3.23.2012

SOCIEDADE DE CAÇADORES E COLETORES

Leopoldo Costa


Inicialmente, todos os povos que habitavam a Terra eram coletores de plantas selvagens para sua subsistência.

Há cerca de 8.000 anos começaram a delinear diferenças entre eles: alguns povos se especializaram na caça de animais maiores, na captura de animais de pequeno porte, na pesca nas costas ou em lagos ou rios, ou apanhando os frutos do mar, como o marisco, enquanto outros continuaram a depender apenas da coleta de plantas silvestres, frutos, sementes, nozes, e cascas de árvores.

Alguns povos praticavam ainda, a caça e a coleta combinada com a agricultura e criação de animais. Na América do Norte pré-colombiana, por exemplo, os índios das Grandes Planícies, eram simplesmente caçadores e coletores de alimentos, enquanto aqueles do leste da América do Norte eram caçadores-coletores e secundariamente, praticavam a agricultura, e os do sudoeste dos Estados Unidos, México e América Central eram principalmente agricultores que suplementaram sua dieta com a caça e coleta.

No outro hemisfério, na mesma data, os caçadores e coletores existiam apenas na Austrália e em algumas áreas isoladas na África, Sudeste da Ásia, e na Sibéria.

O começo do período Holoceno, cerca de 8000 a.C, foi marcado pelo surgimento da agricultura tradicional e um pouco depois pela domesticação de animais ocorrida no sudoeste da Ásia e Meso-América. As sociedades de caçadores-coletores persistiram em outras áreas habitadas do mundo, mas diminuíram gradativamente com o crescimento das sociedades agricultoras, que os expulsavam de seus territórios ou os convertiam também em agricultores.

A economia da caça e coleta exigia uma grande extensão de terra. Estima-se que os povos que dependiam de tais métodos teriam de dispor de 18 a 1.300 quilômetros quadrados de terra per capita, de acordo com as condições do meio ambiente. Eram nômades, por que, aldeias ou povoações permanentes não eram viáveis. O grupo era forçado a migrar, sempre que a disponibilidade local de alimentos começasse a se escassear. As coisas que podiam possuir eram poucas e limitadas ao que pudesse ser transportado de um lugar para outro. As habitações, geralmente consistiam de simples barracas, tendas, ou cabanas rústicas feitas de folhas e cascas de plantas ou de peles secas dos animais caçados. Os grupos sociais nunca podiam ser grandes, já que apenas um número limitado de pessoas podia conviver, sem esgotar rapidamente os recursos alimentares da região.


Esses grupos eram tipicamente células familiares independentes ou algumas famílias unidas  por algum laço de parentesco, organizadas em tribo. No dia a dia, quando buscavam alimentos, os homens se encarregavam da caça, enquanto as mulheres em coletar plantas e cuidar dos afazeres domésticos.

Os caçadores-coletores podiam adotar um sistema de vida sedentário, desde que houvesse na região  abundância de alimentos em condições de ser armazenado. Os índios da costa noroeste do Pacífico nos Estados Unidos, por exemplo, preparavam farinha de bolotas de carvalho e salmão defumado, que eram armazenados em rústicos recipientes de madeira, e com isso suas povoações eram permanentes e com boa densidade populacional.  Algumas tribos alcançaram a densidade de 10 pessoas por quilômetro quadrado.

 Estes índios  estabeleceram  até uma hierarquia, a Chefia, sendo os únicos povos caçadores-coletores que tinham este sistema. Os chefes ocupavam lugar de destaque na tribo e transmitiam o direito por hereditariedade para os primogênitos. A segunda linhagem era a  dos outros descendentes, incluindo até os colaterais. Cabia à chefia, entre outras funções, coordenar a instituição socioeconômica da distribuição. As sobras de produção familiar deviam ser repassadas a ele, que organizava uma grande festa (‘potlatch’) quando eram redistribuídos as sobras para quem necessitasse. O cargo de Chefe tinha pouca ou nenhuma expressão política.

A vida sedentária trouxe muitas melhorias para a população: as moradias ficaram mais espaçosas e mais confortáveis. Os Asmats de Nova Guiné construíam grandes casas de madeira e são considerados os melhores “marceneiros” do mundo primitivo. Suas aldeias chegaram a ter 2.000 pessoas, o que é cerca de 20 vezes a população média das povoações dos outros povos caçadores-coletores.


1 comment:

Thanks for your comments...