Leopoldo Costa
A colonização de Roraima, antigo território do Rio Branco, começou em 1750 com a chegada dos portugueses, que subindo o rio Negro alcançaram a região banhada pelo rio Branco. O capitão Francisco Ferreira e o missionário carmelita Jerônimo Coelho foram os primeiros desbravadores. Seus propósitos eram aprisionar índios e recolher ovos de tartaruga para a produção de manteiga.
Depois deles, Cristóvão Aires Botelho e Lourenço Belfort foram os primeiros a ultrapassarem a cachoeira do Bem-Querer.
José Miguel Aires também subiu o rio Branco, procurando prear indígenas para vendê-los como escravos em Belém do Pará e São Luís do Maranhão.
Outro explorador foi o holandês Nicolau Horstman que partindo de Paramaribo em 1741, atingiu o rio Branco e seguiu aprisionando escravos indígenas nas margens dos rios Jauaperí e Tacutu para a Guiana Holandesa.
Os espanhóis, entre os anos de 1771 e 1773, invadiram o rio Uraricoera descendo o rio Orinoco e após atravessarem a cordilheira de Pacaraima fundaram três povoações: Santa Bárbara, São João Batista de Caya Caya e Santa Rosa.
Em 1775, os portugueses expulsaram os holandeses e espanhóis e construíram para a defesa da região o forte São Joaquim, na confluência do rio Branco com o rio Uraricoera.
Para manter a soberania portuguesa na região foram criados diversos aldeamentos de índios dirigidos por religiosos. Nas margens do rio Uraricoera criaram os povoados de Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio, nas margens do rio Tacutu criaram o povoado de São Felipe e nas margens do rio Branco os povoados de Nossa Senhora do Carmo e de Santa Bárbara. Os índios não se sujeitaram às imposições portuguesas, se rebelaram, abandonando os povoados que desapareceram.
Em 1789, Manuel da Gama Lobo d'Almada (governador da capitania de São José do Rio Negro de 1789 a 1799) introduziu a criação de gado bovino e equino nos campos naturais do vale do rio Branco. Inicialmente na fazenda São Bento às margens do Uraricoeira, depois, na fazenda São José no Tacutu e finalmente em 1799 na fazenda São Marcos. Esta fazenda hoje faz parte de uma reserva indígena e está defronte ao local onde existiu o forte São Joaquim.
Como não havia cercas ou qualquer outro meio para manter os animais reclusos nas pastagens ocorria a sua fuga e eles ficavam vagando pelas proximidades. Alguns colonos capturavam o gado que tinha fugido e iniciaram fazendas próprias. Os índios Macuxis também fizeram o mesmo e tornaram hábeis vaqueiros, fama que mantêm até hoje.
Entre 1810 e 1811, militares ingleses procedentes da Guiana tentaram penetrar no interior de Roraima, mas foram rechaçados pelos brasileiros do forte São Joaquim.
A colonização pelos luso-brasileiros só foi completada bem tarde quando ocorreu a descoberta de ouro e diamantes.
Houve também a instalação de outras fazendas de criação de gado muitas delas com animais descendentes dos trazidos por Manuel da Gama Lobo d'Almada.
Em 1835, a Inglaterra enviou da Guiana Inglesa o explorador alemão Robert Hermann Schomburgk[1] (1804-1865), a serviço da ‘Royal Geographical Society’ sob o pretexto de fazer pesquisas científicas na região. Ele enviou um relatório a Londres aconselhando a definição dos limites com o Brasil, pois, observou e foi avisado que os brasileiros estavam mantendo índios em cativeiro. Schomburgk já tinha delimitado as fronteiras da Guiana Inglesa com a Venezuela e a Guiana Holandesa.
Depois disso a Inglaterra reivindicou uma área fronteiriça com o Brasil de 33.200 km², conhecida como região de Pirara. Os ingleses assediaram algumas tribos indígenas que estavam sendo escravizadas pelos luso-brasileiros e elas solicitaram formalmente a proteção da Coroa britânica, na época a maior potência mundial. Pressionado, o Brasil reconheceu provisoriamente a neutralidade da área em litígio e dali retirou os colonizadores e o destacamento militar, com a condição de que as tribos continuassem independentes.
Em 1842, uma expedição militar inglesa com a participação de Schomburgk demarcou a nova fronteira sem o conhecimento do governo brasileiro. A discussão se prolongou até 1904, quando, por fim, o Brasil aceitou o laudo arbitral do rei Vitor Emanuel III (1820-1878) da Itália, que deu ganho parcial de causa aos britânicos, perdendo o Brasil 19.630 km² de seu território. O rei italiano arbitrou de volta ao Brasil os outros 13.570 km² da área em litígio. Com a conquista, a Guiana Inglesa obteve acesso ao rio Amazonas através dos seus afluentes Ireng e Tacutu.
Em 1858 o governo federal criou a freguesia de Nossa Senhora do Carmo que em 1890 foi transformado na cidade de Boa Vista do Rio Branco (hoje Boa Vista, a capital do estado).
Em 1943, a área foi desmembrada do estado do Amazonas, passando a ser o território federal de Rio Branco que em 1962 trocou o nome para Roraima.
Em 5 de outubro de 1988 foi elevada a condição de estado da federação.
A população de Roraima em 1950 e 1960 era a seguinte:
Ano
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População
|
1950
|
18.000
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1960
|
29.000
|
O rebanho em 1957 e 1964 era a seguinte:
1957
|
1950
|
1964
|
1957/1964
| |
Bovinos
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140.000
|
130.000
|
202.000
|
44%
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Equinos
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15.000
|
10.000
|
16.000
|
7%
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Suinos
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12.000
|
8.000
|
26.000
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117%
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Ovinos
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4.000
|
-
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11.000
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175%
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Caprinos
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1.000
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-
|
3.000
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200%
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Em 1964 foram abatidos em estabelecimentos controlados pelo governo:
Bovinos
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10.000 cabeças
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Suinos
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3.000 cabeças
|
O IBGE no Censo Agropecuário constatou que no dia 31/12/2008 havia no estado de Roraima 476.000 cabeças de bovinos. Os cinco maiores rebanhos, que representavam 59% do total estavam nos seguintes municípios:
· Alto Alegre 72.000 cabeças
· Cantá 60.000 cabeças
· Amajari 60.000 cabeças
· Bonfim 50.000 cabeças
· Rorainópolis 38.000 cabeças
Roraima não tem representatividade na criação de gado Possui o segundo menor rebanho do Brasil, se não considerarmos o Distrito Federal. A razão é de ter pouca terra para ser explorada, embora sua superfície seja do tamanho da Romênia. Cerca de 70% da área territorial do estado é ocupada por reservas indígenas e o estado tem ainda outras 15 unidades de conservação ambiental.
[1] Em 1828 supervisionou um carregamento de ovinos da Saxônia para o estado de Virginia, nos Estados Unidos. Ali permaneceu e tornou-se um plantador de tabaco que não teve sucesso. Como um conhecedor de botânica, embora nunca tivesse cursado uma universidade, em 1835, a ele foi confiado o comando de uma expedição da Royal Geographical Society, à então Guiana Inglesa. Ele cumpriu sua missão (1835-1839) com grande êxito, e incidentalmente descobriu em 1837 uma planta aquática que posteriormente denominou Vitória-régia (Victoria amazonica)
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