4.23.2016

HISTÓRICO DA AVIAÇÃO BRASILEIRA - COMO ERA NA DÉCADA DE 1950.



Foi mantido o texto com a ortografia original

O Brasil apesar de ter sido berço de Bartolomeu de Gusmão e Santos Dumont, os pioneiros da navegação aérea, esteve durante largo tempo despreocupado dos assuntos relacionados à aviação. Contudo, depois que suas vistas se voltaram para êsse importante problema, o progresso da aviação brasileira tem sido verdadeiramente digno de registo.

Com a recente instalação da primeira fábrica de aviões em Lagoa Santa, no território mineiro, com os seus campos de aviação em número superior a 300 e os seus aeroportos e pistas de pouso, que já vão além de 500, o Brasil ocupa hoje lugar de destaque na aviação, tanto comercial como militar,- e êsse progresso tem sido cada vez maior, depois que o Govêrno Federal, numa hora de feliz e patriótica inspiração criou, em 1941, o Ministério da Aeronáutica.

No Brasil o tráfego aéreo comercial iniciou-se em junho de 1927, com a organização, no Rio Grande do Sul, de uma emprêsa que recebeu o nome de «Varig» (Viação Aérea Rio Grandense), que fêz durante anos serviço exclusivo naquele Estado, mas cujos aviões voam, atualmente, áté o Rio de Janeiro.

Nessa mesma ocasião surgiu uma nova emprêsa, de origem alemã, a «Condor Syndikab, seis meses depois transformada em emprêsa nacional, com o nome de «Sindicato Condor», hoje chamada «Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul», que iniciou em janeiro .de 1928 a exploração do tráfego aéreo entre o Rio de Janeiro e Pôrto Alegre, criando em fevereiro de 1930 a linha Rio de Janeiro a Natal e, posteriormente, outras linhas nacionais que alcançaram Corumbá e Cuiabá, a São Paulo- Florianópolis, a S. Paulo-Pôrto Alegre, a Teresina-Jaicós, etc., além de outras linhas para o estrangeiro.

E a verdadeira pioneira dos vôos ao «hinterland». Ela mantém dois vôos noturnos diàriamente entre Rio e S. Paulo e quatro vôos semanais Rio-Buenos Aires.

Em 1930 foi criada a «Nirba do Brasil», que se transformou na atual «Panair do Brasil», que, com a sua linha de Belém a Buenos Aire.s estabeleceu a primeira ligação do Brasil com o Rio da Prata, por via aérea, com hidro-aviões nacionais. De Belém para o N a Panair, através do litoral das Guianas e da Venezuela e do mar das Antilhas, alcança a cidade de Miami, nos Estados Unidos, mantendo, também, linhas para Roma, Paris, Londres e Cairo, além da linha para Iquitos, no Peru.

Em julho de 1933 organizou-se nova emprêsa brasileira que com o nome de «Aeroloid Iguaçu», estabeleceu a linha São Paulo-Curitiba, posteriormente prolongada até Joinvile e Florianópolis; em 1934 foi organizada em S. Paulo a companhia «Vasp» (Viação Aérea São Paulo) que iniciou o tráfego com duas linhas, uma dentro do próprio Estado (S. Paulo-Rio Prêto) e outra até Minas Gerais (S. Paulo-Uberaba), criando posteriormente outras linhas para Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e incorporando mais tarde a antiga emprêsa Aeroloid Iguaçu; em 1941 foi fundadá a «Nab» (Navegação Aérea Brasileira) que faz a linha Rio-Fortaleza; e posteriormente foram criadas: a «Aerovias Brasil», que mantém uma grande rêde aérea dentro do País e a linha internacional Rio-Miami; a «Rêde Estadual Aérea Ltda.», (R.E.A.L.) que mantém um serviço regular e intenso entre Rio e S. Paulo, estendendo-se pelo interior dos Estados de S. Paulo e Paraná; a «Viação Aérea Santos Dumont, e a «Linha Aérea Trans-Continental Brasileira (T.C.B.) , sendo que para esta última chegaram do Canadá, no dia 26 . de janeiro de 1945, os cinco primeiros bi-motores "Avro Anson", com os quais a emprêsa iniciou os seus serviços de transportes aéreos.

Além dessas emprêsas nacionais, há nove linhas aéreas estrangeiras, que ,sobrevoam o território brasileiro, das quais a mais antiga é a «Air France», pois ela nada mais é do que a antiga «Compagnie Généràle d'Entreprises Aeronautiques Lignes Latécoére», que iniciou em novembro de 1927 o tráfego da linha internacional de Toulouse a Buenos Aires, transferida pouco depois à «Compagnie Générale Aeropostale», que a manteve até 1933, quando começou a ser explorada pela atual Air France, que continuou a manter o serviço com áviões terrestres franceses, fazendo vôos diurnos e noturnos.

As outras linhas aéreas, que sobrevoam. o território brasileiro, são: a «Pan American Airways», que liga Miami, na península da Florida, nos Estados Unidos, ao Rio de Janeiro, fazendo escala, em território nacional, em Belém do Pará e em Barreira, no sertão baiano; (*) a «Branif», também estadunidense, que alcança o Rio pelo Pacífico, via Lima; a «Lati ou «Ala Litoria», italiana, instalada em 1939, fazendo serviço entre Roma, Rio e Buenos Aires; a "British South America", inglêsa, fazendo o percurso Londres-Buenos Aires; a «Companhia Real Holandesa de Navegação Aérea» (K. L. M.), a mais velha do mundo, fazendo a linha Holanda-Buenos Aires; a «Scandinavian Airways Systems», sueca, que faz vôos até Buenos Aires, via Rio; a «Ibéria», espanhola, que faz a linha Madrí-Buenos Aires, via Rio; e a: «Flota Aerea Mercante Argentina», (F.A.M.A.) fazendo em caráter experimental a linha Buenos Aires-Roma-Londres.

De 1934 a 1938, uma emprêsa alemã- a «Luftschiffbau Zeppelin» - fêz navegação aérea entre a cidade germânica de Friedrichshafen e o Rio de Janeiro, enviando-nos, periodicamente, o gigantesco dirigível «Graf Zeppelin», inegàvelmente uma maravilha da moderna aviação. Para abrigar êsse «monstro » foi construído em Santa Cruz (aqui no Distrito Federal), e inaugurado a 26 de dezembro de 1936, o aeródromo Bartolomeu de Gusmão, dotado de hangar e tôdas as instalações necessárias. Pertencia a esta mesma linha de Friedrichshafen ao Rio de Janeiro, o colossal dirigível Hidenburgo», tràgicamente desaparecido, em virtude de uma explosão.

Também nesse mesmo ano outra emprêsa alemã' - a «Deutsche Lufthansa» - iniciou a ligação entre o pôrto norte riograndense de Natal e a cidade de Stuttgart, por meio de hidro-aviões, mas os serviços não foram adiante em virtude da Grande Guerra.

Dos centros aeroviários nacionais o mais importante é o Rio de Janeiro, onde se encontra o aeroporto Santos Dumont (**) e várias outras estações bases, como a de Bartolomeu de Gusmão, a do Campo dos Afonsos e a do Galeão, na ilha do Governador.

Depois do Rio de Janeiro, as principais chaves de irradiações aeroviárias são: S. Paulo, Belo Horizonte, Natal, Belém, Pôrto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Goiânia.

(*) -Em 9 horas de vôo viaja-se hoje do Rio a Belém, graças aos possantes "Strato-Clippers", da Pan American Airways.

(**) - O aeroporto "Santos Dumont", no Rio de Janeiro, e o de "La Saban", na capital da República de Costa Rica, são os únicos situados dentro dos limites da cidade.

Texto de Mario da Veiga Cabral no livro "Corografia do Brasil" 30º edição, Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1953, excertos pp. 359-361. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa. 

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