Leopoldo Costa
Segundo Ludwig Rutimeyer (1825-1895)/Martin Wilckens (1834-1897), complementados por Erik Oskar Arenander (1862-1925), na classificação filogênica dos bovinos podem ser identificados cinco tipos de animais:
1. Bos primigenius
2. Bos brachyceros
3. Bos akeratos
4. Bos frontosus
5. Bos brachycephalus
Ao Bos primigenius, é atribuída a maior participação no desenvolvimento do moderno boi europeu. É o auroque ou o uru.
BOS PRIMIGENIUS
O auroque ou uru, o boi primitivo, compreende três subespécies:
1. B. primigenius primigenius- que viveu na Europa e Oriente Médio, conhecido como uru europeu.
2. B. primigenius namadicus- que viveu na Índia, o uru asiático.
3. B. primigenius mauretanicus- que viveu no norte da África.
O zebuíno descende de um ramo diferente dos auroques que foi desenvolvido nas áreas semiáridas que bordejam o deserto de Thar na Índia, que como reserva de gordura para enfrentar a severidade do ambiente, desenvolveu o cupim.
Os cientistas do ‘Museu Paleontológico de Oslo’ na Suécia, admitem que o auroque desenvolveu-se na Índia, onde restos arqueológicos foram recuperados na região das montanhas de Siwalik, datados de cerca de dois milhões de anos. Daí deve ter migrado depois para o Oriente Médio e para a Ásia central, atingindo finalmente a Europa.
Foram encontrados numerosos despojos de ossos do Bos primigenius nas palafitas da Suiça, assim como também do Bos brachyceros.
Antes de chegar a Europa, os primeiros auroques habitaram áreas menos frias do Turquestão, da Índia e da Arábia. As eras glaciais impediram a sua expansão para a Europa naquela época. A espécie emigrava para o continente europeu, durante os períodos interglaciais, quando o clima ficava mais ameno e retornava para os lugares mais quentes, quando a temperatura caia e faltava alimentação suficiente.
Somente após o término da grande era glacial, que aconteceu mais ou menos a 250 mil anos atrás, os auroques fixaram definitivamente no continente europeu.
Pinturas rupestres revelam que a cor da pele dos auroques machos era normalmente mais escura do que a das fêmeas, variando a tonalidade de marrom escuro ao preto, com uma faixa de cor mais clara ao longo do dorso. As fêmeas eram marrom avermelhados, assim como os bezerros. Animais brancos e malhados deviam ter existido, pois foram também representados.
Os auroques mediam 3,10 m de comprimento e 1,85 m de altura. Pesavam entre 800 kg a 1.000 kg. O macho era 25% maior e mais alto do que a fêmea. Nestes animais o quarto dianteiro era bem mais proeminente do que o quarto traseiro e os chifres pontiagudos e grandes chegavam a medir um metro de comprimento.
Viviam nas florestas agrupados em manadas lideradas por um macho com muitas fêmeas e suas crias, alimentando-se de capim e folhas,. No período da monta, que ia de agosto e setembro, era comum o embate violento entre os machos na disputa pelas fêmeas.
Os auroques desapareceram da Ásia no início do período histórico e sobreviveram na região oriental e central da Europa até a Idade Média. O extermínio gradual e contínuo foi provocado pela alteração do seu habitat e pela caça predatória e indiscriminada.
Houve uma tentativa de preservar uma manada do B. primigenius primigenius, que vivia na floresta de Jaktorow, região de Masóvia na Polônia, porém, os últimos animais da espécie foram abatidos a tiros por caçadores em 1627.
As outras subespécies foram extintas antes dos tempos históricos.
Em 1827, o zoólogo britânico Hamilton Smith (1776-1859) encontrou num antiquário de Augsberg na Alemanha, uma tela representando um auroque. A pintura era datada do século XV e pelas evidências, tinha sido criada retratando um modelo vivo, ou por um artista que tinha observado um auroque vivo e se lembrava perfeitamente bem para reproduzir a sua imagem com tantos detalhes.
Houve especulações na década de 1970, que tinha sido observado auroques sobreviventes nas florestas do Iraque. Porém, isso não foi confirmado.
Os descendentes de maior pureza do Bos primigenius é o boi das estepes da Ucrânia, o boi das Terras Altas (Highlands) da Escócia, o boi de Ayrshire, o Longhorn, o boi negro do Pais de Gales, o Devon, o Hereford e algumas raças ibéricas (raça Andaluz).
A mestiçagem com o Bos brachyceros deu origem às raças Parda Suiça, Holandesa, Flamenga e a Normanda. Foram encontrados despojos nas palafitas da Suiça do Bos primigenius como também do Bos brachyceros.
BOS BRACHYCEROS
O Bos brachyceros, era de menor estatura que o Bos primigenius. Apresentava linhas de crânio sinuosas, fronte côncava ocupando quase metade do crânio, sendo larga entre os olhos e estreita entre os chifres. Estes chifres eram finos, saindo, para frente e finalmente para cima. Do Bos brachyceros descendem diretamente o gado comum dos Bálcãs, dos Cárpatos, da Polônia, da Lituânia e da Rússia. Seu aperfeiçoamento fez surgir as raças Jersey, Angler, Kerry, Parda Suíça e Bretã. O Bos brachyceros foi o primeiro a ser domesticado na Ásia e levado pelos Arianos, para as palafitas da Suíça, onde foram encontradas ossadas.
BOS AKERATOS
O Bos akeratos era de estatura pequena, tinha a fronte escavada, marrafa saliente e totalmente desprovido de chifres.
O nome foi dado em 1896 por Erik Oskar Arenander (1862-1925), que era professor da Universidade de Ultuna na Suécia, embora outros estudiosos admitam que o nome já tivesse sido sugerido por Heródoto (485-430 a.C). Foi Heródoto que propôs a teoria de que a ausência de chifres é devido ao excessivo frio. Também Hipócrates (460-377 a.C) observou que o gado da Cítia não tinha chifres devido as baixas temperaturas observadas na região.
Do Bos akeratos descendem as raças Red Polled, Aberdeen Angus, Fjall da Suécia e o Mocho do norte da Rússia.
BOS FRONTOSUS.
Tinha estatura média, parte dianteira proeminente e chifres em forma de lira. Foi o animal de onde se originou o gado Charolês, o gado malhado da Suiça, Alemanha Central, Austria e Hungria. Foram descobertas ossadas da espécie na Suécia e na Inglaterra, que Ludwig Rütimeyer (1825-1895) e Charles Cornevin (1846-1897) afirmam que eram de animais domesticados mantidos pelos habitantes locais.
BOS BRACHYCEPHALUS
O Bos brachycephalus era também de pequena estatura, tinha o crânio curto e longo, e a fronte larga e plana. Do Bos brachycephalus descendem as raças Dexter-Kerry e Tuxer.
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