3.17.2011

HISTÓRIA DO BEEFALO

Leopoldo Costa
















O Beefalo é o resultado do cruzamento de bisão (espécie Bison), erroneamente chamada nos Estados Unidos de búfalo, com um bovino (espécie Bos) de qualquer raça. O objetivo deste cruzamento é obter um mestiço com as características marcantes de cada espécie. Um animal que herdasse do bisão a resistência, a facilidade na parição e a capacidade de se alimentar de qualquer forragem e do bovino, a fertilidade, o aleitamento, a qualidade da carne e a facilidade de manejo.

Cruzamentos acidentais entre o bisão e o bovino foram registrados em 1749 nas colônias da Inglaterra na America do Norte, que mais tarde vieram a formar os Estados Unidos.

Depois de ver milhares de cabeças de bois de sua propriedade e de vizinhos serem mortos numa terrível nevasca ocorrida no Kansas em 1886, Charles Jesse ‘Buffalo’ Jones decidiu desenvolver um animal híbrido que fosse resistente aos invernos rigorosos. Realizou o cruzamento de bisão com bovino e em 1888 denominou o hibrido resultante deste cruzamento de ‘cattalo’. Os machos eram inférteis. O nome ‘cattalo’ foi formado com o início da palavra cattle (bovinos em inglês) com o final da palavra ‘buffalo’, nome do bisão para eles.

No início do século XX os zootecnistas e veterinários dos Estados Unidos e Canadá chegaram a conclusão que para produzir machos férteis a proporção de sangue de bisão nos descendentes tinha que ser reduzida para  1/8 ou até 1/16. E com esse nível de mestiçagem as qualidades do bisão não apareciam.

Mossom Boyd de Ontário, foi o primeiro que fez as experiências de cruzamento entre bisão e bovinos no Canadá. Depois de sua morte em 1914, o governo canadense patrocinou as experiências para tentar resolver o problema da infertilidade que duraram até o ano de 1964. Os resultados não foram satisfatórios, pois não conseguiram obter descendência dos mestiços.

No final da década de 1940, Jim Burnell um fazendeiro e político de Montana  começou suas experiências e em 1957 obteve o primeiro macho fértil ¾ de bisão.  Burnell parou suas experiências pois tinha ganhado eleições para o Congresso. D. C ‘Bud’ Basalo, um criador da Califórnia, sabia das experiências de Burnell e obteve dele um touro fértil e dois novilhos que levou para a sua fazenda. Um dos novilhos quando chegou a idade madura provou-se fértil e o outro nunca. O sêmen dos touros férteis foram coletados e cedidos a outros criadores e Basalo se comprometia a comprar as crias. Ele selecionou uma vintena de touros 3/8 bisão e 5/8 bovino que foi a primeira geração da raça Beefalo. O nome ‘beefalo’ surgiu na década de 70, sendo sugerido por ele. Os machos da raça pesavam  em média 900 kg e as fêmeas 650 kg. Comercializou muitas crias destes animais nos estados de Califórnia, Wyoming, Idaho, Oregon e Montana. 

Um pouco depois Cory Skowronek organizou na Califórnia uma associação de criadores em que era presidente e outras associações foram formadas nos outros estados. Em 1983 as três maiores associações de registro da raça dos Estados Unidos resolveram se unir e fundar a ‘American Beefalo World Registry’, que passou a ser encarregada do livro de registro genealógico. Existia também outra associação chamada ‘American Beefalo International’ que não quis de agregar e fazia seus próprios registros.

Em 1985, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos passou a exigir na venda da carne de Beefalo, que fosse carimbada na carcaça  identificando o produto como ‘Beef from Beefalo’ ou ‘Beefalo Beef’ e apenas os animais registrados na ‘American Beefalo World Registry’ seriam permitidos serem comercializados assim.

Finalmente em novembro de 2008 as duas associações ‘American Beefalo World Registry’ e ‘American Beefalo International’ se juntaram formando a ‘American Beefalo Association’.

No Brasil 

Em 1978, o criador Antonio Cabrera importou sêmen de beefalo dos Estados Unidos para inseminar vacas Nelore na sua fazenda, obtendo bons resultados. 

No final de 1991, Francisco José Ribeiro Junqueira importou 106 animais de Wyoming para sua fazenda em Campo Grande (MS). Os animais saíram no início do inverno do hemisfério norte, quando a região apresentava temperaturas próximas de 0ºC e foram enfrentar um calor acima de 35ºC no Pantanal Matogrossense. Em pouco tempo adaptaram as diferenças  de clima com a assistência de zootecnistas e veterinários competentes.

Já existe a 'Associação Brasileira de Criadores de Beefalo', que tem sede em Campo Grande e o primeiro presidente foi o pioneiro Francisco José Ribeiro Junqueira.

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