois de uma série de entendimentos, celebraram um acordo em 25 de outubro de 1936. Pretendiam dividir a Europa entre eles. Depois foi seguido por um acordo celebrado em 25 de novembro de 1936 entre a Alemanha e o Japão, visando combater o expansionismo do comunismo liderado pela União Soviética.  Tudo foi formalizado pelo Acordo de Steel em 22 de maio de 1939 e pelo Pacto Tripartite (Alemanha, Itália e Japão ) em 22 de setembro de 1940. Qualquer agressão a um dos pactuados seria uma agressão a todos.

O Brasil, comandado pelo ditador Getúlio Vargas, tinha simpatia pelo fascismo e nazismo e  muitas vezes recebia  especial atenção de Mussolini e Hitler,conforme documentação do arquivo pessoal do próprio Getúlio. Permitia que fosse organizado núcleos de apoio a ambas as facções, principalmente no sudeste e sul do país. Permitiu e até incentivou a ascensão do Integralismo, que seria uma variante tupiniquim do nazifascismo europeu.

A Argentina também adotava procedimento semelhante. Os imigrantes italianos tinham grande representatividade no país, onde um quinto da população era de imigrantes. Existia desde 1931 um forte Partido Nazista apoiado pelo governo alemão.

A Alemanha era um importante parceiro comercial para o Brasil e para a Argentina.  Em 1938 a Alemanha era o mercado para 9.7% das exportações da Argentina e 19,1% das exportações brasileiras. Nas importações representavam 10,1% para a Argentina e 25% para o Brasil.

Porém a Grã Bretanha era mais importante para a Argentina: representava o maior destino de suas exportações (32,8%) e também de onde os argentinos compravam a maior parte dos equipamentos e insumos (18,3%). Estava em vigor desde 1933 o Acordo Roca-Runciman que garantia uma parcela do mercado britânico de carnes aos exportadores argentinos sem pagamento de tarifas. A Argentina tinha também 2.158,3 milhões de dólares de investimentos britânicos.

Para o Brasil  a Grã Bretanha tinha menos importância. Era o destino de  8,8% das exportações (3º  maior) e a origem de 10,4% das importações (também 3º maior). Para o Brasil os Estados Unidos era o maior destino das exportações ( 35,1%) e o segundo maior fornecedor (24,2%), apenas suplantado pela Alemanha. Os investimentos britânicos no Brasil totalizava 1.284,9 milhões de dólares, 40% menor do que os investimentos na Argentina.

Para a Argentina,  os Estados Unidos, pais  concorrente  no mercado mundial de grãos, era o terceiro maior comprador com 8.5% do total e  o segundo maior fornecedor com 17,6% do total.

A política externa dos Estados Unidos trabalhava para ter e manter o Brasil na sua órbita, temendo a possibilidade do seu alinhamento com a Alemanha/Itália ou com a União Soviética. Era de conhecimento público que alguns aliados de Getúlio Vargas, como Luís Carlos Prestes, eram comunistas declarados. Outros, como Eurico Gaspar Dutra, eram germanófilos.

Getúlio Vargas habilmente aproveitou  desta situação provisória de neutralidade na eminência da guerra. Conseguia comprar armamentos da Krupp da Alemanha e recebia dos Estados Unidos financiamentos para equipar o Exército e erigir uma indústria siderúrgica.  A Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda RJ foi criada em 1941 com empréstimos dos Estados Unidos.

Por sua vez, a Argentina, de 1938 a 1942 dirigida por Roberto M. Ortiz  pautou sua diplomacia  pelo "pragmatismo mercantilista". Manteve a neutralidade no conflito apesar da pressão exercida pela Grã Bretanha e Estados Unidos para que apoiasse os Aliados. Preferiu ter a liberdade para vender suprimentos e comprar equipamentos de ambos os beligerantes. Apesar de ser uma situação difícil de sustentar não foi agredida por nenhum dos lados. Não teve um navio torpedeado. Os beligerantes precisavam  do abastecimento da sua carne e de seus cereais.

POPULAÇÃO

Em 1938 a Argentina contava com 12.957.000 de habitantes, o que representava 14,2% da população da América do Sul. 88% era da raça branca. 20%  dos habitantes não tinham nascido no país, a  maioria destes de origem italiana.

 O Brasil tinha 39.900.000 habitantes, representando 43,7% da população da América do Sul. 60% dizia-se branco e 25% mestiço.

Buenos Aires com 2.345.221 habitantes  era a maior cidade do Hemisfério Sul, seguido por Rio de Janeiro (1.563,787 hab.) e São Paulo (1.253.943 hab.). Como comparação, apenas a cidade de Nova York com 7.454.995 habitantes  era tão populosa quanto  a soma dos habitantes das cinco maiores cidades argentinas (Buenos Aires, Rosario, Avellaneda, Corrientes e Santiago del Estero) somado com a  população  das cinco maiores cidades brasileiras ( Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador e Porto Alegre).

COMÉRCIO EXTERIOR

A Argentina e o Brasil destacavam-se apenas como exportadores de produtos  de origem agropecuária.  A Argentina era mais atuante do que o Brasil  no mercado externo apesar de ter menor superfície territorial e menor população. Em 1938 a Argentina movimentou 833.9  milhões de dólares (média de 64 dólares per capita) e o Brasil 623,7 milhões de dólares (média de 16 dólares per capita).

A Argentina exportou 411,8 milhões  de dólares (média de 32 dólares per capita). Relativamente foi mais eficiente que os Estados Unidos que exportou a média de 23 dólares per capita e a Alemanha que exportou a média de 26 dólares per capita. O maior item da pauta de exportação foi a carne (13,1% do total), seguido pelo trigo (12,9% do total),  pela linhaça (12,9% do total), pelo milho (11% do total) e pela lã (7,1% do total). Observa-se que estes 5 itens  representaram mais da metade (57%) de todas as exportações.

O Brasil exportou 308,9 milhões de dólares (média de 8 dólares per capita). O maior item da pauta de exportação foi o café (38,4% do total), seguido pelo algodão (15,6% do total), linhaça (14,7% do total), cacau (3,6% do total)  e couros (3,5% do total). Os cinco itens representaram mais de três quartos (76%) de todas as exportações brasileiras.

Para a Argentina os cinco maiores destinos de suas exportações foram a Grã Bretanha (32,8% do total), Alemanha (9,7% do total), Estados Unidos (8,5% do total), Bélgica (7,4% do total) e Holanda (7,4% do total). A participação dos cinco maiores importadores na pauta somam dois terços do total e apenas a Grã Bretanha quase um terço (principalmente de carne e milho). Existe uma divergência de dados entre o que a Argentina registrou como exportado de carnes para a Grã Bretanha (US$ 62,6 milhões) e quanto a Grã Bretanha registrou como recebido da Argentina (US$ 74,3 milhões). O mesmo acontece com os dados sobre milho: a Argentina registrou como exportado US$ 16,0 milhões e a Grã Bretanha registrou como recebido US$ 26,6 milhões.

Para o Brasil os cinco maiores destinos das exportações foram os Estados Unidos (35,1% do total), Alemanha (19,5% do total), Grã Bretanha (9% do total), França (6,5% do total) e Japão (4,7% do total). A participação dos cinco maiores importadores na pauta somam  também dois terços do total e realça a forte dependência do mercados dos Estados Unidos, principalmente pelo café (54% do total exportado).

Em 1938 a Argentina importou 422 milhões de dólares  (média de 33 dólares per capita). O maior item da pauta de importação  foi têxteis ( 20,3% do total), seguido por petróleo/combustíveis (16,1% do total), maquinas/veículos (16% do total) ferro/aço (9,1% do total) e insumos para alimentos (6,6% do total). Observa-se que estes 5 itens  representaram mais de dois terços(68%) de todas as importações.

O Brasil no mesmo ano importou 314,8 milhões de dólares (média de 8 dólares per capita). O maior item das importações brasileiras foi máquinas/veículos (34% do total), seguido por trigo (10,4% do total), ferro/aço (10% do total), petróleo/combustíveis (8% do total) e carvão mineral (5,1% do total). Os cinco maiores itens foram responsáveis também por mais de dois terços (67,5%) de todas as importações.

Para a Argentina as cinco maiores origens das importações foram a Grã Bretanha (18,3% do total), Estados Unidos (17,6% do total), Alemanha (10,1% do total), Itália (5,5% do total) e Bélgica (5,2% do total). A participação dos cinco maiores fornecedores alcançou 57%, existindo um relativo equilíbrio em o fornecimento da Grã Bretanha e dos Estados Unidos. A Argentina foi a  segunda maior compradora de veículos dos Estados Unidos, só superada pela Africa do Sul.

Para o Brasil as cinco maiores origens das importações foram a Alemanha (25% do total), Estados Unidos (24,2% do total), Argentina (11,8% do total),Grã Bretanha ( 10,4% do total) e Bélgica (4% do total). A participação dos cinco maiores fornecedores totalizou três quartos do total, havendo um equilíbrio entre o fornecimento da Alemanha e dos Estados Unidos.

AGROPECUÁRIA

Na Argentina os cinco maiores itens de produção agrícola no ano de 1938 foram: trigo (6.228 mil tons), milho (4.877 mil tons), cana de açúcar (4.639 mil tons), mandioca (1.708 mil tons) e uvas (1.429 mil tons). A produção de trigo foi de 480 kg por habitante e a de milho de 376 kg por habitante. Nos Estados Unidos no mesmo ano a produção foi de 212 kg de trigo por habitante e 489 kg de milho por habitante.

O Brasil produziu no mesmo período: cana de açúcar (18.278 mil tons), mandioca (6.637 mil tons), bananas (2.204 mil tons), café (1.614 mil tons) e algodão (1.604 mil tons). A produção per capita de algodão foi de 40 kg e a de milho de 15 kg.

Na Argentina  o rebanho bovino era de 33,2 milhões de cabeças (2,6 animais por habitante), o rebanho ovino de 43,7 milhões de cabeças (3,4 animais por habitante) e o rebanho de equinos de 8,5 milhões de cabeças (0,7 animal por habitante).

No Brasil o rebanho bovino era de 41,9 milhões de cabeças (1,05 animal por habitante), o rebanho ovino de 14,2 milhões de cabeças (0,4 animal por habitante) e o rebanho de equinos de 6,7 milhões de cabeças (0,2 animal por cabeça).

Como comparativo, no mesmo ano de 1938, o rebanho dos Estados Unidos era o seguinte: 66,1 milhões de bovinos (0,5 animal por habitante), 52,7 milhões de ovinos (0,4 animal por habitante) e 11,1 milhões de equinos (0,08 animal por habitante). Podemos constatar que era muito eficiente a pecuária argentina.

TELECOMUNICACÕES

Na Argentina existiam 377.473 linhas telefônicas (média de 29 unidades por mil habitantes) e no Brasil existiam 241.561 linhas ( média de 6 unidades por mil habitantes). Como comparação, nos Estados Unidos haviam 19.953.000 linhas telefônicas (média de 151 por mil habitantes.

Na Argentina funcionavam 42 emissoras de rádio, no Brasil 65 emissoras e nos Estados Unidos 747 emissoras.  Aparelhos rádio-receptores haviam 800.000 na Argentina (média de 62 aparelhos por mil habitantes), 500.000 unidades no Brasil (média de 13 aparelhos por mil habitantes) e 40.800.000 nos Estados Unidos (média de 310 por mil habitantes) .

TRANSPORTES

A Argentina tinha 42.450 km de estradas de ferro e o Brasil 32.531 km. Considerando a superfície dos países, a média por quilometro quadrado de área era respectivamente: Argentina 15 metros por km² de área e o Brasil 4 metros por km² de área. Como referência, os Estados Unidos tinham 25 metros por km² de área.

De estradas de rodagem a Argentina tinha 422.710 km e o Brasil tinha 204.301 km. Considerando a superfície dos países a média por quilômetro quadrado de área era respectivamente: Argentina 151 metros por km² de área e o Brasil 24 metros por km² de área. Os Estados Unidos tinham 313 metros por km² de área.

Na Argentina rodavam 275.300 veículos automotores ( média de 21 unidades por mil habitantes) e no Brasil rodavam 170.196 veículos( média de 4 unidades por mil habitantes).

A Argentina tinha 303.000 toneladas brutas de navios e o Brasil 204.301 toneladas brutas.

DEFESA NACIONAL

O orçamento anual de 1938 para as despesas com as forças armadas era de 54,7 milhões de dólares na Argentina e de 63 milhões de dólares no Brasil. Na Argentina esta despesa representava o gasto médio de 4 dólares por habitantes e no Brasil o gasto médio de 2 dólares por habitante. Por sua vez, na Argentina esta despesa equivalia a 14,2% de todas as despesas governamentais e no Brasil a 26,8%.

O efetivo do Exército era de 332 mil pessoas na Argentina e de 312.000 no Brasil. Na Marinha era de 15.500 pessoas na Argentina e de 6.000 pessoas no Brasil e na Aeronáutica era de 2.023 pessoas na Argentina e de 2.700 pessoas no Brasil.

FINANÇAS

A divida do governo argentino em 1938 era de 1.286,7 milhões de dólares, sendo 77% de dívida interna e 23% apenas de dívida externa.  Como a receita bruta do governo era de 297,4 milhões de dólares, necessitaria  4,3 anos para pagar a dívida, sem considerar nenhuma outra despesa.

A dívida do governo brasileiro era em 1939 de  547,6 milhões de dólares, sendo 84% de dívida interna e 16% de divida externa. Como a receita bruta do governo era de 230 milhões de dólares, seria necessário 2,4 anos para pagar a dívida, sem considerar nenhuma outra despesa.

FUTEBOL

Desde a segunda década do século XX começou a rivalidade entre o Brasil e a Argentina. Primeiro nos campos de futebol onde cada seleção representando o país pretendia ser melhor do que a outra. Nas partidas de futebol sempre  havia brigas e insultos entre os jogadores e as torcidas.

A Copa América, disputa entre as seleções sul americanas que começou em 1916 em Buenos Aires, foi o palco preferido para estes embates, quando as torcidas se digladiavam.  Até 1938 houve 13 torneios. A Argentina foi primeira colocada em cinco e segunda colocada em sete. Por sua vez, o Brasil foi primeiro colocado em dois torneios e segundo colocado em três torneios. No 13º torneio realizado em Buenos Aires entre os dias 24 de dezembro de 1936 e 2 de janeiro de 1937 a seleção argentina foi campeã na disputa de empate com o Brasil, quando venceu por 2 a 0.

O Campeonato Mundial de Futebol, organizado pela FIFA desde 1930, também é um evento que aquecia as rivalidades. Até 1938, nem o Brasil nem a Argentina conseguiu ser campeão. Apenas a Argentina obteve um segundo lugar  no torneio de 1930 realizado em Montevidéu, quando apenas 13 seleções nacionais foram representadas.

Esta rivalidade expandiu-se e passou para outros ambientes. Muitas piadas de brasileiros são contadas pelos argentinos e vice-versa.

Nota:
A maioria dos dados estatísticos brutos foram obtidos na "Encyclopedia Britannica World Atlas" edição de 1951.

No comments:

Post a Comment

Thanks for your comments...