Leopoldo Costa
Criação de Gado no Século XVI
Foi a partir de 1534 que as primeiras cabeças de bovinos e equinos começaram a chegar no Brasil, principalmente em São Vicente, Bahia e Pernambuco e a criação de gado começou a desenvolver-se. No final do século estima-se que entre 20 mil e 30 mil cabeças de bovinos já existisse pastando próximo a faixa litorânea de São Vicente até Olinda e nas margens dos rios baianos afluentes do rio São Francisco. A população que vivia por aqui não passava de 100.000 pessoas, conforme estimativa de Roberto Simonsen, e toda ela também na faixa litorânea que cresceu vagarosamente durante o século XVI: em1550 o mesmo Roberto Simonsen a estimava em 15.000 pessoas e 17.100 pessoas em 1576. Em 1583, conforme Pandiá Calógeras (citando Anchieta) a população era de 57.000 pessoas.
Criação de Gado no Século XVII
Durante o século XVII a população desenvolveu mais a partir da segunda metade, devido ao início da mineração de ouro. Em 1660 Contrera Rodrigues e Roberto Simonsen estimam que havia 184.000 habitantes e em 1690, 242.000 habitantes.
No final do século XVII, a população brasileira segundo também Roberto Simonsen, era estimada em 300.000 pessoas e o rebanho bovino, segundo Antonil, era de 1.500.000 cabeças, sendo 800.000 cabeças na capitania de Pernambuco, 500.000 na Bahia e 200.000 cabeças no restante da Colônia. Representava o quociente de 5 bois por habitante.
O preço médio por cabeça de gado vendida para consumo era de 5$000, o que equivalia a aprox. 3,5 oitavas de ouro (12,5 gramas).
Criação de Gado no Século XVIII
A população cresceu bastante no período, devido a descoberta de novas jazidas de ouro em Minas Gerais, em Goiás e no Mato Grosso, fazendo com que a colônia recebesse muitos imigrantes portugueses em busca de riqueza fácil e muitos escravos para o trabalho nas minas e lavras. Só no período de 1705 a 1750 entraram no Brasil cerca de 20.000 imigrantes portugueses.
Em 1766 a população pela estimativa de Simonsen era de 1.500.000, mas para Giorgio Mortara apenas quatro anos depois (em 1770) deveria ser de 2.502.000 pessoas. Por outro lado Dauril Alden, para o ano de 1776 estima que viviam no Brasil 1.778.480 pessoas
No período de 1701 a 1800 entraram no Brasil 1.680.000 escravos. Mais da metade da população brasileira era formada por escravos.
A população do Brasil no ano de 1800, segundo Prado Jr., era de 3.000.000 de habitantes, segundo Celso Furtado 3.250.000 e ainda segundo Giorgio Mortara de 3.660.000. O rebanho bovino no mesmo ano era estimado entre 7,5 milhões e 8 milhões de cabeças. Pela média da população das três fontes (3,3 milhões) e pela média do rebanho (7,7 milhões) daria um quociente de 2,3 cabeças de gado por habitante.
Pela grande demanda das zonas de mineração os preços do gado bovino atingiram cifras estratosféricas. Diogo de Vasconcelos (1843-1927), na sua obra ‘Historia Antiga de Minas Gerais’ relata que no final do século XVI, Artur de Sá Meneses, governador do Rio de Janeiro que tinha a jurisdição sobre as Minas, alegando o objetivo de melhorar o abastecimento de alimentos, decidiu monopolizar o fornecimento de gado para a região de Ouro Preto. O escolhido foi Francisco do Amaral, abastado comerciante português, que em contrapartida se obrigava a reparar e manter em boa ordem, os caminhos que conduzia a Bahia, de onde provinha os rebanhos. O comércio de carne representava por ano um valor equivalente a 30 arrobas de ouro. O contrato foi firmado em 1701 e previsto para terminar em 1706. Francisco do Amaral conseguiu sua prorrogação.
Para se ter uma ideia de como o negócio era lucrativo, uma cabeça de boi custava nos currais de Jacobina na Bahia entre 3 a 4 oitavas de ouro, nos da margem do rio São Francisco entre 8 a 9 oitavas[1]. Vendida nos açougues da comarca do Rio das Velhas (Sabará), apurava-se entre 70 a 80 mil-réis[2] por cabeça e nos açougues de Ouro Preto ou da Vila do Carmo (Mariana) entre 80 a 90 mil-réis por cabeça.
Segundo Eduardo Frieiro (1889-1982)[3]
‘Já ao tempo do conde de Assumar, que governou a capitania das Minas de 1717 a 1721, grande como era a necessidade de carne bovina, indispensável à alimentação dos mineradores, havia-se incrementado a importação de gado, procedente de São Paulo, Curitiba e notadamente dos sertões da Bahia e Pernambuco. O conde calculava em 18 ou 20 mil cabeças de bovinos o consumo anual dos moradores, que seriam então uns 30.000. Para regularizar a importação, estabeleceu o governador contratos de fornecimento de carne e aconteceu que o estanco oriundo dessa medida provocou sérios descontentamentos que teriam concorrido para o desfecho da luta entre paulistas e emboabas. Por outra parte, o estanco da águardente, produto considerado então quase tão necessário como os gêneros alimentícios, chegou a provocar um começo de revolta na vila de Pitangui, em 1720’.
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