3.18.2011

CRIAÇÃO DE GADO NO BRASIL COMO ATIVIDADE INDEPENDENTE

Leopoldo Costa

No início da colonização, rebanhos de bovinos eram criados no litoral junto aos engenhos e a maioria pertencia aos próprios donos dos engenhos. Depois, pela demanda, passou a ser criado em outras propriedades que vendiam os animais para os donos de engenho. A dificuldade de evitar que os canaviais fossem destruídos pelos animais e a sua necessária expansão começou a expulsar os rebanhos cada vez mais para longe, deixando a área onde havia as antigas pastagens, para novas plantações de cana de açúcar. A preferência e o incentivo da Coroa era para cultivar cana de açúcar nestas terras, o que poderia ser exportado e rendia muito mais impostos.

A criação de gado não estava nos planos da Coroa. Não podia ser exportado e era difícil controlar a produção e recolher os impostos sobre a atividade. Escreveu Francisco Rodrigues de Alencar Filho (n.1949) et alli no livro ‘História da Sociedade Brasileira’:
'Nas fazendas de açúcar havia criação de gado, necessário para a alimentação da população local e como força motriz. Com o tempo, esse ‘gado de quintal’ foi considerado antieconômico: ele exigia pastos, tomando terras que poderiam ser muito mais rendosas se cobertas de canaviais. Os rebanhos cresciam, os lucros com a exportação de açúcar também.
Nelson Werneck Sodré (1911-1999), no seu livro ‘Formação Histórica do Brasil’ escreveu:
'Foram os portugueses que introduziram no Brasil o gado vacum e cavalar. Aqui, entretanto, começaram a diversificar-se as condições que permitiram aos povoadores o trato daqueles animais domésticos. Essas condições foram características na expansão da pecuária da zona açucareira, que se traduziu numa conquista territorial de grandes proporções. A expansão pastoril naquela zona atravessou três fases: a da vizinhança, a da coexistência e a da separação entre as atividades agrícolas e pastoris. Na primeira fase, o trabalho agrícola e o beneficiamento da cana tornam o gado vacum peça essencial da propriedade escravista. É a fase em que o gado fornece ao homem a carne, para alimento da população local, particularmente do escravo; a força do tração, para o transporte terrestre a pequenas distancias; e a força de tração para a moenda, nos engenhos-trapiches, onde substitui neste mister, a força do escravo. É a essa fase que se refere a observação de Brandonio, nos ‘Diálogos das Grandezas do Brasil’: É necessário que tenha (...) 15 ou 20 juntas de bois com seus carros necessários aparelhados (...).’
Em 1701, atendendo as reivindicações dos proprietários de  engenhos, o rei de Portugal Pedro II (1648-1706), por alvará, estabeleceu que a criação de gado só pudesse ser praticada a partir de 10 léguas do litoral. Foi este ato, que determinou de fato, o início da separação das duas importantes atividades.
Alvará de 27 de fevereiro de 1701:
(...) tivesse efeito não somente nas dez léguas do Recôncavo, mas em toda a parte aonde chegasse à maré, correndo as mesmas dez léguas da margem dos rios pela terra adentro e que a nenhum dos sítios, nem nas três capitanias do Camamu, houvesse a inovação do gado de criar e só lhes fosse licito terem o de serviço, fazendo as pessoas que tivessem pasto fechado, com cercas tão fortes, que lhe não pudesse sair e fazer prejuízo as roças e lavouras vizinhas’
 Escreveu Capistrano de Abreu na obra "Capítulos da História Colonial"
 'Os engenhos de açúcar, as roças de fumo e mantimentos cabiam dentro de uma área traçada pelo custo de transporte dos produtos. Além de certo raio vegetava-se indefinidamente, a propriedade real nunca bafejaria o proprietário (...), Queixam-se os primeiros cronistas de andarem os contemporâneos arranhando a areia das costas como caranguejos em vez de atirarem-se ao interior. Fazê-lo seria fácil em São Paulo, onde a caçada humana e desumana atraia e ocupava a atividade geral, na Amazônia toda cortada de rios caudalosos e desimpedidos, com preciosos produtos vegetais extraídos sem cultura. Nas outras zonas interiores o problema pedia solução diversa.A solução foi o gado vacum.O gado vacum dispensava a proximidade da praia, pois como as vitimas dos bandeirantes a si próprio transportava das maiores distâncias, e ainda com mais comodidade; dava-se bem nas regiões impróprias ao cultivo da cana, quer pela ingratidão do solo, quer pela pobreza das matas sem as quais as fornalhas não podiam laborar; pedia pessoal diminuto, sem traquejamento especial, consideração de alta valia num pais de população rala; que abolia capitais , capital fixo e circulante a um tempo, multiplicando-se sem interstício; fornecia alimentação constante, superior aos mariscos, aos peixes e outros bichos de terra e água, usados na marinha. De tudo pagava-se apenas em sal; forneciam suficiente sal os numerosos barreiros dos sertões (... ).'
Como a atividade nos engenhos de açúcar estava em franca expansão, passou a exigir cada vez mais animal para tiro e alimentação, e a devastação das florestas, obrigava a ir também buscar lenha cada vez mais distante. Para buscar lenha mais longe era necessária maior quantidade de bois para tracionar os carros.

Também o desenvolvimento da pecuária mostrou necessária esta desvinculação. Os rebanhos passaram a internar-se em busca de pastagens mais adequadas. Algumas ainda pertenciam ao dono do engenho, que lucrava muito mais com o açúcar e a atividade pecuária era considerada secundaria.

A criação de gado exigia grandes extensões de terras descampadas, uma preciosidade para a época com pouca mão de obra, pois para consegui-las tinha que derrubar a mata, arrancar os tocos e preparar a terra. Era a parte mais difícil. Depois, de desmatada, não era difícil a instalação de uma fazenda de criação de gado. Bastava a contratação de 10 ou 15 mestiços, a construção de uma casa de pau-a-pique e de um curral de pau roliço. Robert Southey, já citado, explicou na sua obra “Historia do Brasil”,
'(...) Se o proprietário não possuísse escravos, não faltavam nos sertões do Ceará, Pernambuco e Bahia, e especialmente perto do rio de São Francisco, na parte superior de seu curso, mulatos mamelucos e negros forros, que cobicem emprego nestas fazendas. Aborrecendo qualquer outro trabalho, ambicionava esta gente tal gênero de vida, que não só lhe satisfazia a inclinação, mas ate lhe abria muitas vezes o caminho das riquezas. Cada um esperava tornar-se a seu turno vaqueiro criador, ou homem da fazenda, como o administrador se chama. Cinco anos servem estes feitores de graça, depois disso tem direito a uma quarta parte do gado todos os anos. Fá-los isto tomar interesse na prosperidade do estabelecimento, e passados poucos anos vão alguns deles fundar fazendas próprias. Oitocentos a mil bezerros pode produzir anualmente uma boa fazenda, mas pagos os dízimos, que no Brasil eram percebidos pela Coroa, e o quarto para o vaqueiro, apenas podia exportar de 250 a 300 cabeças. As vacas sempre se reservam para criação e gastos de casa, e o que falta para inteirar a soma caiu vitima das pragas das moscas, morcegos vampiros (contra os quais nem os currais valem), tigres, cobras, ervas venenosas (de que há muitas espécies), e sobretudo da seca, que muitas vezes reduz a palha em pó todo o capim do pais, morrendo então o gado aos milhares.'
O pessoal contratado para o trabalho nas fazendas era remunerado por um sistema próprio.

Recebia uma cria de cada quatro que nascesse no rebanho que cuidava. O acerto de contas era feito de cinco em cinco anos. Desta forma cada um conseguia fazer seu próprio rebanho e ficando auto-suficiente, saia a buscar novas paragens para instalar seu próprio negócio.


Escreveu Capistrano de Abreu (1853-1927)[1]
 ‘(...) depois, de quatro ou cinco anos de serviço, começava o vaqueiro a ser pago, de quatro crias cabia-lhe uma; podia assim fundar uma fazenda por sua conta.’ 

Haviam também auxiliares chamados ‘fábricas’ que percebiam um salário pago mensal ou anualmente e como era pouco, dificilmente tornariam criadores. Este sistema de remuneração já tinha sido usado com sucesso, na América do Norte. Escreveu Roberto Simonsen (1889-1948)[2]

'A pecuária goza da faculdade peculiar de ocupar grandes áreas com pequena população; é uma indústria extensiva por excelência. Desaparecido o interesse da caça ao bugre, e extinta praticamente a mineração, foi a pecuária que consolidou economicamente a ocupação de vastíssimas regiões do país, as quais sem ela, teriam sido talvez condenado ao abandono’.


Os criadores então passaram a procurar, mesmo que distantes regiões com boa aguada, longe dos canaviais e com pastagens naturais para instalar as suas fazendas, sem a necessidade de derrubada de arvores o que era menos custoso. A abundância de terras compensava a falta de qualidade de algumas pastagens. Os animais viviam soltos e só eram recolhidos no curral quando estavam prontos para abate ou escolhidos para serem enviados para substituir os que trabalhavam na faina dos engenhos.

Promoveu-se então o aumento da produção de gado, sempre sendo expulsa para regiões mais distantes do litoral. Além de fornecer a carne, o gado fomentou a criação de uma verdadeira indústria de couro. O fumo, produzido em larga escala na Bahia, Pernambuco e Alagoas eram exportados em fardos (surrões) envolvidos em couro.

Os novos criadores adentravam cada vez mais rumo ao interior e com isso levavam a colonização. Numa fazenda de criação desta época usava-se de 25 a 30 cavalos para a vigilância do rebanho. Como se observa, a criação de bovinos incentivou também a criação de equinos.

Não era econômico o emprego de escravos africanos nas fazendas de criação, embora fossem usados no Nordeste em algumas propriedades.

Louis François de Tollenare (1780-1853), viajante francês que esteve em Pernambuco na primeira década do século XIX, procurando melhor clima para sua saúde, escreveu[3] em 1816/1817 que os escravos africanos não eram apropriados para a lida com gado, pois o oficio exigia:
(...) homens robustos, corajosos, ativos e inteligentes’ (...) ‘este trabalho não pode ser feito pelos negros, em geral muitos fracos e indolentes.
Jean Ferdinand Dennis (1798-1890), outro viajante francês, escreveu em 1837 sobre a existência de poucos negros nas fazendas de gado de Minas por que:
‘ (...) aqui, como no sertão de Pernambuco, a incúria inerente à sua raça faz que em geral se receie confia-lhes os rebanhos.
Caio Prado Jr.(1907-1990) afirmou que as fazendas de Minas Gerais usavam muita mão de obra escrava o que foi corroborado por Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) escrevendo que principalmente no vale do rio Grande em Minas Gerais o uso dos escravos nas fazendas de criação era costumeiro, porém no norte de Minas Gerais era mais escasso.

O método de criação era primitivo e descuidado, limitando-se os vaqueiros a impedir que o gado se tornasse selvagem. Existia a ação predatória das feras.

Pero de Magalhães Gandavo (1540-1580), escreveu no seu livro ‘Tratado das Terras do Brasil’ o seu relato:
'(...) os bichos mais ferozes e danosos que há na terra são tigres, e estes animais são deles tamanhos como bezerros, vão nos currais do gado dos moradores e matam muito dele e são tão ferozes e forçosos que uma mão que lança a uma vitela ou novilho lhe fazem botar os miolos fora e levam-no arrasto para o mato.
A maioria das fazendas produzia entre 200 e 1.000 crias por ano. Mircea Buescu informa que havia também grandes fazendas que possuíam até 20.000 cabeças.

Johann Moritz Rugendas[4] (1808-1858) descreveu como era a vida deste pessoal que vivia da criação de gado:
‘A vida dos vaqueiros é ainda mais retirada, e mais grosseira que a dos roceiros, ou colonos propriamente ditos. Suas funções exigem mais coragem e habilidade, tanto para laçar e domar os cavalos selvagens, como para cuidar do gado bovino, se é que se pode aludir aqui os cuidados. As manadas vivem em liberdade e é somente em certas estações do ano que os peões a cavalo se reúnem em lugares cercados para o rodeio. Preso o gado, separam-se os garrotes de 2 anos, para castrar, marcam-se com ferro em brasa, os de um ano, imprimindo-lhes a marca do proprietário, finalmente laçam-se para corte os de vários anos de idade. Verifica-se nesta operação, um método que revela muita habilidade. O peão a cavalo persegue o animal e, ao atingi-lo, tenta laçar-lhe as pernas em seguida os pés.’
Uma das dificuldades era o suprimento de sal. O sal indispensável para a ‘mineralização’ do gado, era fornecido em ‘lambedouros’ e na sua maior parte por jazidas naturais (minas de sal-gema). Nos ‘lambedouros’, o gado lambia o sal junto com barro e lodo, o que provocava diarreias e a até a morte do animal por disfunção intestinal. Se não houvesse minas de sal no interior a pecuária não teria progredido. O sal marinho era inacessível pelo preço e pela dificuldade de transporte. As chamadas ‘estradas de sal’ foram os caminhos que conduziam até as minas de sal do interior.

Carl Friedrich Philip von Martius (1794-1868) relatou que a zona de produção de sal existente ao longo do rio São Francisco e do rio Salitre (Vila Urubu) tinha uma extensão de quase 60 léguas de comprimento por 20 a 25 léguas de largura. O sal retirado destas minas abastecia todo o sertão do Piauí a Minas Gerais e até Goiás e Mato Grosso. O total produzido era de mais de 500.000 kg por ano (35.000 surrões de 30 a 40 libras cada).[5]

Também a criação de gado desenvolveu-se em Aracati, no litoral cearense, abastecido pelas salinas de Mossoró. Em 1665, para evitar a concorrência do sal de Setúbal, Figueiras e Alverca, foi restringida a produção no Brasil, de sal das salinas e das minas. Esta restrição provocou a reação dos colonos, ocorrendo na Bahia o motim do Maneta.

No Nordeste, as fazendas de criação situavam-se ao longo de um rio e eram separadas das fazendas vizinhas por uma faixa de uma légua de mata (capoeira) que deveria ficar inexplorada, para impedir a mistura de rebanhos. Ainda não havia cercas.

Capistrano de Abreu (1853-1927) escreveu que como o gado não precisava ficar perto dos portos, ocupava as regiões do interior impróprias para o plantio da cana. Calcula-se que no início do século XVIII existiam 500.000 cabeças de gado na Bahia e 800.000 cabeças em Pernambuco. Para se ter uma ideia da grandeza do rebanho, em 1938, o estado de Pernambuco tinha um rebanho de 677.000 cabeças.

Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990) no seu livro ‘Síntese da História Econômica do Brasil’ de 1938 escreveu:
'Novas penetrações pelo sertão faziam-se pelos currais, irradiando-se da Bahia, de Pernambuco, de São Vicente para o Sul até terras do Paraguai. (...) Avalia-se que cinco milhões de cabeças os rebanhos formados na época colônial e em quinze milhões de esterlinos o valor dos couros exportados durante este período.’
Os viajantes estrangeiros que percorreram o Brasil nos primeiros anos de colonização relataram que viram muitas boiadas, margeando os caminhos que percorreram e até animais nas ruas de vilas e povoados. A importância do comércio de carne de todos os tipos pode ser medida pela frequência das informações sobre o assunto na maioria dos livros dos viajantes que estiveram no Brasil neste período.

A carne era um importante item no cardápio alimentar do Brasil Colonial. Não havia disponibilidade para que todos pudessem ter carne em suas mesas. Onde existia muita gente não havia bois e onde havia muitos bois não existia gente. No Nordeste, observa 
Robert Southey, o número de bois era tão desproporcional à população, que se podia comer carne até três vezes ao dia, acompanhada de pirão, de arroz ou ainda com farinha de milho. Na falta destes acompanhamentos, servia a carne com uma massa feita com o palmito da carnaubeira ou com leite coalhado.

Mais de 20.000 bois, vindos do sertão, eram abatidos anualmente só para abastecimento da cidade de Salvador na Bahia. Cerca de 6.000 cabeças por ano, também vindos principalmente do Piauí, eram abatidos e consumidos em São Luís do Maranhão. Belém do Pará, só no ano de 1828, abateu e consumiu 11.000 cabeças de gado, a maioria de gado da ilha do Marajó. Eram necessários muitos criadores e muita terra para garantir este abastecimento.


Mircea Buescu, na sua obra “Exercícios de História Econômica do Brasil” relatou: 
'O número médio de bois num curral variava de 200 a 1000 cabeças, havendo fazendas que alcançavam até 20000 cabeças de gado. Aceitando-se a proporção de 8 % de desfrute, um curral médio de 2000 cabeças, apenas 160 seria comercializado. Calculemos que esta boiada faça uma viagem media de 16 ou 17 dias com os gastos referidos por Antonil, sem a perda de qualquer animal. A despesa seria de 87 mil réis, sendo 64 mil réis pagos aos passadores (400 réis por cabeça), cerca de 5 mil réis aos índios ajudantes (pressupondo um numero de três- uma vez que Antonil não indica o número, mas fala no plural) e 8 mil réis ao guia. Vendendo as 160 cabeças de gado ao preço médio de 5 mil réis, o resultado da venda atingiria 800 mil réis, ou seja, o lucro liquido de 713 mil réis (sem contar a despesa com o eventual arrendamento da terra que, num exemplo dado por Antonil, somava 10 mil réis por légua). Este lucro corresponde a um investimento de 10 contos de réis (2000 cabeças a 5 mil réis cada). O arrendamento era relativamente barato, pois o preço indicado por Antonil refere-se a uma légua quadrada, cerca de 4000 hectares. Mesmo admitindo-se uma baixa produtividade do pasto, duas léguas quadradas, por 20 mil réis, deviam satisfazer para um rebanho de 2.000 reses.'
Na Bahia, o governo estava preocupado com a concorrência entre a criação de gado e a produção de cereais e leguminosas. Assim, o gado de criar foi proibido nas três chamadas ‘vilas de Baixo’ Camamu, ilha de Boipepa e ilha de Cairu, e tinha por objetivo proteger estas culturas de subsistência, destinadas ao abastecimento da população de Salvador e dos navios que lá se abasteciam a caminho do sul.

O leite das vacas do Nordeste não era devidamente aproveitado. Era destinado para o consumo das crianças da fazenda, dos filhos dos agregados, ou coalhado para a produção de queijo, diga-se, um queijo de baixa qualidade que deixou o viajante John Mawe (1764-1829), conhecedor dos queijos europeus, bastante mal impressionado.


Pela dificuldade de meios e instrumentos para a separação da nata, não era comum o preparo de manteiga. Era coletada a nata que ficava a superfície do leite e depois de descansar durante alguns dias era batida com uma colher de pau. Pelo tipo de clima, rapidamente ficava rançosa.

A carne bovina também não era de boa qualidade principalmente nos maiores centros urbanos. Os animais empreendiam longas caminhadas até estes centros, com deficiência de alimentação e de água, chegavam estropiados e cansados e para gerar rapidamente o lucro, eram abatidos sem nenhum descanso ou cuidados especiais. A carne era dura e só servia para ser consumida cozida. Não conheciam o bife.

Nas vilas e arraiais próximas aos engenhos, só era consumido a carne dos bois carreiros que não serviam mais para a lida da lavoura ou das vacas velhas e deficientes, que tinham perdido tetas ou sofrido doenças (como mamite) que as impedia de produzir leite.


Em 1614 foi realizada na Bahia, a primeira feira de gado do Brasil.




[1] Capistrano de Abreu na obra "Capítulos da História Colonial".
[2] História Econômica do Brasil pag. 241
[3] In ‘Notas Dominicais Tomadas Durante uma Residencia em Portugal e no Brasil’, cuja parte relativa a Pernambuco foi traduzida e publicada por Alfredo de Carvalho em 1905.
[4] In ‘Viagem Pitoresca ao Brasil’
[5] Martius in "Viagem a Bahia"

3 comments:

  1. Como esse gado era vendido inicialmente?

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