Ella Williams, conhecida como "Mme Abomah", foi uma artista extraordinária que desafiou as convenções sociais, demonstrando uma resiliência extraordinária. Nascida em 1865 na Carolina do Sul, filha de pais ex-escravos, a sua vida mudou radicalmente aos 14 anos, quando, após um episódio de malária, passou por um impressionante surto de crescimento que a levou a mais de 2,4 metros de altura. A sua estatura e carisma tornaram-na famosa internacionalmente.
Em 1896, Williams juntou-se ao promotor Frank C. Bostock, adotando o nome artístico de Mademoiselle Abomah, uma homenagem à capital do Reino de Daomé. Anunciada como uma "gigante" e suposta membro das lendárias Amazonas do Daomé, Abomah conquistou o público mundial com o seu charme e presença em palco. As suas digressões levaram-na à Europa, Austrália, Nova Zelândia, América do Sul e Cuba, onde se tornou um símbolo celebrado de força, elegância e beleza.
A sua carreira representou uma resposta estratégica ao racismo desenfreado nos Estados Unidos. Na Europa, era frequentemente recebida com entusiasmo pelo público, que admirava o seu talento único e o seu porte majestoso. O seu guarda-roupa, cuidado nos mais pequenos detalhes, ajudou a reforçar a sua imagem de requinte, elevando-a a um estatuto quase real aos olhos dos seus fãs.
Numa carreira de mais de 30 anos, Abomah atuou em teatros de prestígio, como Liverpool e Blackpool, e colaborou com companhias famosas como Reynold's Waxworks e Barnum & Bailey. As suas conquistas foram notáveis, considerando as barreiras raciais e de género da época.
Apesar do início da Primeira Guerra Mundial, que interrompeu as suas digressões pela Europa, Abomah continuou a encantar o público nos Estados Unidos, atuando com companhias de relevo como Ringling Brothers e Barnum & Bailey, até à sua reforma na década de 1920.
O seu legado, literal e metaforicamente imponente, continua a ser um tributo duradouro à sua força, talento e engenho num mundo desafiante.
Texto de Rosimeire Vieira publicado no site Quora. Adaptado para ser postado por Leopoldo Costa
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