"A história que a indústria não quer que você saiba" sobre a Marlboro (e a indústria do tabaco em geral) se refere principalmente às táticas de marketing agressivas, à manipulação da percepção pública e, mais centralmente, ao conhecimento dos malefícios do cigarro para a saúde, que foram escondidos ou minimizados por décadas.
1. O Culto do "Marlboro Man" e a Falsa Imagem de Saúde
De "Cigarro Feminino" a Símbolo de Masculinidade: A Marlboro
foi lançada em 1924 como um cigarro "feminino", com a ponta vermelha
para esconder marcas de batom e o slogan "Mild As May" (Suave como
maio). No entanto, nos anos 1950, com a crescente preocupação pública sobre o
câncer de pulmão, a Philip Morris (proprietária da Marlboro) precisava mudar a
percepção de seus cigarros.
A Criação do "Marlboro Man": A agência de publicidade Leo
Burnett criou a campanha do "Marlboro Man" em 1954, transformando o
cigarro com filtro em um símbolo de masculinidade robusta, liberdade e
aventura. O caubói solitário, forte e independente no Velho Oeste americano se
tornou um ícone global, associando Marlboro a um estilo de vida atraente e
aspiracional.
A "Contradição Mortal": A ironia trágica, e o que a indústria
certamente não queria em destaque, é que vários dos atores que interpretaram o
"Marlboro Man" morreram de doenças relacionadas ao tabagismo, como
câncer de pulmão e enfisema. Nomes como David McLean, Wayne McLaren e Eric
Lawson são exemplos notórios, o que levou a mídia a cunhar o termo
"Marlboro Man original morre de câncer".
2. O Conhecimento Precoce dos Riscos à Saúde e a Desinformação
Estudos Internos: Documentos e processos judiciais revelaram que a
indústria do tabaco, incluindo a Philip Morris, tinha conhecimento interno dos
graves riscos à saúde do tabagismo muito antes de o público saber. Eles
realizaram suas próprias pesquisas que confirmavam a ligação entre fumar e
doenças como câncer, doenças cardíacas e enfisema.
Estratégias para Semear Dúvida: Em vez de alertar o público ou modificar
seus produtos, a estratégia da indústria foi semear dúvida sobre as pesquisas
científicas independentes. Eles financiaram "pesquisas" que buscavam
contradizer ou minimizar os danos, criaram organizações de fachada e gastaram
bilhões em relações públicas para confundir a opinião pública.
Manipulação de Nicotina: Descobriu-se que as empresas manipulavam os
níveis de nicotina nos cigarros para maximizar a dependência dos fumantes,
tornando-os mais viciantes.
3. Publicidade Dirigida a Jovens e Driblando Restrições
Substituição de Consumidores: Com a morte ou o abandono do vício por
fumantes mais velhos, a indústria do tabaco precisava atrair novos
consumidores. A "história não contada" é que as campanhas, apesar de
negarem, frequentemente miravam adolescentes e jovens, sabendo que quanto mais
cedo se começa a fumar, mais difícil é parar.
Marketing Esportivo e Cultural: Mesmo com o aumento das restrições à
publicidade direta de cigarros (proibição em TV e rádio), a Marlboro foi mestre
em driblar essas proibições através de patrocínios massivos.
Fórmula 1: O patrocínio de longa data à Ferrari e à McLaren na Fórmula
1, por exemplo, tornou o logotipo da Marlboro e suas cores icônicas (o
"chevon" vermelho e branco) globalmente reconhecíveis, mesmo sem
mostrar o produto em si. Essa era uma forma de associar a marca a velocidade,
emoção e sucesso.
Outros Eventos: Patrocínios em esportes radicais, música e outros
eventos visavam alcançar um público jovem e associar a marca a um estilo de
vida "legal" e aventureiro.
"Produtos de Nova Geração": Atualmente, com a pressão global
para o fim do cigarro tradicional, empresas como a Philip Morris (dona da
Marlboro) estão investindo pesadamente em "produtos de nova geração"
(como vapes, tabaco aquecido). A "história que não querem que você
saiba" é que, para críticos, isso pode ser visto como uma forma de manter
a dependência da nicotina e garantir o futuro da indústria do tabaco, mesmo que
com produtos "menos nocivos", em vez de realmente promover um mundo
livre de nicotina.
Essas são algumas das "verdades" que a indústria do tabaco, em particular a Marlboro e sua controladora Philip Morris, preferiria que não fossem tão amplamente conhecidas ou debatidas, pois revelam as táticas controversas e o custo humano por trás de seu sucesso.
Texto publicado no site Quora. Adaptado por Leopoldo Costa

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