As refeições gregas, um ritual cívicoA alimentação grega reproduz muitos dos rituais sociais, desde o da solidariedade do trabalho agrícola nos campos até o da troca nas ágoras dos vilarejos e no mercado do centro urbano. Mas esse momento de comensalidade é,sem dúvida, a etapa que suscita mais relatos , em que se estabelecem as regras mais conhecidas, em suma, em que se elabora um sistema de representações rico e diversificado.
As refeições são o grande diferencial entre os humanos e os deuses,os gregos e os não gregos, e os cidadãos no interior de suas polis .
Entre os homens o banquete é o sinal da condição dos mortais que trabalham a terra e comem alimentos reais, privados, de ora em diante, da condição divina. Pelo sacrifício e pela consagração dos alimentos, o banquete é, também, o sinal de uma comunicação com o mundo dos deuses, convidados simbolicamente para os banquetes dos homens. Em suma , o banquete define a condição de humano. No tempo das polis, homens e deuses estão bem separados e o banquete sacrificial lembra essa separação. A dimensão antropogênica do banquete é, pois, essencial, mas não é única. Ela se desdobra em uma significação cultural.
As refeições têm seu lugar em uma história cultural e sua instituição marca o início das relações comunitárias de um povo, que coincidem, em maior ou menor grau, com a constituição de uma identidade política. Desse ponto de vista, pelo domínio dessa prática comunitária os gregos diferenciam-se claramente de seus ancestrais de dos povos não gregos.
Os banquetes pois estão mais próximos da definição e da reprodução de um sistema político segundo modalidades claramente ditadas pelas estruturas de uma sociedade completamente diferente.
Disponível no sítio http://www.unb.br/fs/ha-ref.htm. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
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