Transcrevemos a última entrevista concedida pelo Prof. Dr. Miguel Cione Pardi em 2000 à Revista do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária). Nesta interessante entrevista ele faz um resumo da história da inspeção federal de alimentos no Brasil. O professor Dr. Miguel Cione Pardi faleceu a 9 de julho de 2005 em Niterói RJ.
Currículo que serviu de prefácio à entrevista:
Professor Dr. Miguel Cione Pardi, médico veterinário – Formado em 1935, pela Escola Nacional de Veterinária – RJ. Concursado pelo DASP, passou a exercer a inspeção de carnes no Frigorifíco Anglo de Barretos- SP, em 1940. Inspetor de Produtos de Origem Animal pelo CNEPA-URB 1947/1948. À disposição do Governo de Minas Gerais, foi superintendente da FRIMISA, em Belo Horizonte, de 1957 a 1960. Diretor Geral do Departamento Nacional de Produção Animal- 1961. Conselheiro do Fundo Federal Agropecuário – 1963/1964. Chefe de Gabinete do Ministério da Agricultura – 1964. Coordenador Técnico do Conselho Nacional de Desenvolvimento da Pecuária junto ao Banco Central – 1968/1970.Professor catedrático e doutor, concursado, da Faculdade de Veterinária da UFF – 1961/1982. Criou e exerceu a função de chefe docente do Departamento de Tecnologia dos Alimentos da Faculdade de Veterinária - UFF – Criou e foi coordenador e docente do Curso de Mestrado em Medicina Veterinária, área de Concentração em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal – 1974/1980. Diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da UFF- 1980/1982. Título de Professor Emérito da UFF-1984. Grau de Comendador da Ordem de Rio Branco – 1988. Agraciado com o Prêmio Paulo Dacorso Filho – 1988 . Ocupa a cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Medicina Veterinária. Publicou vários livros e artigos científicos, doutrinários e de divulgação, individualmente ou em colaboração.
Revista do CFMV – O que o levou a escolher a profissão de médico veterinário?
Prof. Cione Pardi – Desde a primeira infância aspirava ser veterinário, dado meu amor extremado pelos animais.
Revista do CFMV – Quem mais marcou a sua vida acadêmica?
Prof. Cione Pardi – Minha formação universitária teve uma influência muito grande dos professores Américo de Souza Braga, Octávio Dupont, Franklin de Almeida, Lauro Travassos, Guilherme Hermsdorff. Já na minha vida profissional, exerceram papel relevante os doutores Afonso Sylvestre Scharra, Altamir Gonçalves de Azevedo, Augusto de Oliveira Lopes, Belisário Alves Fernandes Távora, Eloy Hardman de Albuquerque, José Bifone, Otto de Magalhães Pecego e Pasqual Mucciolo. Fiz questão de mencioná-los em ordem alfabética, a fim de não ferir susceptibilidade, pois cada um teve uma participação toda especial em minha formação profissional.
Revista do CFMV – Em que ano aconteceu a sua formatura, e quem mais fez parte de sua turma?
Prof. Cione Pardi – Comecei meu curso na Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa-MG, mas a conclusão aconteceu na Escola Nacional de Veterinária do Rio de Janeiro, no ano de 1935. Entre os 30 formandos incluíam-se: Alberto Carvalho Filho, Cid de Holanda Távora, Fernando Rodrigues dos Santos, Hugo Cruz Mascarenhas, Joaquim Sisino Rocha, José Jardim Freire, Jorge Pinto Lima, José Rangel de Souza Brito, Luiz Raymundo Tavares de Macedo, Raymundo Gurgel da Cunha e outros.
Revista do CFMV – Como foi seu início de carreira?
Prof. Cione Pardi - Durante algum tempo, viajei por vários Estados como propagandista científico, pelo antigo laboratório Raul Leite. Após o quê, passei um ano na Fazenda São José, de meu pai, em Monte Azul-SP, auxiliando-o nas lides agropecuárias, durante a depressão do café. Possuia o curso de Técnico Agrícola, que fizera em 1931 na Escola de Viçosa-MG.
Revista do CFMV – Sabemos que o senhor ocupou cargos no serviço público. Quais foram?
Prof. Cione Pardi - No ano de 1938, ocupei a função de Diretor Técnico do Posto de Monta de Cordeiro-RJ, na qualidade de funcionário estadual. Em fins de 1939, participei de concurso para veterinário do Ministério da Agricultura. Tendo sido aprovado, fui designado para o Serviço de Inspeção Federal junto ao Frigorífico Anglo, de Barretos-SP.
Revista do CFMV - Qual foi o grande momento do médico veterinário no Ministério da Agricultura?
Prof. Cione Pardi - Até a posse do general Juarez do Nascimento Fernandes Távora, no ano de 1932 até o término de sua gestão em 1934, o médico veterinário não tinha o devido reconhecimento. Foi com a assessoria e liderança do médico veterinário Guilherme Edelberto Hermsdorff, juntamente com os médicos veterinários Argemiro de Oliveira, Augusto de Oliveira Lopes, Belisário Alves Fernandes Távora, Henrique Blanc de Freitas, Nilo Garcia Carneiro, Taylor Ribeiro de Melo e outros, que conseguimos algumas conquistas, dentre as quais a regulamentação da profissão de médico veterinário, através do Decreto nº 23.133, de 9 de setembro de 1933. Entre os anos de 1933 e 1934 foram aprovadas as novas estruturas do Ministério da Agricultura, onde foram criados o Departamento Nacional da Produção Animal, o Departamento Nacional da Produção Vegetal e o Departamento Nacional da Produção Mineral. Os dois primeiros através do Decreto nº 23.047/33 e o outro logo a seguir. O Decreto nº 24.645/34 promulgou a Lei de Proteção aos Animais, tornando-os tutelados do Estado. O Decreto nº 23.979/34 consolidou a legislação regulamentando o Departamento Nacional de Produção Animal (DNPA), prevendo a sua estruturação da seguinte forma: Diretoria Geral, Instituto de Biologia Animal, Serviço de Fomento da Produção Animal, Serviço de Defesa Sanitária Animal, Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Serviço de Caça e Pesca e a Escola Nacional de Veterinária, que substituía a antiga Escola Superior de Agricultura e Veterinária. Com a estrutura básica estabelecida, foi possível partir para a criação do Conselho Federal de Medicina Veterinária e dos Conselhos Regionais, através da Lei nº 5.517 de 28 de outubro de 1968.
Revista do CFMV - Alguns obstáculos tiveram que ser vencidos para a consolidação da profissão de médico veterinário junto ao Serviço Público. Quais foram?
Prof. Cione Pardi - Essa consolidação aconteceu de forma natural, dado o grande número de lideranças existente entre os médicos veterinários.
Revista do CFMV - Quem o senhor citaria como tendo papel preponderante na criação de novas diretrizes para a área de inspeção?
Prof. Cione Pardi - Especificamente na área de inspeção e tecnologia de produtos de origem animal, na arrancada final dos trabalhos, sobressaíram-se os chefes das primeiras Inspetorias Regionais instaladas, onde podemos destacar Otto de Magalhães Pecego, em São Paulo, José Januário Carneiro Filho, em Belo Horizonte, Eduardo Ribeiro de Queiroz, em Curitiba e Paulo Fróes da Cruz, em Porto Alegre. Além desses, podemos destacar como linha de frente nessa etapa nomes como Afonso Sylvestre Scharra, Augusto de Oliveira Lopes, Belisário Alves Fernandes Távora, Henrique Blanc de Freitas, Paulo Fróes da Cruz, Emílio Monteiro Brasil, Nilo Garcia Carneiro, Jaziel Sotto Maior Lagos, Luiz Carneiro Viana, Luiz de Sá Miranda, Oswaldo Corrêa, Almir Pires Ferreira, José de Arimathéia Soares, Eloy Hardman C. de Albuquerque, Roberto Nogueira da Gama. A partir de 1935, já concursados pelo DASP, tivemos uma nova geração que teve atuação destacada no Serviço de Inspeção Federal, bem como em outras áreas da medicina veterinária e nos serviços a ela afetos, tais como: Paulo Dacorso Filho, Altamir Gonçalves de Azevedo, Ihiel Schwartz Schneider, Izaac Moussaché, João Sampaio Abrantes Filho, Domingos Collares Mesquita, Obertal Barreto O. Póvoa, e outros. A esses nomes juntaram-se José Bifone, Pasqual Mucciolo, Oswaldo Santiago, José de Assis Ribeiro e Leão Amaral Rogick, recém-formados pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo. A inspeção sanitária e tecnológica do pescado teve Ascânio de Faria, Geneville Hermsdorff e Raymundo Demócrito, da “velha guarda”, como destaques. Posteriormente, sob a égide do RIISPOA (1951) sobressaíram-se Geraldo Abreu de Oliveira, Carlos Alberto Muilaert Lima dos Santos, Ernane Pedro do Valle Zogbi, Célio Faulhaber, Carlos Francisco José de Oliveira Dias, Cícero Joaquim dos Santos Filho, Welino Brust Spitz, Maria Clara Gripp de Moraes, Silvio José Brito Sobrinho, Francisco Carlos de Lima, Henrique C. Bifone, Ananias Matos de Paula, Francisco Nunes e Werner M. Tillers.
Revista do CFMV - Qual o papel exercido pelo médico veterinário na transformação do parque industrial de alimentos de origem animal?
Prof. Cione Pardi - A radical evolução do nosso parque industrial de produtos de origem animal teve como impulso básico a instituição do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), por força do Decreto nº 29.651, de 8 de junho de 1951. Pelo efeito didático como foi elaborado, ofereceu as primeiras luzes para a obtenção e industrialização racional de produtos comestíveis e dos subprodutos. Ainda com fundamento nessa regulamentação e seus adendos - instruções elaboradas pela I.R. de São Paulo (José Christovam Santos, Iacir Francisco Santos), intitulada “Inspeção de carnes, padronização de técnicas, instalações e equipamentos, Bovinos I-Sala de Matança , currais e anexos” e das Normas Higiênico-Sanitárias e Tecnológicas. Na década de 70, o Departamento Nacional de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) instituiu um processo de federalização dos serviços de inspeção higiênico-sanitária e industrial dos produtos de origem animal, estribada na Lei nº 5.760, de 03.12.71. Detalhes dessa importante empreitada constou do nosso livro “Memória da Inspeção Sanitária e Industrial de Produtos de Origem Animal no Brasil”, editado por obra do Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Muitos profissionais da área colaboraram para a implantação do DIPOA, mas é justo destacar a atuação de Lúcio Tavares de Macedo, então Diretor Geral do DIPOA, Ruy Brandão Caldas, José Christovam Santos, Elmo Rampini de Souza, Iacir Francisco dos Santos, Paulo Soares da Costa, Zander Barreto Miranda, Ézio Fabri dos Anjos, José Barbosa dos Anjos, Dalzio Cardoso de Melo, Eduardo Bittencourt Coelho, Paulo A. Araripe da Costa, Valdir Favarin, Emery Lopes, Gilvan de Almeida Maciel, Mozart Bastos de Oliveira, Aimberê de Freitas, Welino Spitz, Helvécio Cordeiro Póvoa, Olavo da Costa Teixeira, Oswaldo Regis de Alencastro, Ubirajara Corrêa, Roberto Nogueira da Gama, Werner Max Tilles, Edy Machado Simone e outros. Os reflexos desse trabalho estão muito bem registrados na tese de Livre Docência “a maior campanha de saneamento já encetada no campo de alimentos no Brasil”, de um dos maiores artífices da campanha, Ruy Brandão Caldas.
Revista do CFMV – Havia integração entre os vários setores responsáveis pelo trabalho?
Prof. Cione Pardi – a integração dos Serviços de Defesa Sanitária Animal com o Serviço de Inspeção Federal faz-se sentir através da notificação de doenças resultantes de achados da inspeção sanitária, para efeito de tomada de medidas de vigilância epidemiológica sanitária. O Decreto nº 80.831/77 criou o Laboratório Nacional de Referência animal – LANARA . A intenção eraentreter o entrosamento visando a prestação de serviços ao controle laboratorial de qualidade dos produtos de origem animal. Aproveitando-se parte da estrutura existente, foram criados os laboratórios regionais. A capacidade administrativa e a ilibada idoneidade do médico veterinário Sérgio Coube Bogado, profissional de larga experiência, foi fundamental para a edificação dessa tarefa. Infelizmente, por incompetência de administrações inconseqüentes, foram desativados vários laboratórios regionais e desvirtuada a atuação fundamental do LANARA. No tocante à avaliação da qualidade, sobretudo dos alimentos de origem animal, vem ganhando terreno, por imposição dos importadores, o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – HACCP –
O DIPOA, em sua fase áurea, contava com um quadro de cerca de 900 médicos veterinários, hoje bastante reduzido.
Revista do CFMV – O que representou esse desmantelamento?
Prof. Cione Pardi – Como já foi comentado, o que ocorreu no âmbito do LANARA, no que se relaciona ao DIPOA, e possivelmente com os demais serviços vinculados ao Ministério da Agricultura, a mais grave desestruturação aconteceu quando as Delegacias Federais de Agricultura, nos diversos Estados, passaram a deter o comando das ações dos diversos serviços. No caso específico do DIPOA, como ocorre nos Estados Unidos da América, particularmente em relação à carne, faz-se indispensável a centralização da administração dos serviços de inspeção higiênico-sanitária e industrial de produtos de origem animal. Isto se deve, não somente aos seus estreitos vínculos com a saúde pública, mas também pelo que representa em termos de economia para o País. Como os delegados, em sua grande maioria, são designados por injunções políticas e muitas vezes são leigos em agropecuária, começa a acontecer a desarticulação das bases com o órgão central – a diretoria do DIPOA – e com isso verifica-se o desestímulo e determinada desorientação por parte dos inspetores, com exceções de alguma individualidade.
Revista do CFMV – Hoje em dia, qual o panorama que poderia ser traçado com relação às ações na área de inspeção higiênica, sanitária e tecnológica dos produtos de origem animal?
Prof. Cione Pardi – Efetivamente, já houve época em que a formação profissional do médico veterinário era mais eficiente. Nos dias atuais, há uma desuniformidade nessa formação, podendo-se atribuir ao crescimento desordenado de novas faculdades, que não possuem um magistério à altura, estrutura física e equipamentos necessários, além da falta de biblioteca em condições de fornecer fonte de consultas suficiente à formação completa do aluno. Possivelmente com o prestígio e interesse das administrações superiores e recursos adequados, racionalizando a aprovação de novas faculdades e fiscalizando adequadamente as atuais, acabaríamos por dar um impulso apropriado à pós-graduação, tanto lato sensu como stricto sensu.
Revista do CFMV – Muito embora o senhor já tenha se manifestado a respeito, gostaríamos de sua opinião mais aprofundada sobre a abertura, expressiva, de cursos de veterinária.
Prof. Cione Pardi – Como já fiz referência anteriormente, a proliferação desordenada de cursos de medicina veterinária vem ocasionando sérias preocupações. Entidades sem o devido credenciamento, professores despreparados, condições físicas e equipamentos precários levarão, fatalmente, à formação de profissionais sem o mínimo de condições para exercer a profissão, desmoralizando a atividade, bem como, as escolas eficientes e os profissionais capacitados e conscientes. Felizmente, entidades da classe e veterinários responsáveis vêm se dedicando aos problemas do ensino da Medicina Veterinária. E o Conselho Federal de Medicina Veterinária, através de seus órgãos de divulgação, tem cuidado do assunto, criando inclusive a Comissão Nacional de Ensino de Medicina Veterinária. Isoladamente, ou agrupados, numerosos profissionais têm discutido a matéria em seminários, como aconteceu em setembro passado, quando na Escola de Veterinária da UFMG foi realizado o Fórum de Dirigentes de Faculdades e Escolas de Medicina Veterinária. Com tanto empenho é de esperar-se que as autoridades superiores, que regem o ensino no País, se sensibilizem atendendo a tantos clamores.
Revista do CFMV – Como o senhor vê o futuro da profissão do Médico Veterinário?
Prof. Cione Pardi – Regularizado o ensino da Medicina Veterinária, inclusive com a criação de disciplinas ditadas pela evolução da tecnologia e dos costumes, é lícito prever um futuro promissor.
Revista do CFMV – Quais os avanços tecnológicos que poderão auxiliar as ciências veterinárias?
Prof. Cione Pardi – São aqueles relacionados à informática e à genética. Já está sendo sentida nas áreas mais adiantadas da veterinária a adoção dos avanços da informática, devendo evoluir para o ensino e seu emprego em todas as escolas de veterinária. A busca de informações via Internet é uma realidade que muito tem ajudado. No setor da genética, já são numerosos os progressos da bioengenharia na busca de traços genéticos que possam influir tanto na mais rápida evolução dos rebanhos como no melhoramento genético e na preservação das espécies. O mapeamento de genes das diversas espécies animais, os marcadores nucleares e outros avanços genéticos permitem a criação de animais mutantes e transgênicos, esperando-se obter, inclusive, doadores de rins e fígados sem o risco de rejeição. Na medicina experimental estão sempre presentes os conhecimentos de que o Médico Veterinário é detentor. O estudo da genética nas escolas de veterinária deve adaptar-se a tais práticas, em seguida ao domínio, pela veterinária patrícia, da transferência de embriões, de sua duplicação e clonagem, partindo para a sexagem em determinados animais. Por outro lado, nossas autoridades sanitárias não podem descuidar-se do quesito profilaxia animal, para que não se repita o desacerto acontecido com relação à epidemiologia da febre aftosa. Há necessidade do envio de profissionais da área da Medicina Veterinária à Europa, visando atualizar-se no diagnóstico “in vivo” de encefalite espongiforme dos bovinos, que vem disseminando, a partir do Reino Unido , para a França, Alemanha, Suíça, Espanha e, possivelmente, para outros países. Suspeita-se, inclusive, de novos riscos dos prions que podem infectar outras espécies de animais. O Brasil deve manter-se rigorosamente isento dessa gravíssima zoonose, explorando economicamente o fato, exportando a carne de bovinos, sobretudo, os criados a campo e, quando confinados, não é hábito a administração do protéico oriundo das farinhas de carne e de carne e osso. Nossas farinhas de carne e de carne e osso são isentas de prions da doença, daí seu eventual consumo por aves ou suínos não oferecer os risco em causa.
Revista do CFMV – Na qualidade de acadêmico da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, como vê o papel dessa instituição no contexto nacional?
Prof. Cione Pardi – A Academia Brasileira de Medicina Veterinária – ABRAMVET é uma entidade de natureza técnico-científica e cultural. Além de atender sua finalidade básica, promove o intercâmbio cultural e social com entidades congêneres em proveito do desenvolvimento profissional, bem como criar um banco de dados destinado à memória da documentação histórica relacionada com as entidades da Medicina Veterinária e dos fatos marcantes da profissão. Deve organizar e manter uma galeria de profissionais eméritos da Medicina Veterinária brasileira, conferindo diplomas e comendas em reconhecimento a trabalhos de pesquisa considerados relevantes. De resto, cabe à ABRAMVET estimular e apoiar iniciativas de criação e instalação de academias congêneres nas diversas Unidades da Federação.
Revista do CFMV - Para finalizar, gostaríamos que deixasse sua mensagem aos Médicos Veterinários.
Prof. Cione Pardi – Aos Médicos Veterinários brasileiros desejo que exerçam a nossa nobre profissão com dignidade, muito amor e devoção ao trabalho. Fazendo minhas as palavras de um dos maiores veterinários que exerceram a profissão entre nós, Octávio Dupont, que, encimando o quadro de formatura da turma de formandos de 1919, na Escola Superior de Agricultura e Veterinária, dentre os quais estavam Argemiro de Oliveira, Augusto de Oliveira Lopes, Henrique Blanc de Freitas e Sylvio Torres, disse: “NÃO CREIAIS NA ESTERILIDADE DO DEVER”. Na oportunidade, penitencio-me pela eventual omissão de respeitáveis nomes nas diversas atividades, mas nos meus atuais 89 anos a memória pode, involuntariamente, cometer falhas. Excuso-me, também, pelo fato de ter-me referido mais de perto ao DIPOA, do qual até hoje não me desvinculei em espírito.
Publicado na Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária edição do último quadrimestre de 2000, ano 6 nº 21. Editado por Leopoldo Costa
BOA NOITE, MEU NOME É SILVIO
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OBRIGADO