4.11.2011

A PRODUTIVIDADE DA PECUÁRIA MODERNA



O problema da alimentação dos animais domésticos tem sido assunto de numerosos trabalhos que se explicam, em parte, pelo progresso de nosso conhecimento sobre nutrição animal. Abundante literatura tem sido, em sua maior parte, consagrada à determinação científica do arroçoamento e, sobretudo, à utilização dos chamados alimentos concentrados, especialmente os de fabricação industrial.
Entretanto, parece que, nos últimos tempos, especialmente em relação aos herbívoros, temos nos dedicado mais, tanto pôr razões econômicas como de manejo, ao acompanhamento de propriedades que alimentam os animais pôr meio de alimentos naturais, livres de qualquer transformação.
As regras gerais de utilização das pastagens são conhecidas desde o século XVIII. Porém faz pouco tempo, aproximadamente quarenta anos, que esta forma de alimentação começou a ser estudada, e ainda necessita de muito estudo. Talvez um dos pioneiros seja o professor André Voisin que em 1957 já escrevia livro sobre a produtividade dos pastos.
Quando se pergunta o que é pastoreio, define-se como o ato do animal comer o pasto, porém em uma resposta mais realista poderíamos dizer que é o encontro do animal com o pasto. Ademais, se o pasto é produzido para ser comido pelo animal, precisamos lembrar que este animal exerce uma ação profunda sobre a pastagem.
No sistema de pastoreio rotativo devemos estabelecer algumas leis para obtermos o máximo rendimento.
1- Para que o pasto, cortado pelo dente do animal, forneça a máxima produtividade, é necessário que entre dois cortes sucessivos se passe um tempo suficiente que lhe permita acumular em suas raízes as reservas necessárias para o início vigoroso do rebrote.
O tempo de repouso entre dois cortes sucessivos varia segunda a estação, as condições climáticas, solo, espécie de forrageira e manejo.
2- O tempo global de ocupação de um piquete deve ser suficientemente curto, para que uma planta cortada no início do tempo de ocupação não seja cortada pelo dente do animal, antes que estes deixem a parcela.
Um bom exemplo sobre as vantagens de se obter o máximo rendimento de uma pastagem, bem como ganhos de peso e bons índices zootécnicos está no planalto riograndense.
Trata-se do produtor Sr. Ivo Telles Hoffmann, com propriedade em Campo do Meio no município de Gentil RS, que hoje é visitado pôr produtores, técnicos, comunidade acadêmica e pesquisadores. Todos querem saber como o Sr. Ivo está conseguido atingir ganhos extraordinários utilizando apenas pasto como alimentação dos animais. Uma tecnologia disponível para todos, conhecida, e tão pouco utilizada, talvez desacreditada pôr ter sido mal difundida pela assistência técnica, ou talvez pela característica conservadora da maioria dos nossos pecuaristas.
Tudo começou com a coragem do produtor de inovar, de acreditar que iria dar certo e principalmente que iria ganhar dinheiro.
A escolha da gleba para implantar a forrageira, a espécie de forrageira, a análise do solo com a respectiva correção da acidez e da fertilidade foram os primeiros passos do produtor acompanhado sempre pela assistência técnica.
Com o resultado da análise houve a necessidade da aplicação de calcário, adubação química de adubo NPK mais micronutriente, aplicação de adubo orgânico para melhorar a matéria orgânica do solo.
A espécie escolhida para o plantio foi uma gramínea perene de verão (tifton 85) e plantio direto sobre a área com aveia preta, azevém e trevo branco.
Para obedecer ás leis que regem um pastoreio rotativo o produtor dimensionou os piquetes de acordo com produção de pasto, dividiu os animais em lotes e determinou o tempo de permanência dos animais no piquete.
Os tamanhos dos piquetes e dos lotes são variáveis, porém o tempo de permanência é fixo. Foi divido em três turnos de pastejo: matinal, vesperal e noturno, ficando os animais um turno em cada piquete.
Analisando a lotação média do mês de novembro, verificamos que foi possível dos animais ganhar peso com uma carga de 2.688 kg/ha o que representa mais de oito cabeças pôr hectares conforme o peso médio do rebanho de 316 kg.
Observando este exercício matemático e prático, concluímos que um produtor com dois hectares, bem manejado poderá pastejar 10 vacas.
A conferência sobre os ganhos de peso, bem como a lotação tem sido com pesagem mensal de todos os animais.

Por EngºAgrº Luiz Fernando Branco, Publicado no Boletim Pecuário de 11/4/2001 editado para ser postado por Leopoldo Costa

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