Segundo alguns autores foi a mulher mais influente na igreja, perdendo apenas para Maria, a mãe de Jesus.
Esta mulher foi Olimpia Maildalchini, que por duas décadas no século XVII, usando habilmente os seus atributos físicos e sua perspicácia, soube conquistar cardeais, autoridades eclesiásticas e príncipes, sem nenhum escrúpulo. Numa igreja que não permitia que mulheres fossem meros sacerdotes, é um fato inusitado.
Uma das mais confiáveis fontes sobre a história de Olimpia Maildalchini é Giacinto Gigli (1594-1671), funcionário do Vaticano, que mantinha um diário desde quando tinha 14 anos e até que velho e cego não conseguiu mais escrever. Ele registrava todos os principais acontecimentos da Roma daquele tempo. Deixou interessantes anotações sobre o escândalo do papa Inocêncio X e de sua cunhada. Muitas delas foram usadas por Eleanor Herman, historiadora do 'New York Times' na sua obra 'Mistress of Vatican' de 2008.
Olimpia Maidalchini nasceu em Viterbo, de uma família simples, mas com antepassados ilustres. Era filha de Sforza Maildachini, funcionário encarregado da coleta de impostos e de Vitória Gualtieri. Vitória era irmã de Sebastião bispo da cidade, que antes tinha sido núncio apóstolico na França, durante o concílio de Trento.
Ainda menina foi enviada para o convento de São Domingos para estudar e ser freira
Com 17 anos abandonou o convento para casar-se interessadamente com um dos mais prósperos fazendeiros de Viterbo, chamado Paolo Nini, sobrinho da sua madrinha. Ele tinha 32 anos. Viveram 15 anos casados e tiveram dois filhos. Um morreu logo depois de nascido e o outro nove meses após a morte do marido. Paolo morreu em 1626 deixando-a uma grande fortuna. Naquela época uma mulher que ficasse viúva jovem era mal vista pela sociedade se não contraísse novo casamento. Para evitar comentários e buscar prestigio e um novo casamento mudou-se para Roma. Queria casar-se com um nobre.
Com 17 anos abandonou o convento para casar-se interessadamente com um dos mais prósperos fazendeiros de Viterbo, chamado Paolo Nini, sobrinho da sua madrinha. Ele tinha 32 anos. Viveram 15 anos casados e tiveram dois filhos. Um morreu logo depois de nascido e o outro nove meses após a morte do marido. Paolo morreu em 1626 deixando-a uma grande fortuna. Naquela época uma mulher que ficasse viúva jovem era mal vista pela sociedade se não contraísse novo casamento. Para evitar comentários e buscar prestigio e um novo casamento mudou-se para Roma. Queria casar-se com um nobre.
Sempre demonstrou ter uma inteligência incomum e ser muito ambiciosa. Chegando em Roma conseguiu bons e influentes amigos na cúpula da igreja.
Conheceu e mais tarde casou-se com Pamphilio Pamphili, membro de uma importante família de grande influência no Vaticano, passando a residir numa mansão da praça Navona, um dos pontos mais chiques de Roma.
O irmão mais novo de seu marido chamava Gianbattista e era padre. Quando tinha 38 anos Gianbattista foi nomeado monsenhor. Foi nessa época que teve com Olimpia o primeiro relacionamento mais íntimo. Se apaixonaram. Na mansão da praça Navona, os aposentos de Olimpia tinha duas portas, uma para os aposentos do marido e outra para os aposentos do cunhado Gianbattista, que era o seu preferido . Ambos dividiam a mesma mulher.
De acordo com o relato de Gregório Leti, Gianbattista ficou tão dependente da cunhada que não fazia nada sem o seu aconselhamento e suas intruções.
Ela estava cada vez mais bem relacionada com toda a cúpula do Vaticano e conhecia pessoalmente todos os cardeais que residiam em Roma. Realizava frequentes festas na sua mansão, regada a bons vinhos, onde reunia a maioria dos cardeais, príncipes, autoridades eclesiásticas e seus familiares.
Gianbattista e Olimpia começaram a sair juntos para visitar monumentos como também a fazer turismo pelos arredores de Roma. segundo Leti, ela saia mais frequentemente com o cunhado do que com o marido. O povo ficava alarmado com o comportamento dos dois.
Chegaram a ficar trancados no escritório do monsenhor durante horas. Os católicos comentavam que Olimpia cometia dois pecados o de adultério e o de incesto.
Pamphilio aparentemente aceitava docilmente a situação ou fingia que não sabia de nada. Segundo comentários maldosos era impotente. Olimpia justificava que estava ajudando o irmão dele a se tornar um cardeal e a ser futuramente um papa.
Conseguiu com o papa Gregório XV (1621-1623) que Gianbattista fosse apontado como núncio apostólico no reino de Nápoles. Toda a família Pamphili mudou-se então para a cidade Ficaram em Nápoles durante 4 anos, até Gianbattista ser chamado de volta a Roma para ser o encarregado de uma missão na França.Toda a família regressou a Roma. Foi em Nápoles que nasceu Camilo, supostamente filho de Gianbattista e não de Pamphilio.
Olimpia e o marido ficaram em Roma, ela cuidando dos interesses do cunhado. Terminada a missão, Gianbattista voltou a Roma, sendo, pelos esforços de Olimpia, nomeado núncio na Espanha, onde teve do rei total apoio e recebia uma polpuda remuneração.
Com as importantes maquinações de Olimpia, em 1629 Gianbattista foi nomeado cardeal pelo papa Urbano VIII (1623-1644).
O marido de Olimpia, morreu em 1639 devido a uma complicação com cálculos nos rins.
Depos de viúva pela segunda vez, Olimpia, então com 45 anos, ficou mais livre e passou a usar melhor ainda a sua estratégia, passando de fato a ser a 'esposa' do cardeal, vinte anos mais velho. Passavam longas horas trancados no dormitório.
Conseguiu em 16 de setembro de 1644, que o cardeal Gianbattista, já com 70 anos de idade, fosse eleito papa, desbancando uma forte oposição da familia Barberini de Urbano VIII, que tinha um sobrinho cardeal escolhido para ocupar o cargo. Adotou o nome de Inocêncio X e governou a igreja de 1644 a 1655. O cardeal Alessandro Bichi declarou na época: 'Nós acabamos de eleger uma mulher papa'.
Outro cardeal, Sforza Pallavicino lamentou sobre 'o tremendo poder de uma mulher no Vaticano'
Durante o seu pontificado de fato quem exercia a função de papa era Olimpia que nomeava cardeais e destituia, criava dioceses, impunha regras e fazia e desfazia no Vaticano. Segundo os cronistas depois de eleito papa Inocêncio e Olimpia não tiveram mais relacionamentos íntimos.
O filho de Olimpia, Camilo Pamphili, o seu sobrinho Francesco Maildalchini e o primo Camilo Astalli foram todos nomeados cardeais.
Contrariando Olimpia, em 1647, Camilo Pamphili renunciou ao cardinalato para se casar com Olimpia Aldobrandini, sobrinha-neta do papa Clemente VIII e viúva de Paolo Borghese. Ela o queria cardeal para elegê-lo papa.
Inocêncio X morreu em 14 de janeiro de 1655. Seus restos mortais ficaram durante três dias no Vaticano, sem que ninguém se preocupasse em sepultá-lo. Olimpia foi solicitada a fazer alguma coisa e desculpou-se dizendo que era uma humilde viúva e nada poderia fazer. O cadáver foi colocado num porão, onde foi velado por alguns funcionários. Mais tarde foi que o cardeal Camilo filho de Olimpia, mandou construir um sepulcro na igreja de Santa Inês para onde os restos mortais foram transladados. Depois do falecimento de Inocêncio X, o Vaticano ficou dois meses sem papa e Olimpia perdeu toda a influência que tinha, No dia 7 de abril de 1655 foi eleito papa Fábio Chigi de uma rica família de banqueiros de Siena que adotou o nome de Alexandre VII e governou até 1667. Olimpia foi totalmente esquecida.
Faleceu em 1657 com 65 anos de idade.
(Texto de Leopoldo Costa)

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