1.31.2020
CINCO GUERRAS CAUSADAS POR MOTIVOS BIZARROS
Humanos versus avestruzes, uma disputa causada por um cão que fugiu... conheça as origens de alguns dos conflitos mais inusitados da história.
Uma guerra pode começar pelos mais diversos motivos: honra, glória, liberdade, posse de recursos naturais, sentimento de ameaça... e outras questões, digamos, menos nobres. Você sabia que australianos já entraram em conflito com aves que são parentes do avestruz? E que Honduras e El Salvador guerrearam por causa de uma partida de futebol?
Saiba mais sobre esses e outros conflitos bizarros
1. Guerra dos Emus
Não é de hoje que a Austrália sofre com animais que se tornaram pragas em todo o território. Em 1932, mais de 20 mil emus – primos do avestruz – migraram depois da temporada de reprodução, indo do interior à costa, e começaram a invadir territórios particulares, destruindo plantações em fazendas.
Em resposta, o exército australiano declarou guerra a esses animais ao enviar um contingente de soldados armados com metralhadoras Lewis e 10 mil cartuchos para matar os bichos. Porém, os emus eram rápidos e muitos continuavam correndo mesmo após serem baleados.
Segundo o major G.P.W. Meredith, comandante da operação, os animais eram mais espertos do que se pensava: formaram uma tática de guerrilha e tinham um líder, que vigiava os soldados enquanto o restante saqueava trigo. O líder ainda dava um sinal quando os humanos atiravam, fazendo com que todos corressem. Resultado? Após semanas de combate, o governo reconheceu a derrota e as aves venceram.
2. Guerra do Lijar
Em 1883, a cidade espanhola de Lijar, com apenas 300 de moradores (número que não mudou até hoje), declarou guerra à França após o então rei da Espanha, Alfonso XII, ser hostilizado em Paris. Apesar do fato não ter abalado as relações entre os dois países, a cidade estava certa de sua decisão e o conflito durou cem anos, mesmo sem um tiro sequer.
Noventa e três anos depois, o rei espanhol Juan-Carlos fez uma viajem a Paris e foi bem tratado pelos moradores locais. O prefeito de Lijar comentou que “levando-se em conta a excelente atitude dos franceses”, eles iriam cessar as hostilidades. Em 1983, um acordo de paz foi assinado entre a cidade e a França.
3. A guerra do cão que fugiu
No início do século XX, a relação entre Grécia e Bulgária não estava muito amigável por conta de guerras passadas. Para piorar, grupos radicais búlgaros organizaram excursões nas fronteiras para causar pequenas disputas. Um desses grupos controlava a cidade de Petrich, que faz divisa com a Grécia. Em 19 de outubro de 1925, um grego foi baleado ao atravessar a fronteira perseguindo seu cachorro fugitivo.
O governo da Bulgária, percebendo o risco do ocorrido, até tentou se desculpar com o país vizinho, mas não adiantou: a Grécia declarou guerra e invadiu Petrich. A Bulgária pediu ajuda à Sociedade das Nações (uma espécie de ONU que existia naquela época) para impedir a batalha, que acabou matando 100 soldados e rendeu uma multa de 45 mil libras aos gregos. Ninguém sabe em qual lado ficou o cachorro.
4. A Guerra do Futebol
A tensão entre El Salvador e Honduras não é de hoje. Na década de 1950, os dois países se estranhavam por causa de questões migratórias: El Salvador tinha 3 milhões de habitantes em um território menor que o estado de Sergipe (o menor estado brasileiro), fazendo com que muitas pessoas migrassem para o país vizinho, maior e menos populoso. A situação piorou quando o governo hondurenho começou a deportar os imigrantes.
Além da crise imigratória, os países também disputavam fronteiras no mar e na terra, como algumas ilhas do Golfo de Fonseca, localizado no Oceano Pacifico.
Com os ânimos à flor da pele de ambos os lados, não faltava muito para que uma verdadeira guerra começasse. O estopim foi causado em 1969, por uma simples partida de futebol entre os dois países – que valia um lugar na Copa do Mundo do ano seguinte. O jogo terminou em 3x2 para os salvadorenhos, e as relações diplomaticas com Honduras foram rompidas. Duas semanas depois, no dia 14 de julho, os combates armados entre as forças militares nacionais começaram, incluindo o uso de armamento pesado utilizado na Segunda Guerra Mundial.
O cessar-fogo veio quatro dias depois, na noite do dia 18 de julho, graças à intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). Mas o estrago já havia sido feito: mais de 6 mil pessoas morreram no conflito, a maioria civis hondurenhos. Até hoje existem desavenças entre os dois países.
5. A guerra que durou 335 anos
Uma guerra travada entre a Holanda e as Ilhas Scilly, na Inglaterra, foi o confronto mais duradouro da história, mas também, o que menos teve consequências – não houve um tiro sequer. Em 1651, as nações disputaram um pequeno arquipélago, que pertencia ao Reino Unido. O clima de desavença durou apenas 3 anos e, por falta de um tratado, a guerra percorreu por mais 331 anos.
Em 1985, Roy Duncan, um historiador e político que representava as Ilhas Scilly convidou o embaixador holandes, que residia em Londres, para visitar o arquipélago, fazendo com que eles assinassem um tratado de paz e encerrassem a guerra mais longa de todos os tempos.
Texto de Leticia Rodrigues (Com supervisão de Luiza Monteiro), publicado na revista "Galileu" janeiro 2020, disponível em evistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/01/conheca-historia-de-5-guerras-causadas-por-motivos-bizarros.html?utm_source=notificacao-geral&utm_medium=notificacao-browser. Digitalizado, editado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

No comments:
Post a Comment
Thanks for your comments...